Renesmee POV

    Acordei. Hoje era domingo, dia seguinte a festa da Jenn. Comecei a me lembrar de como foi ontem, e caiu a ficha da briga com o Black. Eu realmente não deveria ter exagerado daquele jeito. Eu falei muita coisa que não deveria, e ele só foi gentil comigo e me trouxe pra casa. Vou pedir desculpas a ele. COMO É QUE É? É isso mesmo que você ouviu consciência, eu vou pedir desculpas ao Jacob. Eu fui muito grosseira com ele, então ele merece desculpas. PARECE QUE VOCÊ NÃO SE LEMBRA DO QUE ELE DISSE ONTEM: “... não farei nada a você, mas não espere mais NADA de mim.” Ainda assim eu tenho que tentar. Não era eu que me queixava que ele era muito criança e que eu era superior e mais madura, agora tenho que agir como o tal. VOCÊ NÃO TEM QUE FAZER ISSO... A quer saber? Cala a boca!
    Sai em direção à casa da Jenny. Quando cheguei lá, toquei a campainha e esperei que me atendessem, e adivinhem quem foi. Sim, o Black. Meio sem graça resolvi cumprir logo minha tarefa.
    — Oi...
    — Olá Cullen.
    — Er... Jacob, eu... Eu queria... Eu queria te pedir desculpas! — disse de uma vez.
    — Hm. Ok.
    Bom Renesmee, começou agora termina né?
    — Eu fui muito má e grosseira ontem, e me sinto mal por ter te tratado daquela forma. Desculpa mesmo.
    — Tudo bem Cullen. Não precisa ficar se culpando... — começou a surgir aquele sorrisinho irônico dele — Aliás, quem te viu, quem te vê ein Cullen? Me pedindo desculpas e me chamando de Jacob? Tsc, tsc, tsc, parece que a patricinha também tem um pingo de educação, ou está ficando louca mesmo!
    Comecei a me estressar. Eu vim aqui com a maior boa vontade pedir desculpa a ele e ele zomba de mim. Isso não vai ficar assim.
    — Pois é Black, as pessoas se surpreendem não é mesmo? Aliás, quem deve dizer “quem te viu, quem te vê” aqui sou eu, afinal foi você que veio todo carinhosos pra cima de mim me convidar para um passeio ontem...
    Ele empalideceu, e por um momento achei que seria tão fácil. Tolo engano.
    — Pois é Renesmee, eu realmente te convidei para passear ontem, mas você sabe por quê?
    Momento medo de novo. Aquele sorriso cafajeste que me faz ter medo dele apareceu igual ontem à noite e eu recuei um passo. Ainda com temerosa respondi.
    — Não, Black, não sei.
    — Não sabe é... Pois deixe-me esclarecê-la. Ontem à noite eu até cogitei ser gentil com você e não revidar aquelas provocaçõezinhas, mas você não demonstrava-se receptiva, então eu decidi continuar com aquela farsa e acabar com o seu joguinho. Você sabe como?
    Ok, muito, muito medo.
    — Não, eu não sei.
    Sua expressão mudou e seu tom de voz também ao me responder.   
    — Ações explicam melhor do que palavras Renesmee...
    Ele chegou perto de mim. Eu tremi desde a base. Jacob começou a me puxar para dentro da casa e quando dei por mim já estava no quarto dele. Como eu vim parar aqui? Foi o primeiro pensamento que me ocorreu, mas vi que exatamente como agora eu estava perdida em pensamentos. Jacob veio até mim e colocou as mãos em minha cintura, movendo-as bem devagar numa carícia suave. Eu deveria reagir, e minha cabeça sabia disso, mas eu simplesmente não conseguia me mover, e pior, queria me entregar a aquelas sensações. Black tirou uma de suas mãos de minha cintura e puxou meus braços até estarem envoltos em seu pescoço. Eu olhava em seus olhos. Nossos rostos se aproximavam lentamente — mais lento do que eu gostaria — até que estávamos a 1 cm do beijo. Ele não parecia mais querer me provar nada, e parecia tão entregue quanto eu. Vi a hesitação em seus olhos e ela logo se mostrou clara quando ele perguntou.
    — Você tem certeza disso?
    Com essa pergunta eu despertei do meu transe e percebi a real situação. Ele notou e apertou um pouco minha cintura me fazendo olhar pra ele.
    — Não vou fazer nada que você não queira.
    Nossos lábios se roçaram e eu fechei os olhos. Eu estava bem ali. Me sentia bem. Sentia que ele estava sendo sincero e pela primeira vez ele parecia merecer minha confiança. Decidi relaxar e me entregar, e se algo desse errado eu lidaria depois. Abri meus olhos e sabia que eles expressavam minha resposta, mas ele ainda temeroso me perguntou novamente, fazendo seus lábios tocarem os meus pela segunda vez.
    — Tem certeza Nessie?
    Agora não tinha mais volta.
    — Sim.
    Então ele delicadamente me beijou, e um misto de sensações me invadiu.  Era um beijo calmo e suave, que continha todas as dúvidas descarregadas daquele momento. Aos poucos o beijo foi ficando mais forte — toda a tensão e raiva acumuladas sendo aliviadas — e ele pediu passagem para aprofundar o beijo, a qual eu não cedi fazendo ele se afastar um pouco e me puxar para a cama. Eu me assustei ainda mais e fiquei tensa.
    — Relaxe Ness, sabe não vou fazer nada que você não queira. Confie em mim e curta.
    Ele disse com uma voz suave que me fez crer no que ele dizia. Ele voltou a me beijar, e novamente tentou aprofundar o beijo. Ainda meio insegura mas pensando somente no presente eu cedi, e um prazer incomum me invadiu. O beijo era quente e ao mesmo tempo suave, mostrava toda a fúria e ódio desses anos mas também o recém descoberto carinho e cuidado. Estávamos indo cada vez mais longe e ele começava me deitar na cama quando ouvimos a porta se abrir. Como que num impulso quebrei o beijo e eu me afastei dele de repente. Olhei pra porta e vi Jenny parada com uma expressão perplexa no rosto. Corei furiosamente e me levantei olhando pro chão. De relance vi Jenny — ainda chocada — fechar a porta, comecei a ir embora e quando eu já estava perto de sair sinto uma mão me segurando. Ainda estava roxa de vergonha e tudo que eu queria era ir e esquecer esse assunto, mas pelo que parecia não era assim que ia acontecer. Jacob ainda me segurava e eu pedi sem olhar pra ele.
    — Me solte, por favor. — eu disse numa voz envergonhada, mas firme.
    — Olhe para mim, Ness. — ele disse em um sussurro.
    Não sabia como reagir a isso. Ele provavelmente estava me odiando, e eu estava em conflito. Eu queria fugir mas também queria ficar e tirar satisfações, eu queria bater nele por me beijar mas queria outro beijo, eu sabia que era errado mas naquele momento parecia tão certo, eu queria me enterrar em um buraco e queria encará-lo de frente. Resolvi tomar uma atitude e deixando minha vergonha de lado olhei para ele. Ao contrário do que imaginei, em seu olhar não havia raiva ou desprezo, havia somente compreensão, carinho — coisas que nem em meus mais remotos sonhos ou pesadelos eu imaginei — mas também havia algo como mágoa que eu não soube interpretar.
    Fiquei simplesmente parada, olhando-o. Jacob me soltou e eu abaixei o olhar ainda corada, porém ele levantou meu rosto — com toda delicadeza do mundo — e me fez olhá-lo.
    — O que houve? — Ele disse preocupado.
    Não havia como negar que ele estava se comportando como outra pessoa, e que nós não estávamos parecendo e agindo como nós mesmos, mas ainda éramos a Cullen e o Black, a patricinha e “badboy“.  Tinha que respondê-lo mas a vergonha continuava me dominando até que ele desviou o olhar de mim e disse com mágoa na voz .
    — Está arrependida, não é?
    De imediato me senti mal. Eu não estava arrependida, somente confusa e temerosa, mas não era isso que ele achava, e eu não conseguia expressar o que sentia.
    — Jacob... Não, não é bem isso, é que...
    Suspirei e ele olhou para mim novamente.
    — Diga.  Estou pronto para o que for. — ele disse ainda triste.
    Tinha que tomar uma atitude, afinal ele estava se culpando por nada. BELO SHOW ESSE RENESMEE! AGORA ACABE COM ISSO! Péssima hora consciência. Vai atormentar outra vai...
    — Jacob, eu, eu só queria que soubesse que não é bem o que está pensando. Eu não estou arrependida, pelo contrário, mas isso não é real. Nós somos inimigos desde que eu me entendo por gente, e do nada isso vai mudar? Não é assim! Isso é muito errado Jacob. Eu não estou arrependida, mas não signifique que eu mudei, e muito menos que você mudou. Eu... Eu sinto muito.
    Ele estava magoado, isso era evidente. Eu me sentia mal por isso mas era a verdade, ninguém muda do nada e disso eu tenho certeza. OU NÃO...
    — Tudo bem Nessie, eu já esperava por isso. Mas se quer saber, você pode não ter mudado, o que eu acho que é mentira —ele disse mais baixo — mas eu mudei. Eu acho realmente infantil essa nossa briguinha e acho que podíamos ser amigos e até mais se você quisesse como esse beijo mostrou, mas se você pensa que pra mim ainda é tudo um jogo... Bem, então acho que agora é sua vez de crescer. Eu estou aqui, ok? Se você se cansar dessas briguinhas saiba que o que estou dizendo ainda valerá, mas que minhas palavras podem ser eternas, mas eu não sou.
    A este ponto eu já estava confusa e com inicio de choro. Ele veio até mim e me deu um beijo na testa e saiu do quarto. Alguns minutos depois — eu já tinha me recuperado das lágrimas — Jenny entrou no quarto ainda chocada e me perguntou o que houve.
    — Nada Jenny, apenas me deixe por um momento, está bem?
    Ela assentiu e eu me dirigi à porta, quando sou parada por ela.
    — Sei que deve ser difícil, mas eu ainda sou sua melhor amiga, sim? Quando quiser falar estarei aqui.
    — Ta bem.
    Sai da casa e fui até meu carro. Bati a cabeça no volante, e liguei o carro. Olhei de relance pra casa e vi um rosto numa janela do segundo andar... Ele tinha razão: É minha vez de crescer.


Jacob POV

    Mais uma noite sem dormir não tinha me feito bem. Fiquei pensando em tudo que tinha acontecido e me condenando por ter demonstrado o queria de verdade. AH É JAC... Para! Não to com saco pra você! Tinha decidido acabar com aquele joguinho de provocações, afinal por mais que tenha sido divertido não era certo brincar com alguém assim, e o que tinha “armado” passava do limite e isso me acordou. Preso em minhas divagações fui tomar café e encontrei Jenny.
    — Bom dia maninho!
    — Oi Jenny.
    Ela de imediato viu que havia algo errado.
    — O que houve?
    — Nada, Jenn, nada. Apenas alguns problemas meus.
    — Posso ajudar em algo?
    — Não.
    Tomo meu café em silêncio, até que Jenny se pronuncia.
    — Bom Jake, tenho que estudar algumas matérias de inglês e depois vou à piscina. Qualquer coisa me chame.
    — OK.
    Jenny foi para o quarto dela e eu fiquei lá. Ouvi a campainha tocar e fui atender, e para minha surpresa não é ninguém mais ninguém menos que a princesinha dos Cullen. Ela parecia não saber exatamente o que falar e estava envergonhada, mas depois de um tempo pareceu se decidir.
    — Oi...
    — Olá Cullen.
    Eu mantive o tom frio. Ainda estava magoado com ela, e tinha que continuar com o que comecei.
    — Er... Jacob, eu... Eu queria... Eu queria te pedir desculpas!
    Me surpreendi. Ela não era do tipo que costumava pedir desculpas, ainda mais pra mim. Isso me desarmou um pouco, mas continuei e fingi não ligar muito.
    — Hm. Ok.
    — Eu fui muito má e grosseira ontem, e me sinto mal por ter te tratado daquela forma. Desculpa mesmo.
    Fiquei chocado com a reação dela, mas era tarde demais para mudar o que estava em minha mente, até que ocorreu um jeito de mostrar o que estava sentindo mas sem me comprometer...   
    — Tudo bem Cullen. Não precisa ficar se culpando... — sorri irônico  — Aliás, quem te viu, quem te vê ein Cullen? Me pedindo desculpas e me chamando de Jacob? Tsc, tsc, tsc, parece que a patricinha também tem um pingo de educação, ou está ficando louca mesmo!
    Eu exagerei.  Havia provocado demais, mas tinha que fazer alguma coisa.
    — Pois é Black, as pessoas se surpreendem não é mesmo? Aliás, quem deve dizer “quem te viu, quem te vê” aqui sou eu, afinal foi você que veio todo carinhosos pra cima de mim me convidar para um passeio ontem...
    Não imaginei que ela reagiria assim, e me surpreendi. Consegui  racionar rápido e arranjei um jeito de continuar a farsa, e assim respondi a ela.
     — Pois é Renesmee, eu realmente te convidei para passear ontem, mas você sabe por quê?
    Sorri malandro pra ela, e vi que ela ficou preocupada e com medo do que eu iria fazer e deu um passo pra trás. Mal sabia ela como eu planejava que isso acabasse... VOCÊ VAI ACABAR SE DANDO MAL... Calado! Ela me respondeu tentando manter a pose.
    — Não, Black, não sei.
    Continuei sorrindo satisfeito, estava tudo correndo bem.
    — Não sabe é... Pois deixe-me esclarecê-la. Ontem à noite eu até cogitei ser gentil com você e não revidar aquelas provocaçõezinhas, mas você não demonstrava-se receptiva, então eu decidi continuar com aquela farsa e acabar com o seu joguinho. Você sabe como?
    Vi ela fraquejar diante do que eu disse. Estava chegando a hora da verdade...
    — Não, eu não sei.
    Ela estava assustada, realmente não confiava nada em mim. Havia chegado a hora de falarmos a verdade. Minha expressão mudou daquele sorriso sacana para algo calmo e paciente, e eu falei no tom mais suave que consegui.
    — Ações explicam melhor do que palavras Renesmee...
    Ela parecia não raciocinar sobre o que eu disse. Seria complicado continuar com o “plano” fora de casa então a puxei para dentro e fui guiando-a para o meu quarto. Chegamos lá e a deixei perto da janela e fui fechar a porta. Voltei e coloquei minhas mãos em sua cintura, tentado deixá-la relaxada — sem muito sucesso, ela continuava tensa e parecia paralisada. Continuei olhando-a nos olhos e coloquei as mãos delas enlaçadas em meu pescoço e fui me aproximando bem lentamente para não assustá-la. O momento parecia não passar mas muita coisa passava pela minha cabeça. Estava com muitas duvidas... Sabia que não devia estar fazendo isso com ela, mas eu também não entendia o que estava acontecendo comigo e eu estava apenas seguindo meu coração, seguindo o que eu queria, mas ao mesmo tempo desejava que ela também quisesse, e que não tivesse que “armar” isso para conquistá-la.     Estávamos quase nos beijando — o mínimo movimento e nossos lábios se tocariam — mas as duvidas me fizeram hesitar. Eu tinha que ter certeza que ela também queira aquele beijo.
    — Você tem certeza disso?
    Eu perguntei, e sabia que apesar de estar fazendo papel de bobo era o certo a fazer, eu não queria forçá-la a nada.
    Com minha pergunta ela pareceu acordar pra situação, mas eu não queria perde-la e instintivamente enlacei sua cintura com um pouco mais de força e ela olhou pra mim. Eu queria a confiança dela, mesmo que pra isso não a beijasse agora então disse.
    — Não vou fazer nada que você não queira.
    Mas ao falar isso nosso lábios se roçaram e ela fechou os olhos e parecia refletir sobre tudo o que estava acontecendo. Depois de alguns instantes ela abriu os olhos e parecia certa do que fazer. Eu ainda inseguro perguntei novamente fazendo nossos lábios se encostarem novamente.
    — Tem certeza Nessie?
    — Sim.
    Ela disse decidida e era tudo o que eu precisava.
    A beijei delicadamente fazendo-a aproveitar o momento e mostrando que eu queria aquele beijo mas que também queria que ela estivesse bem. Eu ainda estava muito confuso e sentia isso nela também, mas tínhamos que continuar. Aos poucos o beijo foi ficando mais intenso demonstrando tudo o que passamos esses anos todos; todas as provocações mutuas e todo o ódio mantido. Eu tentei aprofundar o beijo e ela negou me surpreendendo mais uma vez. Me afastei um pouco dela quebrando o beijo e a puxei pra cama fazendo-a sentar-se, e ela ficou tensa, dura. Ainda não confiava em mim, e eu precisava mudar isso, então disse a verdade tentando acalmá-la.
    — Relaxe Ness, sabe não vou fazer nada que você não queira. Confie em mim e curta.
    Ela pareceu finalmente se entregar e eu voltei a beijá-la. Tentei novamente aprofundar o beijo e ela ainda meio receosa permitiu. Novas sensações se apossaram de mim. Ela havia finalmente permitido-se aproveitar o beijo e eu resolvi continuar — mesmo sabendo que não aconteceria nada mais — e comecei a deitá-la, quando ouvimos a porta abrir e uma Jenny chocada olhar para nós. Renesmee quebrou o beijo e se afastou extremamente corada. Lene, que não era burra nem nada, logo entendeu tudo o que estava acontecendo — desde o porque da minha tristeza ontem até agora — e fechou a porta me deixando a sós com a Renesmee. Ficou um silêncio incomodo e eu vi que a Nessie estava indo embora e a segurei. Ela não me olhava, apenas olhava pro chão e tentava se soltar e meu primeiro pensamento foi que ela estava arrependida, ou que havia acontecido algo.
    — Me solte, por favor. — ela me encabulada com a situação.
    — Olhe para mim, Ness. — eu pedi num sussurro, mas tenho certeza que ela me ouviu.
    Ela pareceu tomar coragem para fazer isso, e alguns momentos depois me olhou, e pareceu surpresa com o que viu, e ficou me olhando. Eu a soltei para deixá-la menos constrangida porém teve o efeito contrário, ela recolheu seu braço e abaixou os olhos corada. Coloquei minhas mãos em seu rosto e fiz ela me olhar.
    — O que houve? — Perguntei verdadeiramente preocupado.
     Ela não me respondeu e vi que estava em conflito novamente, quando meu primeiro pensamento voltou a minha cabeça me deixando angustiado e me fazendo desviar meu olhar e me distanciar um pouco. Eu tinha que tirar aquilo de minha cabeça, por isso perguntei.
    — Está arrependida, não é?
    Ela nem confirmou, nem negou. Ainda estava muito corada, tímida — o que me surpreendeu pois ela nunca demonstrou ser assim, frágil. Ela começou a falar mas estava muito hesitante novamente.
     — Jacob... Não, não é bem isso, é que...
    Ela suspirou e eu não me contive e olhei pra ela.
    — Diga.  Estou pronto para o que for. — eu disse.
    Não era bem a verdade, porque mesmo depois de anos de provocações e brigas eu já estava “acostumado” — se é que se podia acostumar com isso — mas o problema é que dessa vez eu sairia verdadeiramente machucado.
    Ela se sentiu culpada pelo que estava fazendo comigo e resolveu tentar se explicar.
    — Jacob, eu, eu só queria que soubesse que não é bem o que está pensando. Eu não estou arrependida, pelo contrário, mas isso não é real. Nós somos inimigos desde que eu me entendo por gente, e do nada isso vai mudar? Não é assim! Isso é muito errado Jacob. Eu não estou arrependida, mas não signifique que eu mudei, e muito menos que você mudou. Eu... Eu sinto muito.
    Foi como um choque. Eu ainda estava confuso sobre o que sentia mas ainda assim doeu muito. Resolvi não pressioná-la mais hoje e tentar compreende-la, mas ao mesmo tempo fazê-la refletir sobre tudo o que está acontecendo .
    — Tudo bem Nessie, eu já esperava por isso. Mas se quer saber, você pode não ter mudado, o que eu acho que é mentira —eu disse mais baixo — mas eu mudei. Eu acho realmente infantil essa nossa briguinha e acho que podíamos ser amigos e até mais se você quisesse como esse beijo mostrou, mas se você pensa que pra mim ainda é tudo um jogo... Bem, então acho que agora é sua vez de crescer. Eu estou aqui, ok? Se você se cansar dessas briguinhas saiba que o que estou dizendo ainda valerá, mas que minhas palavras podem ser eternas, mas eu não sou.
    Fui até ela — que já estava com os olhos marejados — ,dei um beijo em sua testa e sai do quarto deixando-a com seus pensamentos.
    Passo no quarto da Jenn e vejo-a sentada em sua cama me esperando com uma expressão compreensiva. Me sentei ao lado dela e ela começou.
    — Não precisa dizer nada. Eu já entendi maninho. Como você está?
    Essa era minha irmã, brigava comigo até, mas quando eu precisava estava aqui.
    — É complicado Jenny, eu estou confuso e sei que ela também está e...
    — Não se preocupe Jacob, logo isso se resolve. E pode deixar que eu vou falar com ela e colocar um pouco de juízo naquela cabeça dura da minha amiga.
    — Jennifer! Sabe que não pode fazer isso!
    — Relaxa Jake! Eu sei o que eu faço ok?
    E com essa frase ela se levantou e foi até o meu quarto, e eu fiquei ali pensando em tudo. Ouvi a porta de casa se fechar e fui até a janela do meu quarto. Vi Nessie indo embora em seu carro e sei que ela me viu. Agora era esperar pra ver o que vai dar...