Depois da Morte - Edição Revisada escrita por adjr


Capítulo 10
Nova Vida




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/611759/chapter/10

Eu ouvi uma voz distante. Era uma voz doce, como a de um anjo. Meus olhos foram abrindo vagarosamente. Os raios de sol iluminavam o quarto. Já devia ser tarde.

Olhei para o lado. Light estava deitado ao meu lado, com a cabeça apoiada em um dos braços. Ele passava a mão lentamente por meus cabelos que caiam sobre meus olhos e os acomodava atrás de minha orelha.

–Bom dia. - Ele disse baixinho, sorrindo.- Dormiu bem?

–Uhum. - Eu disse fechando os olhos e me espreguiçando.- Que horas são?

–Quem sabe? Perdi a noção do tempo enquanto te olhava. - Ele se abaixou e beijou meus lábios.- O que acha de tomarmos café da manhã?

–Acho um ótima ideia.

Light se levantou. Seu belo corpo estava nu. Ele pegou uma toalha sobre o criado mudo ao lado da cama.

–Eu vou tomar banho, já volto. - Ele se aproximou e me deu mais um beijo.- Não fuja. - Então foi na direção do banheiro.

Eu fiquei mais alguns segundos deitado, me espreguiçando. Levantei e vesti a roupa. Embora não gostasse de meias, também não gostava de ficar nu.

Eu sentei sobre a cama tentando decidir o que deveríamos fazer primeiro. Peguei o telefone que ficava sobre a mesa.

–Recepcionista, peça para trazer um jornal pra mim.

–Tudo bem senhor, mais alguma coisa?

–Não obrigado.- Eu desliguei o telefone.

Eu precisava, antes de tudo, me atualizar. Saber o que ocorria no mundo. Um jornal seria perfeito.

Não demorou muito que eu ouvisse o barulho de batidas na porta. Eu levantei e fui atender.

–Bom dia senhor, aqui esta seu Jornal.

–Obrigado.- Eu lhe dei uma gorjeta e fechei a porta.

Comecei a folhar o jornal. As manchetes não eram muito interessante então sentei na cama para analisá-lo melhor. Fui até as notícias menos importantes. De repente uma me chama atenção. Não era bem uma notícia, era mais uma nota. Dizia: "Ontem, dia 5 de Novembro, foi um dia muito triste para várias pessoas que se reuniram em frente ao lar de adoção Wammy's House para lembrar a morte de Quillsh Wammy. Ontem faz exatos dez anos de sua morte, e, para homenageá-lo todos os ex-moradores do lar se reunirão com flores e velas."

Eu fiquei em silêncio por uns instantes.

Faziam dez anos. Dez anos que eu havia morrido. Fazia muito tempo mesmo.

Eu joguei o jornal para o lado e fechei os olhos.

Ouvi quando Light saiu do banheiro.

–Tudo bem L? - Eu abri os olhos. Ele estava abaixado na minha frente.

–Tudo... Já fazem dez anos...

Light olhou para o lado e viu o jornal e leu a data. Suas mãos seguraram meu rosto e sua testa encostou na minha.

–Não pensa mais nisso... Agora nós vamos viver uma nova vida. - Seus lábios tocaram os meus.

Eu fechei os olhos mais uma vez. Realmente eu desejava esquecer tudo o que havia ficado no passado, mas não conseguia. Eu respirei profundamente.

–Nós precisamos de documentos.

–Que? Ah, documentos. - Light me olhou como se esperasse que eu tivesse dito outra coisa.

–Se dermos sorte, tenho um amigo que pode nos ajudar.

–Tá, mas depois, agora vamos aproveitar nosso paraíso.

Ele fez com que eu deitasse na cama e deitou-se sobre mim me beijando. Ele tinha razão, devíamos aproveitar um pouco mais.

***

Nós andávamos pelas calçadas de Tókio. Light vestia uma camisa branca e uma calça jeans azul. Em seus pés, sapatos negros. Estava lindo.

Eu estava como sempre. Uma camisa branca e uma calça jeans azul. Em meus pés, chinelos. Estava quase parecido com Light, mas ele conseguia ficar muito mais lindo que eu com qualquer roupa que fosse.

–Chegamos. - Eu disse parando em frente a um prédio enorme. –Espero que ele esteja em Tókio, ele é de Londres e normalmente viaja para lá.

Eu me aproximei do interfone e apertei o botão número vinte e nove. Em uma telinha apareceu um rosto familiar. Era Mackenzie, mas estava muito diferente. Sua barba sempre bem feita estava enorme, seu rosto estava redondo e gordo. O tempo realmente não lhe fizera bem. Eu, como sempre, tampei a camerazinha, que ficava sobre a telinha, com a mão.

–Quem é?- O rapaz da telinha falou.

–L.

–L morreu. Agora não me perturbe mais Near.

Ele sabia. A brincadeirinha não havia dado certo. Eu retirei a mão ta telinha.

–Espere, sou eu sim Mack.

Os olhos de Mack se arregalaram.

–Eu pensei que você estivesse morto, entre, entre. - a telinha se apagou.

Ouviu-se um som agudo e o portão se abriu. Eu peguei na mão de Light.

–Venha Light.

Nós entramos e subimos pelo elevador. Quando as portas do elevador se abriram nos mostraram a figura gorda de Mack nos esperando a porta de seu apartamento.

–L! Onde você esteve?

–Por ai, de... - Eu olhei com o canto dos olhos para Light, que deu um sorriso.- Férias.

Mack olhou para Light e pareceu entender.

–Ah, entendi. Entre, entre. - Ele acenava para que entrássemos em seu apartamento.

Nós entramos e sentamos, enquanto Mack foi buscar algo na cozinha. Realmente, Mack devia ter ganhado muito dinheiro depois de minha morte, pois o sofá rasgado e a TV de quatorze polegadas que ficavam em sua sala foram substituídos por um enorme sofá bege e uma TV muito grande, a maior que eu já havia visto.

Ele voltou com um bule de chá, algumas xícaras e um açucareiro. Enquanto nos servia ele falava.

–Então L, o que o trás aqui?

–Estava pensando se você ainda trabalha com aqueles assuntos. - Eu colocava alguns torrões de açúcar no chá.

–Esse é o velho L, sempre enchendo de açúcar o chá e tudo o mais que come. - Mack deu uma risada.

–Um dia ele acaba morrendo. - Light fez a piadinha. Mack riu. Eu apenas o olhei com o canto dos olhos, era impossível se zangar com ele, então sorri.

–Sim, eu ainda trabalho com aqueles assuntos, do que precisa L? - Mack bebia um pouco de chá.

–Eu preciso de tudo o que você tiver. Com L Lawliet e... - Eu olhei para Light, tentando imaginar que nome se encaixaria a ele.

–Shinsei Katsu. - Light disse.

Realmente, não havia nome melhor. Shinsei Katsu, uma forma de escrever Shin Seikatsu, nova vida.

Eu levantei.

–Quando podemos pegar a encomenda Mack?

–Agora mesmo L. - Ele me olhou como se não acreditasse no que eu acabara de dizer.- Afinal onde você tirou férias? Numa caverna?- Ele riu. Eu também ri, era óbvio que a tecnologia havia avançado bastante. - Só precisamos de uma coisinha.- Mack pegou um celular do bolso e tirou duas fotos, uma minha outra de Light.- Agora esperem aqui, já volto com seus novos documentos.

Ele foi na direção oposta a da cozinha. Ligh chegou mais perto de mim no sofá.

–Por que você deu seu nome verdadeiro?

–Porque quem morreu foi o detetive L e não L Lawliet.

–Espere um minuto, seu primeiro nome é L?

–Sim L... Éle. Porque?

–Porque é estranho alguém colocar o nome de um filho de L.

–Eu também acho, mas nunca tive a oportunidade de perguntar a meus pais o porquê desse nome.

–Ah, me desculpe.

–Não foi nada, eu já me acostumei a isso. - Dei um beijo em sua bochecha esquerda.

Esperamos um pouco, nem vinte minutos. Mack surgiu com dois envelopes amarelos.

–Aqui estão, tudo o que vocês precisarão para ter uma nova vida com esse novos nomes.

–Ah obrigado Mack, quanto lhe devo?

–Ah, não é nada L. Foi graças a sua suposta morte que a maioria dos maiores detetives do mundo vieram me procurar.

–Hum, e sobre isso, eu ficaria feliz se não dissesse a ninguém que me viu.

–Pode deixar amigo, não vi você e nem seu amigo Shinsei.

Ele se despediu com um aperto de mão.

–Até mais amigo, espero que venha me ver mais vezes.

–Pode deixar, adeus amigo.

Eu acenei e sai, Light junto comigo.

–Vejamos... acho que tem tudo o que precisamos aqui... -Eu disse enquanto olhava os documentos do envelope, andando na calçada ao lado de Light.- É o suficiente, não é Light?

–É!- Light respondeu secamente.

Eu olhei para seu rosto, ele estava com a cara amarrada, visivelmente bravo. Então eu segurei seu braço o fazendo parar.

–Hei, o que foi?

–Você e aquele seu... "amiguinho". Quer dizer então que você vai voltar para vê-lo?

Eu analisei a situação por alguns segundos.

–Light, você está com ciumes?

–O que... eu... Não, é claro que não!

–Está sim, meu Light está com ciumes.- eu disse cutucando sua barriga com a ponta dos dedos.

–Ta bom, eu estou com um pouco de ciumes. Mas não era para estar?

Eu o abracei pela cintura e olhei em seus olhos.

–Light, você acha que eu o trocaria pelo Mack? Você é tudo na minha vida. Eu te amo.

–...

O beijo não foi longo, mas foi de longe o melhor até o momento. O beijo de reconciliação, embora não tivéssemos brigado.

–Onde vamos agora?

–Para o banco, vamos retirar o dinheiro da nossa casa.

–Casa?

Eu apenas balancei a cabeça confirmando. Light então pulou em meus braços abraçando meu pescoço.

–Eu te amo.

E me beijou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Depois da Morte - Edição Revisada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.