Entre suas asas escrita por AndreZa P S


Capítulo 2
Quando não é uma dor, é uma ardência.


Notas iniciais do capítulo

Quis postar hoje o segundo capítulo porque adorei escrever ele! HADUAHSUAHSUAHDUAHSUAHD



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–Nora, não olhe agora, mas tem um gatinho te secando!-Exclamou Vee Sky, fitando-o por sobre o meu ombro.-M.I.A.U!

Revirei os olhos mentalmente. De forma mais discreta possível virei-me para trás, minha curiosidade natural sendo ativada pela as palavras de Vee. Avaliei o garoto de cabelos alourados, caídos até a altura de seu queixo. Era bastante alto, talvez tivesse cerca de 1,90, díficil afirmar sem chegar perto dele.

–Bonitinho- murmurei ao voltar-me para ela novamente.- Mas ele não estava olhando para mim...

Vee franziu a testa, os olhos impacientes. Ela levantou seu dedo polegar.

–Primeiro: ele não é bonitinho, ele é o maior gato- ela ergueu agora seu dedo indicador.-E segundo: se ele não estava olhando pra você, então deve ser bem vesgo.

Vee escorou-se na porta do meu armario e deu uma bela de uma olhadela no garoto mais uma vez.

–E ele é tão gatinho, que mesmo se fosse vesgo você deveria pegá-lo.- Concluiu ao sorrir maliciosamente.

Sorri meio plastificada.

–Mania chata essa sua de tentar me arranjar namorado, Vee.- Reclamei, pondo a mochila no ombro, esgueirando-me pelo o amontoado de adolescentes cheios de hormônios igual minha melhor amiga.

E eu...err.

–Mas qual o problema disso?- Ela quis saber.

Parei em frente a sala do professor Nathanael. Dei uma olhada rápida para dentro, certificando-me de que ele ainda não havia chegado.

–O problema é que não estou procurando nenhum namorado.-Murmurei mal humorada. Hoje estava particularmente cansada, não dormira direito essa noite e não queria ter aquele tipo de assunto sobre relacionamentos amorosos de novo.

–Vai morrer solteira desse jeito- disse. Assim que terminou a frase, encheu um balão de chiclete rosa para estoura-lo em seguida.

Fiquei sem reação por apenas um segundo.

–Pelo menos não saio flertando com vários garotos, para no final continuar com o status de solteira no Facebook- praticamente cuspi as palavras. Meu rosto estava vermelho, eu podia sentir.

Vee abriu a boca para dizer algo, sua expressão chocada e irritada ao mesmo tempo. Não a dei tempo de retrucar, apenas virei as costas e adentrei a sala de aula a passos largos.

Paralisei por um momento. A turma já estava cheia, e praticamente todas as carteiras já haviam sido ocupadas.

Que ótimo.

–Gostaria de nos dar a honra de dar a aula hoje, senhorita Grey?- Perguntou o professor ao ajeitar seus óculos no rosto. Houve risadinhas por parte da turma.

Corei as bochechas e não me dei ao trabalho de respondê-lo, apenas balancei a cabeça e praticamente corri para a última carteira no fundo da sala. De cabeça baixa, obviamente.

Demorei cerca de cinco segundos para perceber que havia alguém ao meu lado.

Lhe lancei uma olhada discreta. Acho que era o garoto novo que entrara ontem para a turma. Era alto, moreno e com cabelos castanhos escuros que emolduravam seu rosto de forma rebelde.

O Sr. Nathanael escreveu no quadro negro com o seu habitual garrancho.

Matemática.

Fez a apresentação do conteúdo que iriamos ver na aula de hoje, e nos contou alegremente que ficariamos sentados até o fim do ano letivo com a dupla que escolhemos hoje.

Legal, mas o problema é que eu não escolhi sentar ao lado do...do...

Olhei mais uma vez para o garoto ao meu lado. Sua expressão permaneceu inalterada e seus olhos se mantinham fixos no professor.

Qual o nome dele mesmo?

Bom, eu apenas esperava que ele fosse no mínimo inteligente. Digamos que nunca fui muito fã de matemática.

–A-D-O-R-E-I!-Comemorou Marcie Millar a duas classes de distância. Deu um tapinha animado na mão de sua fiel escudeira Natália e sorriu.

Reprimi o impulso de colocar o dedo no fundo da garganta e vômitar. Com toda a certeza, fazer dupla com qualquer pessoa seria melhor do que com a "miss anorexa e antipatica" da Marcie.

Limpei a garganta e decidi dar o primeiro passo para socializar com meu novo parceiro. Quando virei para o lado com o melhor sorriso que meu humor permitia, fui surpreendida com intensos olhos negros me observando atentamente.

–Ahn...me chamo Nora- comecei. Ele não falou nada, apenas me encarava. Me remexi na cadeira e tentei uma abordagem diferente.-Qual o seu nome?

Tentei ser mais simpática dessa vez.

E foi como um balde de água gelada em minhas intenções de socialização. O garoto simplesmente ergueu levemente o canto de seus lábios -não identifiquei se foi um sorriso ou sei lá o quê- e virou-se para a frente.

Fiquei atônita. Tipo, não que eu tivesse um ego muito alto, mas me senti especialmente irritada por ter sido tão claramente ignorada assim.

Será que ele não falava? Séra que a escola agora estava aceitando a matrícula de alunos com problemas mentais?

Se fosse esse o caso, pediria para Vee escrever uma nota no jornal do colégio, parabenizando o diretor e o corpo docente pela a iniciativa.

O professor começou a andar por entre as mesas, distribuindo folhas semelhantes as de caderno para a turma. Seus olhos brilhavam de expectativa, e quando começou a explicar a atividade eu entendi o motivo.

–Você e seu colega ao lado irão passar cerca de um mês juntos!- Ele terminou de entregar as folhas e se dirigiu até a frente da turma, sentando-se na pontinha de sua mesa com as pernas esticadas e cruzadas._ Mas vocês não ficarão apenas juntos aqui, na sala. Terão que ficar no mínimo três horas na companhia um do outro, e no dia 19 do mês que vem me entregarão um porcentual referente ao quanto se sentem confortaveis na companhia do colega e o quão confiável vocês o julgam.

Houve resmungos meus e deu meus colegas.

Como assim? Não entendi nada.

O Sr. Nathanael ergueu as mãos para cima, e seu sorriso ainda se mantinha firme nos lábios.

–Vocês devem estar se perguntando como irá funcionar, certo?

Na mosca.

–Pois então, será da seguinte forma: A cada dia que passarem juntos, vocês terão que montar um gráfico, onde terão que me mostrar em linguagem matemática suas considerações sobre seu objeto de pesquisa. Me mostrar o quanto se sentiu confortavel e confiante na presença da pessoa naquele dia, e o no final desse mês, farão o calculo que aprendemos no início do ano letivo, ou seja, que aprenderam na segunda-feira, a média final de suas considerações. E não se preocupem, o trabalho não vai ser apresentado a ninguém, nem mesmo aos seus parceiros...a não ser que queiram. É um trabalho que ficará somente para mim.

–Não gostei!- Disse uma menina de cabelos ruivos.

–E o que isso tem a ver com matemática?- Indagou a dupla dela.

É claro que a turma estava incomodada. A maioria vinha de outro colégio, quase ninguém se conhecia na sala...

A não ser Marcie e Natália, e eu não duvidava nada de que Marcie talvez tivesse subornado o diretor para conseguir isso.

O professor sorria divertido, sem se influenciar pela a nossa falta de ânimo e disposição para com a atividade.

–Tem tudo a ver com matemática!- Contestou ele, cruzando os braços no peito.- Quero lhes mostrar que a matemática pode sim ser aplicada na vida cotidiana! Quero que vocês desenvolvam o lado crítico, o poder da intuição e observação e análise! É perfeito!

Ele bateu palmas para ele mesmo. Tipo, só ele bateu palmas mesmo...

–Não confio em ninguém e não gosto de conversar.- Falou o menino que será meu parceiro até o fim do ano. Virei para o lado com a boca aberta.

O quê? Ele...ele falava? Ele era...normal? Ele me ignorou de propósito.

Argh! Minha raiva tomou conta de mim. Sério, quem ele acha que é?

O professor pareceu meio surpreso e incomodado.

–Não precisa confiar, só precisa fazer o trabalho e me entregar no dia 19.- Ele agora contemplava a turma inteira.- Vou dar esses minutos restantes para vocês se planejarem e já começarem a se acostumar com a ideia.

Fiquei muda. Era muito desaforo eu puxar assunto de novo. Pude sentir que ele me observava e com o canto do olho o vi sorrir. Amaldiçoei-me por ter vindo de cabelo preso hoje, e agora não poder usá-lo como uma cortina cacheada e rebelde como proteção dos olhares desagradaveis daquele garoto.

Sentia seus olhos gradados em mim a cada minimo movimento meu, e aquilo já estava me dando nos nervos.

Respirei fundo. Não resisti.

–Tá me olhando tanto porquê?- Questionei-o emburrada e com os braços cruzados. Estava completamente ciente de que estava na defensiva, enquanto ele se mostrava super relaxado e com as mãos atrás da nuca e isso me deixava ainda mais irritada. Seus lábios pareciam que queriam formar um sorriso.

–Gosto de olhar meninas bonitas.

Me senti desconfortavel com suas palavras, e não me importei de deixar este deconforto bem a mostra.

–Legal.

–Você tem namorado?- Perguntou. O sorriso que tentava manter escondido, agora estampava-lhe a face. Ele tinha aquele tipo de sorriso luminoso, sabe? O que constratava bastante com a escuridão que o seu olhar transmitia.

–Não interessa.

–Vamos, Nora...eu quero passar nesse trabalho.

Que estranho, sua expressão me dizia claramente que para ele tanto fazia se passaria ou não.

Bufei.

–Tenho.

–Sério?- Ele se aproximou de mim. De boa, quem é que tinha dado tanta intimidade para ele?

–Por quê? Não pareço ser do tipo que tem namorado? -Perguntei zangada e não consegui deixar de me sentir um pouco frustrada.

Ele se afastou novamente, agitando o ar e revelando um aroma delicioso de água de colônia.

Quero dizer, nem tão delicioso assim...enfim.

–Pensei que teria chances com você.- Ele quase riu.

Estretei os olhos em fendas.

–Não, minha namorada não aceita nenhum tipo de namoro a três, sabe com é...ela é muito ciumenta. - Falei com um sorrisinho maroto nos lábios.

Ele me fitou atento, desconfiado e muito divertido. Um sorriso cafajeste e sexy fez com que meu coração desse um solavanco e foi então que me dei conta de que estava olhando fixamente para a sua boca.

De repente, rabiscar no meu caderno me pareceu ser uma ótima ideia.

–Que pena.-Foi o que disse. O sinal tocou instantes depois e ele levantou-se sem mais nenhuma palavra. Observei suas costas se afastarem, e antes dele passar pela a porta presenteou-me com uma piscadela.

Ah tá, era só o que me faltava.

Me dei conta logo depois de que não marcamos nada, e que eu ainda nem sabia o seu nome. Quando teminei de guardar meu material, percebi uma folha dobrada na mesa onde o garoto estava. Peguei-o e abri cautelosamente.

Escrito com a caligrafia perfeita e elegante (o que me surpreendeu muito) dizia:

"Nora, me encontre na biblioteca municipal às 19:00. Estarei te esperando para conversar-mos e tudo o mais que você quiser.

Um beijo...onde você quiser"

Fitei o papel por vários minutos depois que terminei de ler. Um arrepio me varreu a espinha, então levantei-me e saí da sala quase correndo.

Encontrei Vee no estacionamento. Sua expressão era uma incógnita, e de repente me senti muito mal por ter brigado com ela, mas não que eu fosse pedir desculpas.

Geralmente depois que dicutiamos, eu era a primeira a levantar a bandeira branca e me desculpar, mas isso não aconteceria dessa vez.

Parei em sua frente, ela me olhava de cima.

–Oi.

–Oi.- Respondi.

–Ainda somos amigas?- Perguntou.

Dei de ombros.

–Não sei...somos?

Tentei não demonstrar o quanto eu queria que ainda fossêmos melhores amigas.

Vee ponderou por um momento. Atrás dela, em frente ao uma camionete preta e reluzente, meu novo parceiro me observava com a expressão divertida. Suas sobrancelhas estavam erguidas e o sorriso cafajeste desenhado no rosto.

Abracei a Vee. Por quê 1º) Supostamente ela era a minha namorada. 2º) Eu não queria mais estar brigada com ela.

Vee retribuiu o abraço, então sussurrei ao pé do seu ouvido:

–Vee, me dê um beijo na bochecha.

Ela deu-me um beijo estalado na bochecha e sorriu. A puxei pelo o braço em direção ao meu carro e dei a partida.

–Por quê o do beijo?- Perguntou ela assim que pegou o seu celular rosa de dentro da bolsa.

–Supostamente somos namoradas agora.

Vee franziu o cenho.

–A fruta que eu gosto é outra, Nora.

Não resisti e tive que rir.

–Eu sei, mas preciso da sua ajuda.


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Notas finais do capítulo

Achei divertido! U.U AHSUAHSUAHSAU, aiai



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