O Último Caçador escrita por Anjinha Lima, Dragonyl


Capítulo 1
O Caçador


Notas iniciais do capítulo

Foi uma loucura para postar essa história... hahahaEspero que gostem! ^^



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Ao longe o sol se punha. Já era hora de preparar a fogueira.
No meio da floresta, ao pé da Serra do Nascer Sangrento, uma barraca foi armada. Um animal morto, quer acabara de ser caçado, estava em cima de uma mesa improvisada com todo seu pelo e partes não comestíveis tirados fora. O crepitar da fogueira e o barulho da faca sendo afiada eram os únicos sons a serem ouvidos. Não haviam sapos, corujas ou grilos naquela floresta e, se haviam, não se mostravam.
O tilintar da faca sessou repentinamente. Em seu lugar ecoaram sons de galhos se partindo e folhas mexendo. O dono da faca segurou-a com força. Concentrou-se nos sons que ouviu, tentou descobrir de que lado vinham. Calmamente esperou.
Pulando por de trás dos arbustos, saíram cinco homens. Bandidos exilados da sociedade e condenados a viver entre os animais. Os bandidos cercaram o homem. Dois deles seguram o homem por trás, mas ele rapidamente se solta imobilizando um dos bandidos ao encostar a faca na garganta. Todos ficam parados.
– Calma, calma. Solte ele e prometo não te machucar... – um deles sorriu maldosamente – Não muito.
O que estava com a faca na garganta aproveita um momento de distração e consegue afastar o braço do homem e com um golpe em seu pulso tira a faca de sua mão, que cai no chão. O homem tenta recuperar sua faca, mas recebe um chute na barriga e é empurrado para longe. Os cinco bandidos o cercam novamente. O homem fica parado e não tenta levantar-se, sua respiração está calma e sua face serena. O líder deu sinal para que um deles fosse buscar a carne do animal que estava em cima da mesa improvisada. Enquanto isso, ele abaixou-se em frente ao homem, que ainda estava no chão, pegando seu cabelo e puxando. O homem não fez nada.
– Uma coisa você deveria saber: ficar sozinho por aqui é perigoso. O que acham? – ele olhou para os companheiros por um momento – É um novato não é? Foi banido pelo que? Matou alguém? – ele riu e os companheiros acompanharam.
– O que vai fazer com ele? – um deles perguntou.
– Não sei... Parece até que já desistiu de viver, duvido que tenha potencial para se juntar à nós! Provavelmente não... Já que foi derrubado com tanta facilidade. – ele puxou mais forte o cabelo do Homem – Qual seu nome, novato?
O homem não respondeu.
– Olha aqui amigo, não gosto que me desafie, fiz uma pergunta e quero resposta! – O homem continuava imóvel e em silencio – O que foi? Por acaso é mudo?! Eu perguntei qual o se--
O homem rapidamente empurrou uma pedra na boca do bandido, pegando-o de surpresa. Antes que qualquer um deles pudesse reagir, ele soltou-se do líder e pegou-o de jeito.
– Parados! Ou eu me livrarei dele. – disse o homem.
– Não hesitem! Ele não pode contra todos nós! – o que havia pego a carne falou, soltando o animal novamente em cima da mesa.
Os quatro bandidos foram para cima do homem, que desviou dos golpes ainda segurando o líder dos bandidos.
– Ele é muito rápido! – um deles murmurou – E muito habilidoso...
Um deles tentou golpeá-lo novamente, mas ele desviou.
– Eu avisei. – disse o homem torcendo o braço do líder até quebrá-lo.
Os outros quatro ficaram atônitos, sem saber o que fazer. O homem aproveitou disso para golpeá-los e derrubá-los no chão.
– Vão embora! E nunca mais voltem...
—Desgraçado, está cometendo um erro terrível! – falou o líder.
Eles pegaram seu líder, que segurava o braço firmemente numa tentativa de diminuir aquela terrível dor, e correram para longe.
O homem pegou sua faca, lavou-a e ajeitou sua caça na mesa.
– No final, eram apenas um bando de desesperados.
Ele tirou as folhas secas que grudaram em sua roupa quando foi derrubado no chão, trocou de blusa, lavou as mãos e colocou a carne para assar. Mais tarde nessa mesma noite, ele parou para observar as estrelas. Pegou um cigarro e acendeu. Pensou no ataque de antes e um sorriso brotou em sua face.
– Provavelmente são novatos aqui. Nem ao menos serviram como aquecimento.– pensou – Devem ter vindo juntos. Uma quadrilha talvez... Pelo modo como fugiram, devem ter perdido outros companheiros recentemente. – ele deitou na grama e ajeitou-se de modo a ficar mais confortável – Pobres homens... Não durarão muito tempo aqui.
Alto e forte. Sua pele era tão clara e seu cabelo tão branco, que logo ele era destacado dentre uma multidão. O que descartava a possibilidade de ser albino, era seus olhos castanhos. A cor de seu cabelo fazia-o parecer mais velho do que era, porém, na verdade, sua idade não passava dos quarenta. Apesar de viver na floresta mais perigosa da ilha, onde os bandidos exilados eram levados, ele apenas queria um lugar onde pudesse estar sozinho. Ele não fez nada para estar lá, foi apenas por vontade própria e uma ajudinha do governo da Nova Pangeia. Ele poderia voltar sempre que quisesse para a cidade e em troca não deixaria os bandidos saírem da ilha, que foi cercado completamente e todo e qualquer sinal era impedido de chegar até lá, tornando impossível a fuga daquele lugar, a não ser pelo ar. Sendo assim, se alguém precisasse sair, precisaria de um helicóptero.
Todo dia ele montava e desmontava sua barraca, carregando-a numa mochila, pois nem sempre estava próximo da caverna na Montanha do Nascer Sangrento, perto da nascente que dá o nome àquela montanha. Passava seus dias fora, caçando animais e... Bandidos. Aqueles exilados muitas vezes morriam de fome, de sede ou doentes. Aqueles que sobreviviam eram os piores. Eles estavam sempre planejando fugas. Pelo acordo que fez com o Governo, era missão dele impedir os planos desses bandidos. Sua presença naquele lugar era a maior preocupação dos exilados. Para eles, esse homem era como a fera de um coliseu, porém ele não matava, deixava isso para aquele lugar hostil. O aviso de sua existência era passado dos mais antigos para os mais novos como se fosse uma lenda. Seu nome era Mihaya Shiro, o solitário caçador mercenário.

*****

"Alô. Senhor Shiro?"
– Alô, Mihaya Shiro falando.
"Oh! Olá. Como estão as coisas, senhor Shiro?"
– Normais. O mesmo de sempre.
"Amanhã mandaremos um helicóptero de reconhecimento para o mapeamento semestral. Liguei para saber se precisa de algo."
– Não preciso, estou bem.
"Tens certeza?"
– Bem, acho que meus cigarros não durarão muito mais tempo.
"Isso não é bom, cigarro faz mal à saúde..."
– Você sabe que eu sei muito bem disso.
"Está certo então... Já és um homem, sabes o que fazes. "
– Exatamente. – ele deu um leve sorriso.
"Hum... Senhor Shiro..."
– Sim?
"Estamos um pouco preocupados. Nossos alarmes têm disparado com certa frequência, mas, quando olhamos, não tem nada."
– E daí? Deve ser só um defeito no sistema.
"Foi o que pensamos no início, mas, recentemente, nossas câmeras captaram a imagem de um animal estranho. Ele movimenta-se mais rápido que qualquer outro animal nativo dessa área. Não conseguimos imagens nítidas dele, apenas algumas ainda borradas. Mas parece que se trata de um felino ou semelhante."
– Deixa eu adivinhar? Querem que eu pegue ele.
"Dessa vez não. Queremos apenas que tome cuidado. Não sabemos do que ele é capaz. Não queremos perder um dos nossos melhores homens."
– Um dos seus melhores homens? Pensei já ter deixado claro que não sou "um de seus homens".
"A-ah! Sim, desculpe-me. Expressei-me de forma errada. O que eu quis dizer foi... Bem... Senhor Shiro, estamos preocupados com o senhor. Vivendo em um lugar tão perigoso..."
– Já entendi. Se me der licença, tenho mais o que fazer.
"Ok, senhor. Até mais ent--"
"Beep. Ligação encerrada. "
– Que saco... – Mihaya disse encostando as costas na cadeira – Era só isso que ele queria falar comigo?
– Senhor Shiro, peço mais uma vez que não desligue assim tão de repente. – disse um dos guardas – O chefe pode se irritar.
– E o que ele vai fazer? – ele levantou com uma expressão de raiva – Me tirar daqui? Isso não seria um favor pra vocês?? – parecia que ele ia atacar o policial.
– Por favor, não traumatize mais um, Mihaya. – uma mulher, que estava na porta da sala, disse entrando e colocou os papéis que segurava em cima da mesa.
– Não posso mais nem brincar... – ele sentou-se novamente. Dessa vez apoiando seus pés na mesa e cruzando os braços.
Tentou olhar discretamente seu decote e suas pernas, mas perdeu o equilíbrio e quase caiu da cadeira. A mulher, ao perceber, olhou repreensivamente pra ele.
– Nós dois sabemos que você não é do tipo que sabe brincar.
– É... Você me conhece bem, Helena.
– É o meu trabalho. – ela encostou na mesa, apoiando-se nela – E meu passa tempo...
A mulher tinha um longo cabelo negro preso em um rabo de cavalo. Ela era elegante e charmosa. Era uma mulher de gênio forte. Seu físico também era escultural: seios grandes, cintura fina, rosto fino e um corpo proporcional devido ao treinamento do exército. Era a chefe do Distrito B-7 de segurança, um dos distritos encarregados da segurança na fronteira da Ilha das Almas Perdidas. Sua base ficava o mais perto possível do nordeste da fronteira.
– Só não entendo porque essa coisa toda de eu ter que ficar vindo aqui de tempos em tempos. – Mihaya disse ajeitando-se na cadeira.
– Que parte do "nós nos preocupamos contigo" você não consegue entender? – ela disse – Por que agir tão infantilmente assim?
Mihaya demorou um pouco a responder.
– Se é só isso, posso ir embora?
– Pode. – ela suspirou. Mihaya estava quase saindo quando ela segurou seu braço – Só tente não morrer... Pelo seu avô.
Mihaya soltou-se e foi embora.
Quando já estava perto da floresta, ouviu um barulho estranho, mas ignorou. Ao andar mais um pouco, adentrando a floresta, encontrou um animal ferido. De primeiro ele não ligou, pois lidava com isso todos os dias. Mas ele lembrou sobre o que conversara há pouco com o Chefe da Segurança. Ficou na dúvida se ajudava ou não o animal. Aproximou-se do animal para vê-lo direito. Aquele não era um animal comum. Observou-o mais um pouco. Viu que sua respiração estava fraca e seus olhos gritavam por ajuda.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Mihaya salvou um animal, mas não qualquer animal. Será esse o animal estranho que as câmeras detectaram?



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