20H50

Levei cinco segundos para estranhar o motivo de Melissa me pedir um sorriso, e mais cinco segundos para ver o flash de uma câmera, e mais cinco segundos para querer que ela excluísse aquela foto no mesmo instante. E Mais uma vez, Melissa Johnson fez umas de suas brincadeirinhas que eu odeio. A primeira foi um berro dizendo que havia um caminhão indo ao nosso encontro, e ele estava capotando. Eu até podia não acreditar naquilo, poderia ver pelo retrovisor e saber que era mentira ou ouvir os gritos das pessoas ou uma buzina. Entretanto, meus olhos estavam pesando de sono, e pela minha defesa logo digo que você faria a mesma coisa que eu fiz, gritei desesperado. Aí ela soltou uma risada, e eu quis matar ela com minhas próprias mãos. A segunda foi dizer que estava grávida e não sabia quem era o pai - O que me fez discutir com ela e dizer como ela era irresponsável, que agora ia ficar se prostituindo na rua para ganhar dinheiro, e até lágrimas muito másculas caíram do meus olhos - Mas nesse caso disse que foi um cisco. Então ela novamente riu, e eu novamente quis matar ela.

–Ah, até que ficou bonitinho, olha! - Ela mostrou a foto na sua câmera.

–Excluí essa merda agora, Melissa.

–Okay.

20H55

–Se quiser ir no banheiro vai logo! - Alerto-a, diminuindo a velocidade o suficiente para passarmos ao lado de um posto aberto.

–Eu não quero ir, cara. Vai logo! Faltam cinco minutos. - Ela diz eufórica, faltando apenas pular em meu pescoço.

Então ficamos em silêncio. Acelerei o carro e o posto foi ficando para trás cada vez mais. Bom, só que eu senti como se um alarme disparasse em meu estomago, e me arrependi amargamente de beber tantos energéticos, porque aquilo dá uma vontade imensa de ir ao banheiro. Diante do meu silêncio Melissa perguntou se eu estava bem, porque estava começando a ficar vermelho, então eu declarei:

–Eu preciso ir no banheiro.

22h21
O silêncio machucava ao meus ouvidos. A música não resolveu absolutamente nada, e o som da ignição do carro também não resolveu nada, apenas me deixou meio frustado. Desliguei o carro, irritado. Respirei lentamente para tentar me acalmar, não resolveu também, comecei a balançar os pés agitadamente. Sentia que iria explodir a qualquer momento se não tivesse uma resposta. E também sei que eu deveria está dirigindo para Hoboken, a cidade que fica a 3.98 km de Nova Iorque, e como Melissa disse, há belas festas que me faria esquecer "meus problemas". Mas eu não quero. Pelo menos não até saber se gostaram do resultado ou não.

Saio do carro e bati a porta. Resolvo sentar no capô do meu carro. Nova York era uma cidade agitada e vigorosa, como se estivesse em uma constante mudança. A cidade não era tão mal assim, a neve acumulada nas ruas criava um horizonte branco com luzes e bonecos de neve. Árvores grandes faziam contraste com edifícios maiores ainda - o que não deixava a cidade totalmente urbanizada. De longe, não era assim que eu imaginava a tão considerada cidade dos sonhos, onde pessoas se mudam para cá em busca de um futuro considerável. Por mim, Nova York é apenas uma cidade como qualquer outra, e não sei o motivo de todos a contemplaram tanto.

– Ohh, não sabia que ainda estava aí. - Uma voz feminina lamentou. Depois de horas no mesmo carro, sua voz se tornara distinguida por mim, como aquela música preferida que você conhece pelo primeiro toque.

Ela dá passos lentos até mim, com as mãos no bolso do casaco. Se sentou ao meu lado, e pude sentir seu perfume. Melissa fixou o rosto numa rua, parecia estar em outro universo. Então reconheci o que tinha acontecido, e pela primeira vez fiquei triste por alguém. Tive vontade de ir lá na empresa e esfregar no rosto deles o grande trabalho que ela fez até que eles aceitassem. Queria, de alguma forma, que eles reconhecessem o trabalho dela, e que com certeza deve está muito melhor do que todos.

–Eles... - Ela me encarou, entristecida. - ELES ACEITARAM O LOGO, CARA! EU CRIEI O NOVO LOGO DA EMPRESA!

Então começamos a gritar de felicidade ali mesmo. Seus olhos encheram de lágrimas, uma alegria imensa inundou meu corpo e eu me senti feliz por ela.Como não duvidei que ela estava fingindo? Dei um forte abraço nela, porquê sabia que tudo o que ela mais queria foi realizado, e fiquei com orgulho. Ela devolveu o abraço, aprofundando o rosto em meu ombro e dizendo o quanto eu a ajudei oferecendo aquela ajuda, então eu sorri, um sorriso de verdade.

–Rick... - Sua voz denunciava a alegria. - De verdade, eu te agradeço muito.

–Sabe que não precisa agradecer, né? - Sorri. - Eu que te agradeço, Mel.

–Pois é, meu amigo. - Ela muda de tom- Essa pessoa aqui na sua frente acaba de ganhar o comitê de fotografias, como se sente? - Ela estava chorando de felicidade, seus olhos brilhavam, um sorriso dançava em seus lábios e com as mãos fez uma espécie de "microfone" e colocou sob meu queixo.

–Olha, eu me sinto ótimo! Essa garota pode ser bem chata ás vezes, mas é legal, e merece. - Ela ri. - E também acho que deveríamos comemorar isso com estilo - Continuo.

Ela me encara, erguendo uma sobrancelha.

– Hoboken está nos esperando. - Dou meu melhor sorriso, e ela também.

–É, talvez eu possa fugir um pouco de Nova York.