Sorcerers of Merlin escrita por Miss Mayne


Capítulo 2
Parte II - A emboscada




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Parte II - A Emboscada

–Vocês fazem alguma ideia de quanto tempo falta? - Henrique perguntou, depois de quase meio dia de caminhada.

Anna encarou o jovem com cara de poucos amigos, o peso em suas costas pouco a incomodava, mas o sorriso e sua esperança em um dia mais curto eram cada minuto mais distantes.
– Defina tempo... Em vidas…

–Vocês ao menos sabem para onde devemos ir? - ele perguntou.

– Todos sabemos, fomos treinados para isso! - disse ela em tom óbvio.
–Ela quer dizer, seja gentil e tenha coragem, ou qualquer lema do tipo siga seu coração... - Andrew assumiu em tom jocoso, enquanto apressava os passos.

–Então estamos indo para onde nosso coração mandar, é isso? - Henrique arqueou uma sobrancelha.

– Quer dizer, siga, a merda, da trilha, de pedras, que, você, passou, a, vida, aprendendo...

Anna disse aos poucos perdendo o resto de sua paciência.

–Eu me sentiria bem mais confortável com isso se Agatha ficasse aqui com a gente, e não a metros de distância - ele comentou e os três olharam para a garota, caminhando na frente deles. Desde que havia descoberto que estava com os poderes instáveis Agatha fazia de tudo para ficar longe dos amigos, com medo de machucá-los sem querer. - Andrew, você é o namorado. Deveria fazer algo!

– Nisso eu concordo, ele é o namorado. - disse a garota dando ênfase no "ele"

O rapaz pareceu um pouco acuado, deu alguns passos firmes à frente firmando sua posição junto à garota.
– Hum... - disse ele enquanto ajeitava a bolsa em suas costas. - você está bem? Quer dizer... eu sei que...não, mas...tem algo que possa fazer por você?

De longe Anna ouviu uma longa baforada seguida de um "droga"

–Isso ai... namorado! - ela riu ao longe fazendo um joia com a mão direita.

–Andy, me desculpe por ter me afastado de vocês, mas é que... Eu estou com medo - ela falou sem olhá-lo. - Eu não consigo controlar isso! - reclamou e fez um movimento com as mãos. Andrew então notou que ela tentava fazer com que algumas pequenas nuvens e flocos de gelo desaparecessem de sua frente.

Ele deu um riso baixo e se aproximando mais passou um de seus braços por cima dos ombros estreitos da moça.
– Gelo só desaparece com um pouco de calor.

–Sei disso - ela suspirou, sentindo seu rosto esquentar por causa da aproximação. - Mas e quando a água fica tão quente que chega a queimar? - perguntou e mostrou uma parte do braço que exibia algumas pequenas bolhas.

– Não é minha culpa isso... -Anna resmungou do fundo.

Sem muita paciência para a colega, Andrew movimentou seus dedos rapidamente e então um fugaz filete gelado bipartiu-se. O mais delicado atravessou as bolhas de Agatha, dissolvendo-as em liquido que rapidamente evaporou. O outro, mais violento seguiu seu rumo em marcha ré, fazendo com que Anna sucumbisse aos pés, despencando.

Anna então se apoiando no lamaçal que era aquela subida terrível.

Revirou os olhos, coisa tão normal e pouco desnecessária para que a ruiva contivesse sua raiva. Lembrou-se de que se sua natureza esquentada viesse à tona, talvez seus amigos ate então... desejassem seu pior.

– Muito engraçado Andrew... - ironizou.

Agatha riu baixo, arrancando um sorriso de Andrew.
–Obrigada... Mas você sabe que a culpa não é dela... Minha magia está mudando conforme meu humor. Quando dormi aqueles poucos minutos, tive pesadelo. Acordei então com o barulho da água dentro da minha barraca, então queimei meu braço ao tentar desfazer o feitiço.

– Sei que não, mas ela precisava esfriar a cabeça...

O jovem então deu de ombros, como quem fora inocente pelo ato.
– As coisas estão bem ruins agora, mas vamos achar a Cathie e você vai voltar a ser... bom eu diria normal, mas isso nunca fomos certo?

Nessa hora, com um belo sorriso de ponta a ponta, o jovem decidira dar um pequeno passo adiante. Ouvira por muito tempo que homens deveriam ser corajosos e que deveriam sempre dar o primeiro passo, mas nesse caso o primeiro passo não fora dado por ele o que não significava que ele não daria os seus. De forma rápida agarrou os dedos da moça entrelaçando- os com os seus.

Agatha abriu mais os olhos, surpresa, e olhou para Andrew. Um sorriso brotou em seus lábios e as nuvens desapareceram, dando lugar a uma chuva de flocos de neve.
–Está vendo? Isso denuncia meu humor, é horrível! - ela comentou, mas sorriu ao ver os flocos caindo sobre eles.

– Facilita minha vida, embora eu não saiba o que uma nevasca significa. -sorriu.

–Sou apaixonada pela neve - ela começou a explicar, voltando a olhar para o garoto. - Quando criança costumava acordar cedo em dias de inverno, pois meus pais levavam meus irmãos e eu para as montanhas, onde brincávamos na neve, esquiávamos e ficávamos observando os flocos caírem…

Andrew sorriu
– Então você é uma espécie de rainha da neve... interessante.

– Argh... romance...como eu...

Anna começou ao fundo.

Agatha balançou a mão, sem dar muita importância, e um pouco de água acertou Anna, que escorregou.
–Calma, donzela, vai se machucar - Henrique a segurou antes que ela caísse.

A moça se segurou como pode nos ombros do pobre rapaz. Tinha uma fobia intensa a esses córregos mágicos de Agatha. Agarrou-se com as unhas no pobre rapaz antes de terminar sua frase.
– Romance... -

–Você já falou isso - ele sorriu encantador, antes de puxar a garota, colocando-a de pé. Suas mãos repousadas na cintura dela, por segurança.

– Já... eu não..
Percebido....tinha... - Anna piscou varias vezes antes de se soltar do rapaz, afastando-se ela pode ver seus outros dois amigos a encarando.

–"Ah, como eu odeio o romance" - Agatha falou dramaticamente, imitando a amiga.

– Isso não é romance - bufou- se chama acidente de trabalho... - disse a moça antes de puxar seu carro e começar a caminhar novamente ignorando os demais.

–Calma Hick. Um dia você chega lá - a de cabelos azuis-esverdeados sorriu para o amigo, que coçava a cabeça, confuso.
–Mas... Mas... Eu... - ele tentava falar, mas não conseguia.

Anna parou sua caminhada voltando-se para os amigos, respirou fundo antes de dizer qualquer coisa que pudesse fomentar uma reação histérica.

– Obrigada Henrique. - ofereceu-lhe um sorriso sem graça voltando-se em seguida novamente para a trilha.

– É acho que isso é o máximo que vai conseguir. Ela é um dragão! -caçoou Andrew.

–Andrew! - Agatha brigou, dando um tapa no braço do garoto. Ele a olhou surpreso, depois fez uma cara de mágoa. - Awn, desculpe - sorriu e lhe deu um rápido selinho, corando em seguida.

– Ouço o som de fraqueza ai atrás!!!

Andrew reconheceu o som sarcástico da voz de Anna a alguns metros dele.

– Eu não disse?

–Eu podia ter escolhido a Cathie - Henrique resmungou para ele mesmo. - Por que, por que fui querer a Anna? - fez bico e mexeu as mãos, tirando as pedras do caminho da moça enquanto andava.

A moça claramente ouvindo o choro amuado do rapaz, deixou seu corpo rígido, parando de repente em sua frente. Sem tempo para desviar o moço trombou com a amiga fazendo-o parar abruptamente.
– Acredite, eu também não te escolhi... e voltou a andar.

Andrew por sua vez pareceu um pouco amuado, sua irmã já fora tirada dele em circunstancias desconhecidas, agora queriam também a outra moça?

Justo a que ele amava?

Por que não levavam a Anna?

E sem ter uma boa resposta para o que ouviu do amigo, apenas seguiu a trilha de pedras, deixando Henrique e Agatha para trás.

–Você entende? - a garota perguntou, olhando para o amigo. Ele negou. - Pois é, nem eu...
Os dois ficaram parados por alguns segundos, vendo os amigos se afastarem. Logo Henrique saiu do transe.
–Vamos? - chamou à amiga.
–Claro - ela concordou. Ele sorriu de lado e passou um dos braços pelos ombros da garota, abraçando-a de lado. - Então... Vai me contar sobre seu beijo com Andrew? - perguntou e ela deu risada. Pelo menos alguém ali ainda estava normal.

Anna e Andrew pareciam ambos perdidos em seus próprios mundos, andando infinitamente em linha reta, subiam a ladeira exaustivamente tentando, cada qual por seu motivo manter distância, talvez chegando ao ponto definido por Merlin com o de batalha as coisas ficassem mais claras.

O jovem feiticeiro dominador de ar brincava com a leve brisa que soprava em direção ao norte enquanto a bruxa Morgana tentava manter todo o seu foco e concentração naquilo que deveria.

– Sinto muito ter estragado seu romancezinho com a pirilampa da agua lá atrás...- ela começou.

Andrew a encarou confuso.

– Desculpa, não era minha... Intenção...

A brisa orquestrada por Andrew então cessou.

Anna por sua vez ao deixar de sentir a leve brisa encarou-o surpresa.

– Tudo isso por um pedido se desculpas? - sorriu.

O feiticeiro por sua vez apontou para uma caverna

Acima de suas cabeças, num patamar uns três andares mais alto, onde.

Uma luz intensa surgia.

–Cathie... - ele murmurou apressando o passo

– Henrique... Agatha..

Anna gritou indo em busca dos demais feiticeiros.

Agatha e Henrique apareceram depressa, deslizando por uma trilha d'água que a garota criou para poder chegar mais rápido perto dos companheiros, dada a distância em que estavam.
–O que aconteceu? - Henrique perguntou enquanto a moça secava a água e eles voltavam a pisar no chão.

Anna parecia assustada, algo incomum.

– Não estamos sós...

Os dois olharam para a caverna, entendendo em seguida.
–Vocês querem... Hm... Subir lá? Ou... Usar os poderes para espiar antes? - Agatha perguntou, se aproximando de Andrew e pegando na mão do rapaz, tentando acalmá-lo.

Andrew apertou de leve a mão da moça antes de sentar-se na terra fofa, gelada.

– Não sei, não sei o certo a se fazer...

Anna colocou sua bolsa no chão, procurando por seu casaco. A cada passo mais frio, não durariam muito assim.

– Talvez alguém com discrição deveria ir... - murmurou ela.

–Agatha, é contigo - Henrique falou, desanimado. - Se a Anna for ela vai acabar gritando igual os Espartanos das histórias que os outros estudantes de Merlin nos contavam.

A moça levou mais para uma ofensa, e sem dizer nada deixou o grupo de amigos rumo à caverna.

Andrew por sua vez sentiu-se aliviado, segurara o ar forte quando ouvira a ideia de Henrique.

–Anna - Henrique chamou antes que ela entrasse. - Fica fria, ok?

– Não enche, pedregulho! - ela virou-se para conjurar sua ultima ofensa antes de se aventurar pela densa floresta em busca da caverna.

–Nós estamos fritos, não estamos? - o garoto olhou para os amigos, aflito. - Digo... Anna é uma ótima feiticeira, mas tem um temperamento... forte!

–Você quer que eu seja honesto?

Andrew deu um meio sorriso para o amigo.

– Provavelmente.

–Legal, vamos morrer no meio da floresta - conjurou uma enorme pedra, sentando nela em seguida. - E eu nem pude dizer o quanto gosto dela!

Andrew o encarou com a melhor cara de "Ah não é serio?" que conseguiu. No final das contas ele que tanto o encheu não conseguira!

– Fico feliz por vocês não terem se matado...

–Eu juro, se sairmos dessa, vou falar tudo o que quero para a Anna! - Henrique disse, espirrando em seguida. - Andrew, controle sua namorada, ela deve estar com medo, ou nervosa! - reclamou ao ver a chuva em cima deles.

O moço sorriu, era um pedido deveras agradável, e não só resolveria o nervosismo dela, como também amenizaria o dele. Passou lhe os dedos pelo longo cabelo, enlaçando-a em seguida pela cintura a sentando próxima dele.

– Vai ficar tudo bem, você vai ver anjo.

–E se a Anna não voltar? E se agora for o nosso fim? - ela perguntou, sua boca soltava uma fumaça típica de dias muito frios. O que não era o caso ali.

– E-eu não sei... não sei nem se terei minha irma de volta Agatha. - ele a encarou, enquanto tentava aquece-la esfregando freneticamente seus braços com a palma das mãos.

–Eu... Eu sei que algo vai acontecer, Andy. E não é por causa dos meus poderes descontrolados, ou coisa assim. Algo me diz que estamos mais próximos do fim do que imaginamos - seus olhos marejaram enquanto ela assoprava as mãos, esfregando uma na outra.

O rapaz raspava a nuca nervosamente com os dedos, não sabia ele também onde iriam parar, mas a única certeza que tinha era o frio que lhe subia as entranhas, sinal de que algo ruim estava prestes a acontecer.
– Se eu... pudesse...soubesse, eu juro que te diria qualquer coisa, que tudo ficaria bem, mas eu não sei. E devida a nossa situação atual nem sei se Anna voltará com boas noticias…

–Agatha - Henrique a chamou. - Eu não quero ser chato, mas você precisa se acalmar. Se continuar nervosa assim matará a todos nós com o frio! - falou enquanto tremia.
–Mas... Eu não consigo controlar - ela o olhou.

Andrew agarrou a mão da moça entrelaçando seus dedos. O frio que se fazia cada vez mais intenso, então se estabilizou, ao menos não havia se tornado mais intenso, pensava o rapaz, enquanto se aconchegava mais próximo a ela.

–Obrigado - o outro garoto disse, enquanto sentia o frio diminuir. - Queria tanto que Anna fosse igual a você... - resmungou.

Andrew o encarou um pouco infeliz com a colocação do amigo.

–O que? - Henrique perguntou? - O que fiz?

– Eu não sei... - Andrew disse calmo. - Furar o olho te diz alguma coisa?

–O que? - ele abriu os olhos, assustado. - Não, não quero a Agatha, pelas barbas de Merlin! - falou e a garota o olhou com uma expressão ofendida. - Calma, não foi isso que eu quis dizer, te adoro e você sabe disso - Henrique olhou para a garota, voltando a olhar para o amigo em seguida. - Quis dizer que eu queria que Anna fosse fácil de lidar igual à Agatha é, isso sim!

Andrew abriu um sorriso amigável com a confirmação de seus pensamentos. Ao menos o mundo não estava ao todo contra ele.
– Hum...melhor, porque eu não divido!

Agatha se surpreendeu. Sentiu as bochechas esquentarem e se escondeu no peito de Andrew, morrendo de vergonha.
–Fica frio, cara. Agatha é praticamente minha irmã - Henrique se espreguiçou.

Quando Andrew ia se propor a subir a montanha em busca de Anna e seja lá quem fosse que habitava a caverna, uma leve brisa vinda da caverna imunda a pequena planície onde se localizavam os 3. Uma breve ventania... e cinzas? Os jovens então ergueram seus narizes para o céu, já trajado em negras vestes para que pequenos vestígios de cinza atingissem-os bem em seus narizes.

O jovem feiticeiro reconheça aqueles dois elementos conflitantes logo de cara.

Fogo e Ar? Mas como? Em tais circunstancias somente se... não...não poderia ser...haveria outra explicação?

Os ruídos então se estenderam tornando-se cada segundo mais audíveis.

As arvores começaram a tremular e a dançar. Cada vez mais constante... ofegantes.

E então um grito cortou o ar e junto com ele o coração de Andrew...

– Cathie...

Agatha e Henrique se olharam, e então saíram correndo para a caverna, com medo do que encontrariam.

Após uma curta escalada os três jovens finalmente alcançaram a boca da caverna peculiarmente apelidada por antigos como "refugio do dragão”. Segundo as lendas fora nessa caverna que um dos grandes reis da Bretanha matara o grande dragão colossos.

De tamanho a somente fornecer abrigo para um pequeno grupo, a caverna desnudou-se diante dos olhos dos feiticeiros, facilmente se observava Anna e Cathie, cada uma em uma extremidade empunhando suas varinhas.

Sem perceberem a presença dos jovens, ambas continuavam a difamar-se, ameaçando atacar a cada falso sinal de perigo.

– Você cara Morgana, desonra seu proposito aqui! - notando a ligeira torção nos lábios da rival, o que indicava certo medo, Cathie continuou. - Pois é... Morgana! - repetiu. - Você desonra o proposito da vida de Merlin e tudo pelo que ele presa, não deveria estar aqui.

A moça atacada por sua vez, respirou firme, tentando se acalmar.
– E você deveria desistir de seja lá o que esteja planejando... mas não é um mundo justo não?

–Anna...? - Henrique perguntou num fio de voz. - O que está fazendo?

Morgana, ou Anna como agora se chamava virou-se rapidamente para ver que os três jovens estavam ali estáticos, como se concretados ao chão. Com as mãos trêmulas e suadas sua varinha quase lhe escapou os dedos.

Cathie, Catherine, por sua vez olhou somente o irmão, deu-lhe uma checada rápida e concluiu que Andrew e Agatha estavam unidos, por algo bem mais do que suas mãos denunciavam. Um sorriso diabólico tomou seu rosto e de relance a jovem mirou acima de Anna lançando um feitiço.

O raio atravessou o ar, atingindo as rochas detrás da moça, a vibração e a pouca distância por sua vez a assustaram, fazendo com que Anna caísse de joelhos. Ainda sem largar sua varinha, em seu ultimo esforço ela revidou.

Acertando Cathie no peito. O feitiço não era maligno, ao todo, por mais que sua fama... A de suas precedentes a perseguisse e assim que alcançou seu alvo todos os demais feitiços se dissiparam deixando Cathie inconsciente, Anna ao chão e uma caverna totalmente destruída pela ação violenta das brisas e fogaréus conjugados.

Sem demora Andrew correu aos pés de sua irmã. Agarrou-a pelos pulsos para que se pudesse levanta-la em seus braços. Descontente, confuso e deveras raivoso, o fez, tomando a inconsciente jovem para si.

Não haviam marcas físicas que demonstrassem que sua preocupação tinha demasiada fundação, porém como Agatha mencionara magia negra...e pelo pouco que pode ouvir da conversa entre as duas jovens nada de bom podia ser concluído.

Pouco se assemelhava ao jovem brincalhão de momentos antes. Cathie era talvez o motivo pelo qual Merlin o escolhera, fora sempre uma ótima feiticeira e embora não fosse confidentes constantes o valor do sangue que corria por suas veias falou mais alto.

Henrique nunca sequer vira uma lagrima de tristeza rolar pelas bochechas de Anna, e logo de primeira vira todo um rio fluindo. Sentiu os pulsos sendo circundados pelos dedos da feiticeira como se a mesma procurasse refugio de suas próprias ações. Seus olhos, sem foco, subiram deliberadamente ate alcançarem os do rapaz.
– Catherine... ela...ela..
A moça recuou, como acusaria a outra que ela atacou por todos os incidentes dos últimos dias sem uma prova se quer?

Não poderia simplesmente levantar o dedo sem provas. O certo era que Cathie não fora sequestrada, ela deixou o acampamento porque quis, e deixou claro isso. Deixara claro para Anna que sua intensão ali não se tratava de Merlin e seu legado, disse para Anna e só para ela...

– Cathie... Catherine...ela.... Ela vai ficar bem, o feitiço foi só uma... defesa... - Anna suspirou enquanto buscava apoiar-se com uma das mãos, agora livre das de Henrique, no chão para que pudesse se erguer.

–Anna - Agatha ajudou a amiga a se levantar. - Conte-nos o que aconteceu, por favor!

– Catherine, ela acredita que... -arriscou - pode manipular a magia negra para si. Ela não tem noção do que isso causaria se fora de controle…

Henrique olhou assustado para a garota, ajudando-a a permanecer em pé.
–Agatha, dê um pouco de água para Anna, por favor - ele pediu. - Agatha? - chamou ao não obter resposta.
–Foi ela... - Agatha falou baixinho. - Foi ela! Ela quem me atacou na floresta!

– Eu também achei isso... - Anna se apoiou mais no rapaz segurando-se em seus ombros. - A confrontei e ai... Bom o resto vocês puderam presenciar…

Com os irmãos fora da caverna, provavelmente próximos da planície de onde o grupo sairá a pouco, Anna desvinculou-se de Henrique e pôs-se a andar rapidamente em busca dos jovens.

–O que faremos agora? - Agatha perguntou assustada.

–Encontrar o Andrew antes que aconteça algo, talvez? - Henrique disse enquanto acompanhava as duas. - Anna, devagar! Você não está em condições de correr!

Ao longe dos dois ouvisse os passos de Anna à frente, algumas pedras se soltando a cada passada rolando mais longe, ate se acalmarem na planície.

Anna como fora a primeira a chegar fez uma rápida analise em busca dos dois jovens, porem só achou o rapaz, deitado sobre a relva.

–Andrew! - ouviu-se o grito de Agatha. Logo a moça passou pela ruiva e se ajoelhou ao lado do garoto.
–Dá pra sentir a magia negra daqui - Henrique disse um pouco afastado.

Anna caiu de joelhos sob as pedras, desanimada como se entregasse suas ultimas forças ao chão.

Observou seu amigo de longe com medo do que aquela aura poderia fazer com seus poderes, via Andrew quieto, sereno ainda com seus olhos selados.

–Mas que merda! - Agatha gritou, enraivecida. - Porque essa droga de poder descontrolado nunca é útil?
–Agatha, se acalme, por favor - Henrique pediu. - Vamos esperar. Se estiver certo, os poderes de Andrew trabalharam para que ele recobre a consciência, assim como aconteceu com você.

– Se estiver errado, a irmã nos atraiu aqui para uma armadilha e fez sua primeira vítima... - Anna completou.

–Pare de ser pessimista, pelo menos uma vez na vida! - o garoto a encarou, levantando o tom de voz contra Anna pela primeira vez desde que se conheceram, assustando-a. - Desculpe Anna, mas esse pessimismo não ajudará em nada agora.

A moça se levantou, ficando cara a cara com o rapaz.
– Pessimismo? Quer falar de pessimismo? Comigo? Por favor... minha família descende dos maiores morganianos da historia. Não me venha usar uma palavra que não conhece…

–Só que você é tão fissurada na história da sua família que não percebe o quanto é sortuda! Você é uma sobrevivente, tem amigos que estão com você, tem um garoto que te ama... - falou de uma vez. - Pare de reclamar um pouco, Anna, e olhe ao seu redor!

Incapaz de falar qualquer coisa que fosse no mínimo à altura do que o jovem disse, Anna virou-se para o casal não tão feliz, aproximando-se deles.

–Eu posso ajudar... talvez, eu acho...

–Sinta-se a vontade - a garota fungou.

Anna estendeu seus braços por cima do rapaz desacordado, um brilho intenso então fagulhou por dentre seus dedos. De olhos fechados ela movimentou-os para que percorressem todo o corpo do rapaz.

Ser uma morganiana ao todo não era ruim, aprendiam-se alguns feitiços relacionados à natureza...

E no caso um simples feitiço de limpeza, capaz de substituir a aura de magia obscura pela dela.

Andrew em resposta agarrou de leve a barra da calça de Anna, que surpresa abriu os olhos.

A tempo apenas de ver e ouvir o murmúrio do rapaz em nome de Agatha.

–Andy? - Agatha chamou baixinho, passando a mão pelo rosto do garoto.

Os olhos do rapaz finalmente se abriram. Sua íris se purificando dos tons arroxeados da magia negra imposta por Cathie.

–Ei anjo... - a dama da água sorriu em meio a algumas lágrimas que escorriam por seu rosto.

Ele sorriu para a dama, levando sua mão ate seu rosto limpando suas lagrimas.

– Olá...

–Não me assuste mais assim - Agatha pediu.

Andrew riu, levantando-se devagar.

– Não está em meus planos, moça.

–Olhem pelo lado bom! - Henrique começou a falar e todos o olharam curioso. - Pelo menos agora vocês são um casal descontrolado! Agatha poderá saber quando Andrew estiver bravo, nervoso... - brincou.

Anna revirou os olhos.
– Nossa realmente... não posso pensar em qualquer lado positivo...a não ser esse.

E continuou

–Vamos ver pelo lado bom? Sim. Sim? - com o belo brilho do por do sol Anna então apontou o cume da montanha onde se estendia um belo templo esculpido nas rochas se não fosse esse o templo, quem mais seria maluco de ter feito aquilo?

–Alguma chance de chegarmos até lá com um caminho de pedras? - Henrique olhou para Anna.

– Se você fizer escadas... - sussurrou.

–Ótimo, era disso que eu precisava! - ele falou antes de começar a mexer as mãos, fazendo gestos largos.

Podia notar no rápido movimento dos olhos da Anna que ela estava de certa maneira incomodada.

– Vou esperar ali OK, OK?

–Volte aqui, mocinha - Agatha fez um gesto com a mão, e uma pequena onda trouxe Anna de volta para perto dos amigos. - Nós vamos subir, e a senhorita vai junto.

– Tobogãs mágicos, escadas magicas...

Andrew revirou os olhos e a segurou pelo pulso antes que pudesse fugir novamente.

– Dessa vez não! - ele disse sem encara-la talvez um pouco envergonhado pelo momento dentro da caverna onde julgará tão mal a moça.

–Vamos? - Henrique perguntou enquanto batia uma mão na outra, espantando a poeira.

Anna desvinculou-se do aperto de Andrew contorcendo os próprios dedos num sinal claro de desespero.
– É pode ser, por que não... - disse ela enquanto Andrew quase que totalmente recuperado tomava sua posição ao lado de Agatha.

–Podem ir na frente - Henrique disse, parando ao lado de Anna. - Preciso fazer uma coisa antes.

A moça desconfortável com a proximidade ergueu o queixo na direção de Henrique visivelmente curiosa.

–Anna, sei que a cada segundo que passa a competição está mais próxima, e sei que só um de nós poderá vencer, então... - coçou a nuca, nervoso com aquilo. - Não fique brava, por favor. Eu preciso fazer isso - falou antes de se aproximar da garota e colar seus lábios nos dela.

Os olhos de Anna se abriram de espanto, de forma alguma esperava que qualquer homem tivesse qualquer um, tivesse coragem ao ponto se toca-la de forma tão intima. Sabia que deveriam apressar o passo, sabia que iria se punir pelo resto de sua vida...

Sem dar ouvidos a qualquer uma dessas vozes, a jovem jogou seus braços pelos ombros do rapaz, perdendo-se a cada segundo mais nos lábios macios de Henrique. Não sabia dizer quando o beijo se tornara tão pessoal, só sabia distinguir os cabelos da nuca dele entre seus dedos, espera quando isso aconteceu?

–Valeu a pena esperar - Henrique sorriu quando se separaram; suas mãos na cintura da garota e suas testas coladas enquanto suas respirações se acalmavam.

–Me desculpe ser tão chato com você - ele continuou. - Eu só me sentia frustrado por nunca conseguir demonstrar o que sinto por você... Eu te amo, Morgana. Mesmo com esse nome, mesmo com toda a história da sua família... Eu te amo, e não poderia morrer sem te falar isso.

A moça piscou severas vezes antes que pudesse pensar no que dizer seus olhos não conseguiam fitar os dele por pura vergonha, sim vergonha...
– Eu te perdoo por ser um verdadeiro container... - brincou ela antes de roubar um beijo rápido de seus lábios e se separar, ainda sem fita-lo.
– Eu te amo também...obrigada por...ter...pensado dessa maneira.

Henrique sorriu, nunca se sentira tão feliz como naquela hora.
–Vamos subir? - perguntou e Anna fez uma careta. - Está tudo bem... Estarei com você - pegou na mão da garota e entrelaçou seus dedos com os dela.

Ela consentiu e então ambos subiram ate o encontro de seus amigos, naquilo que poderia ser descrita como uma das melhores visões dos campos de Merlin.

–Vocês demoraram - Agatha comentou entediada. A garota balançava os dedos distraidamente enquanto um pequeno bonequinho d'água deslizava pela grama. Andrew estava sentado ao seu lado, observando.

– Isso significa que? - o rapaz levantou-se rompendo o laço entre os dois enquanto segurava a então livre mão de Anna.

A moça corou furiosamente, se estapeando mentalmente pela desgraça.

–Anna e Hick, sentados numa árvore, B-E-I-J-A-N-D-O - Agatha cantarolou baixo, enquanto manipulava dois bonequinhos que encenavam a música.

A ruiva por sua vez, infeliz pela cena, contorceu os dedos e logo os bonequinhos evaporaram.

– Estamos aqui e agora?

Andrew riu baixo antes de prosseguir.

– Precisaríamos da Cathie... para o duelo...precisamos dos cinco.

–Nós já olhamos tudo por aqui. Cat... Alguém passou por aqui, lançou uma magia de proteção e sumiu - Agatha comentou. - Estava vendo sobre magias de proteção no livro, e existe uma que pode ser quebrada se conseguirmos combinar os quatro elementos.

Anna encarou a amiga s saber o que dizer a ela. Combinar os elementos? Fusão?

–Combinar os elementos? Tipo uma fusão? - Henrique transformou em palavras os pensamentos de Anna. - Já vi um feitiço sobre isso, mas é um pouco complicado de fazer.

Anna fingiu uma tosse em seco.

– Fundir os poderes demanda um feiticeiro muito consciente de seu poder..
E capaz de ministrar quatro poderes em si de uma só vez.

– Isso torna a coisa mais interessante! - Andrew murmurou.

–Nós teremos trabalho em dobro, pois dois dos nossos feiticeiros estão com certos problemas com seus poderes - Henrique disse e Andrew o fuzilou. - Ah, por favor, não me olhe assim! Desde que Anna e eu chegamos aqui essa é a terceira vez que você faz ventar tanto que mal conseguimos abrir os olhos!

– Tudo que ouço é blá blá blá... - Andrew batia os dedos contra a madeira em que se sentava.

– Bom nesse caso, sobraram apenas duas opções...

–Anna, você deveria fazer isso - Agatha olhou para a ruiva, seus olhos meio fechados por causa da ventania demonstravam certo cansaço. - Você com certeza conseguirá ministrar os quatro poderes. Tudo o que nós três teremos que fazer é doar um pouco do nosso poder para você.

A moça assentiu. Estava consciente dos possíveis riscos, mas haviam chegado tão longe...

–Tudo bem então, vamos começar - Henrique disse. - Existe três jeitos de fazer essa fusão mas, com base na nossa situação atual, acho que o mais seguro será colocar os nossos poderes em um recipiente e, em seguida, Anna meio que sugar esses poderes. O que acham?

Anna o encarou com o cenho emburrado, como assim sugar? Isso era magia ou era o preparar de uma bebida? Só faltavam os canudinhos!
– Hey moço, assim... como?

–O método certo seria nós três meio que "jogarmos" nossos poderes em você, então você iria absorver todos. Mas o encontro com Cathie fez com que a magia negra que atingiu Agatha voltasse. Olhe para ela, ela mal consegue ficar em pé! - mostrou a garota, que parecia estar tremendo, mesmo ali estando num clima agradável. - E agora Andrew também está com os poderes descontrolados. Se tentarmos fazer a fusão desse jeito, corre o risco de te matarmos. Ou de Agatha não aguentar…

A feiticeira passou então os olhos pelos dois amigos danificados, supôs que por mais que doesse admitir, que Henrique estava correto, se fosse feito à maneira tradicional alguém poderia se ferir.
– OK, mas essa palavra... realmente me incomoda, parece que eu vou fincar os dentes em vocês e sugar ugh…

–Tudo bem, me expressei mal - Henrique disse. - Você irá absorver nossos poderes... Está melhor?

Anna então se pôs de frente aos três amigos esperando que Henrique tomasse a frente no feitiço.

–Tudo bem, vamos lá - ele se aproximou de Agatha e Andrew. - Farei um recipiente de barro e vocês me ajudarão, tudo bem? Agatha jogue um pouco de água aqui, por favor - pediu e a garota obedeceu, enquanto tentava a todo custo parar de tremer. - Ótimo, obrigado - agradeceu e começou a mexer as mãos, moldando o barro a sua frente até que ficasse razoavelmente bom. - Perfeito! Anna, agora só preciso que você aqueça, ai podemos começar.

A moça vacilou algumas vezes antes que em seus dedos, as chamas azuis, se tornassem carmim. Apontou o dedo para o recipiente um pouco distante e o aqueceu.
– Nosso treinamento não incluía artesanato 101. - brincou Andrew

–Nosso treinamento não incluía um feiticeiro descontrolado e uma feiticeira quase desmaiando - Henrique respondeu distraído, enquanto acabava de arrumar o recipiente. Andrew olhou para Agatha, preocupado.

Anna compartilhou o olhar com os amigos, entendera na hora que aquilo não era uma das coisas que poderia esperar do rapaz.
– Nossa, quando você se tornou tão chato, ó senhor da diversão? - ela então cruzou os braços ironizando.

–Desculpe. Eu não sei se repararam, mas Agatha está piorando a cada segundo. Tem noção do perigo que ela está correndo? - olhou para Anna.

A moça não respondeu. Tomou das mãos de Henrique o recipiente e o levou para perto do casal. Pediu a eles que tentassem apenas transferir a essência de seus poderes para aquele líquido expresso e turvo.

Agatha levantou os braços, tremendo cada vez mais. A luz azul tomou conta de suas mãos e logo finos fios de poderes saíram de suas mãos, indo para o recipiente.
–D-desculpem, é só isso que eu consigo - ela disse depois de alguns instantes, a névoa azul rodando dentro do recipiente. Agatha encostou-se no ombro de Andrew e fechou os olhos.

Anna agradeceu a sua amiga dando-lhe um abraço. Não era de seu feitio, mas como dissera Henrique...

Então a moça repetira o mesmo processo com Andrew e longas ventanias adentraram o recipiente. Chegara então à vez de Henrique, a moça aproximara-se dele e em antecipação o rapaz levou suas mãos ao pote, mas Anna afastou-o do moço.
– Sei do risco que ela corre, que todos corremos, e como o grupo que deveríamos ser, deveríamos estar unidos. Ah sim... eu não me divirto não é?

A moça então entregou ao rapaz o pote

, mas não se antes conjurar um feitiço rápido fazendo com que o rapaz cambaleante caísse para trás.

–Ei, eu não disse aquilo por querer! - ele reclamou enquanto se levantava e espantava a poeira das calças. - Eu estou preocupado com todos, especialmente com você, Anna - falou baixinho, olhando para a garota.

Anna bufou baixinho, não era a hora certa para discussão. Apenas segurou o pote novamente em frente ao rapaz esperando que ele fizesse o mesmo que seus amigos.

– Não foi o que pareceu.

–Desculpe - sussurrou. - E peço desculpas pra vocês também - olhou para o casal. Andrew acenou com a cabeça, enquanto Agatha permanecia com os olhos fechados, respirando devagar.

– E agora? - Anna perguntou com o recipiente cheio em mãos.

–Agora você mergulha as mãos ai - Henrique disse. - O feitiço fará o resto.

Anna fez o que o rapaz lhe indicara, mergulhou de leve as mãos naquele emaranhado desconhecido, receosa, mas para sua surpresa e de seus amigos, com exceção de Henrique, nada acontecera de primeira.

Os três jovens observavam a cena confusos, Anna por sua vez mergulhara a mão seguidas vezes de forma mais violenta.

– Essa Joça... ela está com defeito!

Anna retirou seus dedos da bacia e quando o fez uma luz em tons de violeta emergiu, em pequenos feixes, subindo através do gotejamento em seus dedos, tomando conta de falanges, mãos, pulsos e braços.

O feitiço atingiu então o coração de Anna antes que se dissipasse de volta para seu recipiente.

–Calma, calma, não cai - Henrique segurou a moça assim que ela cambaleou um pouco.

Recuperando o equilíbrio a moça pôs-se firme no chão. Encarou os amigos ali parados, cada qual com seu dilema... não podiam demorar mais, achar a Catherine e desfazer tudo isso era prioridade. Porém... A competição de Merlin dificultava, já que mesmo que Catherine fosse achada e os poderes fossem restabelecidos ao seu normal.

A competição pregava apenas um vencedor e por tanto três perdedores...

–Agora você deve mirar ali, no centro do círculo - Henrique apontou para uma pintura que havia na porta do templo, onde os elementos estavam desenhados. - Concentre-se e pense no que quer: desfazer a proteção.

Ela assentiu e com ambas as mãos mirou em seu alvo. De olhos fechados deu um longo suspiro, talvez tudo acabasse ali, quem saberia dos perigos implantados naquele templo... afinal sub entendesse que 5 jovens adentrariam aquelas portas como campeões, como mestres em seus domínios, cada qual com sua habilidade ao máximo, e não que invadiriam.

Após alguns segundos ouviram um barulho alto, e logo a enorme porta do templo se abriu.
–Viu? Deu certo! - Henrique disse.

–Vamos? - Henrique olhou para os companheiros. Anna assentiu e eles olharam para o casal.
–Eu preciso mesmo ir? - Agatha perguntou.

Anna suspirou, não queria ser a guardiã das más noticias, mas...
– Sim, se esse for o templo correto... e não vejo outro por aqui, será nesse lugar que ocorrerá a luta...

Andrew assentiu.

– E você não esta em condições de ficar sozinha aqui...

–E você também não está nas melhores condições - Agatha rebateu manhosa, enquanto olhava o amante. - Mas tudo bem, vamos lá - tentou se levantar, mas suas pernas tremeram e ela quase foi ao chão.
–Uou, calma - Henrique a segurou bem a tempo. - Vamos devagar, mas você vai conosco.

Os dois rapazes apoiaram cada um, um braço de Agatha ajudando-na a atravessar as portas do templo.

Anna os seguiu de perto, funcionando como uma espécie de guarda costas dos três.

O caminho pelos corredores foi surpreendentemente tranquilo, sem armadilhas ou coisas assim. Logo os quatro chegaram ao que parecia ser o centro do templo, onde não havia nada, a não ser um pedestal com um diamante de pedra em cima.

Todos pareciam demasiadamente surpresos pela facilidade. Claro apos uma montanha quem não gostaria de um caldinho na boca? Algo cheirava muito mal, os sentidos de premonição de Anna tintilavam.

– Alguém deveria... tocar naquilo. Não? - Andrew ameaçou um passo para frente, mas uma parede de fogo deteve seus passos.

– E se for uma armadilha? - Anna começou. - Sabe aquela velha máxima de não tocar em nada num tempo "desconhecido"?

–Então... O que faremos? - Henrique perguntou.
–Deixem-me ir - Agatha pediu, espirrando em seguida.

– De jeito algum! - Andrew interveio segurando a moça firmemente pelo pulso.

–Andy, eu sou a mais fraca daqui no momento - a de cabelos azuis-esverdeados o olhou. - Já sabemos que não terei chance nenhuma na competição, eu mal me aguento em pé! O que tenho a perder se atravessar a parede?

O rapaz desviou o olhar rapidamente para o tal empecilho, seus olhos deslizaram então rapidamente para onde a moça se localizava. A fitando por inteiro, Andrew agarrou-lhe as duas mãos trazendo-as para perto de seus lábios.
– Te perder, me perder... eu ainda não sei, esta tudo muito rápido, incerto, mas se é pra ser assim...que sejam nossos melhores momentos juntos.

–Eu amo você - Agatha piscou lentamente, sorrindo para o garoto.

Anna fingiu uma tosse a fim de acelerar as coisas.

– Eu vou. Ainda estou sob o efeito da macumba do Henrique mesmo.

–Não! - Agatha falou. - Você fica! Se alguma coisa der errado, você leva os dois pra fora daqui!

–Nada vai dar errado!
Anna disse confiante encostando-se no tal muro.

Anna atravessou cuidadosamente a parede de fogo. Suspirou aliviada quando percebeu que nada havia acontecido consigo. Aproximou-se do pedestal e suas mãos adquiriram um brilho vermelho conforme ela se aproximava do diamante de pedra. Tocou no objeto e esperou.
Nada.
Tirou o diamante do pedestal e o analisou de diferentes ângulos. O que estava errado?
Anna virou-se para olhar os amigos, tão confusos quanto ela. Colocou o diamante de volta no pedestal, e então uma explosão prata inundou o lugar. Anna foi arremessada para trás, assim como seus amigos. Olhou para o pedestal, protegendo os olhos com as mãos, e se assustou ao ver a silhueta de Merlin ali, na frente deles.

A aura do poderoso feiticeiro despertou a curiosidade dos jovens, ali estáticos apenas seus olhos movimentavam-se, passando por cada um dos aprendizes.

– Se até aqui vocês chegaram, a vocês devo meus parabéns. As passagens de Merlin que os guiaram por estas pedras têm de desafios. Foram testados, cada qual eu sua fraqueza. Medos, fobias, sejam onde for à morada delas.

–Acho que aquele feitiço me afetou mais do que eu pensava - Agatha murmurou.

–Se for isso... estamos todos vendo dobrado...

–disse Anna.

Um sorriso encheu os lábios do grande feiticeiro.
– Pois bem devo dar a vocês a indicação de seus deveres. A grande batalha se aproxima. E um dos cinco devera se erguer como meu sucessor.

–Este templo não é apenas um grande ringue de batalha é também um de meus grandes refúgios. Encontrarão nele cômodos, com seus respectivos elementos indicados, lá terão acesso a tudo que julgueis necessário.

E então do mesmo modo rápido que surgiu, a visão de Merlin desapareceu em uma leve brisa que guiava os jovens para o interior do templo.

Andrew levantou-se do chão oferecendo a mão para que pudesse puxar Agatha para cima.

–Então é isso? Agora iremos tirar uma soneca? - Henrique perguntou.

Anna o encarou enquanto se levantava.

– Algo aqui te grita hotel?

– Ele disse tudo que julgueis necessário! Eu não reclamaria de um bom colchão! - disse Andrew.

–Eu preciso... De um cobertor... - Agatha falou com dificuldade.

Os jovens decidiram então adentrar ainda mais nas vielas do tempo, sempre seguindo a brisa que não parava de soprar.

Para Andrew a sensação daquela brisa era uma memoria incomoda, Catherine voltara a sua mente quando Merlin mencionara cinco.

Havia passado o tempo demasiado preocupado com Agatha que a ideia de sua irmã tê-lo abandonado não parecia incomodar tanto quanto ver a moça que amava em tal estagio.

Mas aquela brisa... tão semelhante a sua...só poderia vir de Catherine...

Porem seus olhos a viram sair do cristal, como... não não poderia.

Os jovens finalmente então chegaram em seu destino, os quatro parados frente a quatro grandes portas onde estava gravada a figura de um dos respectivos quatro elementos em cada.

Obviamente Catherine e Andrew deveriam dividir o cômodo visto que além de irmãos, dividiam também o elemento ar.

– Ok. isso esta sendo bem...

– Fácil, estranho, bizarro? - Andrew.

Anna riu, aproximou-se da grande chama esculpida na rocha e a tocou. Diante dos olhos dos feiticeiros, uma grande rachadura seguiu as linhas do encontro das duas faces da porta.

Abrindo-a diante de todos.

Porem ao tocar o símbolo de Henrique Anna decepcionou-se pois nada acontecera.

–Acho que isso só funciona com o dono do elemento - Henrique disse.

Ela se virou para encara-lo.

– Que bom que Merlin pensou na nossa privacidade antes de morrermos.

Henrique tocou no símbolo do seu elemento, esculpido em uma das portas, e logo ela se abriu.
–Viu? Eu disse - sorriu de lado.

–Droga. - A jovem morganiana praguejou ao ver que o colega estava certo.

Andrew tocou seu elemento antes de levar Agatha para mais perto do seu possibilitando que ela o tocasse.

–Finalmente, um pouco de descanso - Agatha falou rouca, sorrindo cansada.

E com isso cada um entrou em seu respectivo quarto. Parecia um bom alento que poderia compensar as últimas noites em barracas.

Para cada qual um sonho fora designado. Um sonhos bom que os fez dormir quietos por toda a noite.


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