~~ Daniel Lee ~~

Mais uma vez eu e a diva da Yannskar estávamos, apoiados em nossos armários, olhando para as catracas cheios de esperanças.

Fazia uma semana que a Dianna não vinha para a escola. Estávamos mais que ansiosos e sem paciência.

Entendemos o motivo de sua falta. Mas queríamos que ela conseguisse se reerguer.

Tínhamos certeza que ela deveria estar em casa, remoendo-se de culpa, quando ela nem ao menos tinha um motivo para isso. A nossa anjinha não era obrigada a perdoar ninguém por abandoná-la e traumatizá-la depois de ouvir algumas palavrinhas murchas de quinta categoria. Essas coisas levam tempo, se não a vida inteira. Aquela megera não tinha nenhum direito de pressioná-la. Não tinha direito de fazer a Annie sentir-se culpada, já que não havia conseguido seu perdão.

–- Vamos! - disse Yannskar - Faltam menos de 10 minutos para a aula começar.

Concordei com a cabeça. Meus pezinhos lindos estavam começando a ficarem doloridos. Afastamo-nos das portas de metal, e assim que começamos a nos virar para seguirmos nossos caminhos para a sala de aula, todos os medíocres seres vivos que estavam naquele corredor congelasse depois de passarem os olhos para alguma coisa atrás de nós.

Sentindo cheiro de fofoca novinha, viro a cabeça na direção daqueles olhos espantados e incrédulos, para logo fazer com que os meus fizessem parte da multidão.

Dianna Moore estava de volta à escola, depois de sua mãe ter cometido suicídio em uma cafeteria! Sim, o sistema da transmissão de fofocas é incrivelmente eficaz nessa escola. Até as informações bombásticas dos alunos invisíveis corriam rápido.

Troquei olhares com a Yanns, antes de seguir purpurinado, saltitando divamente na direção da nossa princesinha, para dar-lhe as boas vindas de volta ao inferno.

Mal cinco passos dados, e sou jogado contra os armários, por um vulto cinza, que sai correndo na direção da Diana e taca-se em cima da mesma antes de dar um beijo de cinema super melodramático, digno de um Oscar e uma foto - que óbviamente eu tirei - que a fez virar um tomate e ficar sem ar. Christian Grey… ou melhor, James Martín, seu bofe maravilhoso, ladrão de melhores amigas santinhas!

É claro que esse escândalo só fez a indignação e o queixo daqueles alunos sem nada pra fazer aumentarem e caírem ainda mais.

Recuperando-me do atropelamento, ando novamente na direção da Annie, que agora esta sendo amassagada por musculosos - lê-se suculentos - braços cobertos por um agasalho cinza.

Por mais ciúmento e forever alone que eu me sentisse tinha que admitir que era a coisa mais fofa desse mundo aquele jeito super protetor, que aquele boy maravilha tinha com ela.

Ainda longe, não pude escutar o que ele falava, mas parecia uma bronca, se não fosse pelas mãos dele acariciando o rosto branco e aveludado da minha anjinha caída do céu, as bochechas coradas e o riso repentino e doce vindo da garotinha.

Ele a envolveu em seus braços novamente, dessa vez escondendo-a em seu moletom, que abafava a risada da loirinha, por alguma coisa que ele falava fazendo biquinho.

Eles passaram por mim e pela Yannskar, nem mesmo reparando a nossa existência, enquanto o sinal tocava.

A minha amiga peruana super gata, revirou os olhos quando vinha na minha direção.

– Vou para a minha aula. - anuncia ela fazendo cara de despreso - Se esses dois ainda não tiverem "matado a saudade", falo com ela no intervalo.

– Okay, linda. Vou tirar satisfações sobre esse babado com ela na nossa aula entediante de História.

Ela assentiu e foi na direção da sua sala. Decidi ir para a minha.

James acompanhou Dianna até a nossa sala, mas ela demorou um século para entrar, já que o bofe ficava paparicando-a sem parar.

Qualquer hora dessas vomito um arco-íris, e quero ver quem vai limpar!

Sentei-me em uma das carteiras do fundo da sala, para o pó do giz não estragar a minha beleza, e para não cegar a professora milenar com a mesma.

Alguns minutos depois Dianna entra na sala, e seus olhos me encontram. Ela dá um sorriso radiante e acena timidamente. Hipócrita! Pra dar “oi” fica com vergonha, mas pra beijar o garoto mais desejado da escola não, né?!? Mereço!

Ela se senta do meu lado esquerdo, enquanto a professora entra na sala. Aproveito o alvoroço e cutuco-a com as palavras:

– Posso saber que que foi aquilo? Desde quando você troca os seus maravilhosos amigos por um cara bonitinho?

Ela revira os olhos, enquanto pega o seu material antes da responder.

– Isso é ciúmes por acaso senhor Daniel? - pergunta, com a voz repleta de sarcasmo. - Não era você que dizia que eu tinha de deixar de ser uma velha puritana?

Ai! Tá afiada, hein?

– Não, é sono! - respondo, no mesmo tom. - É claro que é ciúmes garota! Já viu aqueles braços?! Não, né? Está muito ocupada, dando uma de tímida.

Viro meu rosto para a direção oposta, fingindo estar de mal, mas em menos de trêz segundos estamos gargalhando.

Somos repreendidos, por um olhar fulminantes da professora mocréia, e ficamos em silêncio, que é logo interrompido pela minha curiosidade:

– Quer fazer o favor de contar todos os detalhes dessa história, senhorita Moore?!

Sem antes corar até as pontas dos cabelos e dar uma risadinha, Annie desata a falar.

Passamos as duas aula inteiras falando aos cochichos e bilhetinhos sobre o maravilhoso James Martín, que fiquei sabendo, ser o atual namorado de uma das minhas melhores amigas. Não prestamos a mínima atenção na aula, mesmo que a matéria sendo importante, e acho que é melhor assim.

Ela não comentou sobre a tragédia. Pareceu até que aquilo nunca tinha acontecido. E era melhor que não tivesse mesmo.

Finalmente o sinal toca, fazendo os alunos saírem correndo da sala esbarrando uns nos outros, derrubando material e fazendo algazarra. Bárbaros! Guardo o meu material rapidamente, e já abro a minha boca maravilhosa para soltar uma piadinha com a Dianna quando vejo o Christian Grey ao seu lado insistindo a guardar o material para ela.

Reviro os olhos e saio dali deixando os dois sozinhos.

É, parece que a Yanns não vai conseguir falar com a Annie.

Hoje ela é só do boy magia, mesmo.