My Blonde Nightmare escrita por Ary Chases


Capítulo 1
Annabeth Chase: Meu pesadelo loiro


Notas iniciais do capítulo

HEY SEMIDEUSES!
Mais uma one, porque percabeth é vida, certo? Dessa vez, de presente para a minha querida amiga de infância ♥
Um obrigada especial para todas as minhas leitoras que me incentivam a escrever cada vez mais, AMO VOCÊS
xoxo, Ary.



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My Blonde Nightmare

***

Se havia uma coisa que eu detestava mais do que ficar de detenção era me atrasar – o que costumava acontecer muito, considerando o fato de se ter dislexia e TDAH.

Mas me atrasar por causa da detenção era ainda pior. E era esse o motivo de eu estar correndo pelo Central Park, pronto para ouvir um dos famosos sermões de minha mãe, Sally Jackson – do tipo que soam tão compreensivos e amáveis que te fazem ficar pensando pelo menos uma semana no que fez de errado.

Eu não queria ficar de detenção, a culpa não foi minha, mas o diretor da escola, Sr. D – ou Dioniso, tanto faz – meio que... simplesmente não vai com a minha cara – fora o fato de insistir em errar meu nome, mesmo que eu esteja estudando há séculos naquela escola. Tudo bem, talvez eu tenha me excedido ao chama-lo de “cara do vinho” ou “preguiçoso”, mas era a pura verdade. Tudo que o Sr. D faz é ficar sentado em sua sala, bebendo do estoque de vinhos – que provavelmente vai durar até os filhos dos meus netos se casarem – e dando ordens para os alunos e professores.

De qualquer jeito, ele ainda é o diretor, então não tive outra escolha a não ser assistir as outras aulas e passar o restante do tempo preso na sala de detenção com um supervisor idiota que se sentia no controle o suficiente para me provocar. Eu até ganhei mais duas horas por responder as provocações de Octavian ao invés de “rever o meu comportamento impulsivo e rebelde totalmente inaceitável” Oba!

Parei de correr e respirei fundo. Estava correndo desde que saí daquela maldita sala. Além do mais, eu já estava atrasado, o que um minuto para descansar faria diferença? Peguei meu celular de um dos bolsos da mochila e pensei em ligar para algum dos meus amigos, talvez um deles pudessem me dar uma carona até em casa, mas qual?

. Jason? Não, as quartas ele e Piper visitavam o pai dela. Leo? Não, deve estar perseguindo Reyna até em casa. Chris? Provavelmente, com a Clarisse. Nico? Thalia, noite da pizza. Frank? Grover? Meu irmão Tyson? Não. Hazel, Júniper e Ella. Estavam todos, todos com suas namoradas.

Olhei para a foto que bloqueava a tela. Piper e Jason estavam abraçados assim como Frank, Hazel, Grover e Júniper. Nico e Thalia estavam de costas um para o outro com sorrisos bobos – como se ambos se detestassem e se amassem ao mesmo tempo – ao lado de Reyna que revirava os olhos enquanto Leo a abraçava. Parecia irritada, mas suas bochechas estavam coradas e ela sorria de lado. Tyson e Ella estavam com uma das mãos dadas, as outras erguiam dois dedos em sinal de “paz e amor”. Annabeth Chase – a melhor amiga de Piper, Hazel, Reyna e Thalia – abraçava Chris e Clarisse como se quisesse fazer com que o casal ficasse mais junto. Ela usava seu boné dos Yankees, o cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo. O casal sorria, apesar de Clarisse estar erguendo sua mão de soco para Chris. Mais ao fundo, Rachel Elizabeth Dare beijava a minha bochecha. Seu cabelo ruivo estava solto e ela vestia uma de suas roupas sujas de tinta, por ter acabado de sair da aula de arte. O Percy da foto sorria para a namorada/melhor amiga.

Aquilo me deixou um pouco triste. Eu era praticamente o único solteiro do grupo desde que meu namoro com Rachel... bem, não tinha dado certo. Nós percebemos cedo o suficiente que estávamos tentando forçar uma ligação a se tornar algo mais profundo. Rachel Elizabeth Dare era uma ruiva linda, divertida, incrivelmente esperta e nós sempre seremos amigos. E até mesmo ela já está com uma queda-do-tártaro-não-assumida-e-fielmente-negada pelo Octavian. Eu era o único que continuava sem gostar de ninguém.

Até então, o parque estava estranhamente quieto e vazio, com exceção do pequeno trânsito que fluía ao lado. Tanto que até me assustei ao ver uma figura andando naquela direção. Ás vezes esqueço que a TDAH torna ainda mais lenta minha percepção das coisas ao redor.

Infelizmente, não embaça minha visão, então eu consegui distinguir quem era. O que não me impediu de engolir em seco e me xingar mentalmente por ter parado para descansar. Existem mais de dois bilhões de pessoas no universo, Nova York é imensa e tinha que ser logo ela. A garota da foto, a sabichona da escola. Meu pesadelo loiro

Que grande ironia, dava até para ouvir os deuses rindo de mim. Porque tudo que eu precisava era discutir com Annabeth Chase para me atrasar ainda mais – Nós temos meio que uma “rivalidade” imensa, intensa, indiscutível e tudo mais com “i” que você imaginar, do tipo: ela não me suporta e eu não a suporto desde... sempre, eu acho – certo? Ainda dá para piorar?

Ela estava a apenas poucos metros do banco em que eu tinha sentado agora. Os cabelos loiros envoltos em uma trança com vários fios soltos embaixo do gorro de inverno, que junto de seu jeans e seu casaco a protegiam do frio da cidade. De repente, li a expressão em seu rosto e todos os insultos e provocações que pensei em usar para a discussão, sumiram. Aquela não era ela.

Quer dizer, era a Annabeth, mas não a garota sabe-tudo, sarcástica e durona que eu conheço, nem de longe. Aquela Annabeth estava com a cabeça baixa, tanto que só vi um vislumbre de seus olhos cinza tempestade. Ela nem ao menos percebeu que eu estava ali, parecia mais ocupada em guardar o boné dos Yankees em sua mochila. Mas estava tão distraída que deixou algo cair no processo justamente quando passava ao meu lado.

Fitei o chão e meu coração se apertou em um nó. Aos meus pés, estava uma das coisas que Annabeth mais amava em todo o mundo, por ter sido presente da mãe, que morava na Grécia. Elas só se viam nas férias e se comunicavam raramente desde o divórcio com Frederick Chase, pai de Annabeth. Enquanto examinava o boné, me perguntei o que teria acontecido para deixa-la assim. Eu só a vira desse jeito quando teve que se despedir de seu irmão mais novo, Malcom, que foi morar com a mãe. Naquele instante, tomei o que pode ter sido a decisão mais arriscada da minha vida. Eu precisava ao menos devolver seu boné. O que de mal aconteceria?

Me arrependi no instante em que toquei o ombro de Annabeth.

Supondo que uma pessoa estivesse triste, deprimida e outra tocasse seu ombro para chamar sua atenção, o mais provável que aconteceria era – a) Ela sairia correndo ou b) ela cairia no choro e c) abraçaria a outra pessoa – certo? Essa regra NÃO se aplica a Annabeth Chase, que, como se não estivesse péssima segundos antes, usou um de seus famosos golpes de judô em mim. Ela agarrou meu pulso e me lançou por cima do ombro. Foi tão rápido que não consegui impedir o impacto que meu corpo recebeu quando atingi o chão.

Annabeth colocou o joelho em meu peito e pressionou meu pescoço com o braço como se estivesse pronta para me sufocar caso eu fizesse qualquer movimento brusco. Meus olhos se arregalaram juntamente com os dela. Meu coração batia rápido. Seu rosto estava tão perto do meu que pude sentir sua respiração ofegante.

Então, sua expressão mudou para confusão, a testa se franziu e os olhos pareceram tristes, como se a outra Annabeth tivesse voltado... ou talvez tenha sido impressão minha porque ela logo os revirou.

- Jackson? – Perguntou. – O que...? – Ela deve ter percebido que continuava me prendendo, pois soltou o braço e se levantou rapidamente. Eu continuei deitado no chão até o choque passar. Ela estava de costas para mim, os braços cruzados.

- O que está fazendo aqui? – Seu tom era duro e frio. O que, por um momento, me fez esquecer totalmente a razão de estar ali. Aquela Annabeth tinha perdido o boné, Essa tinha me aplicado um golpe de judô!

- Por que o interesse, Chase? Que eu saiba o Central Park ainda é público. – Respondi, em meu melhor tom sarcástico.

- Desculpa. – Sussurrou ela.

- O que? – Perguntei.

Annabeth suspirou, seus ombros pareciam incrivelmente tensos.

- Me desculpa por isso, você me pegou de surpresa. Não foi minha intenção te machucar. – Disse ela, me deixando totalmente mudo com aquelas seis palavras.

Não. Foi. Minha. Intenção. Te. Machucar.

Na primeira série, quando Thalia, Grover, Annabeth e eu estávamos brincando de pega-pega e ela “acidentalmente” me deu um soco no nariz e disse “Foi mal, mas seu nariz estava na minha frente, Cabeça de Alga” foi o mais perto que ela já chegou de uma desculpa em todos esses anos.

E agora, ela tinha realmente pedido. E isso só me fez ter certeza de que ela devia estar muito mal, mesmo. Revoltei-me:

- O que? Como assim? Você me bate pelo menos umas vinte vezes por dia, sabidinha e não foi sua intenção me machucar?

Ela não se mexeu. Eu queria que ela gritasse, que me insultasse, que me mandasse embora, ou que me aplicasse outro golpe de judô.

- Quer dizer, eu estou aqui te irritando e você está me pedindo desculpa? O que aconteceu? Quem dos seus cientistas ou arquitetos favoritos morreu? Algum dos seus livros está danificado ou...?

Annabeth suspirou.

- Percy, eu já pedi desculpa. Pode, por favor, ir embora agora?

O.k. ela tinha me expulsado, mas há dois enormes erros nessa oração: “Percy” – nada de Cabeça de Alga, Idiota, Nemo (não me pergunte), Pequena Sereia, Cara-de-peixe ou Jackson – e “Por favor” ao invés de “vaza daqui antes que eu te dê um soco”.

Eu sei que provavelmente eu iria me arrepender disso para o resto da minha vida – ou quando estivesse no hospital dando pontos em alguma parte do meu corpo – mas...

- Não. – Disse eu.

Funcionou. Annabeth se virou no mesmo instante, aparentemente, ela ainda detesta ser desafiada.

- O que?

- Não. – Repeti, pegando o boné dos Yankees e estendendo a mão para ela. – É por isso que eu vim até aqui, você deixou o boné cair quando passou por mim. – Annabeth o pegou e substituiu o gorro por ele. A trança e os fios soltos cabendo perfeitamente. – Foi por isso que te chamei antes de... – Ela assentiu.

- Obrigada. – Disse. Ela fez menção de sair, mas antes que eu percebesse, segurei seu pulso. Eu não sabia por que, mas tinha que olhar nos olhos dela.

O que diabos ele está fazendo? Está querendo morrer? Pude ouvir meu cérebro perguntar, provavelmente para o meu coração É você que está controlando isso?

Não olhe pra mim! Respondeu meu coração Se você não sabe, eu não faço ideia.

Mas ele devia saber, porque estava quase na minha garganta. Talvez por medo de Annabeth voltar ao normal e me esganar a qualquer momento. Não que ela tenha dado algum sinal de que o faria. Na verdade, estava bem longe disso.

- Seus olhos... – Sussurrei. – Você está bem, sabidinha?

Me xinguei mais tarde por ter perguntado aquilo. Os olhos dela estavam tão tristes, tão... melancólicos. Annabeth se soltou de minha mão e desviou o olhar do meu.

- Eu estou bem, Cabeça de Alga. – Disse ela.

- Não está não, você está triste. – Retruquei. – Por quê?

- Percy, eu... Não importa.

Ela não estava bem nem para discutir comigo. E isso era péssimo.

- Olha, eu sei que não sou a melhor pessoa pra isso. Não sou um bom conselheiro como a Piper, não sou esperto como a Reyna, amável como a Hazel ou corajoso e forte como Thalia e Clarisse. Talvez você nem ao menos me considere seu amigo. Mas eu... eu... – Suspirei. – Eu me importo.

Annabeth ergueu a cabeça, estava de costas. Antes que eu perdesse a coragem, continuei a falar.

- Eu me importo com você. Pode parecer estranho dizer isso agora, mas é verdade. E te ver desse jeito... – dói, mas eu não diria isso. Eu nem entendia por que, e ela não estava olhando para mim. – Annabeth, me bate! Me xinga! Me chama de Cabeça de Alga, fala que eu babo enquanto durmo ou que eu sou um completo idiota, um lerdo. Me chama de Pequena Sereia, Nemo, Náiade, Tritão, Cara-de-peixe... Ou então usa um dos seus golpes de boxe comigo! Ou Karatê, ou Judô, ou Jiu-Jitsu. Grita comigo! Nem precisa me dizer o que está acontecendo, só não fica nesse silêncio.

Nada. Eu já estava começando a me desesperar.

- Annabeth, sabidinha, Annie, cara de coruja, meu pesadelo loiro! – Gritei, recebendo olhares de algumas pessoas que passavam de carro. Não me importei. – Por favor, faz alguma... – coisa. Ia dizer quando ela passou como um raio e ficou na minha frente e apesar de eu ser mais alto, me senti intimidado. Seu rosto estava vermelho, parecia furiosa, como se estivesse prestes a me dar um soco. Escutei meu cérebro dizendo algo como “você que provocou” ou “o hospital mais próximo é a uma quadra daqui” quando ela fez algo que me surpreendeu ainda mais. Ela me beijou.

Tipo, beijou mesmo. Sua mão puxava minha camisa e seus olhos estavam fechados. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Quer dizer, esse era o meu primeiro beijo de verdade, e beijar Annabeth era... surreal. Antes que eu me esquecesse totalmente de como se respira, ela me soltou. Seus olhos estavam arregalados. A mão cobrindo a boca.

- Ai meus deuses! M-me desculpa, Percy. Eu... eu... – Ela não terminou, começou a correr na direção da saída do parque. Uma ou duas pessoas que tinham visto o beijo, me olhavam. O meu cérebro ainda estava tentando processar o que tinha acontecido – era mais ou menos assim: 25% carregando... ERRO, tente de novo – e o meu coração batia tão rápido que me sentia a beira de um ataque cardíaco.

De repente, algumas memórias foram clareando na minha mente.

- Annabeth, eu realmente acho que você precisa de um namorado. – disse Piper, tentando persuadir a loira. – Me conta, você gosta de alguém?

Nico, Thalia, Jason, Clarisse, Chris, Reyna, Leo, Hazel, Frank, Rachel e eu olhamos para Annabeth com expectativa, apesar de eu achar quase impossível que Annabeth gostasse de alguém.

- Ninguém. – Disse ela, suspirando. Seus olhos foram em todos da mesa e pararam em mim, então voltaram para Piper e ela sorriu. – Você não pode me ajudar dessa vez, McLean.”

“- Jackson, vê se me erra! – Disse Annabeth, revirando os olhos enquanto eu a seguia pelo corredor.

- Não até que você diga por que me odeia tanto! – Retruquei.

Ela me olhou com tanta raiva que eu vi minha vida inteira passar. Mas tudo que Annabeth fez foi suspirar.

- Você não entenderia. – Foi a última coisa que ela disse antes de sumir.”

“- Galera, nós temos uma coisa pra contar. – Disse eu, passando os braços ao redor do ombro de Rachel. Estávamos no intervalo, tinha hora melhor?

- Deixa que eu falo, Percy. – Pediu a ruiva, animadíssima. Ela fez um pequeno suspense que irritou Thalia e Annabeth.

- Rachel, dá pra parar de enrolar? Eu te amo, mas ainda posso te acertar com esse sanduíche. – Disse a loira, ganhando risadas de todos, até de mim. Thalia concordou.

- Tudo bem! – Rachel riu. – Percy e eu... – Ela deu uma pausa para segurar minha mão. Entrelacei nossos dedos. – Estamos namorando!

Por um momento, tudo ficou quieto. Annabeth engasgou, Thalia e Nico se entreolharam, então Leo Valdez gritou:

- PERACHEL! FAN GIRLING, ZHANG!

Então Frank, Piper, Jason e os demais começaram a gritar, até mesmo Annabeth.

Mais tarde na aula de química, ela me disse:

- Parabéns pelo namoro, Cabeça de Alga. Finalmente encontrou alguém que te aguenta. – Ela sorria, mas seus olhos estavam no livro que lia.

- Você também me aguenta, sabidinha. Obrigada.

Ela olhou para mim e suspirou.

- Aguento, não é?”

Então vi a cena do beijo e compreendi: Annabeth gostava de mim. Annabeth gosta de mim. Annabeth já estava há uns oitenta passos do Central Park, mas eu era mais rápido e consegui alcança-la. Ela ficou tão assustada em me ver que deixou sua mochila cair, suas bochechas estavam molhadas, o que me deixou com uma enorme vontade de me dar um soco. Droga, eu a fiz chorar!

Como eu sou um idiota, perguntei:

- Você estava chorando?

Annabeth sorriu sarcasticamente.

- Não, Cabeça de Alga, uma nuvem de chuva que passava por perto gostou do meu rosto. Isso são apenas pingos.

Assenti, eu mereci essa.

- Precisamos conversar. – Disse eu.

- Não precisamos não. – Retrucou.

- Annabeth, por favor... o beijo –

Ela me interrompeu, enxugando o rosto.

- Não, Pequena Sereia, por favor digo eu. Eu posso até beijado esses seus lábios de peixe. Mas você não calava a boca! Quer dizer, eu sei muito bem que é irritante quando uma pessoa fala demais e que eu faço isso o tempo todo. Além do mais, eu já pedi desculpas, então volta pra sua droga de aquário e me deixa em paz.

Annabeth era muito boa em argumentar. Tanto que eu não tinha outra coisa a dizer senão aquilo:

- Você gosta de mim.

Ela mordeu o lábio inferior e sua mão esquerda se fechou em punho. Eu sabia o que significava aquilo, ela estava se segurando pra não me bater.

- E daí? – Disse ela.

Franzi a testa. Era isso, ela tinha admitido?

- Você gosta de mim. – Repeti.

Annabeth bufou.

- Gosto, gênio. Vá em frente, espalhe para a escola inteira que Annabeth Chase é apaixonada pelo garoto lerdo. Quem sabe assim, você e sua namoradinha Rachel terão alguma coisa para rir.

Eu estava atordoado demais para discutir que Rachel e eu éramos apenas amigos.

- Então, quando a Piper e as garotas te perguntavam de quem você gostava –

- Mentia. – Ela deu de ombros. – Você sempre estava lá. O que queria que eu fizesse? Que contasse para todos que tinha uma queda por você? Claro que não. A Rachel era afim de você desde a terceira série e bem, nós somos amigas.

- Então, todas as vezes que eu te perguntava por que me odiava e você –

- Odiava não. Eu te odeio, Jackson. Já ouviu falar que o ódio e o gostar andam juntos? Pois é.

- O ódio e o amor. – Corrigi.

- Que se dane. – Ela sorriu. – O que está esperando? Uma declaração? Quer que eu diga que era afim de você desde a primeira série quando quebrei seu nariz? Que estou completamente e tolamente apaixonada? Que eu te beijei, não só por impulso? Pois bem, tudo isso é verdade. – Uma lágrima desceu de um de seus olhos, mas ela a enxugou. – Essa é a sua deixa.

- Minha deixa para quê? – Disse eu.

- Me dê um fora! Ria de mim! Me chame de idiota! Essa é a sua deixa.

- Por isso que você nunca aceitava os outros garotos –

- Ah, pelos deuses, Cabeça de Alga! – Annabeth revirou os olhos. – Sim! Tudo por sua causa! Eu era... eu sou uma idiota, mas é verdade.

Ela recolocou a mochila nos ombros. Talvez eu já tivesse me dado conta que Annabeth não era feia. Mas ali, eu realmente percebi o quanto ela era linda. Mesmo com os olhos vermelhos e os lábios franzidos. Eu não tinha combinado com Rachel - por sermos muito parecidos, mas Annabeth era completamente diferente. Ela amava ler, amava arquitetura, era esperta, corajosa, inteligente, organizada... Eu não lia muito e quanto a ser organizado, bem... Eu sou um bom nadador.

- Você não vai dizer nada? – Perguntou ela. – Tudo bem, então eu vou para casa. Até amanhã. Espero que consiga se entender com o Sr. D – Annabeth sorriu e estava pronta para sair quando eu fiz uma grande besteira: Eu a beijei.

A única coisa que senti depois foi minha bochecha formigando do tapa. As lágrimas caíam dos olhos dela.

- Ai, mas o que eu fiz agora? Pensei que gostasse de mim!

- E gosto! Isso não te obriga a me beijar. A Rachel é minha amiga! – Ela começou um discurso sobre a amizade valer mais do que uma paixão adolescente e tagarelar.

- NÓS TERMINAMOS! – Gritei, lembrando que Annabeth tinha faltado à aula em que Rachel e eu não éramos mais um casal. – Dá pra me escutar agora? – Ela não disse nada. – Rachel e eu passamos todos esses anos achando que nos gostávamos, quando na verdade a gente estava forçando uma ligação de amigos a virar um relacionamento. Terminamos semana passada quando você viajou para a Grécia. Annabeth, a questão é que nós dois gostávamos de outras pessoas, a Rachel do Octavian e eu... bem, de outra garota do grupo.

Percebi que ela parecia estar contando mentalmente qual das meninas era solteira. Mas não contou com si mesma.

- Os garotos não vão gostar nada disso. – Comentou ela. – Qual delas? É a Piper... Não, a Reyna! O Leo vai te matar –

- ANNABETH! – Gritei de novo. – Qual a única garota que está solteira?

Ela riu.

- Eu, claro!

Então uma compreensão repentina surgiu no seu rosto. Ela me olhou, surpresa.

- Annabeth Chase, Annie, sabidinha, sabe-tudo, Cara-de-coruja, Meu pesadelo loiro, talvez você esteja certa sobre eu ser lerdo, mas você também é.

- Eu... – E então eu a beijei. Sem interrupções, dessa vez. Eu sabia muito bem que estava mais do que atrasado, que Annabeth provavelmente me daria um soco no fim desse beijo, que deviam ter pessoas passando e nos vendo, que elas eram nossos amigos saindo com suas namoradas – Frank e Leo bancando fan girling dá pra reconhecer de longe. Os gritos de Piper e Hazel também – e que seríamos infinitamente zoados por aquilo. Mas eu não dava à mínima. Porque aquele beijo foi com toda certeza o melhor de todos.

Annabeth sorriu, suas mãos estavam enlaçando meu pescoço enquanto as minhas seguravam sua cintura. Seus lábios estavam vermelhos e ela tinha gosto de morango.

- Sou seu pesadelo loiro? – Perguntou.

Eu assenti.

- Com certeza, sabidinha. Vai me dar um soco?

Ela negou.

- Sabe que está muito atrasado, certo?

- E daí? – Respondi, imitando-a e puxando Annabeth para um segundo, um terceiro e quem sabe um quarto beijo. De vislumbre, pude ver os outros casais do outro lado da rua, fazendo o mesmo. Até mesmo Octavian tinha criado coragem para beijar Rachel. Aquilo era tão clichê que Annabeth e eu rimos entre o beijo.

Ela ainda podia me derrubar com um golpe de judô, ainda podia me insultar, me irritar e me chamar de Cabeça de Alga e me derrubaria numa queda de braço em menos de dez segundos brincando. Mas Annabeth Chase era de todos os pesadelos que eu já tive na vida, o melhor. Era, sem dúvidas, o meu pesadelo loiro.


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Notas finais do capítulo

Espero que você tenha gostado Mayara, obrigada por tudo. Reviews? Amei escrever essa daqui ♥
xoxo, Ary.