Seasons escrita por Getaway6738


Capítulo 1
Capítulo 1 - Verão


Notas iniciais do capítulo

Yo Minna!! Essa fic aqui é uma pequena Short Fic de 4 capítulos, um para cada estação do ano e para a estação do relacionamento dos dois, então é uma ideia meio louca... Espero que vocês gostem no final das contas :DD

Playlist: Bom, se vocês quiserem ouvir as peças do Vivaldi em que eu me inspirei para fazer cada capitulo, é só pesquisar Four Seasons - Vivaldi pra você sacar como vai ser a vibe de cada cap, mas se você quer ouvir algo diferente, tai a minha dica de musica :D

Nome: Dooqu - Right Time
Link: https://www.youtube.com/watch?v=iHtovBjoEmY



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Debussy

“É preciso primeiro encontrar, depois cortar, para chegar à carne nua da emoção” – Claude Debussy.

Acredito que o amor é o mais puro dos sentimentos, por isso escrevo sobre ele, por isso o vejo em todo lugar. Mas, o mais intrigante sobre o amor é que ele sempre parece brincar ao meu redor, nunca me atingindo. Talvez algum tipo de jogo no qual só sou digno da apreciação, vendo ao longe todos se apaixonarem, criarem laços... Resguardando-me a somente me contentar em descrever isso com palavras. Escrever sobre o amor e nunca tê-lo vivido. Quanta ironia, não?

Ao menos isso me ajuda em minha carreira como escritor de colunas. Sim, escritor de colunas. No. Jornal. Local. Meu chefe diz que por nunca ter vivido nada como o amor, consigo ver as coisas num prisma imparcial. Mas, droga, não quero ser imparcial! Quero sentir aquelas borboletas no estomago que todos falam a respeito, quero me imaginar passando a vida ao lado de alguém, quero sentir-me completo!

Por isso há dois anos e meio sento-me todo sábado na mesma mesa de madeira escura no Le Phare, a melhor e mais barata cafeteria de Dublin, vendo os casais se formarem e se dissiparem, na esperança de que algum dia, consiga escrever algo digno de um livro. Sim... Um livro. A minha futura talvez obra prima. Vai ser algo tipo “Pow!” e então vai fazer “Bum!” e... Enfim, vai ser bom, e não vai ser uma arma, como você aí deve estar pensando. Acho...

Abro meu caderno de rascunhos e pego a caneta. A cafeteria pintada de verde tem um pequeno pátio aberto, e mesmo embaixo de chuva, neve ou do sol escaldante, me sento aqui fora. Hoje está relativamente quente para os padrões irlandeses, mas não demais. Estamos no final do verão, mas mesmo assim roupas leves e um chá gelado são essenciais.

Começo a olhar a rua. Os carros passam num indo e vindo sem parar, as pessoas mal se falam, e conforme o tempo se passa sem que escreva uma única palavra, finalmente vejo um casal se sentar a duas mesas de distância de mim. Eles parecem estar num primeiro encontro ou coisa do tipo, por que os olhares denunciam o inicio de um amor.

Ele está vestido com uma camiseta xadrez azul e uma calça jeans meio creme, meio verde. Sei lá qual cor é aquela. Seus olhos se fixam nos da mulher a sua frente, enquanto conversam como se mais nada pudesse os tirar de seu pequeno mundinho perfeito. Já a mulher, vestindo um suéter branco e uma calça jeans azul clara, mexe um pouco no longo cabelo castanho e coloca a mão suavemente sobre a de seu amado.

Ah, o doce amor... Crescendo lentamente no coração dos jovens amantes e os fazendo ser quem nunca imaginavam que seriam.

Começo a escrever, isso me deu uma ideia para um artigo, mas... Não seria bom o suficiente para um livro. Escrevo por cerca de uma hora, acabando um rascunho esquisito do que quem sabe virá a ser o artigo, e pedindo mais um copo de chá gelado.

Um homem solitário se senta numa mesa ao lado da minha. Ele é albino, então procura ficar na sombra para não se expor muito ao sol ver. Seu cabelo é tão grande quanto o meu, seu maxilar o faz irradiar uma sensação de seriedade e seus olhos são infinitamente cinzas, quase brancos. Ele parece ter a mesma idade que eu, isso se não for mais velho. Usa uma camisa social branca dobrada nos cotovelos, calça social preta e uma gravata com linhas transversais vermelhas, cinzas e pretas, presa num prendedor prateado.

Ele pede um chá gelado, assim como eu. Sua voz é aveludada e ao mesmo tempo, rouca num tom agradável. Alguns minutos depois, a garçonete trás o pedido e ele a devolve o pequeno cardápio preto com um sorriso educado no rosto. Imediatamente após perder o contato visual com ela, sua expressão educada e feliz se desfaz, dando lugar a algo que só pode ser descrito como melancolia.

Ele bufa e mexe o chá um pouco, depois passando o indicador do lado de fora do copo, limpando as gotículas que se acumularam lá. Normalmente converso com quem senta próximo a mim, e decidi conversar com ele hoje. Inflo meus pulmões, esperando a corag-

– Parece que o verão nunca esteve tão quente por aqui – afirma ele inesperadamente, enquanto olha para frente com o olhar perdido.

– Sim, sim – respondo instintivamente, olhando para o chão e sentindo meu rosto corar. Tiro uma madeixa que havia ficado em cima do meu olho e sorrio, feliz por ter sido ele o primeiro a começar a conversa.

– Eu sei, eu sei – continua ele, tomando um gole do chá. Ele está falando no telefone. Só agora vi o pequeno fio branco indo até seu ouvido esquerdo. Meus deuses, que vergonha... Tomara que ele não tenha percebido que o respondi – precisei resolver umas coisas com o Carl – alguns segundos em silencio e um pouco de chá bebido - Só volto para o escritório na segunda, até lá não me incomode, por favor.

Ele desliga a chamada, fitando o chá por alguns segundos antes de suspirar, voltando a sua atenção para a paisagem a sua frente. Toma o resto de seu chá e finjo que escrevo algo em meu caderno para poder observa-lo melhor de soslaio. Sua expressão continua abatida. Ele pede mais um copo de chá e um sanduiche natural reforçado que chega alguns minutos depois. Deve estar almoçando.

Será que devo tentar conversar novamente com ele? Droga. Quer saber, vou tentar essa ultima vez. Inflo meus pulmões tentando juntar coragem para falar algo e viro em sua direção, o tocando de leve no ombro.

– Olá – sorrio, olhando em sua direção, tomando cuidado para não encara-lo por muito tempo e corar.

– Olá – ele esboça um leve e belo sorriso antes de me responder, ainda sem entender muito bem o que está se passando.

– Eu... Eu vi que você pediu um sanduiche e... – que desculpa horrível para começar uma conversa, deveria me matar depois dessa - Queria saber se ele é bom, nunca comi dele por aqui.

– Ah, isso? – aponta para o sanduiche com uma mordida de cada lado – é bom sim, ao menos acho, não sou muito bom em descrever sabores.

– Ele parece ser bom para um dia quente como esse – tento continuar a conversa. Quero tanto descobrir por que ele está triste assim, mesmo não o conhecendo, que chega a irritar.

– É – murmura, misturando o chá com o canudinho branco, fazendo o gelo fazer se chocar com um copo, fazendo um barulho gostoso de ouvir.

– Me perdoe a intromissão, mas... Você parece meio mal – afirmo, dando um imenso tiro no escuro. Ele me olha interrogativo, talvez se perguntando por que eu estaria interessado nisso.

– Não, não... Só estou meio cansado – solta uma risada sem graça, mas que mesmo assim tem seu charme – sabe como é, o trabalho suga toda a nossa energia.

– Trabalha com o que? – outro tiro no escuro. Acho que estou perguntando demais, mas ele parece não se importar muito com isso.

– Publicidade – ele da outra olhada no celular, depois olhando em minha direção e apontando para meu caderno – e você? É escritor?

– Sim. Mas ainda não de livros – sorrio, vendo-o fazer o mesmo com a brincadeira.

– Escreve sobe o que, então? – ele parece estar interessado, vira sua cadeira na minha direção e segura o chá com a mão esquerda, me fazendo perceber seu discreto relógio de pulso.

– Artigos sobre relacionamento, nada muito magnânimo, mas a gente tem que começar de algum lugar – tomo o resto do meu chá, fechando meu caderno e olhando na direção dele.

– Desculpe não me apresentar antes, sou Vivaldi – ele estende a mão em minha direção, mas não consigo o cumprimentar, começo a rir sem parar e tampo a boca enquanto ele recolhe sua mão, sem entender muito bem o que está acontecendo.

– Desculpe, desculpe, é que meu nome é Debussy – continuo rindo, e enfim ele solta uma pequena risada, entendendo a piada – Debussy Pearse. Sua mãe também gostava muito de musica clássica?

– Meu pai, na verdade – sorri. Fico feliz de ter tirado um sorriso verdadeiro dele, um sorriso lindamente memorável.

Por algum motivo, continuamos conversando sem parar até às sete da noite. Ele se sentou na minha mesa depois de alguma insistência da minha parte e acabamos jantando juntos. Ele continuava nublado, não importa o que fizesse para tentar animá-lo. As oito, ele se despede sorrindo e falando para não perdermos contato. Trocamos cartões e o vejo indo embora da cafeteria, colocando os fones nos ouvidos e em seguida as mãos nos bolsos.

Assim que não consigo mais o ver, sinto certo vazio na cafeteria. É como se tivesse me acostumado com sua presença e agora, ele foi embora, me deixando sozinho com um copo vazio de chá gelado a minha frente.

Ele realmente queria que o ligasse, ou foi só um convite por educação?

Pra quem quer saber como é o Debussy (O da fic, não o compositor uashusahas) Tai uma imagem dele:


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Notas finais do capítulo

Então! Curtiu? Favorite, comente e se possível recomende que você vai estar me ajudando pra caramba. Eu respondo todos os comentários, então não seja tímida(o) e me escreva alguma coisa :D
Quer sua musica aqui na fic? Mande ela pelos comentários que eu posto aqui :DDD



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