O dia começou e eu e Pedro fomos para a escola. Chegamos lá e vimos que uma movimentação ocorria por ali, eu tinha entrado na frente e depois de algum tempo Pedro apareceu e assim que isso aconteceu todos olharam para ele. Eu não sabia o que estava acontecendo.

– Por que todo mundo está olhando para o Pedro? – Perguntei para Vicky.

– Então…

– Sente-se… Todos – O diretor Steves entrou na sala – Ramos menos você, venha cá – Pedro se levantou e caminhou até o lado do diretor todos os olhavam atentamente.

– O senhor deseja algo?

– Ahh sim desejo.

– O que seria?

– Cadê o dinheiro da caixa de doações?

– E como é que eu vou saber disso?

– Só você tem a chave da salinha onde ela fica, eu lhe dei para você guardar sobre sua responsabilidade, pois você me disse que quando já estivesse uma quantia alta você pediria para seu pai depositá-la em uma conta que abriria.

– Sim, mas eu não peguei esse dinheiro, pois ainda não havíamos alcançado a quantia.

– Você emprestou a chave para alguém?

– Claro que não, eu não seria tão irresponsável assim.

– Pedro, na porta não a sinais de arrombamento, uma chave foi passada ali, ninguém forçou, ninguém deixou se quer uma marca ali, eu não tenho essa chave só você tem porque eu acho seguro não ter copias. Esse dinheiro sumiu, evaporou, e você tem algo haver com isso.

– Pra que eu iria querer aquele dinheiro? – O tom de voz de Pedro parecia um pouco desesperado.

– Isso você tem que me dizer.

– Senhor Steven, você sabe que meus pais são pessoas influentes, pessoas com uma condição financeira muito boa, pra que eu pegaria aquele dinheiro se eu já tenho tudo o que eu preciso? !

– Ramos, nós temos que resolver isso, roubo é caso e policia.

– Mais eu já disse que eu não sei de nada! – Ele respirou profundamente - Quando que esse dinheiro sumiu?

– Nessa madrugada.

– Ahhh – Ele sorriu – Eu tenho prova de que nessa madrugada eu estava muito ocupado fazendo outra coisa.

– Que prova é essa? – Eu fechei os olhos e logo os abri e quando isso eu fiz, Pedro estava olhando diretamente para mim.

– A Karina, eu estava com ela – Um alto murmurinho ecoou pela sala de aulas, várias pessoas olhavam para mim, vários olhares acusadores fincavam meu corpo.

– SILÊNCIO! – Steven gritou – Isso é verdade Karina Duarte? Vc estava com o Pedro? – Agora todos me olhavam, todos mesmos, sem exceção de ninguém. Um calafrio percorreu todo meu corpo. Wallace e Sol estavam com olhos arregalados e pareciam decepcionados. Outros estavam com o olhar perplexo, e outros estavam com o olhar do tipo é uma vadia mesmo. – Karina… Isso é verdade?

– É… É… – Meu coração estava acelerado, o medo entorpecia meu corpo.Todos aqueles olhares eram aterrorizantes para mim.

– Diga Karina, diga para eles que você estava comigo, diga – Pedro deu um passo e olhou dentro dos meus olhos. Eu tive que arranjar uma corajem jamais vista para falar o que tinha para falar. Meus lábios se abriram e logo as seguintes palavras saíram deles:

– Tá loco? Eu não estava com você, da onde você tirou isso? Eu estava com a Nat… Não é Nat? – Eu a olhei e sem excitar ela respondeu.

– Sim estava, nós estávamos assistindo a um filme que queríamos muito.

Algo como vazio… Foi o que se passou dentro de mim no momento em que Pedro olhou em meus olhos. Seus olhos estavam tristes, decepcionados e ao mesmo tempo raivosos. Eu o havia perdido, eu sabia disso e também tinha a certeza que ele não me perdoaria.

– Muito bem. Senhor Ramos pegue suas coisas, a partir de hoje você não estuda mais nessa instituição.

Lágrimas encheram meus olhos, mas eu não ousarei chorar ali, de forma nenhuma. Pedro pegou sua bolsa sobre os olhares de todos daquela sala e seguiu o diretor até a saída e antes de sair dali ele me olhou uma ultima vez, eu jamais esqueci aquele olhar, aquele olhar vagou por meus pesadelos durante muitos anos, a partir daquele olhar tudo que era seguro dentro de mim foi ao chão, aquele olhar mudou completamente minha vida. Ali… No abrigo de seus olhos a decepção habitada e junto dela vinha todos os sentimentos ruins que uma pessoa pode nutrir por outra, mas a pior coisa que eu vi morar dentro daqueles olhos que estavam negros como a noite, era o abandono, o completo, total e triste abandono.

Pedro havia partido.