Entre suas asas escrita por AndreZa P S


Capítulo 20
Olho por olho, dente por dente.




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POV PATCH

Se existia alguma coisa boa em ser um anjo caído, era o fato de poder sentir a energia espiritual das pessoas, e no caso de Nora, a energia emocional que há entre nós. Estávamos conectados muito além do aspecto físico. A mata que circunda a sua casa é muito densa, mas não consigo pensar em nada a não ser recuperá-la e matar quem quer que a tenha pego de mim. A parte obscura que habita dentro de mim sempre foi bem explicita, sei que Nora sabia disso, mas não resistiu à atração entre a gente, assim como eu também não resisti. Todo esse tempo em que estivemos juntos tentei bloquear essa parte da minha natureza para não magoa-la, mas ela estava lá, como um leão furioso querendo sair, ver sangue. Na verdade, eu não me importava com essa parte, já me acostumara com ela e foi ela que me fez ser banido para a Terra.

No fundo me sinto culpado por tê-la deixado sozinha. Se algo acontecer, não me perdoaria jamais.

Adentrei a floresta a passos largos, meus olhos capturam cada cena com muita precisão e concentração. Respiro fundo e fecho os olhos. Tento sentir de onde vem exatamente a onda energética de Nora. Talvez seja ao norte...

Ela está assustada. Ao sul. Isso, Nora está ao sul da floresta.

Saío correndo, usando de todas as habilidades sobrenaturais que dispunha até que consigo escutar uma conversa a alguns metros de mim. Antes que pudesse vê-los em si, grito para que Nora saía correndo, dali em diante eu assumiria o controle.

Percebo que meus lábios curvaram-se para cima. O desejo de ter o sangue nas minhas mãos turvou a minha visão por alguns segundos. Hoje alguém não saíria vivo. Arranco uma lasca grossa e firme de madeira de uma das dezenas de árvores que estão ao meu redor.

Nora ainda está parada, será que ela não escutou o que eu disse? Teimosa.

Com força, atiro minha estaca improvisada em direção a Damon, que está mais próximo do meu anjo. Saío correndo e em três segundos já entro no campo de visão de todos ali. Damon retirou com esforço a madeira de seu estômago. Quando seus olhos se encontram com os meus vejo toda a minha hostilidade refletindo a dele.

Olhei para os lados mas Nora já tinha partido em retirada.

–Saiu correndo, acha que pode se esconder da Elena. Coitada.- Murmurou ele com a voz um pouco esganiçada, sorrindo de lado, assim que percebeu a quem eu estava procurando.

–Vou encontrá-la, depois disso vou te matar- cuspi as palavras. Não eram uma ameaça vazia, a vontade que eu estava de arrancar a cabeça desse casal dos infernos só não era maior do que encontrar Nora e mantê-la sem segurança.

Mas teria que se doloroso. Cruel. Aproveito que Damon está debilitado pela a dor no estômago e entro em sua mente.

Você não consegue se mexer, seus pés parecem que estão pesados demais e a dor do seu ferimento na barriga se alastrou pelo o restante do corpo.

Damon arregala seus olhos azuis e uma lufada de ar saí pela sua boca aberta. Dois segundos depois ele se ajoelha, sua expressão completamente franzida.

Sorrio. Era bom ter consciência do que eu ainda sou capaz de fazer.

Quebro seu pescoço. Sabia que ele acordaria em poucos minutos, mas tinha planos para ele que demandavam tempo.

Parto correndo floresta adentro novamente, dessa vez pude me guiar pelo o som que estava fazendo a respiração exausta e irregular de Nora, estava perto.

Encontro Elena em uma área aberta da mata. Suas mãos estão no pescoço de Nora. Fico parado. Meus olhos se mantém firmes e frios, mas meu sangue está gelado.

Ela estava com os cabelos desgrenhados e caóticos caindo pelos os ombros e rosto. Seu peito subia e descia tão rápido. De imediato percebo o curativo mal feito em seu ombro.

Sinto a onda de raiva e pavor se misturarem. Permiti que bloqueassem meus pensamentos.

–O amor não é lindo, Nora?- Questionou Elena enquanto apertava mais as mãos no pescoço dela. Dava para ver que Nora mal estava conseguindo respirar.

–Solte-a e talvez eu deixe você viver- eu digo, olhando fixamente para o rosto bem desenhado daquela mulher.

Ela sorri sem mostrar os dentes e ergue suas sobrancelhas castanhas.

–Saía daqui e talvez eu deixe Nora sobreviver- Murmura com a voz sedosa, venenosa.

Me concentro. Vampiros são um pouco mais rápidos que anjos caídos, mas esse um pouco seria o suficiente para que algo de ruim acontecesse. Tinha que fazer algo logo, porém atacá-la assim, sem um plano, seria como assinar uma sentença de morte para Nora.

–Eu procuro o que vocês querem, mas deixem Nora sair daqui- falo e analiso todas as expressões que passam pela o rosto de Elena. Raiva, preocupação e principalmente desconfiança. Meus olhos sem mantém fixos nos seus olhos, mas meus pensamentos estão dirigidos à Nora.

Meu amor, preciso que você entre em ação daqui a pouco.

Nora olha para mim surpresa, mas logo se recompõe. Seus olhos acizentados me observam com atenção.

Assim que perceber que Elena está distraída você irá cravar esse galho que está segurando nela. Seja rápida.

–Não vou deixa-la ir, ela será a nossa garantia- murmurou. Tantos anos lidando com seres humanos e sorbenaturais me fizeram ser um bom observador. Bom não, ótimo. Apesar de sua voz firme eu vi que ela tremeu levemente os olhos enquanto falava. Ela sabia que estava blefando e que tudo poderia dar errado.

–Essa é a minha oferta. Nora volta pra casa e eu ajudo vocês.

Cruzo os braços e sorrio para ela. Não foi um sorriso amigável, estava longe disso.

–Onde está Damon?- Perguntou ela de repente.

Dou de ombros.

Pegue o galho com mais força, Nora.

–Está no outro lado, quebrei o pescoço dele sem querer. -Mostro os dentes e repuxo um canto dos lábios.- Ops.

Elena grunhiu.

–Quero garantias de que ele está vivo antes de soltá-la- diz ela, seus olhos estão alarmados pela a primeira vez. Estava distraída.

Nora apertou o galho em sua mão, podia ouvir seu coração batendo mais forte.

–Já te falei, quebrei o pescoço dele, mas acredito que a sua raça ruim de vocês consiga se recuparar rápido- eu digo, indiferente.

Você confia em mim?

Nora balbulcia um "eu te amo" em silêncio.

–Seu maldi...- Seus olhos furiosos estavam cravados em mim, mas quando Nora a atacou sua ira se voltou contra ela.- Sua idiota!- Grunhiu.

Nora cravou o galho com força em sua coxa, fazendo com que Elena a soltasse por tempo suficiente para eu reverter o jogo. Peguei Elena por trás, fazendo com que seu corpo magro ficasse contra o meu. Ela era forte, tinha que admitir.

Era assim que tinha graça.

–Nora me passe o galho e fique atrás de mim- ordeno. Nora me obedece imediatamente. Poucos segundos depois Damon aparece massageando o pescoço e com as mãos.

–Droga, você sabia que isso é muito desagradável?- Murmura ele antes de perceber o que estava acontecendo.

Sinto Nora puxando minha camisa escura.

–Patch.- Ela sussurra.- Estou meio mal.

Sinto o impulso de largar tudo e fugir com ela. Mas minha fúria ainda estava explodindo dentro de mim. Alguém teria que morrer hoje.

–Patch, solte Elena. Prometo que não vamos mais voltar, mas solte a Elena- Damon está apavorado, seus olhos me imploravam que soltasse a namorada, e eu adorava isso.

–Saía daqui Damon!- Gritou Elena.

Menina esperta, pena que não utilizou essa esperteza antes.

–Você promete?- Pergunto, ignorando-a.

Ele ergue as mãos para cima, os olhos grudados em Elena.

–Prometo, você e Nora nunca mais irão nos ver- sua voz soava alta demais.

Ergo uma sobrancelha e sorrio.

–Se é assim...

Damon sorri aflito, mas não durou muito tempo.

Ele caí no chão horrorizado. Acabo de enfiar a estaca no coração de Elena.

É tão estranho quando o corpo de vampiros começam a ficar secos. Uma aparência horrível, pareciam uvas secas.

Acabei sorrindo desse pensamento.

Droga, fui insensível.

–O que você fez!- Berrou Damon. Joguei o corpo dela para ele.

–Ela queria matar Nora, então a matei antes que isso acontecesse- disse simplesmente.-Nada demais- dou de ombros. Por um segundo havia esquecido que Nora havia presenciado tudo aquilo. Sinto-me mal, mal por ela. Não queria ter mostrado tão claramente o que eu era. Não queria que ela tivesse mais motivos do que já tinha para me abandonar.

Damon pega o corpo seco e sem vida de Elena e me olha com raiva.

–Vou matá-la. Sua namorada vai morrer- diz com a voz cortante. Senti algo dentro de mim se remexer. Ele partiu rapidamente, queria segui-lo antes que fizesse algo à mulher da minha vida, mas não podia deixar Nora sozinha novamente. A manter segura é a prioridade agora.

Quando me virei para trás para fitá-la e trazê-la para os meus braços, Nora estava caída no chão. Me ajoelhei ao lado de seu corpo, sacudindo-a com força.

–Meu amor, acorda- eu pedi.- Acorda, Nora, por favor- minha voz soando desesperada. Geralmente não perdia o controle, mas quando se tratava dela tudo mudava.

Nora me olhou fundo nos olhos e sorriu.

–Estou bem, só cansada.- Ela olhou para o machucado em seu ombro.- E está doendo um pouco...acho que perdi bastante sangue.

Assenti com a cabeça.

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Bonnie havia limpado e cuidado do ferimento de Nora, agora ela estava bem, deitada em sua cama e assistindo televisão. Meus braços se encontravam ao seu redor e eu me lamentei mais uma vez por não poder sentir nada físico. Dei-lhe um beijo na testa.

Nora sorriu para mim, mas de repente sua expressão mudou.

–Estou mal, vou ao banheiro.

–O que você tem...Nora!

Ela começou a vomitar no chão, era uma correnteza de um fluído que não consegui identificar. Havia sangue ali e isso me preocupou.

Não sabia o que fazer. Bonnie tinha conhecimentos em enfermagem, talvez ela pudesse me ajudar.

Coloquei Nora sentada na poltrona de seu quarto com a cabeça entre as pernas e desci as escadas num rompante.

–Nora está mal- eu digo aflito.

Bonnie me olha preocupada e confusa.

–O que ela tem?

Encolhi os ombros e sequei por instindo um suor que estava escorrendo pelo meu rosto. O que aqueles malditos tinham feito com ela?!

Subimos as escadas e quando entramos novamente no quarto, Nora estava convulsionando, e aquele vômito incessante teimava em jorrar pelo o seu nariz e boca. Estava deitada de barriga para baixo no chão. Seu corpo todo tremendo e se contorcendo em posições não naturais.

Olhei para Bonnie.

–O que está acontecendo?- Eu quis saber.

–Não sei- diz ela, dirigindo-se em direção a Nora. Fiquei parado sem saber o que fazer. Primeira vez que fico sem reação alguma.

Primeira vez na minha existência que água salgada começa a brotar dos meus olhos.

Primeira vez desde que caí na Terra que rezo para Deus.

Senhor, não deixe que nada de ruim aconteça à Nora. Eu imploro.

Fui em direção à Nora, mas Bonnie me impediu, estendendo o braço com a mão espalmada para mim. Suas sobrancelhas estava franzida.

–O que deram e ela?- Perguntou, a voz grave demais,

Balanço a cabeça de um lado para o outro. Ela assentiu.

–Não é melhor leva-la a um hospital?- pergunto exasperado.

–Não.

–Ela vai morrer?


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