Chegando na estação de King's Cross, que estava apinhada de gente: de alunos com suas famílias felizes embarcando no Expresso de Hogwarts, eu pude notar que a atmosfera era a melhor possível, todos ali felizes, brincando com seus parentes, amigos e chegados.

Eu fiquei ali conversando com a minha prima Lílian, que estava ansiosa pela chegada de seu vizinho: um garoto magro, pálido, estranho, alto para a idade dele, cabelos pretos, compridos até a altura dos ombros, um nariz torto (devido uma queda que sem querer tinha sido eu quem o derrubou numa brincadeira de pique-esconde...), sarcástico, irônico, debochado e bonitinho (apesar de tudo...).

Ficamos ali esperando por uns trinta minutos, quando Lílian começa a ter um ataque de idiotice, falando:

– É ele... É ele... Ele chegou!

– Calma Lílian... contenha-se... - eu falei meio que andando para trás, fingindo que eu não conhecia a maluca do meu lado.

Quando eu olhei para onde ela estava olhando eu pude ver, Sev (como a gente... quer dizer: Lílian chamava o vizinho dela), despedindo-se de sua mãe, uma moça alta, esguia, de cabelos pretos, mais compridos do que os dele, pálida e com uma feição séria (para quem estava embarcando o filho único...).

– Sev... aqui! - Lílian já estava gritando com a mão no ar, chamando ele.

– Ai meu Deus... - eu murmurei abaixando a cabeça em sinal de negação, e me encostando numa pilastra o mais longe possível de minha prima retardada.

– Olá Severo! - eu disse, quando este passou por mim meio feliz por estar lá.

– Oi Susan! - ele respondeu, estendendo a mão para um cumprimento.

– Sev! - Lílian grita, indo abraçar ele.

Confesso que eu fiquei meio mordida de ciúmes, pelo carinho todo que ele deu pra ela e não deu pra mim... mas vindo de quem vinha... me senti muito sortuda por ele ter falado comigo.

Enquanto minha prima e Severo estavam conversando animadamente, eu estava na pilastra, escrevendo em meu diário tudo o que eu via: tanto dos dois ali, quanto das outras pessoas. Então, quando eu levantei a cabeça de novo para ver o que os dois estavam fazendo, eu notei que eles já não estavam mais lá, provavelmente já deveriam ter entrado no trem.

Bem, eu decidi escrever mais um pouco, mas um apito agudo e um cara gritando: "- Última chamada para Hogwarts, embarquem agora ou fiquem onde estão!" Me atrapalhou em meus planos e me fizeram mudar de ideia.

Logo que eu vi, a plataforma estava quase vazia... Faltando poucos passos para eu entrar no trem, eu ouço gritos e risadas atrás de mim, quando eu me viro para ver de onde vinham e de quem vinham, eu vejo dois garotos, um loiro e esguio e o outro de cabelos pretos e igualmente esguio de onze anos correndo e se empurrando e falando:

– Sai da frente, Lestrange, eu vou entrar primeiro! - o garoto loiro gritou para o outro e empurrando ele para o lado, os dois estavam lado a lado.

– Cala a boca Malfoy... eu vou entrar primeiro! - o outro garoto disse, empurrando Malfoy (o garoto loiro) para o outro lado. - Saiam da frente! - ele gritou, quando ele olhou para a frente e me viu parada na porta do trem.

Eu dei espaço para eles entrarem, de qualquer jeito, afinal de contas, eles estavam a poucos metros de distância de mim, então, quando eles entraram correndo, o garoto de nome Lestrange quase leva o meu diário junto, mas nem por isso ele reduziu, ele só gritou de longe:

– Foi mal!

Quando eu olhei para trás, eu pude ver o restante da família dos garotos vindo para o trem.

Lá estavam as duas típicas "patty's": uma garota loira, esguia e com cara de esnobe, a outra tinha cabelos pretos, da mesma altura da outra, uma beleza particular, uma feição ambiciosa; e tinha mais uma garota, esta tinha a cara igualzinha a da outra, só que a feição desta era mais simpática. Com elas haviam mais duas crianças: dois meninos, ambos altos, magros, de cabelos pretos. Um de feição mais alegre do que o outro, que tinha cara de total desespero e aparentava ser mais velho.

Eu não fiquei para entrar junto com eles... não sei por que, mas algo me dizia que eu não iria me dar muito bem com aquela família.

Uma vez dentro do trem (já em movimento, a caminho de Hogwarts), eu fui procurar uma cabine vazia, coisa rara... tão rara que eu acabei ficando na mesma cabine que Lílian e Severo... Não que eu não gostasse deles, mais era muito estranho, a relação dos dois: Lílian, quando estava com ele, parecia uma criança de cinco anos pedindo pra mãe e pro pai um brinquedo, já quando estava sozinha, ela se comportava como uma verdadeira garota de onze anos que era apaixonada por livros e estudos... Já Severo era igual sempre... se bem que quando ele tava ao lado de Lílian, ele ficava mais agradável.

Então, chegando na cabine onde se encontravam os dois, eu abri e disse:

– Posso sentar aqui com vocês? O resto do trem está cheio!

– Claro, senta aí Su! - Lílian disse animada. indo sentar ao lado de Severo que estava sentado no banco do meu lado esquerdo, encostado na janela.

– Valeu! Desculpa atrapalhar... - eu disse, me sentando de frente para Snape, pois eu adorava sentar na janela, principalmente quando eu estava escrevendo.

– Atrapalha em nada não, Su, não se preocupe! - Lílian disse sorrindo.

Snape não disse nada, simplesmente me olhou com um olhar do tipo: "Calma, vai ter o troco!" e voltou a conversar com Lílian, me ignorando completamente.

Eu, particularmente agradeci por eles terem me excluído da conversa, não estava muito afim de papo... mesmo porque, quando eu ficava muito perto de Snape eu me sentia estranha...

Depois de duas horas, só ouvindo os dois conversando, ou melhor: Lílian falando, eu me enchi as paciências e peguei a minha mochila, guardei o meu diário e disse:

– Bem, obrigada pela hospitalidade, eu vou dar uma volta. - e com isso saí da cabine sem esperar resposta.

No meio do caminho, eu passei em frente a uma cabine que só tinha menino e um deles era o menino que tinha vindo da família da menina loira e esnobe.

Não sei o que me deu, mas eu abri a porta da cabine e arrisquei:

– Olá... será que vocês se importam se eu viajar com vocês?

Ninguém disse nada, ficou um silêncio realmente muito incômodo, então, como eu já tinha visto que a resposta seria não, eu peguei e saí.

Fui até o fim do corredor, onde eu encontrei os meninos que quase me atropelaram, mais as meninas: a loira, a ambiciosa e a simpática, o garoto desesperado e mais dois meninos, aquela cabine estava literalmente lotada.

Só, que como aquela cabine ficava no fim do vagão, no final dela tinha uma porta, que levava para o outro vagão, então eu abri a porta e disse:

– Com licença... desculpe atrapalhar, mas eu preciso passar para o outro lado! - e com isso eu fui entrando.

– Como se atreve a entrar na cabine da família Black, sua sangue-ruim? - a garota morena e de feição ambiciosa disse, sentada ao lado do garoto moreno que quase levou o meu diário junto e de mais um garoto estranho, alto, magro, branco, cabelos pretos estilo militar e com uma feição séria e maldosa.

– Menos Bellatriz... a garota só quer passar! - o menino que quase levou o meu diário disse me defendendo. - Fique a vontade, só não demore! - ele disse olhando pra mim e dando uma piscadinha apontando para a garota chamada Bellatriz.

– Obrigada! - eu respondi, indo o mais rápido que eu podia para o fim da cabine.

– Você e a sua maldita mania de ser tolerante com os outros, não é Greg? - Bellatriz disse enquanto eu saía.

– Eu que sou muito tolerante ou você que é muito arrogante? - Greg retorquiu sarcasticamente.

Como eu não estava afim de arranjar confusão no primeiro dia de aula (pelo menos não por enquanto...), eu saí e fiquei na minha.

O resto da viajem até que foi legal, eu fiz amizade com uma garota que estava na cabine do monitor da Grifinória, Arthur Weasley (onde eu achei um lugar vago e legal para terminar a minha viagem), a garota era prima dele: Daphne Weasley, ou como ela preferia ser chamada: DW, ou Dah...

DW era super legal, divertida, alegre e não tinha uma má índole, apesar de ela querer ir para a Sonserina...

Eu meio que não me importava quanto às casas, mas de duas coisas eu tinha certeza: primeira: queria ficar em casa diferente da casa da Lílian (não iria aguentar ela tendo os ataques de besteira dela...) e segundo: queria ficar na mesma casa que Snape (apesar de ele muitas vezes me ignorar ou me tratar com indiferença...) Ah sim, e claro: ficar na mesma casa da DW (nos demos muito bem mesmo... tínhamos os mesmos pensamentos... era bem divertido...).

Numa determinada hora da viagem, estávamos eu e DW conversando animadamente na cabine (pois Arthur tinha saído para representar bem o papel de monitor...), quando a porta da cabine abre e o menino da plataforma, que veio junto com a família da garota loira e esnobe disse:

– Hei, foi você que perguntou se podia viajar conosco?

– Sim... Mas não preciso mais, obrigada! - eu falei meio mal humorada, afinal, não iria trocar a companhia de DW por aqueles moleques.

– Se deu mal Sirius! - um garoto de óculos, alto, magricela, olhos castanhos e cabelos rebeldes pretos disse ao lado dele, rindo da cara do amigo.

– Ta rindo do que James, ela também não vai aceitar o seu convite. - Sirius, disse para James.

– Ah é? Quer ver que ela não vai resistir ao meu charme? - James respondeu rindo.

– Quero só ver! - Sirius debochou da cara de James.

– Hei mocinha, qual o seu nome? - James me perguntou, ficando no lugar de Sirius, com a cabeça dentro da cabine.

– Susan Evans. - eu respondi, olhando pra cara dele (até que ele era bonitinho...)

– Então Susan, prazer, meu nome é James Potter - James disse, rindo e estendendo a mão para eu cumprimentá-lo.

Aceitei o cumprimento dele, por educação.

– Bom, Susan, você não gostaria de sentar na cabine conosco? - ele perguntou pra mim.

Eu não respondi nada, simples e discretamente dei uma piscadinha para DW e me levantei, indo até James, na porta; ele por sua vez, virou para Sirius e os outros dois meninos que estavam no corredor sorrindo e disse se virando para mim:

– Muito bem, vamos lá!

– Vaaaamos... Você pra sua cabine e eu pra minha! - eu disse e nisso fechei a porta na cara dele, trancando-a, para ele não encher mais o nosso saco.

Enquanto eu e DW ríamos dentro da cabine, Sirius e os outros dois meninos, riam da cara de James.

O resto da viajem foi tranqüilo, não houveram mais incômodos.

Quando estávamos saindo do trem, para desembarcar na estação que alguém da escola estaria nos esperando para nos levar até lá, DW saiu primeiro que eu, pois ela não estava se sentindo muito bem, então eu estava indo sozinha para a saída mais próxima, que ficava à direita, onde ficava também, a saída da cabine de Greg, Bellatriz e dos outros.

Estava indo pra lá sem olhar direito para a frente, estava de cabeça baixa, abraçada com o meu diário (sim, ele era muito importante, ele continha fatos muito importantes para mim...) e minha mochila nas costas, quando de repente eu esbarro em alguém, e esse alguém derruba as coisas que estava levando nas mãos.

– Desculpa, eu não vi você! Pode deixar, eu pego pra você! - eu falei, indo pegar as coisas no chão.

– Mais é claro que você vai pegar, sua sangue-ruim idiota! - a garota loira falou, pondo as mãos na cintura e me encarando.

Quando eu ouvi o que eu ouvi, eu fiquei sem reação, devida a tamanha grosseria, e demorei para pegar as coisas, então, saindo de dentro da cabine, Bellatriz fala:

– Anda logo sua estranha, estamos com pressa!

No que eu ia pegar as coisas da loira, que eu ouvi o que eu ouvi eu parei e fiquei encarando Bellatriz com uma raiva tremenda emanando de mim, eu estava quase voando em cima dela, quando Greg aparece, pega as coisas da loira e diz afastando Bellatriz:

– Vamos logo! Bella, Ciça... anda!

As duas passaram por mim, me encarando, Ciça (a loira e nojenta) me olhou com uma cara do tipo: "ridícula!" e Bellatriz me encarou com um olhar meio psicótico, louca pra brigar comigo também; e Greg passou por mim e disse:

– Cuidado!

Eu fiquei ali parada, meio que em choque, até que eu ouvi uma voz às minhas costas dizendo:

– Fique longe dela Susan, ou você vai acabar se dando mal.

Quando eu me viro para ver quem era, vi Snape parado atrás de mim, olhando para o grupinho da cabine do lado indo para longe do trem.

– Porquê? Quem são? - eu perguntei, me virando para olhar Snape.

– A loira é Narcisa Black, a garota com quem você quase brigou é Bellatriz Black, elas são irmãs, e tem ainda Sirius Black, Andrômeda Black, que é a cara de Bellatriz e Régulo Black, que é parecido com o irmão, Sirius, porém mais depressivo. - ele me explicou, indo para fora do trem, junto comigo. - O garoto loiro que entrou correndo no trem é Lúcio Malfoy, e o garoto que entrou com ele, é Gregório Lestrange, irmão de Rodolpho Lestrange e Rabastan Lestrange, essas três famílias, Susan, são as três famílias mais influentes do nosso mundo... tente não arranjar confusão com nenhum deles, principalmente com a Bellatriz. - ele disse, me encarando nos olhos e parecendo meio preocupado.

Snape me conhecia, ele sabia que eu não era de levar desaforo pra casa, acho que foi por isso que ele falou isso, mas quando eu ía perguntar mais algumas coisas pra ele, Lílian aparece, interrompendo o possível papo que teríamos dizendo:

– Ah, aí está você Sev... finalmente eu te achei! Ah, olá Su... e aí? Gostando da viagem?

– Muito! - eu respondi e saí, procurando DW.

Eu a encontrei junto com o seu primo e mais um pessoalzinho do quinto ano da Grifinória.

– Susan! Você sumiu, onde você tava? - DW perguntou assim que eu cheguei lá perto.

– Ah, tive um contra tempo com a família Black, nada de mais! - eu falei despreocupada.

– Com a família Black? - Arthur perguntou parecendo preocupado.

– Sim, com Bellatriz e Narcisa Black... por que Arthur? - eu disse curiosa.

– Tente não arranjar encrenca com eles, principalmente com Bellatriz! - ele respondeu. - Ela tem um histórico não muito agradável... - ele disse meio misterioso e saiu, para um caminho de terra batida, onde umas carruagens estavam esperando, sendo puxadas por nada.

Eu fiquei ali olhando, parada (pois ele já era o segundo a me falar para eu não arranjar encrencas com a família Black...), até que uma voz meio rouca vinda de cima disse:

– Alunos novos! Venham comigo, alunos novos!

No que eu virei para ver quem era, eu me deparei com um cara bem grande... aliás, um gigante!

– Uuuuuaaaaaaaaaaaaau! - eu deixei escapar sem querer olhando para ele.

– Olá, Srta. Evans! - o gigante me cumprimentou sorrindo.

– Você... você me conhece!? - eu gaguejei espantada, olhando boquiaberta pra ele.

– Claro! E a senhorita também, Srta. Weasley! - ele disse olhando para a DW, que estava do meu lado, igualmente espantada por ele saber quem somos e nós não sabermos quem era ele.