Encare-me escrita por Lena V


Capítulo 4
4- Apenas trapaça


Notas iniciais do capítulo

Eu particularmente, odeio ouvir a frase "Precisamos conversar" como vocês reagem a essa frase?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/612434/chapter/4

Nunca é bom ouvir um “Precisamos conversar”. Não importa de quem seja, “Precisamos conversar” significa que você fez merda. E eu realmente tinha feito. O que me deu na cabeça para beija- lá? Como eu pude ser tão idiota? Como poderei olhar em seus olhos agora? Como ela ira me tratar após essa minha idiotice? Poderia me desculpar? O que essas desculpas resolveriam? Elas não iriam corrigir o meu impulso e certamente não fariam nos esquecermos do ocorrido.

Na verdade eu não sei se gostaria de esquecer. Mas eu sei que não gostaria nada de perder a amizade de Roberta. Era melhor tê-la perto mesmo que como uma amiga do que não tê-la de jeito algum.

Perdi as contas de quantas vezes reli essa mensagem, imaginando mil e uma coisas que ela me falaria amanhã. Estou torcendo, implorando para que ela não se distancie de mim. Não queria perde-la.

E com esse pensamento dormi, com os olhos marejados, o celular ao lado e um gosto de satisfação ao mesmo tempo de arrependimento, ainda não podia acreditar, eu havia a beijado.

X

O telefone toca me fazendo acordar assustada, estendo a mão para pegar o celular e ver as horas, o celular estava aberto na mensagem de Roberta, “Precisamos conversar”, minha raiva de ter sido acordada as 5:30 da manhã se transformou em tristeza e preocupação. Teria que encontra-la hoje.

—Alô – Atendi o telefone com uma voz sonolenta.

—Como é que você ta bailarina?

—Bem – Respondi tentando animar a voz, não queria preocupar Thais.

—Vou passar aí pra irmos pra escola. – Avisou e desligou o telefone antes que eu pudesse pensar em responder.

Eu não estava com a mínima vontade de ir a escola e ter que encarar Roberta depois de ter lhe roubado um beijo. Realmente não queria ter que conversar com ela. Não depois de ter sida intimada com o “precisamos conversar”.

A campainha toca e eu logo desço com a mochila nas costas.

—Vamos? – Disse Thatty com uma cara de mau humor.

—Nossa... O que aconteceu com você? – Perguntei tentando me distrair

—A Mila, resolveu que não vai atender minhas ligações ou responder as minhas mensagens, e isso esta me deixando louca – Desabafou sem me encarar.

Camila e Thais meio que namoraram por uma semana, quando terminaram, tudo voltou ao normal, quer dizer, todos continuaram sendo amigos. Eu, Mila, Thatty, Ju e Arth, o melhor quinteto já conhecido. Mas Depois que Mila foi viajar para Europa, Thatty pirou porque não estavam mais juntas, uma indignação pós termino um tanto atrasada, na minha opinião. Mas é que elas estavam sempre juntas, antes do namoro, durante o namoro, e até depois do namoro. Elas dificilmente se desgrudavam, mesmo que não estivessem namorando era como se ainda estivessem. E a viajem da Mila acabou fazendo elas se desgrudarem um pouco.

—Ela deve estar se divertindo com uma loira Europeia – Revirou os olhos

Eu permaneci calada, não sabia o que dizer, pra falar a verdade eu só conseguia pensar na conversa que eu teria com a Roberta.

—Jessy, você já dormiu com a Mila? – Perguntou fixando os olhos em mim.

—Que? – Me assustei com a pergunta. Em todos os anos que nos conhecíamos, ela nunca me perguntou isso e olha que ela teve muitas oportunidades para isso.

—Você já dormiu com ela? – Insistiu parando de andar e esperando uma resposta.

—Achei que íamos pra escola, e não discutir a minha vida sexual. – Tentei fazê-la desistir.

—Isso é um sim? – Tentou arrancar a minha resposta novamente.

—Thatty! – A repreendi

—Que foi? É só uma pergunta.

De repente um carro vermelho para ao nosso lado.

—Oi meninas – Nos cumprimentou Judith abrindo a janela do carro. – Entrem a gente da uma carona pra você.

Aceitamos a carona, eu fui no banco da frente ao lado da mãe de Judith para não ter que discutir o assunto com Thatty.

—Obrigado Dona Patricia. – Agradeci pela carona

Ao chegar na escola com Judith e Thais ao meu lado fomos imediatamente procurar Arthur que estava sentado na escada, nos juntamos a ele e começamos a conversar sobre o meu belíssimo tombo na festa da Kat. Faziam piadas e todos nós riamos da minha idiotice. Ao olhar para o outro lado do pátio, avistei Roberta me olhando de longe. Rapidamente lembrei da mensagem, “Precisamos conversar”. Ela não se aproximou, talvez porque eu estava acompanhada, e eu certamente não fui ao encontro dela por puro medo do que ela tinha a dizer. Então permanecemos assim, nos olhando a distancia.

Durante as aulas eu permaneci dentro da sala, não poderia correr o risco de sair e encontra-la no corredor. Suportei até a nova professora de português.

Durante o intervalo, conclui que o que me pouparia de uma conversa com Roberta seria ajudar Inácia com os trabalhos de sala, me ofereci e ela certamente aceitou.

—Judith Silva? – Perguntou Inácia

—É a loirinha que senta ali – apontei para a carteira vazia de minha amiga – Que fica o tempo, todo virada pra trás falando com o garoto do lápis de olho – Me referi a Arthur.

—Você vai acabar perdendo todo o seu intervalo se ficar me ajudando Jessica – Disse olhando em meus olhos

—Não tem problema. – Eu sorri, não queria de jeito nenhum correr o risco de encontrar Roberta.

—Já que vai me ajudar, pode ir tirar uma copia dessas atividades pra mim?

Tudo que eu não queria era sair de sala, mas eu não tinha nenhuma desculpa para recusar o favor que a nova professora me pedia.

Peguei a folha e sai, caminhava rápido para poder voltar rápido. Cheguei na secretaria e pedi para a mulher fazer a copia.

—A maquina daqui ta quebrada. Tenta a da sala da Dona Marquês. – Me informou a mulher

Parece que o mundo estava conspirando contra mim, a outra maquina tinha que estar justo na sala da Roberta?

Ao chegar lá, tentei bater na porta, mas como ninguém respondeu eu resolvi entrar e fazer as copias sem ter que encara-la.

—Jess... – Uma voz ecoou atrás de mim – O que esta fazendo aqui?

—Copias – Me virei para ela e a vi me olhando de cima a baixo – Para a Inácia...

—Na semana passada você fugia da aula dela, nessa semana você faz favores a ela?

—Você me disse para me desculpar com ela, e esse foi o jeito que encontrei para me redimir.

—Que bom que ouviu meu conselho... – Disse, sentando em sua mesa sem quebrar o contato visual que mantinha comigo.

Aqueles olhos sob mim me deixavam nervosa e eu só queria que aquelas copias saíssem rápido para que eu pudesse sair dali.

—Jess...

—O que?

—A maquina enguiçou...

Ótimo, agora eu tenho uma desculpa pra sair dali, mesmo sem as copias.

—Ah, eu vou falar pra Inácia, ela tira em outro lugar.

—Espera. As vezes é só reiniciar que ela volta ao normal – Se inclinou para alcançar o botão atrás de mim fazendo com que ficássemos muito próximas uma a outra. – Viu?! A maquina voltou. – Disse ela sorrindo

Eu abaixei a cabeça evitando olhar nos olhos de Roberta para não fazer besteira de novo.

—Jess... – Chamou a minha atenção, me fazendo olhar para ela, - Suas copias – Me entregou as folhas.

Eu comecei a caminhar para a porta mas senti suas mão segurarem um de meus braços.

—Jessy, você recebeu a minha mensagem?

Assenti com a cabeça

—Por isso esta me evitando?

—Eu não estou te evitando – Sim eu estava evitando ela

—Vai mentir pra mim a essa altura do campeonato? – Arqueou a sobrancelha

Desviei o olhar e nada respondi.

—Jessy, para com isso. – Pegou em meu queixo, erguendo meu rosto – Somos amigas não somos?

—Claro – Por mais que eu quisesse que fossemos mais que isso, era isso que éramos

—Então, por mais que eu não tenha achado certo a sua trapaça lá no hospital, eu não guardo ressentimentos. – Trapaça? Ela realmente acha que eu a beijei para fazê-la perder o jogo? – E se isso te deixar mais relaxada, eu teria feito a mesma coisas se eu estivesse perdendo.

Ela não estava brava, achava que tudo tinha sido uma estratégia para ganhar o jogo.

—Então esta tudo bem? – Perguntei meio receosa

—Achou que eu pararia de jogar só porque você trapaceou é? – Arqueou a sobrancelha – Tudo bem que eu não gosto de trapaça, mas você não vai se livrar de mim assim tão fácil. – Sorriu, aquele sorriso que eu tanto amava.

Mentiria se dissesse que não estava um pouco magoada pelo beijo não ter significado nada para ela e tanto para mim. Mas eu ainda a tinha próxima a mim.

Alguém entrou na sala

—Amor, você demorou para voltar – Disse a mulher loira olhando para nós

Vi o sorriso de Roberta sumir

—A maquina travou, e demorou um pouco para fazermos ela pegar de volta – Respondi mostrando os papeis a ela.

—Vamos subir amorzinho? –Disse pegando minha mão

—Ah... – Olhei para Roberta que continuava com cara de poucos amigos – Tudo bem... – Disse enquanto Inácia me guiava para fora da sala de Roberta e de volta para nossa sala.

No resto do período só conseguia pensar em uma coisa, “Amor” porque Inácia havia me chamado assim? Talvez tenha apenas esquecido meu nome, é aceitável, ela é nova na escola não espero que decore o nome de todos em tão pouco tempo. Mas porque Roberta fechou a cara quando ouviu Inácia me chamar dessa forma carinhosa? Eu pensei em varias razões mas nada poderia fazer sentido. O que me deixou com um ponto de interrogação na cabeça que talvez eu nunca saiba como tirar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acham da Inacia?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Encare-me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.