Allice não soube ao certo quando tempo ficou rindo, mas só parou quando a barriga começou a doer, fazia tempo que não dava boas risadas daquele jeito, o garoto a sua frente continuou a olhando percebeu que por um momento ele pareceu confuso, mas logo voltou a torna-se sério e fechar a cara novamente.

– Já acabou? – O rapaz perguntou, enquanto a garota secava umas lagrimas que caiam de seus olhos. Ela fez um sinal para que esperasse.

– Um momento. – Ela segurou sua barriga se curvando um pouco para frente como se estivesse com dor. Respirou fundo – Isso é sério? – Voltou a falar.

– É sério sim Ally. – Soltou Naoki – A mamãe pediu para agradecermos a você devidamente. – O garotinho sorriu.

– Você irá aceitar sim ou não? – Hiro foi logo ao ponto.

– Por que você está fazendo isso? – Desconversou a garota encarando o irmão mais velho - Dá para ver claramente que não quer isso.

– Eu não quero, mas a minha mãe sim. – Ela piscou algumas vezes, teve a impressão de que o rapaz a sua frente parecia ser um filhinho da mamãe.

– Você tem apenas que dizer para ela que não quer me convidar. Que não me suporta, podemos passar o resto da tarde treinando sua fala, ao chegar em casa deve ser mais fácil. – Ela deu um pequeno sorriso sarcástico, Hiro estreitou os olhos, naquele mesmo momento estava pronto para matá-la.

– Olha, sua – O loiro um pouco a frente a garota o interrompeu começando a falar algo.

– Alice você vai demorar muito? Eu preciso ir para casa estudar.

– Desculpa, Miguel está tomando o seu tempo. – O loiro deu um pequeno sorriso. Alice voltou sua atenção ao garoto asiático a sua frente. – Não poderei ir infelizmente. (Watashi wa zan'nen'nagara iku koto ga dekimasen)

– Por quê? Estamos sendo educados ao te convidar. – Insistiu Hiro.

– E eu estou sendo educada ao recusar.

– Você parecia ser muito mais educada e gentil da última vez que nos encontramos.

– Algo que você não foi. – Ela deu um pequeno sorriso. – Então até mais. – Quando Alice deu as costas Naoki pegou sua mão.

– Ally vamos. – Pediu – Vai ser divertido. Eu juro e eu não deixarei o meu irmão ser mau com você. Eu prometo – Persistiu Naoki, Alice o encarou os pequenos olhos do garotinho eram suplicantes, um de seus pontos fracos era crianças, era só colocar uma criança em frente a moça e ela já amolecia.

– Olha – Ela pensou, ia aceitar e olhou para o garoto atrás de Naoki.

– Por favor.

– Faz assim, eu vou para casa e pensarei a respeito. Esse tal jantar será hoje? – Hiro assentiu com a cabeça.

– Será sete ou oito horas. – Respondeu Naoki devidamente.

– Eu irei para casa e pensarei a respeito – Recomeçou, olhando para Hiro. – Se eu não estiver aqui as sete horas que dizer que eu não virei. Tudo bem?

– E se você realmente não estiver nem pensando em vir mais tarde? Só querendo se livrar da gente? Afinal é o que o pessoal desse país mais faz, não é? – Alice tentou não se importar com a última pergunta por que senão acabariam brigando mais uma vez

– Eu pensarei a respeito, juro. – Naoki soltou sua mão.

– Tudo bem, Ally confiarei em você. – O pequenino sorriu, Alice ouviu Hiro fazer um estralo com a língua em total discordância.

Confiança... O rapaz não gostava muito daquelas palavras, não naquele pais, não com aquelas pessoas.

– Então até mais. – Ela tornou a andar o amigo ainda a esperava, foram rapidamente para casa, ela contou a história e Miguel não deu sua opinião se ela deveria sim ou não aceitar o convite, apenas ouviu ressaltou algumas coisas e simplesmente foi embora.

Ao chegar em casa, tudo estava vazio novamente, o silêncio da casa e a escuridão lhe era acolhedora.

– Mãe? – Arriscou chamar, mas não houve resposta, atravessou a sala do pequeno apartamento e foi para o quarto jogou-se na cama e encarou o teto novamente, o silêncio era bom, o teto azul lhe trouxe alguma paz e por questões de segundos pareceu não pensar em nada, o mundo sumiu, até que as suas dúvidas surgiram novamente e então resolveu decidir se iria ou não ao jantar, lembrou de Naoki e sua promessa e seu coração amoleceu, a porta da sala foi aberta tirando-a de seu pequeno transe.

– Alice? – Chamou a mãe ao entrar na casa.

– Estou aqui. – Respondeu e em questões se segundos a mãe estava na porta.

– Por que tudo está escuro? Abra ao menos as janelas.

– Estava pensando. Gosto de silêncio e escuro.

– Ainda pensando no emprego? – A garota fez que não com a cabeça. – Então?

– Sabe o pequeno japonês e o irmão mal-educado?

– Sim.

– Bem, eu os encontrei. Ou melhor, eles me encontraram hoje.

– Brigaram novamente? – A mãe cruzou os braços sobre o peito, o cabelo pequeno solto um pouco abaixo do ombro fez um movimento.

– Não. Na verdade, foi ao contrário. Ele me chamou para jantar na casa dele como agradecimento.

– E você aceitou, não é?

– Falei que ia pensar.

– Por que não aceitou?

– Ele parecia está fazendo aquilo com má vontade. – Ela levantou-se – Pareceu que ele preferia morrer a falar aquelas palavras.

– Mas ele falou. Você deveria ter aceitado, por que apesar de parecer está fazendo de má vontade ele tentou, te convidou, você não deveria menosprezar os sentimentos das pessoas.

– Eu sei. – A garota respondeu com um suspiro

– Mas faça o que quiser. – Ela virou e se retirou do quarto, sua mãe sempre fora assim, Alice se abria com ela, falava seus problemas, a mulher ouvia e mesmo como que não quisesse nada a mulher falava, dava uma pequena lição de moral e saia, então no final tudo ficava com Alice para se resolver, mas o conselho havia sido dado e para sua mãe já era o suficiente.

Quando era próximo das seis ela ainda pensava, não sabia ao certo, mas por algum motivo queria ir, afinal era um pedido de agradecimento e o Naoki ficaria desapontado se ela não fosse.

Então decidiu ir, se arrumou rapidamente, vestiu uma calça preta, um pequeno coturno e o sobretudo azul, até que estava arrumadinha, afinal não precisava de tudo aquilo, deveria ser um jantar normal.

Passando um pouco das sete chegou ao local, mas não encontrou ninguém;

“ Talvez eles já tivessem ido embora”,

Constou enquanto olhava o relógio estava quase dez minutos atrasada, ficou no mesmo lugar que estava mais cedo, por estar a noite o vai e vem das pessoas era bem menor, de minuto e minuto pessoas passavam, uma garoa fina começou a cair, Alice colocou a toca do sobretudo sobre cabeça enquanto olhava o celular, pensou em ir embora então ouviu passos indo em sua direção.

– Jurava que você não viria. – Uma voz falou se aproximando dela, ela direcionou o olhar e viu o rapaz alto falando.

– Pensei que vocês já tinham ido embora. – Alice lançou o olhar para trás dele e não viu o garotinho – Cadê o Naoki?

– Ele está em casa como deu para perceber. – Informou rispidamente.

“Maldito, nem para levar Naoki para diminuir o clima ruim que ficava entre eles”. – Pensou Alice, ele começou a andar se afastando dela, mas logo parou.

– Vai vir? Ou quer que eu traga o jantar para você aqui? – Ele colocou a toca sobre a cabeça e recomeçou a andar.

Alice respirou fundo e soltou toda a raiva com medo de explodir, só tinha passado dois minutos com ele e sua vontade de estrangula-lo havia se tornado mais clara, tentou pensar positivamente, mas logo desistiu.

– Essa vai ser uma longa noite – Sussurrou enquanto o seguia e pensou que jamais iria dizer aquilo enquanto vivesse.