é Possível Um Amor Recomeçar? escrita por Trezee


Capítulo 1
Brevidade


Notas iniciais do capítulo

Bem, este é o primeiro capítulo de um romance que espero ficar bom --'

Apreciem



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As folhas molhadas de orvalho pingavam gotas miúdas na janela do meu quarto. O Sol já cortava a persiana um pouco aberta fazendo meus olhos se espremerem rejeitando a idéia que já era de manhã. E eu definitivamente não queria acordar.

Meu corpo doía, latejava. Era como se fios de cobre estivessem pregados sob minha pele, teimando para que os membros ficassem ora parados ora se movimentando freneticamente. Era como se pequenos choques fizessem a marionete estirada na cama – que era eu – dar pulinhos sobre o colchão. Isto já estava me aborrecendo.

Tentei relutar um pouco contra a situação, mas era quase como se eu teimasse com o improvável. Levantei da cama ainda com os estranhos espasmos, porém consegui ser forte para pelo menos ordenar um pé depois do outro até o banheiro.

Nossa, como era difícil fazer essa pequena façanha!

Consegui me arrastar com um grande custo até a pia do banheiro onde reparei que meu cabelo estava tudo emaranhado, ainda com os vestígios do coque que o suportou por todo o dia anterior. Minha pele rosada estava pálida e as olheiras bem acentuadas de baixo dos meus olhos inchados estavam ornando perfeitamente com o castanho do meu cabelo, que ainda estava apagado. Se eu não soubesse que estava parada ali, bem a frente daquele espelho, acharia que alguém estaria pregando uma boa peça em mim, colando um novo cartaz da “volta dos mortos vivos – parte II” no espelho do meu banheiro. Era realmente uma Sakura deplorável que estava ali.

Não dormi nada durante a noite. Minha super vontade de acordar e encarar o primeiro dia de aula do meu último ano de colégio, se traduzia nas belas bordas roxas abaixo dos meus olhos.

Rolei tanto durante a noite, sozinha, sem perspectiva do novo. Isso me incomodou profundamente. Era extremamente incomodo não ter em que pensar, em quem buscar.

Não, pois para mim, o primeiro dia de aula sempre foi minha maior expectativa. Eu e a Tomoyo sempre fomos para a escola, durante o ginásio e agora no colégio, tentando adivinhar o que de bom este novo ano nos traria. Esta boa perspectiva se deu muito bem até o final do ginásio, mas durante o colégio...

E não há nada mais desanimador do que saber que tudo irá acabar. Minha rotina de toda manhã, patinar até a escola se findará. Meus amigos rotineiros não serão mais os mesmos. Irei eu para uma universidade? Por que cresci tão rápido? A juventude efêmera é justa para alguém? Ficar sozinha é justo para mim?

Queria muito saber.

Mas obviamente nem eu e nem mais ninguém seremos dignos de adivinhar o que é justo ou não. Desculpa aí se você for vidente, mas como eu não sou, bem, quem representa a maioria aqui é quem manda!

Eu não queria mesmo ir pra escola. Acho que o maior vilão disto foi o sono que me consumia aos pouquinhos. Eu estava certa que eu dormiria na primeira aula, ainda mais se fosse de Física. Materinha insuportável esta que me perseguia todas as manhãs. Era um carma para mim.

Mas enfim. Não haveria escapatória. Logo Tomoyo já estaria batendo na porta e eu ainda estava em módulo zumbi. Busquei toda a minha fútil agilidade matinal para me trocar o mais rápido o possível – okay, como se isso fosse me ajudar – mas, por incrível, e incrível mesmo que pareça, consegui ficar pronta bem a tempo de avistar o pontinho preto dos cabelos da Tomo brilhando na varanda.

- Olá Sakura! – disse-me com sua voz doce de sempre, enquanto a desajeitada aqui, tropeçava entre os pés para colocar o patins.

- Estou pronta! – exclamei me colocando ao seu lado.

- Estou feliz agora que estamos indo para escola. – ela me olho com um sorriso. – Não é maravilhoso estarmos no último ano?

Eu odiava quebrar a felicidade da Tomoyo. Então, apenas grunhi um som dúbio.

- Você não está feliz, não é Sakura... – murmurou entre os dentes e eu me senti profundamente culpada. – Sua tristeza também me deixa angustiada...

- Não! Não diga isso Tomoyo! Não quero que você deixe de ficar feliz só porque eu coloco nóias bobas na minha cabeça! – sacudi minha cabeça o máximo que consegui. – Aiaiai, por favor, Tomoyo!

- Então tente me explicar.

Dei um bom suspiro e fitei o chão.

- Acho que estou entediada com o tempo... Não, não, não! Melhor, acho que o tempo ocioso me deixa entediada. Principalmente agora que me dei conta que crescemos tão rápido e não fiz nada que eu realmente lembre e pense “puxa, não acredito que fiz isso!”. – tentei ser clara, mas fiquei com medo de ter me expressado mal, então retomei. – Quero dizer. Poxa, temos 17 anos. Com essa idade já era para eu ter feito algo que eu olhasse para trás e ficasse remoendo todas as possibilidades de um dia ter feito aquilo. Mas não um ‘aquilo’ ruim, mas sim um aquilo legal, entende?

Ele demorou um pouco para responder e eu temi sua falta de compreensão.

- Me deixa ver se entendi. Você queria ter feito algo inusitado, como a maiorias das pessoas já fizeram, algo que você nem acredite que tenha feito, mas cujas lembranças trazem satisfação e alegria por não ter desistido na época?

Nossa, acho que Tomoyo e eu usamos de telepatia. Não é possível. Ela leu meus pensamentos.

Depois de alguns segundos boquiaberta, voltei para a realidade.

- Isso,isso, isso! Eu me referi a isso e mais um pouco. Quero dizer, além dessa minha pequena frustração, tem o fato de faltar novidades na minha vida. Poxa, a coisa mais inusitada que me aconteceu foi sobrenatural e muito provavelmente não acontecerá de novo, já a outra me deixou.

Nem ela nem eu tecemos mais comentários depois desta minha última fala. Talvez porque não havia mais no que se falar. A essa altura já estávamos no portão da escola e muitas pessoas nos rondariam para nos cumprimentar.

É duro dizer, mas eu não estava no meu melhor dia de bom humor. Logo eu que sou dada com todos. Aquela rotina de boas vindas estava se tornando maçante e eu estava quase implorando pelo sinal de entrada.

Finalmente eu havia conseguido me refugiar das boas vindas em um corredor um pouco isolado, enquanto Tomoyo ficara na sala falando por nós duas. Sentei-me em um banco e passei a fitar o relógio. Não era possível que aqueles fossem os quinze minutos mais duradouros da minha vida. Uau, que momento mega importante para adotar esta frase. Isso só me angustiou mais ainda.

Não contive meus pés e fiquei de pé, inquieta. Foi quando uma mão repouso sobre meu ombro.

Eu poderia ter pensado em tudo naquele momento, menos no simples fato de me virar e olhar quem era. Senti a leveza dos dedos que me tocavam e senti também um perfume suave no ar. Era meio amadeirado, masculino provavelmente.

- Sakura? – ouvi então a voz que jamais pensaria ter ouvido, talvez eu já tivera sonhado muito com ela, mas era apenas um talvez. Talvez nem fosse a voz que eu subitamente imaginei que fosse, mas repito, isto é apenas um talvez. E ahh... eu precisava ter certeza.

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Notas finais do capítulo

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