A Herdeira dos Black II escrita por Akanny Reedus


Capítulo 27
Potter Fede!


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou depois de muito tempo? Eu! ooo/

Gente me perdoem pela demora, juro que não fiz isso por maldade e nem nada do gênero, mas como disse no capítulo anterior e no grupo da fic: a faculdade está acabando comigo. É muito trabalho, e isso está tomando muito o meu tempo. :(

Como recompensar pela minha demora eu escrevi um capítulo enorme! Ele saiu maior do que eu imaginei, mas eu curti o resultado. Até ia dividir o capítulo ou colocar uma parte para o capítulo seguinte, só que não ia dar certo e queria finalizar o que capítulo bem estilo Akanny Reedus. kkkk

Ah, antes que me esqueça: Alicia Gilbert, muito obrigada pela recomendação que mandou, eu ameeeei ela e perdão por não ter agradecido antes (eu acabei me esquecendo rs).

Agora desejo a todos uma ótima leitura!
Vejo vocês nas notas finais.

ps: vou responder todos os comentários do capítulo anterior.



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            SUSANA BLACK © POV

            Eu tentei ao máximo ser forte nesses dias.

Se eu estava bem? A resposta para isso era um grande não em letra maiúscula. Por mais que eu tentasse só odiá-lo, eu não conseguia tirar o Malfoy da minha cabeça. Só de pensar que acabei me deixando levar pelo lado sentimental, sinto um ódio imenso de mim mesma por isso.

Hermione era a única que sabia o que tinha aconteceu, mas por um momento pensei em dizer tudo que estava rolando entre Malfoy e eu para ele, só que desisti na mesma hora. Mesmo ele achando que algo tinha acontecido comigo. Posso também afirma que Rony não fica muito de fora disso. Durante esses dias, mesmo que Harry e Rony não estejam se falando (tentativa é o que não falta na minha lista e na de Hermione), eu ainda converso com o Rony tranquilamente. E digamos que meu amigo Weasley reparou na minha inquieteis.

­— Você está bem mesmo? — perguntou Rony pela vigésima vez na noite quarta, quando estava terminando de responder as questões de História da Magia.

— Rony, para, eu estou bem — respondi tentando passar sinceridade, mas quem disse que ele acreditou?

— Hum... sei — ele bufou nervoso e se levantou do sofá com tudo.

Revirei os olhos bem devagar.

Sabia o que significava essa ceninha de Rony Weasley.

— Ei — chamei-o. — Vai fazer isso mesmo, Rony?  Vai me abandonar aqui mesmo?

— Ora, o que mais você quer que eu faça? — Rony tentou disfarça, mas não conseguiu e consegui ouvir ele murmurando: — Ao Harry já deve ter contado já que ele é seu melhor amigo.

Balancei a cabeça, sorri e dei uma breve palmada no lugar que ele estava sentado segundos atrás.

— Não diga besteira, Rony, você sabe que também é meu melhor amigo — digo.

— Sei...

— Anda. Vem! Senta aqui do meu lado — chamei-o. — Ou por acaso você não vai querer ajuda nas questões de História da Magia?

Só de ver a mudança repentina na face do Rony de chateado para contente, me fez esquecer do Malfoy por um bom tempo. Queria muito contar me abrir mais para Harry e Rony sobre o que se passava sobre minha cabeça e também dos ocorridos. Afinal de contas eles dois são meus melhores amigos, e não me sinto muito confortável escondendo coisas deles dois, só que infelizmente eu já tenho em mente a reação deles ao saberem que estava ficando com Draco Malfoy.  Por isso a Hermione é a melhor confidente no momento.

Dois dias tinha se passado desde o ocorrido com Malfoy. Ele não voltou a falar mais comigo, mas isso não significa que ele deixou de me olhar; com muito esforço tentava não retribuir o olhar. Eu não aguentava ficar perto ou de baixo do mesmo teto que ele, imagina se eu o encarasse? Ai se vem aquela resposta automática que iria chorar. O que não é verdade, eu não estou chorando mais por ele, a minha única noite de choro foi na terça depois que ouvi a confissão dele na Torre de Astronomia. Obvio que me dava vontade de desabar em lágrimas, mas eu não queria isso. Não gosto de chorar! Não gosto de parecer fraca! Odeio demostrar fraqueza na frente dos outros. E muito menos na frente do responsável pelas minhas lágrimas.

— Sabia que chorar as vezes é bom? — disse Hermione em voz baixa na aula de Feitiços enquanto o Prof. Flitwick explicava sobre os Feitiços Convocatórios.

— E? Está querendo chorar, Mione? — falei com sarcasmos. — Meu ombro já está perto de você.

— Boba — retrucou com Hermione, balançando a cabeça. — Você sabe que não é de mim que estava falando. E sim de você. — Essa última frase ela disse bem mais próximo do meu ouvido já que Harry estava do meu lado.

— Mione, eu já te disse que não vou chorar por causa dele.

— Escuta eu também concordo que você não merece sofrer por causa dele, mas mesmo assim você não é de pedra para ficar como está.

— Quem é “dele”? — perguntou Harry de repente. — Corrigindo: quem é ele? De quem vocês duas estão falando.

Lancei um olhar feroz para Hermione por ter começado esse papo.

— Não é nada importante, Harry — respondi calmamente.

Ele levantou a sobrancelha.

— É sério, não é ninguém importante — falei mantendo a voz firme. — Eu juro!

— Que seja — ele apenas chacoalhou o ombro e voltou (ou não) a prestar atenção na aula.

— Conversamos depois — murmurei para Hermione que concordou, mas antes a vi revirando os olhos.

Essa garota é complicada.

Como sempre me sai super bem na aula do Flitwick, ao contrário de Harry que no final recebeu dever de casa suplementar — a única pessoa a receber à exceção de Neville.

— Na realidade não é tão difícil assim — Hermione tentou tranquiliza-lo quando saímos da sala de Flitwick. — Você simplesmente não se concentrou como devia...

— E por que teria sido assim? — perguntou Harry sombriamente, quando Cedrico passou por nós, cercado por um grupo grande de garotas que sorriam debilmente e olharam para Harry como se ele fosse um explosivim particularmente grande. Idiotas! — Mesmo assim, deixa para lá, não é? Dois tempos de Poções à espera da gente hoje à tarde...

As palavras de Harry me causou uma reviravolta no estomago. Eu não estava nenhum pouco a fim de passar dois tempos na mesma com Malfoy. E nem mesmo com o Snape, algo que eu nunca vou conseguir me acostumar, nunca.

Quando chegamos à porta da masmorra de Snape depois do almoço, encontramos os alunos da Sonserina esperando, e reparei que eles usavam um distintivo no peito. Distintivo da F.A.L.E. que não era, disso tinha certeza, já que eram bem diferentes: o distintivo continha a mesma mensagem em letras vermelhas luminosas, que brilhavam vivamente no corredor subterrâneo mal iluminado.

Apoie CEDRICO DIGGORY —

O VERDADEIRO campeão de Hogwarts.

— Gostou, Potter? — perguntou Malfoy em voz alta, quando Harry se aproximou. — E isso não é só o que eles fazem, olha só!

E apertou o distintivo contra o peito, a mensagem desapareceu e foi substituída por outra, que emitia uma luz verde:

POTTER FEDE

Os alunos da Sonserina rolaram de rir. Cada um deles apertou o distintivo também, fazendo brilhar POTTER FEDE. Eu fuzilava o Malfoy que também me olhava sem demostrar nada, apenas um sorriso satisfeito se formando nos lábios dele. Juro que eu queria voar na cara dele. Só que era o grupinho da Parkinson que estava dando mais raiva.

— Pare de latir — disse rispidamente a Parkinson que na mesma hora parou de rir e me olhou furiosa — buldogue!

— Ah, engraçadíssimo — dizia Hermione com sarcasmo — é realmente engraçado.

Mesmo com tudo isso acontecendo, Rony nem se quer tirou as costas da parede e veio defender o Harry, mas pelo menos ele não estava rindo.

— Quer um, Granger? — ouvi Malfoy perguntando, oferecendo um distintivo a Hermione. — Tenho um monte. Mas não toque na minha mão agora, acabei de lavá0la, sabe, e não quero que uma sangue ruim a suje.

Não dei um tapa na cara dele como da última vez, mas dei um tapa forte na mão dele fazendo cair os distintivos.

— Harry! — o grito de Hermione me impediu de dizer algo para Malfoy, olhei para o lado e vi Harry com a varinha em mãos apontado para Malfoy.

— Anda, Potter, usa — disse Malfoy furioso, puxando a própria varinha. — Moody não está aqui para proteger você agora, use, se tiver peito...

Por uma fração de segundos, eles se encararam nos olhos, depois, exatamente ao mesmo tempo, os dois agiram.

Furnunculus! — berrou Harry.

Densaugeo! — berrou Malfoy.

Feixos de luz saíram de cada varinha, colidiram em pleno ar e ricochetearam em ângulo — o de Harry atingiu Goyle no rosto e, o de Malfoy, Hermione logo colocou a mão na boca chorando de dor.

— Mione! — Assim como Rony, não perdi tempo e logo fui socorre-la.

Tentava tirar a mão da boca, mas ela se negava a tirar.

— Mione, tira a mão, deixa eu ver o que aconteceu — pedi pela segunda vez.

            Ela decidiu tirar a mão e mostrou o resultado do “Densaugeo”. Os dentes dela da frente — que já eram maiores do que o normal — cresciam agora em ritmo assustador, a cada minuto a garota se parecia mais com um castor, pois seus dentes se alongavam, ultrapassavam o lábio inferior em direção ao queixo. Vendo no que estava se formando seus dentes, ela voltou a tentar tampar os dentes e soltou um grito aterrorizado.

            — Vem, Mione, precisamos levar você para Madame Pomfrey ela vai consegui arrumar... — Que barulheira é essa? — perguntou uma voz muito bem conhecida.

            Era Snape. Os alunos da Sonserina gritavam tentando dar explicações. Snape apontou um dedo para Malfoy e disse:

            — Explique.

            — Potter me atacou, professor...

            — Atacamos um ao outro ao mesmo tempo! — gritou Harry.

            — ... E ele atingiu Goyle, olhe...

            Snape olhou Goyle, cujo rosto agora lembrava a ilustração de um livro doméstico sobre cogumelos venenosos.

            — Ala hospitalar, Goyle — disse ele calmamente.

            — Malfoy atingiu Hermione! — disse Rony. — Olhe!

            Rony praticamente obrigou Hermione a mostrar os dentes a Snape — ela se esforçava ao máximo para escondê-los com as mãos, embora isso fosse difícil, porque agora tinham ultrapassado o seu decote. Estava tentando me conter para não lançar uma azaração na Buldogue e cia que riam, apontando para Hermione pelas costas de Snape. Snape olhou friamente para Hermione e disse:

            — Não vejo diferença alguma.

            Hermione deixou escapar um lamento, seus olhos começaram se encheram de lágrimas, ela deu meia-volta e correu pelo corredor.

            Aquilo para mim foi o basta para que eu explodisse com o Snape.

            Bufando furiosa, arrumei minha bolsa no ombro e também a bolsa de Hermione que tinha caído no chão.

            — Aonde pensa que vai, srta. Black? — questionou Snape.

            Virei para encara-lo.

            — Até onde me lembro não dei permissão para você se retirar... — Sem deixa-lo terminar, lhe mostrei o dedo do meio e disse:

            — Vai se ferrar, idiota!

            Sem delongas, sai o mais rápido daquelas masmorras para tentar alcançar Hermione.

            A injustiça de Snape ficou martelando na minha cabeça, me fazendo ficar mais furiosa e desejar o pior para aquele narigudo desgraçado. Amaldiçoa-lo, desintegrá-lo em mil pedacinhos nojentos e taca-los para os Trasgo se alimentarem dele.

×××

— Você não deveria ter feito isso — advertiu Hermione assim que cheguei na Ala Hospitalar e contei que tinha mandando o Ranhoso para onde eu sempre queria manda-lo. — Por mais idi... quero dizer por mais injusto que ele seja, Snape continua sendo o nosso professor.

— Eu sei, Mione — disse revirando os olhos com impaciência. — Só que eu não aguentei. Eu fiquei com muita raiva pelo que fez com você e acabei agindo sem pensar.

Hermione balançou a cabeça. Eu sabia perfeitamente no que ela estava pensando, e que ela entende meu lado. Não tenho culpa por se tão impulsiva.

— Aquilo para mim foi a gota d’água — digo.

— Posso imaginar — diz Hermione. — Mas não posso negar que o que você fez foi errado. Amiga, você tem um defeito grave, desculpe falar assim, mas é a verdade e esse seu defeito se chama impulsividade.

— Sei bem disso — bufei frustrada. — Já ouvi isso muito do meu padrinho.

Ajeitei-me melhor na cama que Hermione estava deitada. Quando tinha chegado Madame Pomfrey estava examinando Goyle, deitado na cama do lado oposto que estávamos e bem afastado. Seu rosto estava horrível e acredito que vai ficar assim por um bom tempo, ao contrario de Hermione que segundo Madame Pomfrey é só ajusta-los. Só que primeiro eles tem que parar de crescer, e a própria já deu algo para Hermione beber que fez parar o crescimento dos dentes.

— Snape vai fazer algo em relação ao que você fez, não é mesmo?

— Com certeza — respondi. — E se bobear ele vai tentar me dar um suspenção e não meses de detenção, ou perde pontos, e se não for suspensão vai ser...

Por um momento senti um enorme frio na minha barriga: só de imaginar que tenho chances de expulsa me dar um medo e um arrependimento enorme de ter feito o que fiz.

— Eu não quero ir embora de Hogwarts — murmurei tão baixo que Hermione nem conseguiu ouvir direito, mas pela cara que fiz ela entendeu a minha preocupação.

Antes que ela pudesse dizer algo, a voz da Profª McGonagall ecoou pela enfermaria silenciosa.

— Senhorita Black — ela me chamou.

— Sim?

— Me acompanhe, por favor.

Assenti.

Agora.

Sem enrolação, levantei da cama e Hermione disse:

— Vai ficar tudo bem.

Concordei, tentando me mostrar forte e segura.

Eu sabia muito bem o motivo da professora ter me chamado, e nem era preciso pergunta. Minha intuição dizia que tinha algo relacionado ao que fiz. Provavelmente o Snape contou tudo a ela. Claro que isso ele não ia deixar de fazer e se bobear, a história vai chegar até nos ouvidos do diretor.

— Professora, onde exatamente estamos indo? — indaguei ao perceber que estávamos em um corredor diferente da sala dela.

— Nada de perguntas — disse ela com a voz ríspida. — Apenas me siga!

Engoli em seco e apenas concordei.

Do nada estávamos em frente a uma gárgula de pedra.

— Torrão de barata — disse a professora, recebendo um olhar torto meu, mostrando que não estava entendo nada.

Levei um susto quando a gárgula ganhou vida e saltou para o lado.

— Adiante, Srta. Black — disse a professora.

— Quê?

— Adiante — ela repetiu me lançando aquele olhar severo dela. — O diretor está lhe esperando no escritório dele.

Droga! Isso foi a única coisa que pensei na hora.

Era só isso que me faltava, o diretor já saber o que aconteceu. Agora não tenho dúvidas que vou ser expulsa. Ele já me salvou de uma expulsão em Beauxbatons, mas duvido que ele vai me salvar dessa, até porque dessa vez eu não “ataquei” um aluno e sim um professor.

Sem enrolações, passei depressa pela abertura nas paredes e pisei no patamar de uma escada em espiral, que de repente se deslocou lentamente para o alto, ao mesmo tempo em que as portas se fechavam às minhas costas. Olhei por cima do ombro e pude ver a professora desaparecer assim que a porta se fechou. Antes que me dessi conta já estava em frente a uma porta de carvalho polido com uma maçaneta de latão.

Assim que pisei no patamar e cheguei perto da porta, consegui ouvir vozes vindo de dentro da sala.

— Aquela garota é um perigo... — soube na hora que a voz pertencia ao Snape. ­— Não é à toa que Madame Maxime disse aquilo dela. É uma petulante como o pai. Não se tem um pingo de respeito com seus superiores e nem com ninguém.

— Já basta, Severo — escutei a voz calma do diretor. — Não acho que seja conveniente falar isso sobre a garota, até porque ela acabou de chegar como foi pedido e está esperando para entrar.

A porta foi aberta com nenhuma delicadeza pelo Seboso.

— Oi — disse na maior cara de pau acompanhado pelo queridíssimo sorriso sínico.

— Srta. Black, entre, por favor — convidou o diretor. — Severo dê passagem para a senhorita.

            Snape obedeceu contra sua vontade. Acredito que ele queria mesmo é me empurrar da escada. Eu não o culpo porque eu também tenho essa vontade.

            O escritório do diretor era uma sala muito bonita e circular, cheia de ruídos engraçados. Havia vários instrumentos de prata curiosos sobre mesas de pernas finas, que giravam e soltavam pequenas baforadas de fumaça. As paredes estavam cobertas de retratos com os antigos diretores cochilando. Havia também uma enorme escrivaninha de pés de garra, e, pousado sobre uma prateleira atrás dela, um chapéu de bruxo surrado e roto — o Chapéu Seletor.

            Dumbledore se encontrava atrás da mesa, sentando em uma cadeira grande de madeira, muito bem polida e nela continha almofadas.

            — O senhor que me chamou? — perguntei naturalmente, enquanto entrava e observava o diretor se levantar de seu lugar. — A Profª Minerva não me disse o motivo de ter me chamado.

            — Como você é sínica, Black — disse Snape resmungando. — Você sabe perfeitamente o motivo da sua vinda para cá. Ou achou mesmo que nada iria acontecer com o seu ato desrespeitoso de hoje a tarde?

            — Escute eu...

            — Eu tinha pedido a Profª Minerva para te chamar porque gostaria de ter uma conversinha com a senhorita a sós — diz o diretor dando ênfase no sós para o Ranhoso. — Severo poderia se retirar.

            — Direitor não acho que seja uma boa ideia ficar a sós com essa garota — diz Snape.

            — Agradeço seu comentário, mas ficarei muito bem com a senhorita Black.

            — Essa garota é uma mentirosa nata assim como o pai. Ela vai te contar um monte de mentiras...

             — Professor Snape, por favor, poderias nós deixar a sós — Dumbledore voltou a dizer só que agora com a voz mais firme e um tanto elevada.

            O diretor fez um gesto indicando a porta, e percebendo que não ia conseguir dizer mais nada, Snape me lançou um olhar mortal e seguiu seu caminho até a porta se retirando.

            — Enfim a sós, bom, sente-se — pediu o diretor tranquilamente.

            Aceitando o pedido do diretor, me sentei em uma cadeira quase igual ao que Dumbledore estava sentado, só que menos sofisticada, de frente a ele.

            — Servida?

            — Não, muito obrigada, diretor, mas eu não sou muito fã de vapts de alcaçuz — digo olhando a pequena bacia ao meu lado lotado de vapts de alcaçuz. — Acho eles muito ariscos.

            — Acredite você não é a única a achar isso — comentou o diretor sorrindo e afastando a bacia do meu lado.

            Ele me observou por um tempo e disse:

            — Por que o nervosismo, senhorita Black?

            Olhei Dumbledore surpresa o que acabou fazendo-o rir, mas eu não ri e ignorei o seu ato. Jura mesmo que ele foi me fazer essa pergunta? Será que não é meio obvio o meu nervosismo? Digamos se eu fosse mesmo responder essa pergunta na sinceridade ia dizer: ora diretor porque eu vou ser expulsa por culpa daquele Seboso Filho de um Trasgo. Mas como eu tenho muita consideração pelo diretor vou responder de um jeito menos ignorante.

            — Diretor eu posso imaginar o porquê me chamou aqui — disse sem desviar os olhos do diretor. — Mas eu tenho os meus motivos pelo que fiz e imagino que o cabelo lambuzado contou uma versão muito diferente, e de fato, lotada de mentiras.

            — Acha mesmo que ele contou só mentiras?

            — Tenho certeza que sim já que ele é injusto com todos; além de que ele me odeia.

            — E como a senhorita pode ter certeza se não esteve aqui ouvindo o que ele me disse?

            Engoli em seco.

            — Eeeer... — Agora ele me pegou.

            O diretor voltou a rir, balançando a cabeça e disse:

            — Antes da gente ir para o assunto em questão, queria conversa apenas com a senhorita e lhe apresentar alguém.

            — Me apresentar alguém? — repeti sem entender.

            Quem ele iria me apresentar?

            Será que ele vai me apresentar um diretor de outra escola? Provavelmente o diretor se arrependeu de me trazer para Hogwarts e vai me mandar para outra escola. E não iria me surpreender se fosse uma escola do outro lado do oceano.

— Quem o senhor vai me apresentar?

— Você verá — disse o diretor se levantando e indo para um dos quadros que estava vazio.
            Acredito que seja um dos quadros dos ex-diretores e só agora que tinha reparado que ele era o único vazio.
            — Fineus — chamou Dumbledore. — Fineus apareça.
            Nada aconteceu.
            — Acho que ele deve estar no outro quadro — comentou um dos quadros que tinha despertado do seu sono.

— É bem provável — concordou o diretor. — Poderia chama-lo, Everardo?

— Claro — disse o tal Everardo.

— Diga a Fineus que tem alguém que gostaria de apresenta-lo — e o diretor me olhou.
            Uma coisa que eu odeio é quando estão falando de mim, mas não sei o que é. Quem é Fineus?  E porque merda o diretor quer me apresenta-lo? Barbas de Merlin! Para que tanto mistério?  É mais fácil o diretor dizer de uma vez que não faço mais parte de Hogwarts. Vai doer saber que não faço mais parte da escola, só que é melhor mandar tudo em uma tacada do ficar enrolando.

Everardo antes de sair a procura do tal Fineus me analisou e se retirou.

 — Quem é Fineus? — perguntei assim que o diretor voltou a sentar.

— Fineus Nigellus é um dos ex-diretores de Hogwarts — respondeu Dumbledore.
            — Hum... e porque o senhor disse que quer me apresentar a ele? Até onde sei eu não o conheço e nem sei quem ele é.
            — Obviamente que a senhorita não conheça, assim como ele não te conhece e nem se quer sabe da sua existência.  Afinal de contas ele morreu a muito tempo.
            — Beleza, isso eu entendi, o que não entendi é o motivo do senhor querer me apresenta-lo. Por quê?

            — Sirius não gostar que eu lhe diga isso, mas vou contar de qualquer forma — disse o diretor. — Acontece que Fineus é o seu...

            — Dumbledore, ele não quer vim — anunciou Everardo. — Tentei converse-lo vim, mas sabe como ele é difícil.

            O diretor suspirou balançando a cabeça como se compreendesse.

            — É melhor deixar para um outro momento — falou Dumbledore.  — A outro retrato de Fineus — Dumbledore me explicou — e ele fica na maioria das vezes nesse outro quadro. Acho que observando a casa da família.

            — Então diretor o que você ia mesmo dizendo — disse meio que ignorando o que ele disse do outro quadro do tal Fineus. — O que ele é meu? É algum parente meu?

            — Digamos que sim, mas é melhor conversarmos sobre o que você fez hoje de tarde se não essa conversa vai se estender e a senhorita vai acabar se atrasando para o jantar.

            Revirei os olhos.

            — Ok — retruquei nervosa. — Só que o senhor me deve uma explicação melhor sobre esse tal de Fineus Não Sei do Que.

            — Fineus Nigellus — corrigiu o diretor com a voz risonha. — Não se preocupe que muito em breve você terá uma explicação melhor.

            — Então, acho que é melhor não enrolar mais e dizer logo que vou embora de Hogwarts — digo.

            — Embora de Hogwarts? — repetiu o diretor com o cenho franzido. — Eu não me lembro de dizer que a senhorita seria expulsa do castelo. Ou eu disse?

            — Eu não vou?

            — Até onde saiba não — diz Dumbledore.

            — Ah, se não vou ser expulsa então, vou ser suspensa por muito tempo? — sugeri com sarcasmo.

            — Também não — respondeu o diretor tranquilamente.

            — Também não? — suspiro aliviada.

            Só de ouvir aquelas palavras me deixa muito mais tranquila.

            — Por um momento achei que sim — falei me sentando mais confortável na cadeira. — Achei que o Snape tinha conseguido o que bem queria.

            — Professor Snape, srta. Black — corrigiu o diretor, o que me fez revirar os olhos. — E sim, de fato, o Prof. Snape tinha me dito para lhe expulsar. Segundo ele era o melhor castigo pela sua falta de educação com um superior seu.

            — Acho que o sem educação foi ele e não eu — disse tentando controlar meu tom de voz. — Eu apenas estava defendendo a Hermione, ou será que ele não te contou a injustiça que ele fez com ela? Obvio que não. E se contou deve ter uma história bem esfarrapada. Como ele próprio disse: um monte de mentira.

            — Compreendo o seu ato de defensa pela srta. Granger, mas mesmo assim o que você fez não foi certo — disse Dumbledore. — Ele é seu professor e deve ser respeitado.

            — Respeitado? Desculpe dizer isso diretor, mas eu sempre respeitei muito o Snape do meu jeito. Diferente do queridíssimo professor que nunca mostrou respeito por ninguém que não fosse da Sonserina. A prova disso foi o que aconteceu hoje, o que ele fez com a Hermione, que uma grande injustiça. Por isso que fiz o que fiz, defendi minha amiga, já que ela é atacada pelo próprio professor.

            — E é por isso que não acho justo a senhorita ganhar suspensão e nem ser expulsa — falou Dumbledore compreensivo. — Só que não posso deixar de lado a detenção.

            — Claro que não — digo com sarcasmos.

            — Um mês de detenção — disse o diretor.

Precisei contar até dez para não sair quebrando nada.

— Um mês?

Devo dizer que isso não me impediu de falar.

— Diretor isso é muito tempo! Não é justo eu receber um mês de detenção por ter defendido minha amiga de uma injustiça — protestei indignada.

— Infelizmente essa é a consequência pelo que fez — disse o diretor calmamente. — O que a senhorita fez foi muito grave.

— Acredite, não foi tão grave quanto a injustiça daquele Ranhoso — digo trincando os dentes.

— Professor Snape, srta. Black — corrigiu Dumbledore com censura.

— Foda-se — retruquei furiosa.

Assim que olhei o diretor reparei que tinha feito mais uma besteira, o que me fez bufar e revirar os olhos me xingando por pensamento.

— Aah, droga, me desculpe pelo que disse diretor — falei ainda me xingando de tapada. É duro ser tão impulsiva.

Dumbledore balançou a cabeça e disse:

— Não se preocupe, pois entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

A única coisa que precisava naquele momento é ficar sozinha e refrescar o meu sangue que estava fervendo. Incrível como o meu ódio pelo Snape só aumenta. Ele deveria ganhar um prêmio por fazer isso tão facilmente.

Peguei a minha bolsa que estava no chão e me preparei para levantar, antes perguntei:

— É só isso que o senhor tem para conversa comigo?

            — Até onde me lembro sim — respondeu o diretor. — Como Fineus decidiu não aparecer, então é só isso mesmo que tinha para falar com a senhorita.

            — Ok — me levantei e coloquei a bolsa no ombro. — Então eu já vou me retirando. Quando vão me comunicar sobre a minha detenção?

            — Amanhã mesmo a professora Minerva irá lhe passar mais detalhes sobre a detenção.

            Não disse mais nada, apenas virei e segui rumo para a porta, mas antes de sair reparei em um poleiro que tinha perto da porta. Havia um pássaro lindo que me encarava bem atento, me aproximei melhor e ele soou um pequeno pio. Ao me aproximar na hora vi que tratava de uma fênix: penugem em tom de vermelho com laranja e amarelo.

            — Não sabia que o senhor tinha uma Fênix — disse ainda olhando o pássaro.

            Por um momento toda a minha raiva desapareceu.

            — Poucos alunos sabem da existência de Fawkes — dizia Dumbledore se levando da sua cadeira. — Harry é um dos poucos que a conheceu.

            — Ela foi quem o salvou na Câmara Secreta — digo.

            — Ele te contou sobre o que ouve? — perguntou o diretor curioso.

            — Harry só me fez um breve resumo do que aconteceu na Câmara, contou sobre o diário de Tom Riddle e do basilisco que estava atacando os nascidos trouxas, e que ele derrotou no segundo ano.

            Desviei o olhar de Fawkes para Dumbledore com cenho franzido.

            — Sabe, eu sempre tive a curiosidade de saber o verdadeiro motivo do senhor ter me mandado para Beauxbatons e já ouvi muito do meu padrinho que era por causa do meu pai. O que eu não acredito. Sei que tem um motivo maior que não é o meu pai.

            — E o qual motivo que a senhorita acha que é?

            — Acredito que eu deveria fazer essa pergunta ao senhor, não acha?

            — Susana, a sim um motivo maior, mas esse não é o momento para te dizer.

            — E qual vai ser o momento? — indaguei sem paciência.

            — Sinto que muito em breve esse momento vai chegar — respondeu o diretor tranquilamente.

            Revirei os olhos.

            — Boa noite diretor — digo.

            — Boa noite senhorita — ele retribuiu.

            Sabia que não ia adiantar de nada pergunta mais sobre esse assunto a Dumbledore. Harry uma vez me disse que quando Dumbledore se nega a dizer algo, ninguém consegue tirar uma palavra se quer dele e na hora soube que não ia conseguir nada. Eu já sabia, na verdade, sempre soube que tinha algo na minha ida para Beauxbatons. Só que meu padrinho me disse uma vez que era por causa do meu pai. Para eu ficar longe dele e não saber do meu vínculo com Sirius Black.

            Antes mesmo de chegar no final do corredor encontrei quem eu menos queria: Draco Malfoy.

            — Susana ignore — disse para eu mesma.

            Tentei passar reto, Malfoy estava encostado na parede e depois tentou entrar na minha frente. Eu não ia fazer nada, mas quando eu vi o distintivo do Harry na capa dele, eu voltei a me lembrar do verdadeiro motivo de ter ido à sala de Dumbledore e concluir que o culpado de eu ter recebido um mês de detenção foi dele.

            — Sou que Dumbledore lhe chamou... — Antes dele terminar tirei o distintivo da capa dele e taquei com tudo na parede, fazendo-o se espatifar. — Ei porque fez isso?

            — Porque você é um idiota — respondi furiosa. — Por sua culpa foi de detenção por um mês?

            — Minha culpa? — repetiu Malfoy no mesmo tom com o semblante de raiva. — Foi você que xingou o Snape e não eu.

            — É sua culpa sim — disse aumentando mais ainda meu tom de voz. — Se você não tivesse feito aquelas porcarias de distintivo sobre o Harry. Nada disso teria acontecido.

            — A claro que tinha que ter o Potter nisso tudo — falou Malfoy com sarcasmo. — Sempre é o Potter. Você sempre tem que o defende? Sendo que ele é o culpado de tudo.

            — Ele é culpado de tudo? — soltei um sorriso irônico. — Você por acaso já se olhou no espelho?

            — Não venha mudar de assunto — diz Malfoy.

            — Do que é que você está falando?

            — Eu sei que é por causa do Potter que você terminou comigo!

            — Quê? Por causa do Harry?

            Agora não estava entendo absolutamente nada.

            — Não precisa fazer papel de desentendida porque eu sei — disse ele furioso.

            Ainda o olhava sem entender. Ia dizer algo mais ele falou primeiro.

            — Por acaso vai negar; dizer que tudo é mentira?

            Como assim o Harry é o culpado do que aconteceu entre nós dois?

            Ele só pode ter batido a cabeça.

            — Pense o que quiser — murmurei.

            Eu sei a onde ele quer chegar com isso, mas eu não vou deixar.

            — Só vou te dizer algo caso você não se lembre: não havia nada entre nós dois para terminar.

            — Então quer dizer que para você o que rolou entre a gente não significou nada para você?

            Juro que não queria chorar, engoli em seco e mordi o lábio para impedir um ataque choro como da última vez. Claro que significou algo para mim. E até demais, mas não iria dar nenhum gostinho a ele, não perdoarei pelo que fez. Não vou ser aquela garota fácil que ele achou que eu fosse.

            — Só saiba que você é um idiota — disse friamente o olhando da mesma forma — e que eu te odeio.

            Malfoy me olhou por um tempo com um semblante diferente: seus olhos estavam brilhando. Ele não me disse nada, apenas balançou a cabeça e antes disse uma única palavra que acabou me atingindo em cheio:

            — Idem.

            Senti meus olhos se encherem de lágrimas, minha respiração falhar e meu coração aperta.

            — Susana? — ouvi uma voz baixa e conhecida me chamar.

            Era Gina que tinha aparecido atrás da armadura que tinha no corredor.

            — Você ouviu tudo? — perguntei em voz baixa.

            Encostei na parede e enxuguei as lágrimas que estavam saindo.

            — Ouvi sem querer — respondeu ela meio sem jeito.

            Gina se encostou ao meu lado e tocou me ombro.

            — É verdade aquilo que ouvi? — Gina indagou. — Você e o Malfoy estavam realmente ficando?

            Não tive mais forças para segurando o choro e deixei as lágrimas saírem.

            — Sim é tudo verdade e não sabe como eu me arrependo amargamente por isso, Gina.

            — Por que diz isso?

            — Porque eu acabei me apaixonando por Draco Malfoy.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Depois de tanto tempo a Su admitiu seus sentimentos... o que não deve ser novidade para ninguém. rs

Mais 5.000 palavras recompensou a minha demora? Espero que sim. Obrigada a todos os comentários, eu leio todos com muito carinho e feliz.

Vou tentar ao máximo não demorar com o próximo e até a próxima, bjs.

PS: Quem aqui quiser participar do grupo no whats da A Herdeira dos Black, mande o seu número com o seu DDD pelo comentário ou por mensagem.