– Gostei desse seu namoradinho, mas a gente precisa conversar sobre isso! – diz papai ao entrarmos em casa.

– Rick, em primeiro lugar, o James não é meu “namoradinho”; em segundo, nós não precisamos conversar coisa nenhuma! – respondo fria.

– OK, irritadinha. – ele fala. – Só me conta como foi.

– Ah! – falo sem nada da frieza de antes, por eu realmente preciso contar isso. – Foi incrível!

Eu conto cada mínimo detalhe (menos a parte dos olhares), e ele ouve com atenção.

– Ai meu Deus! Minha garotinha está apaixonada! – diz ele, enquanto coloco uma pizza no forno.

– Papai! – digo aborrecida.

Ele ri de mim, e fica falando que gosta muito desse “tal de James”. Eu fico feliz com isso. Talvez eu esteja mesmo apaixonada. Ai meu deus! Como assim eu estou apaixonada?! Não era para isso acontecer!!

Nós comemos, e eu fico brincando com o John, enquanto papai termina de corrigir alguns trabalhos. Eu penso em ligar para a Yannskar ou para o Daniel, mas decido que é melhor esperar para amanhã contar o que aconteceu pessoalmente.

Vou dormir, e quase não posso aguentar pelo toque do despertador do dia seguinte. Fico pensando se vou ver o James na escola, e torço para que esse pensamento não seja um sinal de estar apaixonada.

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Levanto da cama com um pulo, e desligo o despertador. Me arrumo e pego minha bicicleta, pois papai ainda está dormindo. Mando mensagem para a Yannskar e para o Dani, perguntando se eles já estão indo. Nada de resposta. Coloco meu casaco, dou tchau para o John, e vou. Sinto o vento gelado fazendo o meu cabelo ficar todo bagunçado, e reparo nas pessoas que passam pela calçada com cara de sono, indo trabalhar. Acelero um pouco, pois estou louca para chegar na escola logo.

Chego e vou direto para o bicicletário, onde prendo minha bicleta. Sigo para a catraca, por favor, não me prenda!, penso enquanto passo a carteirinha. Nada. Que saco! Sua catraca idiota! Eu PRECISO passar!

Sinto alguém atrás de mim, provavelmente o Dani. Já estou esperando por um de seus apelidos ridículos, quando ouço:

– Precisa de ajuda? – eu conheço aquela voz. Era o James.

Como sua voz fica mais bonita ainda de manhã... penso. Então ele pega a minha mão e passa a carteirinha de novo, a catraca magicamente destrava, me deixando passar. Posso ver que várias garotas me lançam olhares mortais, outras, simplesmente curiosos.

– Obrigada. – falo com a voz meio estranha, por ser a primeira cosa que falo no dia.

– De nada! – responde ele com um sorriso, e o mesmo olhar estranho de ontem. – Você tem aula de que hoje?

– Hum... – falo enquanto tento me lembrar. – Não sei, tenho que ver no meu armário.

– Você não gravou seus horários ainda? – pergunta ele.

– Não. – respondo, me sentindo tonta por não ter gravado ainda meu horário.

– Você se importa se eu te chamar de Dinny? – ele me pergunta.

– Não. – respondo. – Achei esse apelido legal!

– OK. Então... A gente precisa se encontrar de novo, para terminar o trabalho de História. – diz ele.

– Sim. – falo. Então lembro que não fui no Hospital ontem. – Ai meu Deus! – exclamo involuntariamente.

– O que foi? – pergunta ele.

– Nada. Eu só esqueci de um compromisso ontem. – respondo.

– Ah... – diz ele. – Era importante?

– Sim, e não. – falo, e ele me olha com cara de “Como assim??”. – É muito importante para algumas pessoas, mas se eu não for, não faz TANTA diferença. As coisas acontecem do mesmo jeito.

– Acho que entendi. – ele responde rindo, e posso ver que os amigos dele estão o chamando. – Me passa seu número, assim a gente pode combinar melhor.

– OK. – falo, e pego um caneta para anotar o número em sua mão.

Enquanto eu escrevo, noto que sua mão ainda está quentinha. Ele fala que me manda uma mensagem depois.

Assim que ele sai, vejo o Dani e a Yann perto do meu armário e vou até eles.

– O que foi isso? – perguntam os dois juntos, parece até ensaiado.

– Eu falando com o James... – respondo com um sorrisinho.

Eles quase saem gritando, de tão felizes que ficam por mim. Eu conto TUDO sobre ontem, e eles ficam comentando a cada cinco segundos, e fazendo um trilhão de perguntas. Então, para o nosso azar, o sinal toca bem no meio da nossa conversa, e temos que nos separar.

No recreio eles me encontram na porta da sala de Inglês, e já me bombardeiam com perguntas.

– Um segundo! – quase grito, fazendo os dois olharem para mim. – MINHA vez de fazer perguntas.

– Fala logo, Smile, porque meu cérebro está borbulhando de tanta coisa que eu quero saber. – diz o Dani.

– Deixa ela falar! – pede a Yannskar.

– Obrigada, Yann. – falo. – Vocês sabem o que significa a pessoa ficar te olhando estranho, não sabem?!

– Espera. – fala a Yannskar. – Que tipo de “olhar estranho”?

– Ah, eu não sei explicar direito. – respondo. – É meio que demorado demais, e tipo “carinhoso”.

– Ele tá caidinho por você!!! – o Daniel grita no meu ouvido.

– OK, mas não precisava me deixar surda. – falo rindo.

– Você está feliz com isso!! – diz a Yann.

– Acho que sim... – respondo.

– E eu tenho certeza!! – fala o Daniel.

Então o sinal toca novamente, e seguimos para mais um século de aulas chatas.

Quando o último sinal bate, e logo encontro a Yann e o Dani, e nós nos despedimos, pois os dois tem aulas à tarde, por isso, vão ficar na escola direto. Vou até a minha bicicleta, tiro a corrente, e saio de escola.

Ao parar no sinal, na esquina da minha casa, pego o telefone e vejo que há uma mensagem do James.