Depois da Morte - Edição Revisada escrita por adjr


Capítulo 11
Cemitério




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Eu estava sentado ao lado da piscina, em uma cadeira reclinável. Tinha um livro em minhas mãos, mas não o lia, Light, que nadava na piscina, tomava toda minha atenção.

Havíamos comprado a cobertura a pouco mais de duas semanas. Light ficou entusiasmadíssimo com tudo, planejava mil coisas por todo o apartamento. O lugar era grande e ficava em um prédio em Tókio, não o maior deles, mas de longe o mais bonito.

Quando eu disse que iria comprar aquela cobertura no Light quase teve um enfarto, ele disse que não devíamos nos expor tanto, mas eu argumentei que se alguém estivesse atrás de nós, lá seria o ultimo lugar que ele procuraria. Não sei se eu o convenci ou foi a cara da cobertura, mas sei que ele topou na primeira vez que a visitamos.

Hoje já estamos bem instalados, temos tudo o que precisamos. A única coisa que sinto falta é de ser detetive, mas com Near sendo detetive também, é muito arriscado eu entrar no ramo novamente.

Light saiu da piscina, vestindo apenas a sunga azul.

—O que você está lendo?- Ele se aproximou e se abaixou ao meu lado.

—Na verdade, não sei. Não consigo me concentrar com você aqui.

—Quer dizer que eu incomodo?

—Nunca.- Eu beijei-o.- Vamos entrar, não gosto muito de sol...Hei, espera, o que você está fazendo?

Light tinha me levantado em seu colo e estava me levando para dentro como se eu fosse um bebê.

—Ora, apenas vou levar meu bebê para dentro, ele não pode tomar solzinho.- Ele sorriu.

—Ah, não seja bobo! Me largue!

Mas ele não largou até chegarmos próximos ao sofá. Me deixando lá foi à cozinha.

—Quer comer alguma coisa?

—Me traga um sanduíche natura.

Light estacou.

—O quê?

—Estou brincando, trás um pedaço de bolo.

Ele foi para a cozinha. A vida estava perfeita, como nunca estivera antes.

—L, por favor, vamos ao super mercado, desde que vocês chegaram aqui só comer porcaria! Eu preciso de uma maçã!

Eu olhei para o lado. Lá estava Ryuk. Tive que segurar o riso, pois ele estava todo desengonçado, com os braços em torno do corpo... em fim, em uma posição muito estranha.

—O que aconteceu Ryuk?

—Abstinência... Abstinência de maçã.

—Hum...- Eu olhei na direção da cozinha.- Light, acho que teremos que ir ao supermercado, Ryuk parece não estar bem.

A cabeça de Light apontou na porta da cozinha.

—Ah, isso já aconteceu antes, acho melhor irmos mesmo, senão ele não nos deixará dormir a noite.

Light foi vestir algo, enquanto eu telefonava para a recepção, pedindo que o motorista preparasse o carro.

***

—Peça com carinho.

—Por favor, me de a maçã.

—Diga que você sempre será grato por isso.

—Eu serei! Sempre serei grato por isso.

Eu estava saindo do supermercando, enquanto via Light brincar com Ryuk.

—Ah, Shinsei de a maçã a ele.- Light sempre me olhava feio quando eu o chamava de Shinsei.

Ele jogou a maçã para Ryuk, que foi mordendo e se "desenrolando" aos poucos.

—Onde está o motorista?- Light perguntou com a mão na cintura olhando por todo o estacionamento.

—Eu dispensei, como vínhamos só comprar maçãs, achei que seria uma boa ideia voltar caminhando para casa.

Light fez um biquinho, pelo visto não gostava muito da ideia. Eu me aproximei e dei-lhe uma cotovelada de leve.

—Ah vamos, não seja preguiçoso.

—Tudo bem, vamos.

Nós começamos a andar. A brisa da tarde acariciava os nossos rostos. Não estávamos de mãos dadas, mas andávamos um ao lado do outro, bem juntinhos.

O caminho era cheio de árvores, arbustos e casas. Não sei se era porque eu estava apaixonado, o que raramente admitia, mas tudo parecia muito vivo, muito lindo. Até o cemitério, pelo qual passávamos agora, era lindo, a grama verdinha, os pinos altos, gigantes.

—L, você se importa se passarmos aqui no cemitério?- Light disse, parando em frente ao grande portão dourado.

—Por quê?

—Eu queria ver o túmulo do meu pai...

—Tudo bem.

Nós entramos e seguimos por uma calçadinha que cortava o lugar.

—É por aqui.- Light me puxou pelo braço até um túmulo pequeno.

Nós chegamos em frente, lágrimas começaram a escorrer do rosto de Light. Na hora eu não entendi, achei que ele já havia superado a morte do pai, foi quando vi o túmulo ao lado no qual estava escrito:

"Sashiko Yagami,

Grande mãe,

grande esposa.

* 23 de Março de 1965

+ 29 de Agosto de 2012".

A mãe de Light havia falecido à dois anos.

Eu me aproximei mais um pouco dele e o abracei segurando sua cabeça em meu ombro.

—Calma Light, eu sei que é difícil mas ela está em um lugar melhor.

—Ela... Eu... Eu fui a grande decepção da vida dela. Ela morreu de desgosto. - Light falava soluçando.

Eu fiquei em silêncio, afagando sua cabeça.

Ficamos alguns minutos assim, em silêncio. Um silêncio triste, que foi interrompido pelo barulho do portão do cemitério se abrindo. Light continuou com a cabeça abaixada em meu ombro, eu olhei de relance para o portão. Quem era? Eu conhecia aquela pessoa empurrando a cadeirante. Lembrei!

Embora tivesse um pouco mais velho do que da ultima vez que eu o vira, Matsuda era uma pessoa difícil de esquecer, mas o que ele fazia no cemitério? Eu abaixei meu rosto até o ouvido de Light e sussurrei.

—Light, temos que ir, Matsuda acaba de entrar no cemitério.

—O que?- Light levantou o rosto para espiar Matsuda. -Sayu?

Light pareceu ficar surpreso. A irmã dele estava com Matsuda.


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