Uma Atrapalhada História de Amor escrita por Gabi


Capítulo 1
A droga do meu vestido azul e o meu melhor amigo!


Notas iniciais do capítulo

+3.000 caracteres é coisa pra caraaaamba para quem começou com 1.400. Primeiramente, quero agradecer aos leitores antigos ♥ E aos novos também, bem-vindos amorinhas! Desejo veemente uma leitura divertida para todos vocês e obrigada de novo! É muito importante para mim tudo isso aqui. Beijundinhas ♥



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LARI

  “I'm Titanium... You shoot me down, but i don't fall...”
  Para ser sincera, não sei nem ao menos porque tenho despertador. Meu sono é leve, mesmo que o volume do meu celular esteja baixo, e é igualmente fácil voltar a ele.
  Aliás, seria igualmente fácil voltar a dormir se alguém não me importunasse colocando o volume três vezes mais alto, o que é uma péssima forma de dizer bom dia!

  - EI! - Reclamei.

  - Bom dia, bom dia, o sol já está lá em cima! Bom dia, bom dia, é hora de acordar! - Respondeu de forma melodiosa.

  Tenho certeza que meu travesseiro não se importaria em ser lançado agora! Enfim, lá estava ele com seus olhos e cabelos castanhos lisos e um corpo, no mínimo, de chamar atenção. 
Sam é meu melhor amigo. Como já está acostumado a ir para o colégio comigo, minha mãe o deixava entrar em casa assim... como se fosse meu irmão. Bendito seja esse irmão! Ok, não deixa de ser, prefiro que ninguém note esse tropeço que tenho por tal, então pode ser como um irmão sim... É meio tanto faz.
  Meu quarto é o que pode-se chamar de “cantinho íntimo”, ao menos eu o chamo assim. Dá para ir de um extremo ao outro em cerca de 15 passos. Nele tenho minha beliche e meu pufe. Minha escrivaninha é de madeira clara cheia de palavras aleatórias que eu mesma escrevi por ela. Sobre ela tenho meu notebook; duas caixinhas de som; uma impressora; um quadro de foto vazio, cujo já teve uma grande história dentro; uma cadeira de rodinhas azuis e eu realmente as amo. Tem também três gavetinhas, cada quais lotadas. Atrás dela tem pendurada na parede uma cartolina que usei para rascunho de um conto e uma enorme ilustração. Por que eu pendurei? Ficou incrível, portanto merecia um lugar incrível. E nada como um lugar onde eu acordo e logo olho, já que minha cama é do lado oposto da escrivaninha no quarto. Também tenho um cantinho para desenhos e coisinhas que escrevo! Uma pequena estante de parede para poucos livros históricos e muitos literários (nada muito didático como matemática ou ciências), e uma mesa baixinha de madeira para meus afazeres. Realmente baixinha, é o suficiente apenas para acomodar as pernas abaixo dela, e as mesmas ficam um pouco encurraladas hoje em dia, já que cresci, mas não tem problema. Tenho dois travesseirinhos acompanhando essa mesa que comprei numa viagem que fiz para uma região praiana com alguns amigos meus. É um dos meus espaços favoritos no meu quarto, só compete com a minha grande janela que dá para uma paisagem cheia de árvores e uma lagoazinha. Eu coloquei um travesseiro bem do lado dela e algumas vezes me deito lá e me deleito em leituras. E era bem lá que ele estava. Sorrindo abertamente para mim apenas esperando uma reação.

  - Vai se ferrar! - Minha dócil reação.

  - Você está muito desbocada, menina. - Disse e se sentou do meu lado na beliche.

  Sentei no mesmo instante.

  - Vai largar sua mochila aí no chão mesmo seu folgado? Folgado!

  - Ei, ei. Está muito estressada!

  - Claro! Que forma tosca de me acordar! Qualquer forma é tosca de me acordar. Sabia que podíamos esperar mais meia hora pra irmos pra escola? Para que pontualidade, Deus?!

  - Pontualidade é importante! - pigarreou - Além disso, você melhor do que ninguém sabe o que acontecerá se continuar se atrasando assim.

  - Sei sim!

  - E não sou folgado! Sou uma estrela!

  Ele não era “estrela” de verdade. Não tinha nem sequer qualquer produção (um livro, um filme de sucesso, seu corpo nú em uma revista, sei lá) para ser uma. Na verdade era só um método para me acalmar. Funcionava certas vezes, em outras me dava vontade de socar sua cara! Mas que gentileza a minha! Optei por ter um bom dia mesmo, e como poucas coisas são melhores do que estar dormindo as sete da manhã, me virei e voltei a dormir.

  - Não me obrigue... - Riu em um tom levemente ameaçador.

  - Uma estrela não pode cometer gafes!

  Infelizmente ele realmente não era uma estrela.

  - Eu vou pra escola agora! Eu prometo! PRO-ME-TO! - Fiquei me contorcendo na cama enquanto ele me fazia cócegas o que, devo admitir, é uma grotesca falta de bom-senso!

   Saber que meu ponto fraco são cócegas e se acabar de rir É UMA FALTA DE BOM-SENSO!

  - Ótimo! Suponho que a próxima parada seja o banheiro. - Me pegou com um só braço e me pendurou em suas costas.

  Odeio ser baixinha! Odeio ser leve! Odeio! Muito! Por falta de sorte, minha mãe tem mania de entulhar o corredor com enfeites de parede, como com vasos de planta que não precisam de muita luz ou quadros, e desastrado como ele era, era fácil esbarrar o tempo todo nas decorações.

  - Droga Sam! E minhas roupas? Vou passear nua pela casa?

  - Mero detalhe...

  Enfiei sem dó minhas unhas em suas costas, só que ele somente gemeu e continuou me carregando.

  - Minha cabeça, seu maluco! Olha esse vaso de orquídeas aqui! Ai!

  Chegando no banheiro, me deixou ficar em pé novamente. Nossa, eu estava um cão! O banheiro é menor que o meu quarto, não muito. Leva-se uns dez passos de um extremo ao outro, mas o espelho cobria a metade de cima de uma parede inteira, então não era difícil notar a minha aparência. Tem a pia também com suas mil e uma caixinhas, essa sendo uma mania de meu pai, de guardar absolutamente TUDO! Ele também guardava brinquedos de quando eu era criança, como meu patinho de borracha laranja que eu brincava com quatro anos de idade no banho... Deprimente.

  - Vou pegar suas roupas, fica aí e me espera! Tente não dormir na pia!

  Trancada no banheiro da minha própria casa porque o filho de uma boa mãe, vulgo meu melhor amigo, me enfiou aqui. Porre!

  Peguei um prendedor de cabelo de uma dessas mil e uma caixinhas e consegui abrir a porta.

  Sempre fui boa nisso! Antes de sair para concretizar meu desejo de acertar um lindo tapa nele, me virei pro espelho outra vez.

  Cabelos compridos, lisos e pele morena. Baixa. Pequena. Bochechas rosadas e um nariz pequeno. Boca fininha. Eu pareço uma boneca! Droga! Uma boneca! Ninguém nunca se interessaria por uma boneca! Não tendo tantas garotas atrás... Porre! De novo.

  Fui até meu quarto silenciosamente e flagrei o indivíduo revirando minha gaveta de roupas íntimas.

  - O que é isso seu pervertido!? - Me espantei com tamanha cara de pau e joguei um salto na cabeça dele!

  Infelizmente sou forte e caras de pau ainda me chocam.

  - N-Não é isso! - Ele ficou atordoado e corado e aos poucos pareceu ir falando de forma cada vez mais lenta. - Eu só estava pegando sua roupa como falei e... estrelinhas.

  - Estrelinhas?

  Desmaiou... O jovem que me carregou com um só ombro sendo arranhado por mim durante todo o trajeto desmaiou... com um sapato... com minha força... com a minha força num sapato. Ok, era um salto, mas ainda assim era só um sapato!

  - Sam? - Balancei-o de um lado para o outro freneticamente. Impossível! Esse idiota deve estar fingindo. - Acorda, vai! Que droga, Sam! Acorda! - Comecei a passar as costas da mão na minha bochecha e elas voltavam pro meu campo de visão sempre encharcadas.

  É meu melhor amigo, poxa! Esse idiota é meu melhor amigo!

  Tirei minha cabeça de seu colo quando senti ele rindo.

  - Se você queria um lugar para apoiar a cabeça era só falar comigo, nunca que eu iria recusar.

  Nesse instante só consegui sentir meu rosto esquentar cada vez mais. Não, eu não estava corando. Era raiva!

  - Não tem necessidade de me socar, Lari!

  - Já te falei para parar com esse apelido! Não gosto dele! E você me assustou, seu folgado! - Continuei passando as costas da mão no rosto e elas continuaram voltando molhadas, fato que só serviu para me irritar mais. - Odeio você!

  - Não odeia, não. E já te falei que sou uma ESTRELA! - Ele me tirou do seu colo e se sentou, passou o braço pelos meus ombros e me deixou apoiar minha cabeça nos seus. - Desculpa...

  Minha mãe entrou no quarto e nos viu assim: Chorando abraçados. Imediatamente seus olhinhos brilharam de esperança.

  - Sabia! Sabia que isto aconteceria! Intuição de mãe não erra! - Disse eufórica.

  Parecia não conseguir ficar parada. Estava circundando a gente e dando alguns pulinhos.

  - Mãe, isso o que?

  - Como estou feliz por vocês! Como estou!

  O Sam arqueou sua sobrancelha sem entendimento nenhum do que estava acontecendo.

  Coitado, foi completamente ignorado... Minha mãe o empurrou para o chão e me abraçou, ainda gargalhando de alegria.

  - Mãe! Mãe! O que raios significa isso?

  - Vocês Sisi! O Sam é um ótimo garoto e eu tenho plena confiança nele! Não poderia ser melhor! Menino ajuizado, bonito, um ótimo porte... Escolheu bem filhota!

  - Mãe... Nós somos apenas ami-

  - Amantes? Como assim amantes filha? Traição é muito feio! A não ser que amantes seja no sentido de namorados, amantes, que se amam. Aí eu aprovo!

  - Mãe... - Suspirei. Minha mãe, ou Luana, era um tanto exaltada quando se sentia feliz com algo.

  Sinto que deu para perceber.

  - Sabe, aprovo até como amantes mesmo! Sorvete pra comemorar!

  Para ser bem sincera eu não sabia como reagir. Nunca faço a mínima ideia de como reagir a esses ataques histéricos dela.

  - Então, Dona Luana, na verdade somos somente amigos mesmo. - Sam arriscou.

  Ele estava mexendo nos cabelos e enrolando e desenrolando-os nos dedos freneticamente. Se eu estivesse observando de fora seria uma cena bem cômica.

  - Bem-vindo Sam! Nossa família fica feliz em te receber! Para falar verdade, você sempre foi dela, mas nunca tão profundamente assim, se é que me compreendem...

  - Luana! - Exclamei - O Sam não é meu namorado e não temos esse tipo de relação profunda da qual está falando! Não temos! Você não consegue escutar não?

  - Vocês estão atrasados para a escola, querida. Não precisa ficar encabulada não!

  Odeio quando minha mãe passa a mão no meu queixo! Significa o fim da discussão para ela. Passei a compreender os sinais depois de alguns anos, não tem mais argumento que a pare depois da mão no queixo. Ok então. OK! Minha mãe saiu do quarto a passos curtos e quase dançantes.

  - O que aconteceu aqui?

  - Você espera que eu entenda?

  - A mãe é sua.

  - Depois de um tempo me admiro você não ter se acostumado. Além disso, para ela, o namorado é meu... Notamos então que esse tipo de frase não é mais válido!

  Depois de ele esboçar um sorriso, esbocei o meu também, o que terminou em altas risadas. Sam me estendeu um conjunto de roupas bem dobradas e claras. Olhei peça por peça: Um vestido azul claro de cinto azul escuro. Uma tiara também azul e um salto preto.

  - Tirou o dia para me sacanear, foi?

  - É o mínimo a ser feito depois de me fazer desmaiar.

  - Te fazer simular um desmaio.

  - Tanto faz!

  Arranquei o conjunto de sua mão e fui para o banheiro me vestir. Depois de pronta, a imagem no espelho denunciava que eu estava certa. Se antes eu parecia uma boneca, agora eu realmente era uma! Saí do banheiro às pressas e empurrei ele quando o vi me olhando e rindo discretamente.

  - Está uma droga! Não vou sair assim!

  - Você está uma gracinha!

  - Eu nem se quer sei andar de salto!

  - Pensasse nisso antes de jogar um na minha cabeça! Além disso, seu tropeço é lindo!

  - Desculpe, tropecei lindamente no seu pé.

  Depois do meu feito e dele ter reclamado, me pegou novamente com um só braço e me jogou nas suas costas de qualquer maneira, o que me fez grunhir de raiva. Só me pôs no chão outra vez na frente da minha mãe, da minha irmã e do amigo do Sam. Sim, seu amigo! Este palhaço tem a liberdade de trazer seus amigos aqui.

  - Que é? - Me soltei e arranquei essa tiara ridícula do meu cabelo.

  Ridículo! Tudo isso!

  - Larissa? - O idiota do seu amigo puxou-o - Ela vai com a gente no carro junto do... Aliás, é ela mesmo? A Larissa que já bateu em mim feito um...?

  - Garoto? Sim, sou eu! A Larissa que te bateu feito um garoto! Isso me soou ofensivo e machista, e para ser bem clara, eu bateria outra vez caso você fique idiotando por aí!

  - Modos minha filha! - Mesmo me dando bronca, ainda deixava claro seu rosto perplexo.

  Estamos no primeiro ano do Ensino Médio e o amigo, vulgo Renato, é um gostoso. Digo, desde o fundamental ele era, mas era apenas gostosinho, e sempre muito chato. Ele, com suas madeixas louras e seus olhos verdes, com sua pele pálida e um corpo escultural e... Isso não vem ao caso! Nós até nos falávamos, mas eu não andava muito com ele, afinal ele vinha sempre acompanhado de seu fiel escudeiro Roberto.
  Roberto já foi meu namorado. Ele terminou comigo de uma forma bem tosca, com um argumento bem tosco de um cara bem tosco! Lembro-me bem. Faz só um ano. Eu dizia, aos prantos, que precisava conversar com ele. Já estava quase sem esperanças, com razão, quanto a nossa relação.
  "O que foi? Baterá em mim também?" Foram suas palavras. Rápidas e ríspidas! Ele estava extremamente irritado por eu ter dado um tapa na fuça da antiga namoradinha dele. Eu não tinha culpa alguma! Ok, talvez um pouco de culpa... Mas ela me enchia sempre dizendo que uma hora ele acordaria de ter largado uma mulher por uma criança como eu! Todos me chamavam de criança! É uma sina! Me chamam tanto que eu chego a acreditar que eu ainda posso ser uma! Roberto aparentemente deu razão a esta coisa. Estava chateado comigo e agindo friamente. Éramos, acima de tudo, melhores amigos, e sempre quando algo dava errado, eu o procurava. Mas e agora? Quem eu iria procurar?
  "Você é só mais uma criança mimada!" Disse. E eu respondi que ele era um imbecil! Eu sou só dois anos mais nova do que ele! Escutei então que não se tratava de idade, e sim de maturidade. Outra expressão que não suporto: Maturidade. Parece ser o lazer de todos me chamar de imatura desde sempre. Sempre foi. Ou talvez seja apenas perseguição minha, porque sempre teve uma massa que me considera extremamente responsável. Naquele momento não importava, nem se quer soprava na minha cabeça isso.
  "Quer saber, Larissa? Para mim chega! Me esquece! Faça esse favor." Depois dessa frase, minha lembrança fica meio borrada. Sussurrava seu nome algumas vezes em vão. Desde então não suporto nem ouvir seu nome! Foi quando Sam e Diana vieram falar comigo e graças a Deus consegui os melhores amigos que alguém poderia ter.

  - Ei, Sissa! -Sam me cutucou e eu notei que chocolate escorria pelos meus dedos.

  Estava amassando a caixinha do achocolatado que bebia e devo ter me desligado por alguns instantes. Meu rosto queimava de raiva.

  - Vamos... logo! - Gaguejei.

  Ameacei cair também, mas o Sam me segurou por baixo dos meus ombros e me manteve de pé.

  - Você tem certeza? - Sussurrou.

  - Ela quer ir com a gente? - Renato perguntou e recuou. - Mesmo?

  - Sem dúvida. - Respondi no mesmo tempo que Sam, e conseguimos sincronizar os pensamentos nesse instante.

   Estava na hora do Roberto notar o que perdeu, e na hora de eu superar também, por que né?

  Andei até o Sedã vermelho parado na entrada de casa feito aquelas celebridades nojentas. Para mim qualquer celebridade é nojenta, mas isso é um mero detalhe. Não tinha outra forma de me equilibrar no salto.

  - Bom dia garanhões! - Roberto falou enquanto mexia concentrado no seu radinho.

  Nem se importava se aquela era a minha casa, não sei como imaginava que a chance de me ver era mínima já que ele nunca levava o Sam de carona e aquela era a porta da minha casa. Minha! Onde EU moro! Mas aparentemente ele estava relaxado o suficiente para crer que eu me atrasaria por sua causa.

  - Bom dia Roberto! - Forcei um sorriso torto e desta vez acho que me viu.

  - Jesus! - Sussurrou.

  Sorri com essa reação e não disfarcei minha troca de olhares com Sam. O bobalhão do Renato estava bobalhando para variar.

  - Licença... Será que tem espaço para mais uma no carro?

  O vestido que eu estava usando era curto e um pouco rodado. Tive de segurá-lo para não deixar nada a mostra. Também era tomara que caia e, mesmo com rosto de criança e baixinha, meu corpo era um tanto abençoado em algumas curvas. Era o que diziam.

  - Está tudo bem? - O bobalhão perguntou.

  - Está. Tudo. Ótimo!

  Roberto estava com seu rosto cada vez mais migrando do tom de branco queimado para um vermelho forte, já eu estava nitidamente amando tudo isso. O carro não estava cooperando, ele tentou ligar uma, duas, três vezes e acabou estapeando o volante.

  - Merda! - Falou repetidamente e saiu do carro.

  Fez com a mão para que todos saíssem também. Levantei-me graciosamente e não conseguia mais deixar de sorrir. Como é boa a vida!

  - Vou a pé! - Completou.

  - O que aconteceu Robertão? Parece nervoso. - Eu realmente AMO o Sam.

  Imediatamente ele olhou para mim e sorriu tão abertamente quanto eu.

  - Traíras! - Roberto cerrou os dentes.

  Acho que ninguém esperava uma reação tão radical dele, então de início ficamos num clima de surpresa, mas foi quebrado por uma onda de gargalhada. Decidiu então completar a fala com um tom mais alto:

  - Seus traíras!

  - Claro, claro! Agora vamos, porque no mínimo vamos nos atrasar.

  Sam tentou por a mão no ombro do colega. Apesar de todo o problema formado, manter o senso de humor é importante. Já o Roberto foi mais rápido e se apressou em sentar frente da minha casa, na escada da entrada. Afundou a cabeça nas duas mãos e demorou um minuto para voltar. Quando voltou, fizemos o caminho até a escola em total silêncio.

  Ao chegar, Diana veio correndo até a gente sorridente. De canto de olho vi o Renato de braços abertos pronto para abraçá-la, entretanto ela correu até mim e desandou a falar. Tínhamos assuntos pendentes. Já ele disfarçou fingindo estar alongando os braços. Eu a cutuquei, mostrei e começamos a rir.

  - Oi meninos! - Ela disse e o Sam respondeu.

  Roberto estava ocupado absorto em si mesmo e o bobalhão estava corado de tanta vergonha. Que força usei naquele momento para tentar não rir... Não funcionou. De tanta força acabei rindo ainda mais alto.

  - Di, mais tarde eu, o Sam e o Renato vamos assistir um filme, quer ir? - Aparentemente o Roberto saiu de seu transe e estava tentando ajudar o bobalhão.

  Deve achar que sabe agir com meninas. Coitado...

  - Foi mal Beto, mas depois da aula eu e o Sam vamos para a casa da Sissa ver um filminho, não é Sam?

  - Sim, claro! - Respondeu um pouco dolorido.

  A Diana tinha pisado no seu pé feito o Hulk, e manteve o sorriso a cena inteira como uma princesa.

  - Posso ir também?

  Renato ainda estava levemente enrubescido, mas melhorou o suficiente para conseguir conversar feito pessoa normal.

  - Olha! Renatinho ousado! - Brincou Sam.

  Roberto começou a rir e parece ter se identificado com algo, porque ficou com aquele olhar de quem está pensando sobre o ocorrido. Ele é estranho, como pude um dia namorá-lo? Ele é estranho e estranho! E eu já superei isso! E estou encarando-o... Pare de encarar, Larissa! Pare. De. Encarar.

  - Pode sim Renatinho!

  E o "Renatinho" corou outra vez. É um idiota mesmo...

  - Virou festa na minha casa hoje?

  - Sim, e eu vou.

  Meus ouvidos me enganam? É a voz do Roberto mesmo? De nervosismo sorri. Que reação eu poderia ter além dessa?

  - Vai ser ótimo que vá. - Continuei sorrindo e senti meu rosto doer. O clima ainda era de surpresa, de tensão.

  - Não duvide!

  Senti o meu rosto esquentar de imediato. Droga! Ele ainda é o mesmo idiota! E eu também sou a mesma idiota! Sempre me desafiando, sempre!

  - Sendo sincera, não duvido de nada vindo de você Roberto.

  Conforme meu rosto foi enrubescendo, eu não entendia se era realmente de nervoso ou raiva de ter me lembrado de tudo, ou se foi uma mistura. Não entendia o que estava sentindo e nem queria entender, não deixaria ele mexer com as minhas emoções nem um minuto a mais!

  - Vamos Sam, Di... - Os puxei e ignorei o pesado ambiente criado pelo pensamento de ambos.


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