Me sentei perto de Thais e Arthur para que eles me distraíssem durante a viajem, só faltava Judith e Inacia para que o ônibus pudesse sair. Enquanto esperávamos não pude deixar de ouvir os risos de Roberta. Era incrível que com todo aquele barulho no ônibus eu conseguia ouvi-la, Roberta ria baixinho mas parecia estar gritando em meu ouvido. Depois de algum tempo ouvindo seus risos não me aguentei e olhei para trás, precisava saber o que estava acontecendo. Ela estava com o rosto enterrado no peito de Rafael, talvez numa tentativa de abafar seu riso. Mas a visão de Roberta, da minha Roberta deitada sob o peito de outra pessoa me machucava profundamente.

–As loiras chegaram! - Gritou Arthur enquanto Judith e Inacia subiam no ônibus.

Elas vieram em nossa direção, Judith se sentou ao meu lado e eu puxei Inacia para que se espremesse no banco conosco.

–Eu adoro bater papo com vocês, mas eu tenho que me sentar junto com os outros professores – Disse Inacia se levantando do meu colo

–Você não vai querer sentar lá – Disse Thais se inclinando para frente quase caindo em cima de mim que estava no banco a sua frente – É serio, eles estão num maior love lá! Você realmente quer segurar vela? - Completou Thais fazendo com que Inacia olhasse para Roberta e Rafael e logo depois para mim que estava de cabeça baixa fingindo que não estava ouvindo a conversa.

–E nos somos bem mais legais que eles – Disse Arthur se inclinando para frente para ficar igual a Thais, mas é claro que o desastrado deixou a mão escorregar do banco e caiu todo desajeitado no banco da frente esmagando tanto Judith como a mim.

Inacia não sabia se perguntava se ele estava bem ou se continuava rindo da cena enquanto eu e Judith estapeávamos ele juntas.

Para parar de ser espancado Arthur saiu do nosso banco pulando por sima de nós para o banco de trás derrubando Thais que lhe deu mais um tabefe.

–Vocês realmente são mais legais – Disse Inacia tentando parar de rir

Ela se sentou entre mim e Judith, nos espremendo um pouco mas eu nem me importava.

Thais era quem puxava os assuntos e fazia a conversa rolar, não que precisasse, entre nós as conversas fluem facilmente principalmente quando Inacia esta junto. Inacia é uma tagarela se ela ficar quieta é porque algo esta errado.

Em um momento da viajem Arthur conseguiu dormir e Thais como não perde uma oportunidade passou um batom rosa nele. Enquanto Thais estava concentrada em sua obra de arte de Arthur nos ficamos quietas apenas observando, e isso me fez ouvir a voz de Roberta falando um “Eu te amo”.

Eu fechei a cara, aquilo havia me destruído. Aquele silencio me incomodava, fazia a minha cabeça doer, eu comecei a ouvir aquele “Eu te amo” repetidas vezes em minha mente.

Ela já havia dito isso pra mim… Involuntariamente uma lagrima se mostrou em meus olhos, escorrendo lentamente me matando por dentro.

Limpei-a antes que alguém visse e me pedisse explicação. Mas Inacia já havia percebido. Vendo o meu incomodo com o silencio ela gritou fazendo Arthur acordar assustado e nos fazendo rir novamente.

Depois de algumas horas de brincadeiras finalmente chegamos ao local que iriamos montar o acampamento.

As regras eram três pessoas por barraca e meninos separados de meninas. Eu, Ju e Thatty ficaríamos juntas, mas Arthur ainda tinha que procurar uma turma que o aceitasse na barraca.

Os garotos ficariam sob supervisão do professor Rafael e as garotas sob supervisão da Inacia e da Roberta.

Ao parar o ônibus o professor pediu para que os garotos o seguissem para fora. Inacia se juntou a Roberta e logo depois pediram para que saíssemos do ônibus.

Nos pegamos as mochilas e a barraca e logo saímos para procurar um lugar para montarmos nossa barraca.

Thais escolheu o lugar e então começamos a tarefa de montar a tal da barraca. Mas nenhumas de nós sabíamos como fazer isso. Inacia assistiu de longe a nossa guerra contra a barraca e parecia se divertir com isso porque a dela já estava pronta.

Depois de se divertir a nossas custas ela veio nos ajudar com a barraca, e foi nesse minuto que Thais aproveitou para sair atrás de Arthur.

Inacia montou a barraca basicamente sozinha, e fez tudo tão rápido que eu comecei a me sentir mal por não ter conseguido.

Colocamos nossas coisas dentro da barraca e saímos para andar.

Inacia disse que já conhecia aquele lugar e nos levou até um lago.

–Podemos dar uma fugida amanhã bem cedo pra vir nada se vocês quiserem – Sugeriu ela

Nós concordamos lamentando por ter que acordar cedo mas acho que ira valer apena.

Inacia nos levou de volta para o acampamento e enfrente a nossa barraca estavam Thais e Arthur encostados em uma arvore.

–Gente vocês não sabem do babado! - Disse Arthur chamando nossa atenção

–Você tá parecendo aquelas bixas fofoqueiras Arth – Comentei sentando ao lado dele

–Ta legal, então não conto… Mas é sobre a sua professora favorita

–O que tem a Roberta? - Perguntei em um tom preocupado

–Ta de aliança no dedo – Thais contou antes que Arthur pudesse pensar em abrir a boca – E advinha quem esta usando o par?

–O novo professor… - Respondi quase chorando

–Exatamente. Aquele Deus grego… - Thais suspirava

–Eles formam um casal bonito – Comentou Arthur – R + R = Amor – Brincou ele

Eles não sabiam que estavam me machucando com o que diziam, mas a cada palavra meu coração se quebrava em mais uma parte.

Eu não queria ouvir sobre Roberta e seu novo namoro. Sobre as alianças ou o “Eu te amo” que ouvi ela dizendo no ônibus.

Apenas sai andando sem direção certa, queria me afastar de tudo mas a minha mente não saia dela, Roberta… minha Roberta… Como pode me substituir tão rápido? Eu fui tão insignificante assim? Não podia acredita… Ela era minha, e eu a perdi…

–Jess – Senti uma mão em meu ombro – Meu deus… maltou alguém para estar correndo desse jeito? - Roberta tentava recuperar o folego – Por que não parou quando eu te chamei? Você esta brava? Eu fiz alguma coisa?

Ela não tinha feito nada, mas ao mesmo tempo tinha feito tudo. Meu coração estava despedaçado mas ela só havia seguido com a vida dela. Talvez eu devesse fazer o mesmo, só não sei como tira lá da minha mente ou como arrancá-la do meu coração.

–Jessy! - Chamou Roberta

–Annn? - Sai de meus pensamentos meio assustada – Me desculpa, estou meio distraída…

–Tô vendo… Marquês chamando Ferrer querida, pouse na terra por favor – Brincou tentando me fazer rir

Involuntariamente olhei para suas mãos e pude ver a aliança que Thais havia falado, então era verdade, Roberta havia me trocado.

Sem pensar direito dei as costas e sai andando.

–Ei! O que esta fazendo? - Disse Roberta vindo atrás de mim

–Andando – Respondi meio atordoada e comecei a andar mais rápido mas Roberta continuava me seguindo

–Pra onde? - Ela parecia disposta a me fazer companhia

–Não sei – Eu realmente não sabia para onde estava indo, só queria andar

Depois de um tempo andando sem rumo, comecei reconhecer aquele lugar, ainda andando olhei para o céu tentando não pensar na mulher que estava ao meu lado.

–Cuidado – Roberta me puxou para sí impedindo de que eu caísse no lado – Quando você disse que estava distraída você não estava brincando – Comentou rindo

Aquele riso que eu havia ouvido no ônibus, agora estava ali exclusivamente para mim. Ainda colada em Roberta (devido ao meu quase acidente que a mesma havia me salvado e me puxado para junto de seu corpo) pude sentir sua respiração em meu pescoço.

Aquilo me deixava arrepiada e ela bem sabia disso. Me virei para encará-la sem me desgrudar um centímetro de seu corpo. Passei uma de minhas mãos na borda de sua camiseta acompanhando seu decote, depois comecei a puxar o cordão que ela estava usando no pescoço, o pingente estava “escondido” por dentro da camiseta, continuei puxando o cordão até que o pingente estivesse totalmente a mostra. Era a pedra que eu havia lhe dado. Ela continuava usando.

Minhas mãos agora buscavam as mãos de Roberta, corri minhas mãos suavemente sob a pele de Roberta, segurei sua mão e a levei até perto de meu peito. Meus olhos fitaram a aliança em seu dedo, e em seguida subiram para encará-la.

Eu deveria estar com raiva ou algo assim, mas o único sentimento que eu tinha no momento era de querer tê-la.

Vorazmente avancei em seus lábios a surpreendendo com um beijo, ela correspondeu o beijo me surpreendendo pelo fato de estar usando a aliança.

Suas mãos estavam em minha cintura, as minhas estavam dentro de sua blusa. Roberta gemia baixinho friccionando suas pernas.

Ela pegou uma de minhas mãos e levou até sua intimidade, ela já estava bem molhada então rapidamente a penetrei com dois dedos.

–Mais – Ele pediu em um sussurro apertando minha cintura com força em sinal que estava quase gozando.

Pus mais um dedo e a penetrei com força fazendo com que ela gemesse mais alto. Aumentava a velocidade de acordo com os gemidos de Roberta.

Não demorou muito até chegar ao seu clímax.

Não podendo confiar na força de suas pernas Roberta se apoiou em mim, me beijando novamente.

–Eu te amo – Ela disse cansada

O mesmo “eu te amo” que eu ouvira ela declarar para Rafael…