Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 12
Obrigada


Notas iniciais do capítulo

http://letras.mus.br/plain-white-ts/444688/
Só em caso de vocês quererem escutar a música mencionada neste capítulo e a tradução da parte que inseri aqui...

Espero que gostem deste capítulo gente ^^



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Entrei no apartamento e agradeci por meus pais estarem viajando. Minha mãe com certeza perguntaria por que eu estava com aquela cara. Fui ao banheiro só para checar que o que eu estava sentindo era verdade. Minhas bochechas estavam vermelhas como pimentões e meu coração batia muito rápido. Respirei fundo e disse a mim mesma de que era apenas uma reação normal, afinal, eu descobri que Sara não me odiava e ainda acreditava que a culpa era dela.

Assim que pensei nisso meu coração acalmou o passo e minha respiração ficou um pouco mais regulada. Sara. Somente pensar nela e que ainda poderíamos voltar a sermos amigas me deixou feliz. Já que eu estava ali resolvi tomar um banho.

Desenvolvi o hábito de sempre que meus pais não estavam em casa de tomar banho com a porta do banheiro aberta. Peguei meu celular e coloquei em A Lonely September para repetir. Tirei a roupa e entrei no chuveiro abrindo-o na água quente. Estava estranhamente frio desde manhã e a água quente sempre me deu uma sensação de aconchego.

Aconchego é uma palavra engraçada. Fiquei vagando com meus pensamentos, imaginando coisas inúteis e demorando muito mais do que o planejado no banho. A água ta acabando, porra. Fechei então o chuveiro e percebi que tinha esquecido a toalha. Bufei e abri o Box instantaneamente gritando.

Sara estava no batente da porta segurando a toalha azul. Ela tinha a chave da porta do meu apartamento assim como eu tinha da casa dela. Ela riu e me estendeu a toalha enquanto eu parecia que estava tendo um ataque cardíaco. Era sério, eu realmente me assustei. Coloquei meu braço na frente dos meus seios e arfei.

– Calma Roxy sou só eu – ela piscou. – Não é como se eu já não tivesse te visto pelada antes. Aqui, pega logo a toalha antes que fique resfriada.

Claro que nós já tínhamos nos visto peladas, mas isso não mudava o fato de que seu corpo era melhor que eu meu em basicamente tudo. Ela tinha seios maiores, uma cintura mais fina e uma pele perfeita. Claro que isso se devia de seu cuidado com ela, passava cremes e todos esses negócios. Eu já nunca tive paciência para essas coisas e não me incomodava realmente com isso. Mas mesmo assim... Dava um pouco de vergonha.

Peguei a toalha da mão dela com força, me enrolei nela e sai completamente do Box. Sara, entretanto, não saiu da minha frente para me dar passagem. Ela era pouco maior do que eu, dois ou três centímetros, mas parecia bem maior. Eu não aguentei encará-la e baixei meu olhar logo escutando o suspiro dela.

– Nicolas me contou o que aconteceu hoje. Acho que eu não deveria estar surpresa com o fato de que você achou que a culpa era sua. Isso é tão a sua cara.

– Minha cara?! Eu quase não acreditei quando ele me disse que achava que a culpa era sua, Sara! – minha voz aumentou e ela encolheu os ombros. – Fui eu quem quebrou o nariz dele! Acho que tudo o que você disse não estava errado – minha voz diminui na última frase e meus olhos também foram para o chão.

– Para Roxy! – ela exclamou e pegou o meu queixo com a mão. – Não importa o quanto brava eu estava, as coisas que eu disse nunca serão verdade! Quando você saiu por aquela porta e entrou naquele ônibus... – ela suspirou e percebi que os olhos dela também estavam inchados, ela também estava chorando. – Eu estava assustada Roxy... Me desculpa – ela fungou e eu me derreti. – Eu estava assustada por que meu único irmão estava me rejeitando e que minha melhor amiga queria fazer algo para dar um jeito nele... Isso me assustou, Roxy... Me desculpa – ela soluçou.

Uma parte de mim queria dizer que a culpa ainda era minha, outra queria dizer que a culpa era dele, mas nenhuma das duas falou naquele instante. Apesar de continuar achando que a culpa não era dela, escutá-la pedindo desculpas fez meu coração ficar tão mais leve.

Eu a abracei e ela passou os braços na minha cintura. Eu ainda estava encharcada do banho, mas ela não pareceu se importar com aquilo e dentro daquele abraço eu pude sentir de novo aquele cheiro de perfume um pouco amadeirado, um pouco doce que só ela tinha, pude sentir o cheiro leve da tinta com que ela pintava as mechas azuis e pude também sentir o calor do corpo dela.

Nada no mundo se comparava com aquilo. Para mim, aquele abraço era o melhor de todos. Sara era a melhor de todos.

– Ok, chega – ela fungou e sorriu se separando de mim. – Você tem que se trocar e...

Sua frase foi interrompida no meio e seus olhos se arregalaram.

– Rexy! Você cortou o cabelo! Eu não acredito que fez uma franja!

Era tudo o que faltava. Meu apelido saindo da boca dela.

Sorri e contei tudo para ela, como minha mãe tinha cortado meu cabelo e eu não achava que franjas eram tão ruins agora, mas que seria estranho não amarrar mais o cabelo. Fomos para o meu quarto onde eu peguei uma calça de moletom e uma camisa branca de algodão. Estava esfriando cada vez mais.

Eu me lembrei do meu celular ainda tocando no banheiro e ela disse que iria buscar junto do secador. Sentei-me na cama tranquila e arregalei os olhos quando lembrei a música que estava tocando. Ela voltou do banheiro com o celular e balançando-o na mão cantou junto.

But with all my inspiration gone it’s not getting me very far… I look around my room and everything I see reminds me of you – nesse momento ela chegou perto de mim e pegou minha mão. – Oh please, baby won’t you take my hand… we’ve got nothing left to prove…– eu suspirei e ela riu. Sara puxou meu braço pra cima e eu fui de encontro com ela. – Well I didn’t mean for this to go as far as it did and I didn’t mean to get so close and…– eu já estava rindo também, mas por algum motivo ela parou de cantar e nós duas começamos a nos encarar.

Logo na parte em que falava em que ele não pretendia ter se apaixonado, mas que ele tinha e que ele sabia que ela não pretendia o amar de volta, mas que ele sabia que ela tinha, ela me encarou de uma forma que era diferente de todos os olhares que já tinha me dirigido.

Não. Ela já tinha me olhado assim uma ou duas vezes antes, mas nunca me encarou daquele jeito.

O jeito que ela estava me olhando era estranho, mas quanto mais segundos se passavam naquela posição mais meu coração acelerava. A música acabou e Sara riu.

– Você está vermelha, Roxy!

Ela soltou minha mão e riu ainda mais. Porém, eu não achei graça nenhuma naquilo. Meu coração estava realmente acelerado, eu realmente tinha meu rosto corado e eu realmente estava começando a ficar brava com Sara rindo daquele jeito. Foi ela que tinha me olhado daquele jeito.

Peguei o travesseiro e taquei com força nela. Ela continuou a rir e apenas tacou o travesseiro de volta. Pouco tempo depois estavam as duas rindo e lutando com travesseiros.

Era começo da noite quando Sara disse que precisava ir, sua mãe deveria estar muito preocupada com seu desaparecimento repentino. Eu fiz um muxoxo e com um suspiro ela decidiu fazer a janta pelo menos. Eu deveria estar comendo apenas macarrão sozinha daquele jeito.

É claro que eu só estava comendo macarrão, como se eu soubesse fazer alguma outra coisa.

Fomos para cozinha e ficamos conversando escutando música enquanto ela preparava salada e arroz. Depois de um tempo perguntei se precisava de ajuda e ela disse que eu poderia cortar as batatas. Fui para o seu lado na bancada e apesar de tudo ter passado, cada vez que meu cotovelo esbarrava nela eu me lembrava daquele olhar e de como sua mão segurava a minha.

Eu disse a mim mesma para esquecer aquilo e uns vinte minutos depois estávamos jantando. Ela fez arroz e feijão o suficiente para comermos hoje e para o almoço do dia seguinte. As batatas fritas só daria para aquela refeição, mas eu daria um jeito.

Então ela me convidou para dormir na casa dela.

Imediatamente me lembrei de como escondi meu rosto na camisa de Nicolas e como ele ainda me deu seu número de celular horas antes. Meu rosto não esquentou, mas eu neguei com a cabeça dizendo que ainda não queria ver Nicolas. Sara disse que entendia perfeitamente e que queria dormir comigo naquela noite, mas sua mãe precisava dela.

– Tudo bem, eu entendo – sorri quando ela já estava na porta de casa. – Obrigada pela comida e por...

Minha língua enrolou um pouco quando eu ia dizer “por ser minha amiga novamente” e temi começar a chorar, mas antes disso Sara me abraçou e me beijou na bochecha.

– Eu também, Rexy – ela piscou para mim e a vi pegar o elevador.

Fechei a porta e olhei para mesa de jantar. Recolhi os pratos, coloquei o arroz e o feijão dentro de potinhos e os guardei na geladeira. Limpei a mesa e lavei a louça por fim. Novamente, com o celular em mãos, voltei para meu quarto e olhei para a música pausada.

O que foi aquilo? Por que senti... Senti algo quando ela estava me olhando daquele jeito?

Ao pensar aquilo lembrei-me do rosto de Nicolas e seu sorrisinho sarcástico me entregando o papel com seu número. Andei até a escrivaninha e peguei o papel. Adicionei ele aos contatos colocando o nome “Imbecil” e abri o aplicativo para ver sua foto.

Era ele provavelmente em algum lugar da França, estava com um gorro e um sorrisinho de lado. Suspirei e joguei o celular dentro da gaveta.

O rosto dele e o rosto dela continuavam a aparecer na minha mente. Aquele dia continuava a voltar e voltar na minha cabeça até que eu me senti tão cansada a ponto de dormir às sete horas da noite. Eu não queria realmente dormir, mas assim que me enrolei debaixo do cobertor e fechei os olhos eu apaguei.

Eu nunca teria feito isso se soubesse com o que eu iria sonhar.


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Notas finais do capítulo

Ah, o que será que o Roxy sonhou :( acho que não foi algo bom... heh.
Eu queria agradecer pelos reviews no capítulo anterior



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