POV. NARRADOR

Em um passado não muito distante.

Havia poucas coisas que Loki não se orgulhava de ter feito em toda sua vida. Uma delas foi ter atacado sua amada. Há pouco mais que trinta minutos, ele atacou a loira em um ato desesperado de mantê-la por perto.

Nos últimos anos ele realmente tem agido de forma desesperada. Atacou seu pai, quase destruiu seu irmão na tentativa de tomar o trono para si... Isso tudo em prol da segurança e vida da única mulher que ele amou.

E a troco de que?

Ela, em sua nova vida, possuía um tipo de ódio feroz por ele. E, possivelmente isso, era o que mais o instigava a continuar com seu plano. Ele ataca Midgard, toma posse deste planeta, torna-se único rei e faz dela sua rainha. Ele havia arquitetado tudo desde que descobrira seu real paradeiro há alguns anos.

Fora que, apesar de tudo que ele vem feito por ela, descobriu que havia alguém a mais em sua vida. O mortal repugnante Steve Rogers. Mas ele iria enfrentar sua ira! Todos estes humanos irão. Tolos, miseráveis, hipocritas. Durante vinte e cinco anos acolheram um ser celestial em seu terreno, mas pouco caso fizeram dela. Onde estão as estátuas dedicadas a deusa Phoenix? Ele se perguntou enquanto vagava por Midgard.

Tudo isso, muito em breve, irá mudar. Pois parte de seu plano está prestes a se concretizar. Loki ordenara a poucos minutos que cumprissem com a fase três de seu plano. Eles iriam atacá-la, isolá-la de seu grupo e, por fim, matar a mulher. E então, só então, ela poderá renascer e Loki poderá alcançar a felicidade plena e completa ao lado de sua amada. Ignis.

⊱❋⊰

A primeira coisa que Steve sentiu naquele momento foi desespero completo.

Os chitauris a encurralaram no centro da rua e começaram a confundi-la, como se soubessem exatamente o que estavam fazendo. Isso fez com que ela perdesse um pouco seu foco, já que estava quase sem armas ─ utilizando apenas o que restava de uma placa de trânsito e seu chicote ─, e se esquecesse da retarguarda.

Foi então que ele percebeu o que os chitauris estavam realmente tentando fazer ali.

─ Lilly! ─ ele gritou para chamar sua atenção e pedir que ela focasse em sua retaguarda, mas ela simplesmente lançou-lhe um olhar de preocupação. Ela estava preocupada com ele. Quando, na verdade era ela que estava correndo perigo. Só que tudo foi tarde demais. Steve agiu tarde demais. Um chitauri chegou por detrás e enfiou-lhe uma lança de forma perfeita e nem um pouco hesitante. O momento congelou por um instante e Steve pensou na possibilidade de que esse fora o plano de Loki o tempo inteiro. Matá-la. ─ Lilly! ─ voltou a si e correu em direção a amada, esquecendo-se dos chitauris com quem lutava. Tudo o que importava era chegar a tempo. Ela soltou um leve suspiro, lançou-lhe um último olhar cumplice e caiu no chão sobre uma poça de sangue já formada.

Em nenhuma batalha já enfrentada, pode-se ver o Capitão Steve Rogers lutar com tanto vigor e ira durante todo o tempo em que ele viveu. Chitauris voavam pelos ares enquanto ele abria caminho em direção a Ellizabeth.

─ A Lilly foi ferida. Preciso de reforços! ─ ele não sabia se alguém estava prestando atenção, mas precisou tentar.

Não demorou mais que dois segundos para o resto dos chitauris serem eletrocutados e mortos. Steve retesou-se por um instante, um pouco abalado com o caminho livre formado a frente, mas logo voltou a correr em direção a mulher caída no chão. Foi então que uma corrente de vento formou-se em torno de seu corpo e ergueu-a ao ar poucos centímetros do chão.

─ Pare com isso! ─ Steve gritou ao deus nórdico do trovão ─ Ela está ferida! Precisa de tratamentos!

Thor aproximou-se do capitão e segurou-o no lugar, impedindo que ele continuasse a correr em direção a ventania e a mulher.

─ Deixe-me... ─ Steve tentou gritar enquanto fazia força contra o deus, mas perdeu-as por completo no segundo em que o corpo da amada foi tomado por uma cortina de fogo ─ Ellizabeth! ─ ele tornou a gritar, empurrou o deus para longe e correu em sua direção.

─ Não, Steve! ─ Thor estava de volta, atrapalhando seu caminho.

─ Precisamos ajudá-la!

─ Você não compreende. Ela está bem. Vai ficar tudo bem. ─ o deus tentava argumentar enquanto Rogers lutava contra a parede invisível que foi formada a sua frente ─ Steve. Ela está bem.

O corpo da loira ergueu-se uns centímetros a mais e foi tomado por uma explosão luminosa vermelha, amarela e laranja.

─ Mas o que é isso? ─ a voz de Tony soou pelo comunicador, mas Steve não precisou fazer aposta alguma para ter certeza de que ele assistia tudo do céu.

Pouco mais que um minuto depois, seu corpo voltou ao chão, e o fogo findou-se por completo.

Thor deixou que Steve corresse até a mulher e encontrasse com uma nova realidade.

Por um momento Rogers cogitou a possibilidade de aquela mulher ser uma outra pessoa. Quem é essa? Ele perguntou-se em pensamentos enquanto reduzia o ritmo de suas passadas de perna e aproximava-se bem lentamente da mulher. Uma imensa cascata arruivada estava espalhada por todo o chão, acompanhado de um corpo pálido, de aparência frágil e descansada. No lugar das antigas vestimentas de Ellizabeth, esta usava um longo vestido com corpete acentuado e tecido rendado preto caindo até o fim de seu corpo, cobrindo-o e mondando-a como uma rosa negra. Seus pés, descalços, pareciam porcelana sobre a rua fria e suja, deixando a aparência dela transparecer ainda mais sensibilidade e fragilidade.

Parecendo que Thor leu a pergunta mental de Steve, ele ouviu a resposta:

─ Esta é Ignis. A deusa Phoenix de Asgard.

⊱❋⊰

Após os acontecimentos finais da batalha de Nova York ─ Stark detonando o míssil na fenda, Romanoff destruindo o portal, a prisão de Loki, Ellizabeth sendo carregada para um tipo especial de veículo humano ─ , a única coisa que Thor desejava era um pouco de silêncio para pensar no que falar a Ellizabeth quando ela acordasse ─ se fosse realmente ela que despertasse ─. Ele conseguiu uns minutos de silêncio em um dos cantos isolados do prédio misterioso do Nick Fury.

Thor não sabia muito sobre o exílio da deusa, mas sabia que haviam duas possibilidades eminentes.

A primeira seria a que Ignis despertaria e com sua memória intacta, desejando a morte do deus do trovão e destruição de Asgard.

E a segunda seria que Ellizabeth voltaria, sem a memória de Ignis, porém com todos os poderes de deusa recuperados.

Mentalmente ele ansiava, orava a Odin, implorando que ela despertasse como Ellizabeth. Pois assim ele conseguiria imaginar uma forma mais fácil de explicar a ela o que acontecera há anos atrás e que Thor definitivamente não era culpado de nada daquilo ─ por mais que seu coração dissesse o contrário.

─ Ela despertou. ─ Steve Rogers, o atual amor de Ellizabeth surgiu no final do corredor e encarou-o sério ─ Ela... perguntou por você. E por Loki.

Após ter revelado a Steve e Fury sobre quem a mulher que eles conheciam como Ellizabeth era, as opiniões dos homens a seu respeito mudaram de forma visível.

─ Devo falar com ela agora? ─ Thor indagou, puxando fundo o ar até seus pulmões.

─ Não! ─ a resposta de Rogers foi cortante, mas não surpreendeu o deus ─ Fury quer que ela descanse o máximo que puder. Amanhã depois da festa surpresa, você poderá conversar com ela.

─ Ela sabe que vocês realizarão um evento comemorativo em homenagem a sua volta a vida?

Steve encarou Thor por um longo minuto, franzindo seu cenho e parecendo se questionar internamente sobre algo de muita importância.

─ Se nossa intenção fosse dizer a ela sobre a festa, não iriamos chamar de surpresa.