Sonhos escrita por O Comediante


Capítulo 5
Meia Noite




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Porque sempre começo minhas histórias durante a madrugada? Silêncio. Solidão. Saudade. Simpatia. Serenidade.

Ligo o fogão e coloco a água para esquentar. Não há nenhuma consciência viva e atenta além da minha. Sou o guardião dos sonhos alheios. Observe. A humanidade frágil e fantástica, que compõe as mais terríveis músicas e causa as mais belas guerras. Tentamos ao máximo nos expelir de nosso plano físico, mas todos nós permanecemos no mesmo planeta, navegando na imensidão vazia. Uma canção de vida no infinito vácuo estéril.

Pelas janelas de minha casa, vejo o noturno da existência. Mesmo os gregos em sua terra árida já a admiravam. A primogênita de Caos. Gêmea e amante de Érebus, a desordem e as trevas. Vislumbro o véu de Nix, rainha da noite, a mais bela dos imortais. Se tivesse um desejo, navegaria por entre os mares de sua senhora e caminharia pelos reinos dela. Tudo se resume a ruínas, mas a beleza do místico comove até os mais frios de coração. Nada é tão desolador, lindo, ambíguo e esclarecedor como a noite.

Olhai por mim. Olhai por nós. Venha me levar para seu castelo de cristal entre as estrelas.

Amo. Odeio. Solidarizo. Ignoro. Entendo. Vejo. Compreendo. Admiro. Vivo. Quero viver e esquecer meus limites. Quero transcender a mortalidade banal e quero que seja minha confidente e expectadora.

Desligue o fogo. Acrescente dois saquinhos de chá e três colheres de açúcar. Espere esfriar e então aprecie.


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