Era hora da aula de Religião, outra aula de lavagem cerebral. Renne até então tinha resistido bem, mas agora não tinha mais controle de si. Ao passar pela mesa do professor, pegou um apontador e o escondeu nas calças largas do uniforme. Teve que suportar ouvir toda aquela aula. O professor fazia perguntas, ela tentou manter-se atenta, mas não conseguiu. Renne por fim, fez-se vomitar, para fingir que estava passando mal, assim foi liberada das aulas de testes de fé, conhecimento da mente e propriedades da alma, o que foi um alivio, assim pôde ficar deitada sozinha no quarto, se passasse mal, era só apertar o botão vermelho na caixa de vidro, que haviam deixado ao lado da cama, caso ela não apertasse, ninguém iria entrar no quarto, ela pegou a tesoura e o apontador, pôs a ponta da tesoura no parafuso do apontador e dessa forma soltou o parafuso que prendia a lâmina do apontador a parte de plástico, guardou ambos no saquinho vermelho, jogaria ambos, plástico e parafuso, no rio. Então ouviu uma batida na porta, escondeu tudo no lugar de sempre: a armação da cama, esfregou o nariz até ficar vermelho, mais duas batidas, Renne deitou-se na cama.

–Pode entrar.

A porta se abriu lentamente e a diretora entrou.

–Não ligo se está doente, vá para a aula.

–Mas...

–Sem mas, ande logo. Aula de conhecimento da mente. Ande logo.

Renne levantou-se com as palavras ecoando na sua cabeça “aula de conhecimento da mente”, uma aula extremamente mal intencionada, onde tentavam tirar respostas do pior lugar possível: da sua mente. Renne dirigiu-se a sala de aula.