Com toda a certeza que eu tenho, isso foi a coisa mais grotesca que eu já vi em toda a minha vida. Catarina estava totalmente diferente, ela nunca usaria esse tipo de roupa, e eu nem sabia que ainda fabricavam coisas como essa! Ainda mais, ela não teria paciência para ondular cada fio de seus cabelos. Quem é essa nova Catarina?! Sem contar que seus seios pareciam que iam pular para fora do bojo, e entre eles se destacava um lindo colar de pérolas. Ela se virou em minha direção e me lançou um olhar impassível, analiso-me dos pés à cabeça, até parecia que nunca tinha me visto em toda a vida.

– O senhor me chamou?

Eu juro que firmei meus lábios em uma linha rígida para não rir. Senhor? Deus, ela por acaso está ensaiando para algum tipo de peça de teatro? Isso parece ser hilário.

– Chamei. – Resolvi entrar na brincadeira. – Aproveite para limpar meu tênis, pisei em um pouco de lama hoje.

Senti que ela debochou de mim quando surgiu um sorrisinho no canto dos seus lábios. Em questões de segundos, me vi sendo empurrado em direção a parede. Ela ergueu meus braços para o alto e fincou uma espécie de adaga no meio da minha jaqueta, me deixando preso.

– Catarina! Que merda é essa! Como fez isso?! – Olhei para baixo, e quando voltei para procura-la, ela estava sentada em minha cama. – Deus, o que é isso?!

– Deus... Deus seria a última pessoa por quem eu ousaria procurar nessa hora. Você me chamou, Steven. Cá estou. Agora preciso encontrar a neta de Heitor.

– Você é a neta do vovô Heitor! Bom, a não ser que nosso pai tenho tido outra filha e a gente não saiba. – Caçoei, impossível eu ter outra irmã. Se bem que de tudo que tem me acontecido, eu não duvidaria de mais nada.

– Pare de se dirigir a mim como se eu fosse aquela impostora. Por favor. – Ela me pediu, mas em um seu tom escondia sua ironia.

– O quê? Você está louca! A vovó vai chegar em alguns minutos e quando ela me ver aqui, vai sobrar para você, Catarina!

– Ca-Ta-Ri-Na. Então foi esse o nome que me deram? – Ela riu, juro que não estou entendendo nadinha.

– Cate, você está me deixando com medo. O que você quer? – Implorei.

– Eu quero a Catarina. – Você é a Catarina sua desnaturada! – Você nem parece um Ortiz, tremendo todo na base. Esqueceu do “ abre e feche “? Você não fechou.

– Steven! Vovó chegou.- A voz de minha avó, Clarisse, cortou toda a atmosfera tensa que tinha entre mim e Catarina. Surgiu preocupação em seu olhar, e quando virei minha cabeça para o lado da porta, para gritar vovó, fui solto e Catarina havia desaparecido do meu quarto. Por alguns segundos eu me sentia aliviado por vovó ter chegado, por outro, eu estava mais tenso do que o normal. Como ela sabe da mensagem da bússola?