Não parecia que eu tinha ficado tanto tempo imóvel no vazio. Minha disposição ainda era a mesma e em pouco tempo Light e eu conseguimos subir as escadas de ferro que levavam até o terraço.

Quando chegamos ao final da escada ouvi Light abrir o alçapão. Talvez por não ser usado quase nunca ele rangeu alto e algumas partículas de ferrugem caíram sobre nossas cabeças.

A luz do sol invadiu o pequeno buraco e nós saímos.

Aquele lugar me trazia lembranças. Parecia que havia sido ontem que eu e Light estávamos aqui, conversando na chuva e depois... Isso não importava agora, tínhamos que dar um jeito de sair dali.

–L veja, os helicópteros.

Light apontava para o grande helicóptero prateado na parte leste do terraço. Eu já tinha pensado neles, mas imaginava que eles nem existissem mais. Na certa Near nunca tenha subido naquele terraço, e os helicópteros eram invisíveis de qualquer outro lugar.

Ventava um pouco, mas nada que atrapalhasse o vôo.

–Vamos Light.

Disse caminhando na direção do helicóptero. Se conseguíssemos sair daquele lugar estaríamos livres daquilo tudo, do prédio, do Near, da vida passada e poderíamos iniciar uma nova vida bem longe dali.

Light me seguia, parecia com pressa, mas não me ultrapassava. Eu estava calmo como sempre, andava com tranquilidade, até que ouvi um barulho inconfundível.

A porta de lata do terraço havia sido aberta e a voz do Near era alta o suficiente para entendermos cada palavra.

–Viram rapazes, eu disse que alucinações não comem cupcakes!

O cupcake, aquele rapazinho realmente deveria ser meu substituto, eu me perguntava agora onde estaria Melo, mas a pergunta se foi com a mesma velocidade com que veio. O que faríamos agora? Corríamos? Decididamente não, embora Near não usasse armas, seu empregados com certeza usavam, morrer novamente não seria bom. Mas também não podíamos nos virar, afinal o que Near pensaria se visse L e Light vivos novamente? E juntos?

–O que faremos agora L?

Levei o polegar a boca.

–A única coisa que nos resta.

Ligth me olhou com uma cara de quem não entendera. Eu apenas apontei com a cabeça para a beira do prédio. Pular? Sim nós iríamos pular.

Light logo captou meu raciocínio e fez que sim com a cabeça. Perfeito.

Os empregados de Near se aproximavam, então eu e Light começamos a correr e pulamos.

Pude ouvir a voz de Near antes de pular.

–Não deixem eles pularem!

Os capangas correram, mas era tarde de mais, nós já havíamos pulado.

Pulado de um prédio de vinte e três andares.