Ayame gritava e fazia força como nunca. O parto não estava dos mais fáceis, Izayoi estava passando por maus lençóis. Tinha mandado Kouga e os s lobos ficarem afastados, quanto mais gente pior, só tinha deixado uma outra loba a auxiliando e Miya que estava no apoio também.

— Ayame faça mais força! Estou conseguindo ver os fios de cabelo do bebe! - falou Iza, que estava posicionada no meio das pernas dela.

 Ayame fez o que a menina pediu e fez muita força, e gritou, gritou tanto que até os lobos que estavam longe ouviram.

Iza estava um tanto preocupada, estava começando a ver a cabeça do bebe, mas viu também que a criança devia ser grande, por isso a dificuldade, então colocou uma das mãos no ventre da loba e rezou baixinho, usou seus poderes para ajudar Ayame a colocar o bebe para fora, e após mais alguns gritos estridentes... finalmente o bebe tinha nascido... era uma menina!

A criança realmente nasceu um tanto grande, Iza estimava uns quatro quilos e poucos, a pequena lobinha, já tinha nascido bem cabeluda, e era ruiva como a mãe, só não saberia dizer a cor dos olhos ainda. Iza rapidamente foi banhar a lobinha e quando estava limpa a enrolou em panos brancos e entregou a recém-nascida para a mãe que chorava de alegria ao ver sua lobinha em seus braços.

— Como ela é bonita! Eu sempre quis uma menina! - falou a loba um tanto cansada.

— Você se esforçou muito, descanse um pouco, caso contrário não poderá cuidar de sua lobinha ruiva - falou Iza gentil.

— Sim, eu vou, mas primeiro quero escolher o nome dela - falou a loba, acariciando as pequenas mãos de sua filha e sentindo seu cheiro - vou chama-la de... Akame!

— É um lindo nome e combina com ela! Agora por favor senhora Ayame, descanse um pouco, vou levar a Akame para o senhor Kouga conhece-la - falou Iza pegando o bebe dos braços da loba, já ia se retirar quando foi impedida por Ayame. 

— Obrigada por tudo Iza, seus poderes me ajudaram muito, sem você aqui não acho que o parto teria terminado dessa forma - falou a loba respirando fundo.

— Eu estou aqui para ajudar, e além disso é meu dever como sacerdotisa ajudar a todos, seja quem for ou o que for, minha mãe sempre me ensinou isso, e além do que se tenho poderes o mínimo que posso fazer é fazer um bom uso deles - falou a sacerdotisa colocando sua mão livre na testa da loba e usando seus poderes para tranquiliza-la e amenizar sua dor - as meninas vão banha-la agora e trocar suas vestes, deixei uma infusão com ervas para que você tome depois, para parar o sangramento, durma em paz, cuidarei de sua filha esta noite.

A loba apenas assentiu fracamente, as meninas assim como Iza tinha dito, banharam Ayame e colocaram roupas limpas nela, a loba tomou a infusão que a pequena tinha deixado e dormiu em poucos instantes, sabendo que seu pequeno tesouro estava em boas mãos.

Iza carregou com todo cuidado o pequeno bebe, até onde Kouga e os outros estavam. O líder dos lobos já estava ficando nervoso, andava de um lado para o outro, quase fazendo um buraco no chão, chegava a se arrepiar a cada grito que sua mulher dava.

— Senhor Kouga sua filha está aqui - falou Izayoi se aproximando de grupo, trazendo a lobinha ruiva nos braços, que dormia tranquilamente.

O lobo se sobressaltou, e se assustou um pouco quando ficou sabendo que era pai de uma menina. Não que estivesse triste, muito pelo contrário, só estava cheio de dúvidas, pois não chegou a ter muito contato com mulheres, a que teve muito mais contato, foi sua própria esposa.

O lobo pegou o bebe, e se surpreendeu pelo tamanho, sua filha lhe enchia os braços, e ficou feliz em ver que ela era ruiva como sua esposa, estava curioso quanto a cor dos olhos.

— Nasceu mais do que saudável, Ayame já escolheu o nome dela? - perguntou segurando com cuidado as pequenas mãozinhas.

— Já sim. Ela se chama Akame.

— E a propósito, como esta Ayame? - perguntou o lobo preocupado.

— Pode ficar tranquilo, Miya e a outra loba, a banharam após o parto, e deram a ela um infusão de ervas que fiz para que o sangramento parasse, não se preocupe, ela esta em boas mãos - respondeu a menina com cara de cansada.

— Iza-sama vá descansar, já esforçou muito hoje - falou Kouji, vendo o imenso cansaço da jovem, e se assusta quando a jovem cai de joelhos - Iza!

— Me desculpe. Eu estou bem - falou a menina, sendo ajudada pelo lobo.

— Iza por Kami! Eu sabia que você iria passar mal. Está dando de comer pra todo mundo, mas você tá se esquecendo de se alimentar! - falou Miya se aproximando, se preocupou ao ver a amiga naquele estado.

— Já que estou bem, por favor não se preocupem - falou a sacerdotisa, não querendo se preocupar ninguém.

— Bem você vai descansar na marra então - falou Kouji pegando Iza no colo, como se não fosse nada.

— Isso mesmo Iza. Não quero o seu pai me enchendo por não ter cuidado de vocês direito. Miya pode preparar algumas peles e cobertores pra Iza descansar, tem bastante comida vou pedir pro Hagaku te levar uma sopa - falou Kouga firme.

— Não! Espera! Eu preciso cuidar da Akame, prometi isso a sua esposa! - fala Iza, ela nunca quebrava uma promessa.

— Eu cuido da minha filha. E você mocinha vai descansar - falou Kouga não dando brechas para negativas.

Iza desistiu de tentar discutir. Se aconchegou no colo do lobo, e rapidamente adormeceu.

Kouji levou a menina com cuidado, como se fosse a coisa mais frágil. A deitou nas peles que Miya tinha arrumado, a ajeitou e a cobriu. Ficou observando-a, comtemplou seus longos cabelos negros, enrolou uma mecha nos dedos e apreciou sua maciez.

Se sentia um tanto culpado, Izayoi era apenas uma criança, ele era um adulto, aquilo era errado. A garota tinha uma vida inteira pela frente, tinha dúvidas do que fazer, já que lobos tinham apenas uma parceira em vida.

Antes de tomar qualquer atitude conversaria com seu pai, ele certamente saberia o que fazer.

Soltou a mecha e se afastou, comtemplando pela última vez, viu que o rosto estava tranquilo, apreciando o sono. O lobo suspirou e foi andar um pouco, queria ar puro, sentiu um vento fresco, respirou fundo, apreciando aquela brisa que parecia levar seus problemas. Acharia alguma solução para seu dilema.

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Yue e Seishirou, estavam em uma arvore, apenas observando de longe o castelo do inimigo. Yue observava atentamente, sua ideia era observar por alguns dias, pegaria a rotina do lugar, furos da mesma.

Yue observava o pátio, e viu que o lobo ao seu lado estava inquieto.

—  Está inquieto porquê?

— Você não perde uma - fala o lobo - estou pensando na minha mãe, ela estava prestes a dar a luz, queria saber se está tudo bem.

— Relaxa garoto, minha irmã está lá, pare de se preocupar - fala a albina dando um tapa de leve na cabeça do lobo.

— Eu sei, eu confio na Iza, só que... é meio coisa de lobo ser protetor com quem gostamos - falou ele - sou o mais velho, quando chegar a hora eu vou assumir a tribo, embora eu ache que meu irmão seja um melhor líder do que eu, ele pensa mais antes de agir e sabe ser gentil, e isso são qualidades que eu não tenho... - falava ele, quando foi interrompido por um soco da albina.

— Quer calar essa boca!!! Escute um bom líder não é apenas gentil! Existem deferentes maneiras de se preocupar e demonstrar ao seu povo que você se preocupa com eles, e estar aqui já é uma prova disso, gentileza e paciência pra agir são coisas que podem ser adquiridas com o tempo, você é jovem ainda e tem muita coisa pra aprender, portanto, nunca mais se menospreze desse jeito, ou vou colocar ordem nessa sua cabeça na base do soco! Me entendeu?! - falou a albina.

O lobo ficou assustado, não imaginava tal reação da menina. As palavras dela foram como um choque. E percebeu que de um jeito nada comum, ela era gentil e se sentia grato por isso, ainda que no começo eles não tivessem se dado bem.

— Obrigado, suas palavras me ajudaram muito - falou lobo.

— Disponha. Agora se comporte como um futuro líder, e vamos andar pelas redondezas do castelo e não faça barulho, não vamos ficar muito perto, se todos os guardas forem lobos, então eles também vão ter audição mais apurada. Vamos! - falou a albina tomando a dianteira da caminhada.

"Ela vai dar uma excelente líder um dia" pensou o lobo acompanhando a albina de perto. Tinha que admitir que apesar de ser pequena suas feições eram firmes, e passavam certeza do que fazia e liderança. Tinha plena certeza que algum dia essas qualidades seriam reconhecidas.

O lobo olhou o céu, apreciando a brisa refrescante, estava amanhecendo, e o Sol brilhava intensamente, como se seus raios trouxessem luz a missão deles.