Eu tenho vontade de chorar, mas nenhuma lágrima vem. Por dias venho tentando chorar, tentando tirar esse peso de dentro de mim através das lágrimas, mas nunca consigo por pra fora.

A pressão está me deixando louca. Curioso é que eu estou em um manicômio, como posso ficar mais louca do que já sou? Pelo é o que eles dizem que eu sou.

Vertigem me sobe a garganta, engulo em seco.

– Vejamos, esta melhor hoje não está Kyla?

Neste caso não preciso olhar para a dona da voz para reconhece - La.

– Digamos que estou melhor Dra. Davis

Ela me da um curto sorriso.

– Me diga como está se sentindo?

– Como eu devo me sentir?

Minha pergunta soa irônica mesmo quando ela não é.

– Bem, isso é algo que você deveria me dizer. E então, como você está se sentindo?

– Eu não sei. Só sinto que as coisas não tem como piorar.

– O que está lhe incomodando?

O grito de uma interna vem logo depois de sua pergunta.

– Sufocada. Como se a morte fosse a melhor coisa que pudesse me acontecer.

Ela me olha de um jeito doce, reconfortante.

– Você se lembra de porque esta aqui não se lembra? Você sentia se melhor lá fora, antes de fazer o que você fez a aquela garota?

Lena me vem à cabeça mais logo a apago novamente de minha mente.

– Eu me sentia como uma morta – viva, agora penso se morrer não seria melhor...Eu evolui alguma coisa?

– Não do jeito que você pensa.

– E como eu deveria pensar?

– Você deveria pensar em melhorar, refletir sobre as coisas, pensar que você é mais superior do que pensa agora. Você tem que deixar a velha Kyla lá no passado para que possa sair daqui como uma nova Kyla, pronta para tudo, mais forte!

Olho para ela. Ela realmente acredita no que esta dizendo, me faz querer acreditar, será que estou acreditando?

– Bem Kyla, você sabe do seu potencial, você sabe que pode usar sua mente para algo muito melhor e mais produtivo do que analisar o mundo tentando encontrar maneiras dele lhe destruir.

Quem sabe eu só não estou me preparando para um novo desafio? Não digo isso em voz alta.

– Pense nisso que eu lhe falei entendeu? Agora vou conversar um pouco com os enfermeiros que se encarregaram de você essa semana pra saber se você esta se comportando direitinho.

Se eu estou me comportando como um robô, foi isso que ela quis dizer.

Ela abre um sorriso, toca levemente em meu ombro de uma forma carinhosa e sai, me deixando ali sentada, sozinha, com o teto cinza pressionando minha cabeça. Antes de me levantar depois que a Dra. Davis saiu, uma mulher começou a gritar. Mas não eram os gritos comuns e perturbadores de sempre.

Eram piores.

Era uma mulher loira, pequena e magra como um rato, ela batia na enfermeira que esta tentando lhe imobilizar enquanto gritava loucamente.

Seguranças e médicos foram tentar ajuda – la mas ela chutou o rosto deles. Foi então que um médico apareceu com uma seringa e injetou o liquido transparente nela.

Ela foi perdendo os sentidos aos poucos, seu corpo foi ficando mais calma e seus olhos fechando devagar, até que ela apagou.

Eu já passei por isso. Foi bem no começo, quando eu tinha acabado de chegar aqui. Todas nós passamos por isso, todas nós tivemos surtos de raiva pensando que resolveria alguma coisa, se isso nos tiraria daqui. Mas isso só faz com que nosso tempo aqui aumente.

Será que estamos melhores aqui ou do lado de fora?