Ensina-me escrita por apenasmika


Capítulo 4
Palavras


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, nosso protagonista enfim se mostrou... Espero que gostem;



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Alice pensou te ouvido errado, piscou algumas vezes, a mão dele ainda segurava seu pulso, os olhos ainda a analisava.
A garota só podia ter entendido errado, nesses dez ou onze anos que começará a falar japonês, deve ter alguma palavra que ela provavelmente deixou passar...
Garota suja... (Kitanai on'nanoko)
As palavras voltaram a se repetir em sua mente, o sol daquele dia deveria está fazendo-a delirar, ouvir coisas que... Ah, que ela não merecia ouvir, afinal era injusto demais, mas se fosse certamente ela não iria se importar, por que injusto era tudo o que sua vida era.
– O- O que? - Soltou, um nervosismo na voz.
– Foi isso que você ouviu. Não toque no meu irmão, garota suja.
Não havia sido um engano, era verdade, a garota pensou um pouco.
"-Suja?"
Provavelmente não estaria, sabia que ficou quase uma hora andando em um sol forte, mas não estava suja, não chegava a feder, antes de sair de casa havia tomado banho estava limpa, mas mesmo assim havia ouvido aquilo.
Sujo era uma palavra muito forte, sim, pode não ser para alguns, pois há palavras muito mais pesadas neste mundo para se insultar alguém, mas dizer que aquela garota era suja, cá entre nós, era injusto demais, pois ela não fez nada de errado, não naquele dia, não naquele momento, tudo que fez foi simplesmente deixar sua oportunidade de emprego fugir de suas mãos apenas para o que uma criança que chorava pudesse encontrar seu irmão novamente.
– Eu não sou suja. - Defendeu-se, encarou o chão, não sabia por que o analisava, provavelmente estava procurando alguma coisa em comum entre ela e ele - Eu não fedo e nem nada. Eu estou um pouco suada, mas nada para se alarmar. - Alice o encarou, os olhos cheio de repulsa e quem sabe um pouco de ódio devolvia o seu olhar. - E você pode soltar meu braço? - Ele a soltou quase no mesmo estante, sequer havia percebido que ainda o segurava.
– Vamos para casa, Naoki. - O garoto mal educado começou a andar, o pequeno sequer se mexeu.
– Irmão! - O menino exclamou fazendo o mais velho olhar para ele. - Não seja mau com a Ally. Ela cuidou de mim, ela foi gentil comigo. Ela- O outro o interrompeu.
– Naoki, não diga besteiras. Você não pode confiar em ninguém, as pessoas daqui não vale a pena. Já não te expliquei isso? São todas desonestas, pois tudo que tem aqui é sujo e cheira mal. - Ele olhou para a garota e ela enfim percebeu que seu problema não era com ela, seu problema era simplesmente com o país em que se encontrava. - E quem sabe essa garota não te ajudou para depois se aproveitar de você... - Alice não aguentou, tanto suas palavras quanto o olhar dele a irritou, sem perceber deu alguns passos e parou em sua frente, um encarando o outro, olhos fixos um no outro.
– Não diga besteira você, seu grande idiota. - Pensou que o jovem ia retrucar, porém ele apenas ouviu - Não diga coisas que você não sabe, esse país realmente não é o melhor de todos, realmente as pessoas não são as mais certinhas como as do Japão, mas aqui também tem coisas que vale a pena, pessoas que vale a pena.
– Como quem? Você? - Ele sorriu, o riso era de deboche, era sarcástico e irritante.
– Sim e muitas outras, pois há um moço que trabalha do outro lado da rua que apesar do seu irmão ter o mordido ele ofereceu ajuda, teve pessoas que ficaram do lado dele, tentando ajudá-lo e não sairam até que percebessem que ele estava seguro. E também tem eu que sem pensar duas vezes, acabei de perder um emprego para ficar com seu irmão. - Ela apertou os papéis que estava em sua mão, os olhos se encheram de lágrimas, porém se recusou a chorar. - Para cuidar dele, não que ele seja um mal garoto e não foi um fardo para mim, mas é simplesmente você que é irritante, se odeia esse país, tudo bem, mas simplesmente não generalize e não seja injusto com algumas pessoas que vive nele.
– Isso mesmo, irmão - Naoki se aproximou, Alice sorriu para o menino e colocou a mão em sua cabeça, não se importando se seria retirada novamente.
– Você é realmente um bom garoto. - O pequeno sorriu, ela deu meia volta e se afastou, o sangue ainda fervia, cerrou os punhos precisava relaxar e a cada passo dado, alguma coisa doía, caminhou o que pareceu ser alguns minutos quando notou que estava distante o bastante parou, olhou para baixou e tudo que viu foi um pequeno mar de pessoas que continuavam ir e vir.
Então olhou para o relógio era quase quatro e meia, não havia mais nada a ser feito, pensou em ir mesmo assim tentar entregar os documentos, explicar toda a história, chegar suada e com cara de cansada, quem sabe entendessem, quem sabe... Preferiu não arriscar, Alice olhou mais uma vez para a pasta em sua mão teve vontade de jogá-la longe, para o mais distante possível de sua vista, porém a única coisa que conseguiu foi continuar a analisando, o coração doía, os pés e a cabeça também, tudo nela naquele exato momento pareceu se despedaçar, tanto palavras que não merecia ouvir, tanto pensamentos se confundiam naquele momento.
Alice fechou os olhos e simplesmente começou a chorar, não se importava onde estava ou se sas pessoas viam, elas provavelmente iriam ignorar e assim o fizeram algumas pessoas passaram por ela e fingiram que não viram nada, melhor assim, aquela garota não precisava de mais perguntas a serem respondidas, pois já tentava responder suas próprias mentalmente.
O que diria para sua mãe? Não sabia.
O que faria dali para frente? Procuraria outro emprego, claro, mas onde? Não sabia.
Era suja? Não, não era.
Era idiota?Não sabia dizer ao certo, mas provavelmente sim.
Chorou e sua dor não pareceu se esgotar, não poderia continuar assim por mais tempo, aquilo que sentia continuaria por alguns dias, sempre fora assim.
Notou que era melhor ir para casa , falar para sua mãe sobre a história engraçada que lhe aconteceu, sobre a criança perdida que encontrou e sobre o garoto idiota que disse coisas sem sentido para ela, provavelmente sorriria, ou fingiria sorrir, tentaria não demostrar a frustação que sentia, apesar dos olhos cheios de lágrimas, seria forte pelo menos no momento em que tentará encarar a mãe, mas quando a mãe ficar triste por ela, a garota não sabe se poderá aguentar, arriscará outro sorriso, mas não será bom o suficiente, um pouco convincente talvez e no final da noite, no silêncio do seu quarto ela esvaziará o jarro que novamente se encontrará cheio e irá constar que enfim, sim, ela era uma grande idiota e que a vida assim como sempre foi, estava sendo injusta demais.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? Bye



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