Dor. Mágoa. Alegria.
Estas 3 palavras eram a definição do que estava a sentir neste momento.
Confusão. A palavra que define o que se está a passar na minha cabeça.
Certeza. Tudo o que o meu coração está a sentir.
Não pude evitar que gotas leves e quentes, confusas mas certas, escorregassem lenta e pesadamente pela minha face. Dizem que o homem não chora. Mas não é verdade. Um homem de verdade chora por razões porque vale a pena chorar. Um homem chora, sente e ressente, sofre... é um ser humano, tem sentimentos e coração. E neste momento eu precisava disso... precisava de chorar...
E aqui, sentado no quarto dela, depois de ter deixado tudo e todos pra trás só pra ter, ela não estava. Olhei novamente pro papel entre mãos e reli-o pela enésima vez tentando cair em mim e entender através de mensagens subliminares o porquê... porque me deixou...

"Querido amigo,
Talvez tu não entendas. Talvez nem eu mesma entenda.
Enquanto estás a ler isto, talvez eu já esteja do outro lado do mundo a fugir da verdade e de um passado que não tenho coragem pra enfrentar.
Mas para que saibas, eu voltaria a fazer tudo, só para te poder sentir comigo outravez, porque só agora descobri porque me custa tanto deixar-te.
Vou para o outro lado do mundo por ser uma cobarde e por medo da tua reação... O que te quero dizer é:
Lembras-te daquela...noite? Ela originou algo da qual ambos não podemos fugir. Ela originou um pequeno e inocente ser.
Sim, León, nós vamos ser pais.
Quando eu descobri não sabia se ria ou chorava. Eu simplesmente estou perdida e não sei o que fazer.
Eu sei que foi errado... Eu sei que foi errado fugir e privar-te desta fase das nossas vidas, mas tive medo. Talvez ainda tenha um pouco de medo... e tu mais do que ninguém sabes o que o medo é capaz de fazer conosco.
Apesar de tudo, não me arrependo de nada daquilo que passamos e se pudesse voltar atrás no tempo, faria tudo outravez.
Obrigada por seres o melhor amigo que uma rapariga poderia desejar. Obrigada por estares sempre lá pra mim e me apoiares.
Eu sei que ao fazer isto não estou a retribuir-te tudo aquilo que me deste ao longo destes 13 anos, e espero que algum dia me possas perdoar.
Eu quero que tu sejas feliz e não quero ser eu a empedir-te disso.
Perdoa-me.
Beijos,
Violetta Castillo
P.s- Te amo"

Aquelas últimas palavras... significam tudo pra mim. É como se o mundo voltasse a ganhar cor. Como se tudo parasse e tudo o que resta é ela...eu...nós...
–Catarina Angeles Castillo Vargas
Desviei o olhar da carta nas minhas mãos, passando os dedos de leve pela assinatura. À minha frente, estava uma figura baixinha, braquinha de cabelos negros e lisos: Francesca.
–Han?
–A tua filha... Catarina Angeles Castillo Vargas
Olhei-a com mais atenção e bebi as suas palavras. "Filha"... eu sei pai de uma menina. Estava confuso e tão certo ao mesmo tempo. Apenas uma coisa está clara na mente: Não as quero perder.
–Estás bem?
Dirigiu-se a mim e sentou-se ao meu lado na pequena e baixinha cama da Violetta. Finalmente olhou-me nos olhos e afagou-me o braço de leve como se me quizesse consolar.
–Francesca eu...
–Vai atrás dela.
Olhei-a perplexo. Era isso que devia fazer. Estavam as minhas pequenas nalgum lugar do mundo! E eu vou percorrer cada pedacinho do universo...
Como se a Francesca lê-se os meus pensamentos deu-me um papel branco dobrado em 4, e saiu lentamente pela porta.
Abri calmamente o papel. A nova morada da minha Violetta.
Mais uma vez deixei tudo pra trás e corri porta fora como se a minha vida dependesse disso. E na verdade depende mesmo. Porque a minha vida é ela.
Horas depois, estava a beijar o amor da minha vida.