Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 11
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho e acho que pelo menos alguns de vocês estavam esperando por ele ^^ queria agradecer a Kaah por ser tão fofa gente ^^ dedicado a ela~~



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Eu suspirei pesadamente tentando controlar minha raiva e xingando mentalmente a minha falta de sorte. Como pude ficar presa na bosta do elevador com o cara que mais odeio no mundo? Eu encostei minhas costas na parede e escorreguei lentamente até o chão. Aquilo não podia ser verdade.

– Você está bem? – ele perguntou com a voz baixa.

– Cala a boca – eu disse. – Tudo isso aqui é culpa sua.

– Pelo menos consigo fazer você me ouvir agora – ele suspirou.

– Me fazer ouvir? – eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. – Você bate na própria irmã, destrói tudo o que eu tinha com ela e agora quer conversar? Ah vai se foder, Nicolas. Eu não aguento caras iguais a você.

– Dá pra você calar a boca?! Eu estou tentando me desculpar!

– Desculpar? Como se eu fosse em algum dia da minha vida desculpá-lo por ter feito minha melhor amiga me odiar!

– Pode parar! – ele parecia pronto para me dar um soco. – Foi você quem quebrou o meu nariz!

Eu me levantei de supetão e agarrei a gola da jaqueta dele o jogando contra a parede.

– Eu teria quebrado muito mais se você tivesse encostado mais um dedo na Sara, seu imbecil – mantive minha voz baixa, apesar de querer arrebentar aquela cara bonita dela. – Não o quebro mais uma vez...

– Por quê? – ele deu um sorrisinho irônico. – Sabe que Sara ficará ainda mais puta com você se fizer isso e eu sei que está querendo se reconciliar com ela.

Ele estava certo e eu odiava isso. Suspirei e soltei a sua jaqueta lentamente me encostando na parede de novo evitando olhar para ele. Um silêncio se seguiu e eu fiquei pensando que era estranho ele querer se desculpar. Admito que isso me deixou curiosa, mas nem eu e nem ele se pronunciou.

Ainda bem que pouco tempo depois arrumaram o elevador e nós saímos. Daniel veio correndo preocupado e eu disse que estava tudo bem. Entreguei o pendrive para ele e quando olhei para os lados Nicolas não estava perto. Respirei com alívio pensando que ele teria se tocado e indo embora, mas quando sai da editora dei de cara com ele. Resolvi que ignorá-lo era melhor, mas na hora em que passei ele veio atrás de mim.

– Espera – ele segurou meu braço e meu coração por algum motivo parou por um segundo.

O toque dele não era em nada parecido com o de Sara.

A mão dela era macia com dedos longos e magros, já a mão dele era grande e sua palma um pouco áspera. E mesmo assim eu senti como se estivesse sendo tocada por ela. Quero dizer, eu senti a mesma coisa que sentia quando ela me tocava.

Em pouco tempo me recuperei e puxei meu braço com força não o deixando perceber que fiquei um pouco abalada com aquilo. Quando me virei para olhá-lo encontrei um olhar cansado e aquele sorriso irônico de sempre.

– Vem comigo tomar um café pelo menos – ele suspirou. – Eu realmente tenho que conversar com você.

– Por quê? – arqueei uma sobrancelha e ele revirou os olhos. – Eu não vou a lugar nenhum sem saber o motivo, idiota.

– Eu preciso conversar com você – ele revirou os olhos de novo. – Eu fiz merda, mas acredite que não foi de propósito.

– Não foi de propósito? Ah, você não bateu nela de propósito? – um riso escapou de meus lábios e ele pareceu ficar mais impaciente.

– Por favor, Roxy – ele tinha um olhar parecido com o de Sara naquela hora e aquilo estava me irritando. Era impossível os dois terem tantas semelhanças.

Eu apertei os lábios e assenti com a cabeça. Ele pareceu um pouco aliviado e nós nos dirigimos para um café ali perto. Entramos e eu soube na hora que ali não tinha chá e esse pequeno fato me deixou mais irritada do que antes.

– O que você quer? – ele perguntou pedindo o dele.

– Nada – eu respondi curta e grossa.

– Qual é Rexy – ele sorriu de lado. – Posso te comprar um café.

– Eu odeio café, imbecil – eu disse baixo e olhando nos olhos dele. – E não se atreva a me chamar assim.

Sai de perto dele e fui procurar uma mesa. Olhei para todos os lados e no final tive que subir por que estava lotado. Encontrei uma perto de uma janela, achei que estava bom, sentei-me ali e esperei por ele.

– Não precisa ficar tão na defensiva – ele chegou e se sentou na minha frente. – Bom lugar.

Ele tinha pegado um expresso e uma rosquinha de chocolate e fiquei feliz com aquilo. Sara odiava café forte. Ele tomou um longo gole e uma mordeu a rosquinha. Continuou comendo e eu comecei a ficar impaciente.

– Dá pra falar logo o que você quer?

– Só um minuto – ele limpou a boca com o guardanapo e isso me chamou a atenção para sua boca. Ele tinha o lábio superior mais fino que o inferior e sua boca não era larga, muito parecida com a de Sara para ser verdade. – Eu te chamei aqui por que quero explicar o que aconteceu naquele dia.

– Como assim explicar? Desculpe-me, mas não há nada para explicar sobre aquilo. É bem simples na verdade. Você estava sendo um idiota desde o momento em que pisou no Brasil, magoou Sara em todos os segundos possíveis, bateu nela, eu perdi minha cabeça e pronto! Perdi a minha única real amiga.

Ele me olhava nos olhos e suspirou. Coçou a nuca e eu percebi que estava desconfortável e que queria falar algo, mas simplesmente não estava conseguindo. Isso me intrigou e por um momento eu não quis pegar minha mochila, tacar na cara dele e sair daquele café. Apenas por um momento.

– Não foi tão simples assim - ele suspirou. – Olha, eu fui um cuzão desde que cheguei, já entendi isso, mas me escuta. Esse é quem eu sou. Eu não via minha irmã há anos e quando a vi ela estava parecendo uma arara azul! – ele viu que eu estava pronta para pular em cima dele e ele levantou as mãos. – Pode parar! Deixa-me terminar antes de tentar quebrar meu nariz sendo que ele ainda nem curou.

Revirei os olhos quando ele apontou pra bandagem no nariz dele e assenti de modo que ele entendesse que podia continuar. Ele se recostou na cadeira e tomou mais um pouco do café.

– Eu comecei a soltar vários “insultos” – ele literalmente fez aspas com as mãos – por que sei lá qual motivo. Quando você chegou eu não consegui aguentar a sua posturazinha arrogante achando que sabia tudo então subi para provocar vocês. Quando você saiu... A Sara começou a te defender dizendo que eu estava sendo um imbecil e mais um monte de merda – ele revirou os olhos. – Disse que você não tinha nada a ver com aquilo e que eu não podia nem pronunciar seu nome – ele bebeu mais um gole. – Como consequência, perdi a cabeça e dei um tapa muito mais forte do que eu queria. Nem vi quando você apareceu na porta, a única coisa que me lembro é de você chorando e a Sara me defendendo. Depois disso eu apaguei e estava no hospital.

Eu estava mais do que atônita. Minha cabeça estava a milhão e Nicolas parou de falar quando eu apoiei meus cotovelos na mesa e enterrei meu rosto entre minhas mãos. Ela tinha me defendido e ao atacar ele tudo o que ela falou tinha sido contraditória já que arregacei a sua cara.

"- Por que sempre estraga as coisas?!"

Eu era mesmo uma bosta de amiga.

– Roxy...? – ele me chamou hesitante e eu senti a ponta de seus dedos no meu braço. Recuei no mesmo instante e pude ver sua expressão. – Você...

– Apenas continua a falar – eu apertei os lábios e abaixei a cabeça. Ele deve ter sentido pena ou algo parecido, pois simplesmente voltou a falar.

– Bom, na hora que acordei eu vi a merda que tinha feito. Sara tinha me defendido apesar de eu ter a batido, a humilhado. Ela ainda era a minha irmã – ele franziu o cenho. – Eu tenho um sério problema em pedir desculpas, mas aquela fluiu bem quando pedi para Sara. Ela e minha mãe pareceram surpresas e Sara me deu um tapa na cara – ele deu um risinho. – Disse que não me desculparia. Disse que era tudo culpa dela que Roxy, a melhor amiga dela, tinha ido embora, afinal foi ela quem disse aquelas coisas “horríveis”, mas eu tinha que pedir desculpas a você e somente a você.

Nada do que ele falava fazia sentido na minha cabeça. Absolutamente nada. Ele viu a minha confusão e suspirou. Por fim, disse que ele tinha feito a parte dele e se levantou. Tocou meu ombro quando saía e pediu para que eu voltasse a falar com Sara.

Eu levantei o rosto para ele e ele se assustou. Eu tinha lágrimas nos olhos e sentia eles arderem.

– Mas a culpa foi minha – eu disse soluçando baixinho no final. – Por que ela acha que a culpa foi dela?

Eu não sei o que aconteceu, mas o olhar dele estava completamente diferente. Não estava parecido com o de Sara, não tinha nada irônico neles e havia algo além de surpresa ali. Algo bem diferente de surpresa. Apertou a mão no meu ombro e suspirou.

– Vocês duas são tão iguais – riu baixinho. – Vem, eu te levo pra casa.

Descemos as escadas do café e todos me olharam. Eu sempre odiei ser o centro das atenções e me encolhi inutilmente. Ele passou um braço no meu ombro e me puxou para perto. Para me apoiar melhor segurei na sua cintura e escondi meu rosto na sua camisa.

Saímos do café e por algum motivo nenhum dos dois fez qualquer tipo de tentativa de mudar a posição. Simplesmente seguimos daquele jeito para a minha casa onde ele, voltando a estar com o sorrisinho irônico, disse que qualquer coisa era só ligar e me entregou um papelzinho com o número dele.

Foi embora e eu definitivamente não sabia o que pensar do que havia acontecido. Nada realmente fazia sentido.


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Notas finais do capítulo

Então! Pessoas, me digam o que acharam! Acham que isso é real ou será que ele só está fingindo mais? E ainda, a grande pergunta, o que todas essas informações vão fazer com a cabeça da Roxy? *O* hehe



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