E se... escrita por Virgo


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Por incrível que pareça, o sexo do bebê foi escolhido por meio de duas borrachas :P
E quantidade de filhos por uma palavra, ou melhor, uma armadura - que também definiu, de certa forma, o nome deles ;) Quero ver quem descobre kkkkk
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/612490/chapter/14

A mistura de sentimentos estava levando as pessoas à loucura, quando não à inconsciência.

O desespero e medo reinavam soberanos sobre os guerreiros do Santuário. A flecha estava quase transpassando o peito de Athena por completo, o relógio estava prestes a se apagar e a vitória do dourado corrompido parecia algo certo.

¬ Por Athena!— era a primeira vez que ajudava num parto. – Esmeralda, quando eu disser “força” é pra empurrar, está bem?

Acenou o mais rápido que podia, segurava a mão do pequeno lemuriano com mais força ainda. Se tivesse como as coisas piorarem, aquela era a hora. O mais velho então mirou o relógio em desespero.

¬ A CHAMA SE APAGOU!!— o horror tomou conta de todos.

¬ Uhhhhhh...— segurou o ventre e se encolheu de dor.

¬ Força, Esmeralda!— voltou-se para a virginiana quase chorando.

Seu urro veio acompanhado por uma luz muito forte. A luz era parecida com a luz do sol, quente e acolhedora, capaz de fazer qualquer mal desaparecer. Ouviu o barulho de algo sendo fincando enquanto a luz diminuía aos poucos.

¬ A-A-A-A-A flecha de ouro...!— alguém gritou de longe.

O ariano se atentou ao que estava acontecendo, esquecendo-se quase que completamente do que estava fazendo até então. Não conseguia ver o que estava acontecendo de onde estava e isso estava deixando-o louco. A mais nova olhou para cima, vendo uma massa negra se desfazer no céu noturno.

Tocou o braço do mais velho e se encolheu de dor, fazendo força com a nova pressão que sentiu. O toque atraio o olhar do mais velho, ele estava chorando de desespero.

¬ Vai...— disse gemendo de dor. – Eu já sei o que fazer... URGH!! Kiki vai me ajudar, não se preocupe...

Por alguns instantes o mais velho pareceu hesitar, mas por sim acabou indo para junto dos demais. Logo, o pequeno assumiu seu lugar e estava mais do que apavorado.

¬ Eu não sei o que fazer...— agora era o menino quem quase chorava.

¬ Calma...— segurou a mão do menino com mais força ainda quando teve que empurrar. – URGH!! Só apanhe o bebê quando ele estiver pra nascer... E segure minha mão... URGH!!

Agora que pode se juntar aos demais, o dourado pode ver o que afinal estava acontecendo. Um sorriso tomou seus lábios e as lágrimas que escorriam, e que ele insistia em limpar, agora eram de alegria e alivio.

Athena estava desperta e levantava com a ajuda de um dos Cavaleiros de Bronze, que chorava como uma criança. Ela apenas lhe sorriu, fez um carinho em seu rosto e beijou sua testa, uma forma de agradecer por seu zelo e lealdade.

¬ VIVA!!— urrou alguém na multidão. – ATHENA RESSUSCITOU!!

¬ COM ISSO TODO MAL DEIXOU O SANTUÁRIO!!— bradou outra pessoa.

¬ VIVA!! VIVA!!— dessa vez até o lemuriano tinha se juntado ao coro.

A virginiana apenas assistia os acontecimentos de longe, no momento não podia e nem queria se aproximar. Era incrível o tanto de pessoas que sorriam frente a jovem deusa, que agora tinha uma pequena lacrima pulsando em seu pescoço.

¬ Ent-Então o ferimento sumiu mesmo?— perguntou o homem careca de armadura estranha e espada de madeira.

¬ Hai. Parece mentira, mas não restou nem mesmo uma cicatriz.— sorriu gentil ao olhar rapidamente ao redor, se curvando levemente. – Desculpe por preocupar todos vocês. Foi irresponsável da minha parte ter vindo sem pensar nas consequências, mas eu me preocupava e não conseguiria mandar nenhuma outra pessoa confrontar o Cavaleiro de Gêmeos em meu lugar. Perdão. Segui meu impulsos e não minha razão.

Os demais dourados, antes em suas Casas, agora se juntaram ao lemuriano e ajoelharam-se frente sua deusa. Todos segurando seus elmos com a mão direita e com a mão esquerda levantada, pedindo perdão pelo crime de não tê-la reconhecido antes e poupado todos da dor.

¬ Lady Athena...— começou o lemuriano. – Apenas nós, dentre todos os Cavaleiros de Ouro, sobrevivemos a esta batalha. Mas todos nós a reconhecemos como a verdadeira deusa Athena.— ergueu seu rosto para que a deusa pudesse ver. – Mu de Áries.

¬ Aiolia de Leão.— disse o homem ao seu lado, também erguendo a cabeça.

¬ Shaka de Virgem.— não chegou a abrir os olhos.

¬ Milo de Escorpião.— permitiu-se um pequeno sorriso.

¬ Aldebaran de Touro.— bateu a mão no peito após ter sido tocada pela deusa. – Juramos lealdade à ti, Pallas Athena.

¬ Assim como o Cavaleiro de Libra, o Mestre Ancião dos Cinco Picos Antigos, e todos os demais Cavaleiros de Prata e Cavaleiros de Bronze.— disseram todos juntos, batendo as mãos no peito em saudação e se ajoelhando.

PALLAS ATHENA!! LUTAREMOS AO SEU LADO PARA PROTEGER A PAZ E A JUSTIÇA NA TERRA!!

A jovem deusa então olhou preocupada na direção das escadarias, tinha algo ali que a perturbava e tal fato não passava despercebido. Ainda mais quando ela caminhou poucos e cambaleantes passos naquela direção.

¬ O que foi Saori-san?— disse o homem careca. – Alguma coisa a preocupa?

Foi então que ela ergueu um pouco seu vestido, o amarrando de forma que os calcanhares ficassem bem a vista, e saio em disparada na direção das escadas, tirando os sapatos no processo. Suas passadas eram largas, conseguindo pular até mesmo três degraus. Ela estava desesperada e em sua subida chegou a tropeçar, mas sem parar de correr.

¬ Ah... Saori-san!— o careca tentava alcançá-la sem sucesso. – Aonde vai?

¬ Deixe-a ir.— quem o parou foi o virginiano. – Existem desafios muito maiores a aguardando. Deixe-a ser uma garota normal ao menos agora.

O homem teimou um pouco, mas depois de um tempo e frente à persistência do dourado, ele acabou cedendo e voltando para os pés da escadaria.

Por outro lado, as coisas ainda estavam difíceis se tratando da virginiana, que agora via o lemuriano mais velho voltar correndo para junto de si. Mas apesar de estar ali para prestar ajudar, esta já não era mais tão necessária, afinal, para o desespero e alegria de seu aprendiz, o bebê não quis demorar muito para nascer.

Podia-se notar que o menino estava apavorado com a situação e queria desesperadamente que aquilo terminasse logo. Então assim que apanhou a criança ensanguentada e de gritos altos, correu para o lado da virginiana a fim de entregar o recém-nascido e sair correndo o mais rápido que podia.

¬ Aqui.— estendeu o bebê com todo o cuidado apesar do desespero. – Pega.

Assim que ela o apanhou, o menino saiu, de fato, correndo. Não o culpava, era coisa demais para uma criança, na verdade, lhe pediria desculpas mais tarde. Sorriu para o menino apressado, tinha um coração de ouro, certamente voltaria para ver o bebê, mas ficaria bastante encabulado por um bom tempo.

¬ Vejo que minha ajuda já não é mais necessária.— disse o lermuriano mais velho, cobrindo-a com sua capa. – Perdoe-me por deixá-la em momento tão sublime e, ao mesmo tempo, apavorante.

¬ Não. Tudo bem.— sorriu olhando para o pequeno ser em seus braços. – O importante é que nasceu e nasceu saudável. Pulmões fortes e corpo perfeito.

Seu bebê era a coisa mais linda do mundo em sua opinião. Tinha fios curtinhos e ralos do que um dia seria um cabelo volumoso e negro. A pele macia era de um moreno bem claro, ao menos na primeira vista, pois ainda estava sujo de sangue. Gordinho com cílios compridos, bochechas cheias e rosadas, lábios finos em tom carmesim e íris que transitavam entre o verde e castanho.

O bebê olhava curioso para todos os lados enquanto segurava uma mecha loira. Teve um momento que chegou o fazer careta para o lemuriano, o que tirou risos do mesmo e de sua mãe. Depois de um tempo começou a procurar o que comer, sendo atendido quase que instantaneamente em seu desejo. A virginiana não conseguia parar de sorrir enquanto o assistia mamar escondido no pano que lhe envolvia.

¬ Alias.— o virginiano também tinha se aproximado, com ar de curiosidade, para ver o pequeno no colo da mãe. – É um jovem Cavaleiro ou uma pequena Amazona?

¬ Curioso que só você.— riu o outro dourado. – Não é mesmo, Shaka?

¬ Parece que sou humano afinal.— respondeu dando pouca importância ao fato. – E então? Por favor, eu lhe peço que sane está minha curiosidade. Afinal, desde que passou a noite em minha morada e passou o dia comigo, conversando em dados momentos, tenho esta curiosidade.

Sorriu gentil para o mais velho. Lembrava bem que ele esteve bastante preocupado consigo aquele dia e que vivia a perguntar como era ser mãe, como era ter um bebê para cuidar e amar. Era bastante curioso quanto à vida em família.

Descobriu seu bebê com cuidado para não atrapalhá-lo enquanto comia. Também não estava sabendo se era menino ou menina, o pequeno ariano já o entregara embrulhadinho e também não falara nada quanto ao sexo da criança. Soltou uma risada e deixou o embrulho como estava antes, não queria que pegasse friagem.

¬ Amazona.— respondeu vendo-a parar de mamar. – Minha pequena princesa guerreira.— cobriu-se e beijou sua pequena antes de deixá-la repousar em paz.

Os mais velhos sorriram entre si e para elas. Não era sempre que o Santuário era agraciado com a chegada de uma nova vida, de uma nova estrela.

¬ Escute bem pequena.— disse o virginiano fazendo um pequeno e tímido carinho. – Quando olhar para o céu em que as estrelas resplandecem, tenha a noção de que cada uma tem sua luz própria, assim como as pessoas do mundo. Você é uma pequena estrela e tem o potencial de bilhar tanto ou até mais que uma Gigante Vermelha. Então lute, se esforce, faça um desejo ou uma promessa para uma estrela cadente se for ajudar, mas não se esqueça de fazer dos seus desejos e sonhos uma realidade.

¬ E ainda tem a benção dos deuses para ajudá-la em tua jornada.— disse o lemuriano com um sorriso.

¬ Escutou direitinho, meu amor?— disse a virginiana estalando mais um beijo na cabeça de sua pequena.

Os mais velhos ainda sorriam bobos por conta da menina, mas uma hora tinham de voltar a realidade, afinal aquele não era lugar de mãe e filha ficarem. Por isso, logo trataram de tirá-las dali. O virginiano foi quem acabou por pegá-las no colo e a andar na direção da Ágora, que seria uma espécie de praça central onde ficava muitas das construções principais de toda cidade grega, tal como o Senado, a escola, o quartel e o hospital.

¬ Vamos levá-las para o hospital.— disse o lemuriano ao seu lado. – Precisam descansar e de um lugar seguro onde tenham pessoas que saibam lidar com o momento melhor do que nós dois.

¬ Mas...!— olhou para a escadaria, o leonino ainda estava lá.

¬ Calma.— disse o mais velho. – Ele virá.

Passou dias sob os cuidados de médicos e mimos dos dourados da Primeira e Sexta Casa, assim como do pequeno lemuriano, que de fato ficou encabulado, mas veio visitar-lhes mesmo assim. Até mesmo a própria deusa veio lhe ver.

¬ Soube que viera de longe e me ajudou trazendo consigo tão famosa relíquia lemuriana, a Lacrima da Rainha.— a deusa mostrou a joia que ainda estava em seu pescoço. – Sou-lhe eternamente grata e gostaria de devolver magnifica pedra à verdadeira dona, mesmo que meus Cavaleiros insistam que ela deve ficar comigo.

¬ Não se incomode.— respondeu sorrindo. – Nunca me importei de ficar com ou sem ela mesmo. Se os Cavaleiros dizem que a Senhora deve ficar com ela, então seria uma imensa alegria para mim se assim o fizer.

¬ É uma pessoa bastante valiosa, Esmeralda.— disse a deusa com um sorriso. – Nunca poderei pagar minha divida, ainda mais por saber que um dos Cavaleiros que se arriscou para me salvar é teu marido e pai de tua menina. Oferecer meu apoio incondicional e proteção é o melhor que posso fazer por hora, mas, independente do que for, saiba que irei ajudar sempre que pedir.

¬ Agradeço muito Senhora. Mas quem sempre irá atender seu chamado somos nós da ilha.— gesticulou de forma a abranger o todo. – Vê-la bem e saber que o mundo continua um lugar bom e seguro o bastante para minha filha, já é recompensa o bastante para minha família.

¬ Ah...— acabou por sorrir. – Tudo bem. Porém, mantenho minha palavra de que basta pedir.

¬ Na verdade...— corou um pouco. – Adoraria que Ikki estivesse aqui. Sei que os rapazes estão bem e estão sendo tratados num quarto não muito distante do meu, onde não posso entrar também, mas até agora não tenho nenhuma noticia dele e isso tem me deixado aflita.

A deusa lhe sorriu gentil e fez um pequeno carinho em sua filha.

¬ Prometo que vou trazê-lo.— respondeu ainda sorrindo.

Depois de três dias, os Cavaleiros do Apocalipse também apareceram.

A principio suas aparições causaram tamanho rebuliço que se pensou que o Santuário estava sendo invadido. Mas essa ideia logo se tornou bobagem assim que eles a encontraram no hospital, o turco chegou a chorar de alivio e alegria por vê-la bem e com seu bebê. Depois disso, os quatro praticamente não saíram de seu lado.

¬ Está chorando, Darin?— provocou Pégasus Negro.

¬ Não enche o saco, Yusuf!— bradou Cisne Negro também se apressando para secar uma lágrima. – Estamos tão felizes de vê-la bem!

¬ Nunca mais suma!— repreendeu Dragão Negro. – Nunca ficamos tão desesperados e perdidos em nossas vidas!— baixou o rosto para esconder as lágrimas teimosas, eram todos homens orgulhosos afinal.

¬ Sorte que os espiões viram-na aqui, do contrario teríamos enlouquecido atrás da senhora...— disse Andrômeda Negro tentando segurar um soluço.

¬ Owwnnn...— podiam ter feito mil coisas erradas em suas vidas, mas aqueles homens também eram sua família no final das contas. – Vou acabar chorando também nesse ritmo. E desculpe deixá-los tão preocupados, sabem que eu não aguentaria ficar simplesmente parada.

¬ Você é hiperativa por um acaso?!— rebateu o egípcio.

¬ Desculpe, de verdade.— sorriu com lágrimas no canto dos olhos. – Agora, não querem conhecer minha filhinha?

¬ Eu quero...— respondeu o polonês com a voz meio amuada ainda.

Levou-se mais uns dias e finalmente pode sair do hospital, se instalando temporariamente na Casa de Virgem, enquanto os Cavaleiros Negros voltavam para ilha, não podiam se ausentar por tanto tempo. Até aquele dia, a deusa não voltou a aparecer e continuava sem noticias do moreno, apesar de receber muitas noticias sobre os irmãos deste.

Estava arrumando algumas flores num vaso por pedido do dono da Casa, que no momento estava meditando no salão principal. Sua filha estava dormindo num cestinho, que lhe servia de cama a maior parte do tempo, e aquele parecia mais um dia quente da Grécia. Isso era o que pensava quando deixou o vaso se estilhaçar no chão.

¬ Ikki! O que...?!

Se pudesse descrever o leonino com uma palavra, seria: remendado. Nunca antes tinha visto ou imaginado tantos curativos e talas numa pessoa só. Nunca antes tinha visto alguém carregar uma bolsa de soro e outra de sangue por necessidade. Nunca antes vira alguém tão frágil e debilitado. E nunca antes pensou que veria o amado ser empurrado em uma cadeira de rodas.

¬ Sumimassen...— sua voz estava rouca pelo desuso.

Sua vista se tornou embaçada. Agora o abraçava com todo o cuidado e carinho do mundo, deixando sua dor e raiva por vê-lo em tal estado se esvair em lágrimas. Ouvia ao longe os cacos do vaso serem recolhidos por seu dono e a voz do leonino dizendo algo para acalmá-la enquanto tentava manter um pequeno carinho em suas costas.

Começou a ouvir um choramingo e se afastou. O moreno estava curioso pelo que pode reparar, esticando o pescoço como podia para ver o interior do cesto. Pegou sua pequena e levou-a até o pai, arrumando seus braços e depositando-a neles com todo amor possível.

¬ Diz “Oi” pro papai, filha.— disse com um sorriso ainda choroso.

O leonino mal podia conter as lágrimas quando teve a filha pousada em seu colo. Roubou um beijo de seu amado anjo e voltou a atenção para a filha, que lhe mirava curiosa, apesar do bico irritado que sustentava. Ela era perfeita e não podia se imaginar mais feliz, apesar de tão ferido e dolorido.

¬ É uma menina linda.— disse a deusa ao se aproximar, foi ela quem acelerara seu regresso e o ajudou a chegar ali. – Tem muito que se orgulhar, Fênix.

¬ Arigato, Lady Athena.— respondeu sorrindo.

Aquela batalha tinha lhe custado bastante, sabia e sentia tal fato. Mas estando ali, naquele momento constituído de pequenas maravilhas, ouvindo a voz do coração e sabendo que mundos podiam se esvair, sabia que aquele breve momento ficaria e tudo o que tinha errado seria levado pelas águas, apenas sentiu que estava em seu verdadeiro lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora descansar um tequinho e continuar com as correções.
Espero que tenham gostado ;)

Bjs. L :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E se..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.