– Vamos, Robin. Pegue Roland e vamos! - Disse Regina estendendo a mão com um sorriso amigável que foi dando lugar a uma expressão confusa e uma voz mais áspera.

– Robin! - Ela gritou - Vamos!

– Eu não posso! - Robin respondeu subitamente.

– Você vai contar pra ela, ou eu deveria? - Zelena falou provocadora.

– Me contar o quê? - Regina indagou nervosa.

– Ela está grávida. - Robin responde.

– Ora sua... - Regina ensaiou levantando a mão para bater em Zelena.

– Você não vai fazer isso aqui dentro. - Robin interveio segurando a mão de Regina e se atravessando na frente de Zelena.

– Você tem idéia do que fez? É de uma vida que estamos falando, Zelena! - Gritou Regina tentando afastar Robin.

– Como as milhares que você destruiu em busca de vingança contra uma garotinha de dez anos? - Zelena respondeu parecendo não dar muita importância, se dirigindo a cozinha e pegando alguns copos.

– Ele não te ama! Essa criança vai crescer sem pai e quando você perceber que isso foi completamente inútil, vai abandoná-la também. Vai condenar alguém a ter o mesmo destino que você teve e aparentemente, mereceu.

– Ele não me ama? - Zelena perguntou soando irônica enquanto pegava uma caixa de suco na geladeira.

– Talvez você veria dar uma olhada no porta-retratos na mesa da sala. - Ela completou, indicando a direção com a mão que segurava o copo com suco de laranja.
Regina se dirigiu a mesa que ficava perto da janela com cortinas de babadinhos e pegou o porta-retratos que estava perto de um vaso com margaridas.
"Como essa vadia consegue pensar em decoração e ainda executar planos mirabolantes?"– pensou.

– O quê? Robin?! Você... - Regina estava ainda mais confusa.

– Regina, eu... - Robin tentou dar explicações.

– Então... Como vai ser agora? - Zelena interrompeu e tomou um gole do suco e pôs no balcão enquanto se dirigia a Regina.

– Como vai ser agora que seu precioso "amor verdadeiro" tinha total ciência de com quem ele estava lidando? - Ela completou arrancando o porta-retratos com uma foto de Robin, Roland e ZELENA em sua real forma se divertindo juntos no Central Park das mãos de Regina.


**
NOVE SEMANAS ANTES
**


– Robin, o que eu disse antes... Foi sem pensar. Eu não realmente queria que você deixasse o Gold morrer, falei aquilo por pressão do momento. Me desculpe. - "Marian" falou com um nó na garganta. A mesa estava num silêncio que era interrompido por Roland ensaiando garfadas falhas que espalhavam a comida por toda a cozinha.

– Aqui, carinha... - Robin cortou a refeição pra o garoto todo desengonçado enquanto respondia Marian.

– Eu sei, eu entendo... Essa não é a imagem da Marian que eu visualizo quando penso em você. Pra mim você sempre vai ser essa mulher maravilhosa com um coração de ouro que eu sempre vou amar.

Marian sorriu e rapidamente mudou de expressão ao olhar o relógio.

– Sete horas e dez minutos! Vamos nos atrasar! - Ela exclamou pegando a mochila de Roland enquanto pegava seu café da manhã e colocava numa vasilha.

– Você pode comer no caminho ou antes de entrar na sala. - Falou atenciosa e fez um rápido afago que assanhou o cabelo do menino.

– Calma, Marian! Você está mais ansiosa que o Roland. - Robin disse rindo.

– Educação é importante em um mundo sem magia. - Marian respondeu enquanto tentava erguer a pesada mochila de Roland.

– Aqui, me deixa ajud... Nossa! - Robin mudou o tom, e colocou mais empenho até conseguir colocar a mochila de Roland nas costas.

– O que você guarda aqui, campeão? Um outro Roland? - Marian pareceu mudar de expressão nesse momento. - Se não formos agora vamos nos atrasar, vou deixar Roland na escola e em seguida vou procurar emprego. Tem certeza de que vai ficar bem aqui sozinha?

– Claro que vou! Ah, espera! Eu fiz uma torta de maçã verde que vocês vão amar, comam tudinho, hein? - Ela pegou dois pedaços embrulhados em papel laminado e entregou a Robin.

– Maçã verde? O que aconteceu com as maçãs arkasas que eu comprei ontem? - Ele perguntou.

– Apodreceram. Tive que jogar tudo fora... Mas, às vezes mudanças são melhores do que se julga de cara. - Marian responde com um sorriso.
Robin dá um beijo de despedida nela e leva Roland que parecia subitamente indisposto.

– Ah, vamos Roland... Lembre-se que quando você voltar, iremos passar a tarde inteira no parque! - Marian falou enquanto fazia cócegas nele.

– E vamos comer algodão-doce? - Ele instantaneamente levanta o rosto enquanto coloca o gorro que cobriu seus olhos quando ele estava fazendo cara de emburrado.

– Vamos comer o que você quiser! - Marian responde arrumando a touca dele. - Agora vão, se não forem agora vão chegar ainda mais atrasados!

**

Algumas horas depois, Roland voltou da escola com o rosto pintado falando do quanto havia se divertido. Por ser um aluno novo, tinha que ficar na frente da sala e falar de onde tinha vindo, por sorte era uma turma de jardim de infância e ninguém levou muito a sério suas histórias sobre a tia carente da Elsa congelar a sua mãe que foi salva pela Rainha Má.

Eles almoçaram e Robin parecia descontente à mesa por não ter tido muito sucesso em sua busca por trabalho, era um problema que Zelena queria resolver. Não que ela se importasse com ele, afinal, ela já estava tendo sua vingança, mas era algo que a incomodava e ela queria dar um jeito.

– Prontos pra termos uma tarde em família? - "Marian" pergunta tentando mudar a expressão de Robin.

– Nós realmente precisamos ir hoje? - Robin responde desanimado.

– Ahhhh... - Roland exclama desanimado colocando suas pequenas mãos nas bochechas.
Marian sorri pra o menino e leva Robin pra a cozinha pelo braço.

– O que foi isso? - Pergunta zangada.

– Eu não estou afim de... - Robin tenta, mas é interrompido por Marian.

– De passar um tempo com a sua família? Se você realmente quer que isso funcione, precisa tentar. Se ficar nessa zona de conforto esperando a vontade aparecer, continuaremos nesse fingimento. É isso o que você quer? Apresentar sessões diárias da peça "Família Hood" pro nosso filho? - Ela falou em um tom de sussurro zangado para que Roland não ouvisse nada.

– Isso tudo é muito novo pra mim. Eu... Eu... Eu sinto falta da Regina... - Robin parou percebendo o que tinha acabado de dizer, e não teve coragem de olhar Marian nos olhos.

– Só porque eu me importo muito com essa família, eu vou fingir que não ouvi isso. Agora com licença, eu e meu filho vamos ao parque ter uma tarde familiar agradável. Sabe por quê? Porque eu me importo em cumprir as promessas que eu faço às pessoas que eu amo. - Ela respondeu, mudando de expressão ao sair da cozinha para a sala para que Roland não percebesse nada.

– Nós ainda vamos ao parque? - Roland perguntou esperançoso.

– Sim, filho... O papai não vai poder ir porque.. - Marian tentou explicar, mas Robin saiu da cozinha e a interrompeu.

– Como eu não vou poder ir? Quer me deixar de fora de toda a diversão? - Ele perguntou, pegando o pequeno Roland nos braços e movimentando ele fazendo sons de foguete com a boca.

– Bom, você não comeu todas as suas verduras hoje, então... - Marian falou, dançando conforme a música.

– Não seja por isso! Vamos Roland, essa ditadora tirana não vai nos impedir de ir ao parque hoje! - Os três riram.

Algumas horas depois, todos já haviam almoçado e tido uma tarde de muita diversão. Provavelmente no cabelo de Roland havia mais areia que na praia de Storybrooke. Eles estavam se sujando com sorvete, Robin havia dado início a guerra quando jogou a colher cheia do doce no rosto de Marian "acidentalmente". Roland subiu no colo de Marian e começou a sujar o rosto dela com as duas mãos ela caiu de brincadeira na grama e todos estavam rindo, até que Roland viu o colar de Marilena e puxou do pescoço da falsa mãe sem querer. No momento que Zelena apareceu toda suja de sorvete e terra ao invés de Marian, a primeira impressão foi de susto.

– Okay, eu não contava com isso. - Zelena falou fazendo uma careta.

– Roland, não saia daqui! - Robin falou para o garoto, enquanto puxava a ruiva suja de terra e de manchas multicoloridas de sorvete para trás da placa do restaurante do outro lado da rua.

– É assim que você convida uma dama pra um jantar? Agora vi porque Regina gosta de você... É tão sútil quanto ela. - Zelena soou sarcástica.

– Escute aqui, bruxa... - Zelena o interrompe.

– É Zelena! - Responde.

– Eu sei exatamente quem você é. Uma vez Regina teve que impedir que um de seus macacos fizesse o Roland de junk food. - Robin gritou.

– Oh, nossa... Minha heroína! Isso foi antes ou depois dela deixar João e Maria famintos, vagando pela floresta sem fim só porque eles tiveram o bom senso de não morar com ela? - Zelena retrucou fazendo uma careta.

– Ela está mudada agora, diferente de você! O que você fez com a Marian, feiticeira? - Robin perguntou chacoalhando-a.

– Ela está provavelmente morta nesse momento. - Zelena respondeu sem parecer se importar muito.
De repente, ela faz um olhar de pânico e corre atravessando a rua. Uma estranha estava falando com Roland à porta de um carro, ela parecia insistir pra que ele entrasse.

– Ei, Roland! O que você está fazendo? - Zelena perguntou pra chamar atenção.

– Ah, é seu filho? - A mulher perguntou sem graça.

– Sim, ele é! - Zelena falou abraçando e puxando Roland pra perto.

– Que é isso, senhora? Eu só achei que ele estava perdido e estava levando ele pra algum posto policial. - A mulher tentou explicar.

– Ela disse que íamos tomar sorvete, mas eu avisei pra ela que a moça da sorveteria é má. - Roland disse inocente, apontando pra a desconhecida.

– Se não for embora agora, você vai ter que ir à um posto sim... Mas é um de saúde e vai ser por minha causa. - Zelena falou fitando os olhos na estranha. A mulher nem se deu ao trabalho de arranjar desculpas, entrou no carro e saiu disparada.

– Você está bem? - Zelena perguntou à Roland.

– Ele vai ficar. Assim que sair de perto de você! - Robin falou surgindo por trás dos dois e pegando o menino nos braços.

– Vamos pra casa, filho! Acho que já tivemos muita animação por uma tarde.

Por um minuto, Zelena ficou calada, coçou o cabelo até que decidiu quebrar o silêncio:

– Ela não está realmente morta. - Falou tomando fôlego. Ao ouvir isso, Robin voltou com Roland nos braços.

– O que exatamente aconteceu? - Ele perguntou.

– Eu passei um bom tempo observando seu "amor verdadeiro", sabe? Na noite que ela descobriu que estava destinada à você, uma aspirante à fada surrupiou um pó que dentre várias funções mais úteis, poderia achar o amor verdadeiro de cada pessoa, óbvio que eu precisava ter aquele item na minha coleção de objetos mágicos, então naquela noite, eu fui à floresta encantada, usei minha persuasão e consegui um pouco que mantive junto à mim por precaução, o que acabou sendo bem útil quando o tonto do Rumplestiltskin tentou me matar na delegacia. Eu usei parte do pó pra reativar meus poderes e voltar ao passado, onde dei de cara com sua preciosa Marian e usei o resto do pó pra que ela encontrasse seu verdadeiro amor que era - adivinha só? - o xerife de Nothingham.

– Marian nunca me abandonaria! - Robin falou colocando Roland no chão.

– Bom, alguém chamado Marian o fez. Só precisei falar que você já havia morrido, a garota precisava de sustento e, convenhamos, um coletor de impostos daria isso à ela, sem contar que ele até que era bonitinho... - Zelena respondeu, sem se desprender do sarcasmo. Os dois ficaram calados por um tempo até que Zelena quebrou o silêncio:

– Bom, se já tem todas as informações que precisava, eu já vou indo... Você provavelmente não quer mais ver a minha cara e meu plano de vingança foi pelo ralo, então...

– Espera. Você não matou a Marian e acabou de salvar o Roland. Isso conta dois pontos à seu favor. - Robin a interrompeu convidando-a à ficar mais um pouco.

– Bom, posso trocar meus dois pontos por uma pizza com você e Roland e abrigo hoje à noite? Eu prometo que pela manhã, vou dar um jeito e... - Zelena insistiu, mas mais uma vez foi interrompida por Robin.

– Fique o tempo que precisar, nós de Misthaven precisamos nos ajudar, uh? - Robin sugeriu.

– Não está chateado por eu ter servido sua namorada olhuda com uma porção de xerife mal passado? - Perguntou Zelena e fez uma cara de desconfiança.

– Eu tenho muito respeito e amor por Marian, ela me deu o maior presente da minha vida. - Ele falou e olhou pra Roland. - Quando ela "voltou" eu simplesmente não sabia o que fazer, mas eu estou feliz que ela está feliz e bem agora...

– Esqueceu de "rica". - Zelena falou olhando as unhas.

– Por favor, não me faça mudar de ideia em relação à pizza. - Robin retrucou franzindo as sobrancelhas.

– Okay, minha boca é um túmulo. Pelo menos até a Sra. Pepperoni chegar. - Zelena brincou.

– Vamos agora ou...? - Roland perguntou impaciente.

– Wow, acho que é um ultimato! - Zelena falou fazendo cócegas nele, e os três foram ao restaurante onde colocaram os pingos nos "is".
Zelena continuaria morando com eles, mas ia precisar continuar usando o disfarce de Marian quando fosse sair do apartamento pois ele não conseguiria pensar em alguma desculpa que não fizesse os vizinhos pensarem que Robin teria assassinado Marian ou algo do tipo, e tudo que eles menos precisavam no momento é explicar sobre trevos de Oz para a polícia local.

– Okay, posso usar minha fantasia de Marian nessa festa do pijama. - Zelena consentiu.

**
DIAS ATUAIS

**

– Então você sabia o tempo todo? - Regina pergunta à Robin.

– Sim. - Ele respondeu com uma expressão neutra no rosto.

– Porque diabos você me fez pensar que iria matá-lo Zelena? Queria que eu viesse aqui pra sentir inveja? - Regina perguntou se virando e gritando pra ela.

– Na verdade, não contávamos com essa parte do resgate "Operação True Love". - Zelena respondeu ácida.

– Você deveria ter me ouvido, irmã... Eu vou arrancar seu coração quando chegarmos à Storybrooke. - Regina falou colocando o bracelete que neutraliza magia em Zelena.

– Eu sei que você é muitas coisas, mas não acho que seria uma assassina de bebês.

Todos silenciaram.

– É isso, mesmo! Eu estou grávida. - Ela terminou.

Continua...