–De onde cês são? - Perguntou o fazendeiro, interessado. Eu e Melissa decidimos conversar com esse senhor para pedirmos informações do nosso próximo trajeto, mas acabou se transformando em uma conversa amigável. A mãe de Melissa ligou novamente e a pediu que voltasse, pois tinha que viajar e não queria que "a-casa-ficasse-sozinha", enfim, Melissa disse que o que ela quis dizer foi: "Volte para casa agora, as chaves estão embaixo do tapete." só que não admitiu. Discutimos por alguns segundos, e depois de muito pedir, ela aceitou que eu a levasse para de volta para Nova Iorque.

–Eu sou de Nova Iorque. - Melissa deu um sorriso gentil. Seus cabelos estavam soltos e o óculos escuros caíam sobre o nariz.

–Eu sou de Los Angeles. - Digo, encarando-o com gentileza.

–Ahh! - Ele ficou surpreso. O senhor possuía cabelos brancos e barba para fazer, um chapéu tampava sua visão dando-o um ar mais fazendeiro. - Cês até que formam um casal pra lá de bonitinho. - Sorriu, mostrando uma fileira de dentes amarelados.

Eu e ela nos encaramos ao mesmo tempo, engolindo em seco.

–Não, não! - Falamos em uníssono.

–Não namoramos. - Explicou Melissa. As palavras embaralharam em sua boca.

– É. é! Não somos um... casal. Imagina - Um riso nervoso escapa em meus lábios.

–Hum... peço desculpas procês, é que parecia. - Ficou envergonhado. - Enfim, já vou embora, tchau procês. - Se despediu, vagando pelo terreno até sumir entre as plantações.

–Namorando. - Disse Mel rindo, dando passos até ficar na minha frente, parecia que ouviu a melhor piada do ano. Comecei a rir junto com ela, encarei seus olhos e ia responder algo, só que vi algo se mexendo na sua blusa, arregalei os olhos instantaneamente.

– O que.. que foi? - Ela seguiu meu olhar e olhou para a blusa que estava usando. Deu um grito horripilante quando percebeu que era uma lagarta, começou a pular e balançar as mãos. - TIRA, TIRA, TIRA RICHARD. - Gritou.

–CALMA. - Exclamo.

–TIRA LOGO, MEU DEUS, EU VOU MORRER!

–Menina se acalma. - Começo a rir, dando nenhum passo para tirar a lagarta, quer saber? isso pode ser muito engraçado...

–O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO?! - Ela gritou, arregalando os olhos. Seus olhar estava de desespero e de raiva ao mesmo tempo, eu nunca pensei que isso fosse possível. - MATA, MATA.

–Ei! Eu não fazer nada não, ela não me fez nada... - Dou uma desculpa esfarrapada. - Ela só queria arranjar um meio de transporte mais rápido para sua casinha nos morros.

Melissa fez uma careta e em um movimento rápido tirou sua blusa, jogando-a rapidamente no chão. Eu ergui uma sobrancelha, apreciando a visão.

–BABACA! NUNCA MAIS FALA COMIGO. - Ela me empurrou com os braços, e completou: - E PARE DE OLHAR.

–Sinto muito. - Desvio o olhar, rindo.

❄️

Naquela tarde passamos inteira juntos; limpamos o carro, compramos biscoitos e bebidas, falávamos besteiras, conversamos coisas sérias.. e mesmo assim as horas passavam se arrastando. Decidimos ir para Nova Iorque, mas antes passaríamos em Jersey City, pois prometemos um para o outro que temos que conhecer a cidade, quer dizer, ela já conhecia e iria me mostrar.

Haviam se passado dias desde daquele episódio do casamento mas eu nem parecia a mesma pessoa. Isso é bom? Melissa disse que eu estava sorrindo mais, que, no final, as viagens estavam me fazendo bem. Fiquei bastante empolgado, ainda mais em conhecer a mãe dela, me parece uma boa pessoa.

Quando acabamos de lavar o carro, Melissa alertou que o sol iria se pôr. Sentamos no capô, eu dava um sorriso bobo, apreciando a visão que eu tinha de privilégio. Melissa estava acertando o foco da sua câmera, o que era engraçado, pois ela fechava apenas um olho enquanto o outro estava fitando a máquina. Ela tirou uma foto daquele momento, e por fim, fechou os olhos e encostou o rosto em meu ombro. Melissa era serena, calma, possuía um coração maior do que ela mesmo. Merecia ser admirada mais que todas as estrelas juntas, mas que aquele pôr do sol.