– Teresa, eu juro que achei que você estivesse morta. Se eu tivesse alguma duvida, por menor que fosse, eu teria...

–CHEGA. Eu não quero ouvir mais nada. A melhor coisa que você fez por mim, Thomas, foi ter me deixado lá. –Ela disse, enxugando as lágrimas que teimavam em cair.

– Claro, se não fosse por mim, você não teria conhecido o seu namoradinho, e não estaria esperando um filho dele em tão pouco tempo. – Disse não me aguentando.

– Você continua achando que eu sou vadia traidora, não é – Teresa não tinha expressão alguma. Parecia que eu havia tocado em um ponto proibido, e eu me arrependi amargamente do que eu tinha dito.

– Não tire conclusões precipitados, Thomas. Você não faz ideia do que ela está passando – Thaís me disse repreensiva – Acabamos, querida. Está se sentindo bem? – Ela apenas acenou que sim com a cabeça.

Thaís segurava um vidrinho fechado com sangue dentro, ela colocou o nome da Vanessa nele, e em seguida pediu para que ela se deitasse na maca. Dessa vez foi Teresa que coletou o sangue da minha amiga e o colocou dentro de uma máquina estranha, provavelmente era dali que sairia o resultado. Ela estava quieta. Realmente aquela conversa havia mexido com ela. O clima tenso na sala era palpável.

– Posso te fazer uma pergunta? – Minho cortou o silencio. – Eu até entendo que Thaís não precisou usar luvas pra coletar a amostra porque o seu bebê é imune. Mas, por que você não está usando? Se o meu bebê estiver infectado, você pode estar correndo risco.

Minho tinha razão. Se o feto de Vanessa estivesse infectado, Teresa poderia se contaminar se não tomasse cuidado. Mas ela pareceu não se importar com isso, e desviou o assunto.

– Venha ver seu bebê, Minho, está escutando o coraçãozinho?

Novamente ouvi batidas rápidas vindas do monitor e uma nova imagem borrada apareceu, só que dessa vez maior. Minho olhava babando para a tela.

– Por que está mais nítido do que o seu? – Vanessa perguntou.

– Eu estou de três meses e você de quatro, o seu bebê está mais grandinho. E ai, querem saber o sexo?

– Claro – O casal respondeu junto.

Teresa remexeu o ultrassom no ventre de Vanessa até que encontrou o ponto certo e sorriu.

– Parabéns papais, vocês vão ter uma menininha.

Vi meu amigo chorar, só que dessa vez de felicidade, Vanessa não ficava muito atrás. Parece que clima tenso de alguns minutos atrás havia se dissipado com essa notícia.

Um apito vindo da máquina fez todos nós nos calarmos, havia chegado a hora da verdade. Teresa foi até o equipamento e retirou de lá um papel. Ela o leu, arqueou uma sobrancelha e depois sorriu.

– Parabéns em dobro. Vocês vão ter uma menininha super saudável. Ela não está infectada.

Minho literalmente urrou de alegria. Vanessa chorava acariciando sua barriga. Teresa e Thaís se abraçaram e eu, bem, só fiquei olhando a cena do canto até que notei alguém indesejado chegar.

– Posso saber o porquê de toda essa comemoração? E por que não fui convidado? – O otário disse de braços cruzados na porta.

– O meu bebê, ou melhor, a minha bebê é imune. Ela não está com o vírus, ela está salva – Minho disse transbordando de alegria.

– Você não contou pra eles? – Ele questionou Teresa que o olhava receosa – Eles precisam saber a verdade.

– Cara, os deixa em paz. Será que você não consegue ver a felicidade dos outros, não? O bebê deles está salvo, assim como o seu e ponto. O que mais você vai inventar agora – Eu disse nervoso, ele já estava me tirando do sério.

– Thomas, Thomas. Acho que você não vai se lembrar, mas nós nunca nos demos bem. Sempre pensamos diferentes um do outro. Nunca concordamos com nada. Brigávamos por tudo. E principalmente por alguém – Ele parou de falar e olhou para Teresa – E nessa briga o vencedor fui eu.

Pelo jeito eu já conheço esse mértila a um bom tempo e parece que nunca fomos melhores amigos. O que ele disse sobre brigar por alguém ficou na minha cabeça, eu sabia que tinha alguma coisa haver com Teresa. Será que já disputávamos o amor da mesma garota antes de eu entrar no labirinto? Como eu queria ter alguma lembrança sobre isso. Mas de uma coisa eu tinha certeza, por imaturidade minha, ele realmente havia ganhado.

– O que nós precisamos saber Teresa? Vocês estão escondendo alguma coisa importante – Vanessa interrogou a amiga.

– Se eu fosse vocês dois, eu não ficaria tão feliz assim. O feto não estar infectado não quer dizer nada. Teresa foi muito superficial quando lhes contou sobre os recém-nascidos.

– Eu não estou entendendo – Minho se manifestou.

– A sua menininha vai nascer saudável, sem o vírus, mas qualquer contato que por ventura ela tiver com um infectado, ela vai o contrair, assim como qualquer um de vocês. – Teresa disse, e essa sua última frase me deixou com uma dúvida.

– Isso quer dizer que ela não é imune? – Gally perguntou.

– Não. Me desculpem, eu só queria dar um pouco de esperanças pra vocês. Mas eu iria contar, por favor, não duvidem disso.

Não sei mais o que pensar. Por um lado eu acreditei que Teresa realmente estava tentando ir com calma com as revelações, mas por outro eu achava que ela só fez tudo isso pra tentar ganhar nossa confiança novamente. Meu coração dizia pra confiar, que era pra me lembrar que eu já tinha feito tudo errado uma vez, não acreditando nela e que já tinha passado da hora disso mudar. Mas minha mente dizia pra ir com calma, Teresa já me enganou uma vez, ou talvez mais de uma e poderia fazer isso de novo a qualquer momento. E se já não bastasse esse turbilhão de pensamentos desconexos que eu estava tendo, ainda me passou mais um sobre a suposta família perfeita.

– Andrew, você chegou aqui alertando que não era pra ninguém ter mais filhos, que era um risco e blá-blá-blá. Está assustando meus amigos afirmando que a filha deles não é imune, que pode se contaminar como qualquer um. Eu acredito em você, eu também acho que devemos a partir de hoje nos precavermos para que o vírus não seja transmitido aqui. Mas só me responda uma coisa, há quando tempo a CRUEL sabe que o Fulgor sofre essa mutação através dos fetos? – O questionei.

– A mais o menos uns seis meses. Mas por que da pergunta?

Nem o respondi, olhei para Teresa e lhe fiz quase a mesma pergunta.

– E você? Há quanto tempo sabe sobre isso?

– Desde o começo, fui eu quem ajudou a descobrir de onde o novo vírus vinha. A onde você quer chegar com isso, Thomas?

A raiva me consumiu, eu não enxergava mais nada além de Teresa na minha frente. Eu queria aperta-la, sacudi-la até ela se dar conta da merda que fez com a própria vida. Pra não fazer isso, eu acabei descontando na mesa cheia de medicamentos que estava do meu lado. Minho assustado com minha reação repentina me segurou enquanto eu gritava.

– Como você pode ser tão estúpida assim? Sua idiota, imbecil. Você não se deu conta da burrada que fez? – Disse raivoso.

– Eu não estou entendo Thomas. – Ela estava assustada vendo o meu estado.

– Você já foi mais esperta Teresa Agnes. Esse vírus deve estar coroendo o seu cérebro. O que deu em você pra engravidar desse mértila sabendo que o seu filho mais cedo ou mais tarde vai morrer também? Ou será que o momento estava tão bom assim que você nem pensou sobre isso – Eu estava roxo de ódio, um ódio que nem eu mesmo compreendia - Acho que Brenda estava certa sobre você tentar dar o golpe da barriga.

– Eu vou acabar com você seu desgraçado – Andrew partiu pra cima de mim, me jogando no chão e me dando um soco no olho direito – Você nunca mais fala assim dela, tá entendendo? Ou eu termino de destruir esse seu rostinho lindo com um belo tiro nele – E não se preocupe tanto assim com o meu filho porque assim que ele nascer, já vai ser muito mais resistente do que você, do que qualquer um.

– O que?

– Eu estou tentando dizer, Thomas, que o MEU FILHO é o único que pode salvar o resto da raça humana da extinção. Que graças ao meu DNA e o de Teresa, ele é o ÚNICO ser humano que possui o antídoto do Fulgor X em seu próprio sangue.