Entre suas asas escrita por AndreZa P S


Capítulo 10
Entre Tapas e Beijos




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Definitivamente não queria me afastar de Patch. Então precisei de muita força de vontade para poder me afastar alguns centímetros. Seus olhos estavam mais escuros do que o habitual e um sorriso indecente brincava no canto de seus lábios.

Minha mãos estavam trêmulas por conta de um certo nervosismo, então as escondi dentro dos bolsos traseiros da minha calça jeans. Pigarreei. Olhei para os lados, tentando fitar o minino possível o seu rosto para, assim, ter um pouco de coêrencia na minha já confusa linha de racíocinio.

–Quanto tempo- murmurei, deixando minha voz ser embalada por uma entonação um tanto acusativa. Claro que ele poderia dizer que não me devia satisfação, virar as costas e ir embora, mas não resisti.

Ele olhou para cima, fitando as vigas de madeira do meu quarto. Passou as mãos que instantes antes delineavam a curva da minha cintura nos cabelos escuros. Cruzou seus braços, deixando bem à vista seus músculos definidos. Era a primeira vez que Patch demonstrava algum tipo de hesitação ou desconforto na minha presença. Bem no fundo da minha mente, eu gostei disso. Gostei muito. Isso quer dizer que eu o havia afetado de alguma forma.

Silêncio.

Arqueei as sobrancelhas.

Será que eu insitiria nessa questão? Óbvio que havia outras questões na minha pequena lista mental, mas a curiosidade era muito grande. Mas não tão grande quanto o meu orgulho.

Corei levemente, derepente me dando conta de que ele deveria me achar a garota mais carente do mundo. Respirei fundo.

–Tá, e como você entrou aqui mesmo?- Perguntei, mudando o rumo da conversa. Ou melhor, meia conversa.

Patch deu de ombros e me lançou um sorriso preguiçoso.

–Sua mãe me convidou- disse.

Franzi o cenho e mudei o peso de uma das pernas para a outra.

–Ela sabe que você está aqui em cima?

A imagem mental da minha mãe flagrando nosso quase beijo passou diante dos meus olhos. Me parecia um tanto improvável.

–Não.

Suspirei pesado. Agitei o ar com uma das mãos, impaciente. Patch sorriu. De novo.

–Será que dá pra você desenvolver?

–Nossa, que menina brava- murmurou ele, encurtando novamente o espaço entre nós. Pegou uma mexa de cabelo com o dedo e cheirou.- Adoro garotas enraivecidas.

Bati o pé no chão e dei um tapa em sua mão. Ele ficou surpreso por apenas um segundo, então soltou uma gargalhada suave.

O olhei carrancuda, erguendo as sobrancelhas como quem diz "Tá, e aí? Vai se enrolar muito ainda?"

Patch revirou os olhos.

–Sua mãe me convidou para entrar aquele dia.

–E?

Deu de ombros. Estreitei os olhos.

–Isso não te dá o direito de entrar quando quiser!

Me lançou uma olhada de soslaio e abriu a gaveta da minha escrivaninha.

–Será?- Questionou-me enquanto vasculhava seu interior.

–Por onde você entrou, Patch? -perguntei, derepente me dando conta de que eu não o conhecia. Ele podia ser um psicopata. Um estrupador. Um cara que come carne de gatinhos ou alguém que assalta idosos na saída de bancos.

–Janela- disse simplesmente, agora abrindo a outra gaveta e bisbliotando o seu interior.

Pousei as mãos na lateral do meu rosto, bufei.

–Dá pra parar de mexer nas minhas coisas?!- Rosnei, empurrando-o para a parede, pronta para soquea-lo se fosse o caso.

–Uau. Estou encurralado, estou nas suas mãos- falou. Quase caí na tentação de beija-lo novamente, mas me contive. Eu sou Nora, sou controlada.

É...mais ou menos.

–O que está fazendo aqui?- Eu quis saber.

Patch passou a ponta da sua línha no lábio superior e revirou os olhos.

–Ver você.

Soltei uma risada de escárnio, mas meu estomago se revirou.

–Estou falando sério. O. Que. Você. Está. Fazendo. Aqui.

–Seu pai lhe deixou alguma anotação antes de morrer? Qualquer coisa? -Perguntou. Pisquei atortoada. O quê? Meu pai?

–Não- respondi. Talvez tenha deixado uma caixinha pequena, mas não havia nada dentro, eu teria percebido.

–Pense, Nora.

–Por quê quer saber? Você conhecia meu pai?

E minha lista de perguntas para Patch não parava de crescer. Eba. Só que não.

Patch deslizou o dedo polegar pelo o meu queixo. Tremi levemente e torci para que ele não tenha percebido.

–Não o conhecia pessoalmente. Mas já ouvi falar o seu nome.

–Meu pai?

Não parecia provável. Papai tinha um laboratório pequeno no centro da cidade. Era médico, mas não ninguém famoso.

Patch assentiu com a cabeça.

–Nora?!!!!!- Chamou a voz da minha mãe do andar debaixo. Automaticamente virei o rosto em direção a porta.

–Não sei o que você fez comigo, Nora, mas agora já é tarde.

O fuzilei com os olhos, usando toda minha percepção e análise, mas não consegui identificar a veracidade de suas palavras.

Independente, mentira ou não, meu coração se acelerou dentro do peito.

–Porque você não mandou notícias? Porque saiu da escola?

Sabia que naquele momento algumas questões eram mais importantes, mas me dei conta de que precisava saber daquilo.

–Salvar você. Mas não adiantou.

–Salvar do quê?

Minha cabeça era um turbilhão de pensamentos, meu coração um turbilhão de sentimentos. Aquela situação toda não fazia sentido.

–Tudo.

–Sei me defender.

Ele sorriu de um jeito cafajeste, me puxou para si e me beijou mais uma vez naquela noite.

Ouvi o rangido dos passos na madeira vindo em direção ao meu quarto. Paralisei, meu sangue gelou. Era hoje que ficava de castigo pelo o resto da vida. Como Patch sairia?

–Nora, eu chamei você- disse mamãe, ao abrir a porta. Meus olhos estavam muito arregalados, eu podia sentir.

–Nossa, sou tão feia assim?- Questionou ela, pondo uma mão sob o peito de forma dramática.

O quê?

Olhei para trás, onde Patch se encontrava segundos antes. O vento uivava do lado de fora, soprando um vento gélido para dentro do quarto. Insconscientemente me inclinei pela a beirada da janela, olhando para baixo. Nada.

Nem Patch. Nem Jeep. Meu quarto ficava na parte dos fundos da casa, pensei que ele poderia ter deixado a camionete dele ali...

mas não estava. Deveria estar escondida por entre os arbustos. Calculei mentalmente quais as chances de alguém descer da minha janela e sair caminhando. Ou correndo.

Bom, acredito que não haveria essa possibilidade...mas Patch...Patch conseguiu.

Mamãe se inclinou ao meu lado, vagando os olhos pelo o vazio escuro da noite.

–O que está procurando?- Perguntou.

–Ahn...nada, só queria pegar ar...

Ela franziu a testa, parecendo desconfiada.

–Vamos descer, Hugo e eu temos uma novidade!- Exclamou.

Ah, sim. Novidade. Caminhei meio que automaticamente até o corredor, mas consegui vislumbrar mamãe dando uma olhada embaixo da cama.

–Vá indo pra sala, Nora...vou ver se encontro um cachecol seu para usar, esfriou, né?!

Revirei os olhos. Sim, esfriou e dar uma olhada dentro do armário da sua única filha também não seria má ideia.


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