Blue Horizon A Luz da Liberdade escrita por Gislane Brito


Capítulo 17
Cap. 17 – Lar doce lar


Notas iniciais do capítulo

A rotina desta família não tem nada de normal!

Ouçam a música que a garota Braca gosta de ouvir em suas aulas de artes marciais: https://www.youtube.com/watch?v=hYwtqqFG6gI



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Em pouco mais de dois ciclos vivendo em Serenitat, já éramos considerados cidadãos honorários. Micky, com sua experiência a frente da frota pacificadora, contribuía para tornar Serenitat um mundo ainda mais seguro o que atraiu milhares de refugiados e outras pessoas que apenas sonhavam viver em paz. Porém nunca permitiu que esta confiança fosse motivo para subestimar os inimigos potenciais ou simplesmente, aqueles que ele chamava de “socialmente desajustados”.

Eu fui convidada por Sanurik para ajudar nas pesquisas sobre doenças e parasitoses que ameaçam as espécies do planeta e aprimorar as técnicas para proteção dos oceanos, do solo e da atmosfera serenitatiana. Felizmente, falta de verba não era um de nossos problemas!

Quando eu não estava pesquisando, visitava o monastério para aulas de meditação, calistenia e artes marciais. Uma vez, consegui derrotar Micky e Karla ao mesmo tempo em uma luta! Nada mau para uma nerd que até pouco tempo tremia só de ver um scarran olhando esquisito.

Camilly, antes mesmo de receber sua injeção de micro-tradutores, já havia aprendido várias palavras dos idiomas kalish, interion e tavlek. Ela, assim como todas as crianças nascidas ou não em Serenitat, cresceram e foram educadas por mestres de todas as espécies inteligentes do quadrante.

Aos 15 anos de idade, Camilly já lutava como uma ninja e representou o planeta na conferência que decidiria se Serenitat estaria pronta para ser a capital da nova Federal Galáctica. Nem preciso dizer que isso me fazia transbordar de tanto orgulho de minha menina.

John nos chamou todas as vezes que precisou de ajuda para tirar algum tripulante de Moya das garras de algum “malfeitor”, ou quando queria reforços ao invadir alguma base pacificadora ou simplesmente, quando queria dar uma festa!

Algumas vezes, tive que negociar com as autoridades, para conseguir um espaçoporto improvisado que coubesse Moya e Beemote ao mesmo tempo. Eles negaram no início, mas aí, Cam argumentava dizendo que a presença das leviatãs atrairia investidores e ajudaria a convencer os líderes dos sistemas aliados que Serenitat era a melhor escolha para capital da Federação! Ela chegou a sugerir que nosso sistema poderia se tornar um santuário para estas nobres e ameaçadas criaturas no futuro.

Mas algo sempre me deixava apreensiva: Quando Camilly e Micky saiam juntos em missões diplomáticas ou secretas sem mim! Nunca me acostumei a isso...

Nunca me esquecerei do dia em que, numa dessas missões, um scarran de uma casta dominante foi detido e enviado para uma base do Movimento. Por causa de uma falha na segurança, ele conseguiu escapar e raptou Cam para ser sua refém.

Quando eu soube do que havia acontecido, peguei a Blue e o Dr. Doom e fui ajudar Micky no resgate de nossa filha.

_ Micky, como isso foi acontecer?

_ Cam estava ajudando Zohram a cuidar dos ferimentos dos ex-prisioneiros, quando o guarda tavlek cometeu o erro de dar as costas ao scarran. Ele capturou Cam pois achava que ela era uma jovem diplomata sebacian.

_ Se ele machucar nossa filha, eu acabo com este monstro!

Felizmente, ele levou Cam para uma nave luxan que nunca decolaria sem o DNA de seu piloto e nós o encurralamos. Foi quando ele começou as ameaças e a usar sua principal arma em Cam, a projeção de calor. Me ofereci para ficar no lugar dela, mas ele não me deu ouvidos!

_ A fêmea morrerá se vocês não me entregarem uma nave scarran!

_ Não negociamos com terroristas. Se ferir a moça, você será executado...

Mas a surpreendente resistência de Camilly ao calor intenso nos fez relembrar das palavras do Eidelon: “O filho de Aeryn e John e sua filha carregam o conhecimento dos Eidelons. Eles ajudarão a por fim ao caos... A continuação da vida na galáxia depende disso!”

Camilly não mostrava nenhum sinal de fraqueza decorrente da tortura. O scarran deve ter pensado que havia perdido o seu poder e resolveu usar apenas a força contra minha filha. Horrorizada, assisti quando o monstro levantou as garras contra ela... Eu corri para defendê-la, me livrando de todos que tentavam me deter! Quando eu estava prestes a disparar meu rifle de pulso contra o scarran, mais uma vez, Cam surpreendeu ao seu agressor. Em um rápido movimento, ela se esquivou do golpe e usou a força bruta do monstro contra ele mesmo! Ela conseguiu que o scarran caísse de cara em cima de uma alavanca da nave. O resultado disso, me fez virar o rosto; a alavanca havia penetrado no olho do monstro e saído pelo outro lado de seu crânio medonho!

Eu a abracei Camilly, mas foi ela que teve que me confortar.

_ Mamãe, eu estou bem... Este sujeito era só um bobalhão metido a esperto! Qualquer um com o mínimo de treinamento teria feito o mesmo que fiz!

_ Não é verdade! Você nem tremeu quando o scarran irradiou calor em você... Vou levá-la ao médico para ver se houve alguma lesão interna!

_ Eu já disse que estou bem, mamãe!... Ele estava apenas tentando me intimidar. Eu não queria que ele estivesse morto!... Foi um acidente...

Eu examinei seu rosto, pescoço e cabeça procurando por ferimentos, mas não havia nada! Micky cumpriu o mesmo ritual, mais de uma vez, até que Camilly fugiu de nós, parecendo irritada.

_ Gente... Gente, vocês não são médicos. Vou até o médico diagnosian mais próximo para ele me passar um laudo oficial que comprove o que eu já estou cansada de dizer: Eu estou bem! Depois vocês podem me deixar em paz?!

_ Está bem... Eu acredito em você! Agora pegue suas coisas e vamos voltar para casa...

_ Mas papai, eu ainda não terminei meu trabalho aqui!

_ Antes de vir para este mundo de horrores, recebi uma mensagem de Aeryn dizendo que estavam chegando em Serenitat...

_ Mas, mamãe, você tem que entender que meu trabalho é importante para mim!

Ela desistiu repentinamente, de argumentar depois que terminei de passar a mensagem de Aeryn.

_ Aeryn disse que D’Argo está com ela...

_ Vou pedir a um colega que termine minha tarefa aqui... Volto em 10 microts!

Micky não entendeu o porquê da repentina mudança de ideia de Cam, mas eu já tinha uma vaga ideia do que estava acontecendo!

Nossos encontros com a família Crichton sempre eram uma festa! Mas, infelizmente, a obsessão de John pelo wormhole havia voltado com força total. A única diferença era que os seus inimigos, muito mais cautelosos, evitavam se aproximar de Moya; a menos que pensassem num plano quase infalível para isso! A verdade é que, agora eu o via com uma frequência muito menor. É claro... Senti muito a falta dele! Assim como sua família também sentia.

D’Argo e sua mãe resolveram deixar Moya por uns tempos!

Aeryn não falava nada, mas eu sabia que ela estava muito magoada! Para ajudá-la a esquecer um pouco os problemas, eu a chamava para me acompanhar as reuniões do Conselho e ao laboratório. Infelizmente, isto não estava ajudando muito!

D’Argo também estava chateado, mas ao contrário de mim, Cam estava conseguindo ajudar com isso. Sempre que eles estavam por perto, sentia que alguma coisa estava acontecendo... Acho que Aeryn também percebeu isso! É uma daquelas coisas de mãe!

_ Senhorita Braca!

_ Senhor Crichton!

_ Nossas mães estão olhando torto para a gente... E se o seu pai estivesse aqui, tenho certeza que ele logo encontraria algo para você fazer só para mantê-la longe de minha “má influência”!

_ Meu pai gosta de você, D’Argo! Você sabe disto...

_ É o que você diz! Que tal se a gente fosse dar uma olhada nas modificações que fiz no prowler da minha mãe?!

_ O que tem de especial nisto, D’Argo?

_ Você vai ver...

Aeryn parecia prestes a segui-los, mas eu a chamei de volta:

_ Mary, você tem certeza que vai permitir que eles continuem com isso? É seguro eles saírem sozinhos?

_ Continuem com o quê, Aeryn?! Isto é só um “namorico de primos”! É normal na idade deles... Além do mais, Cam é muito ajuizada!

_ E D’Argo é um homem honrado e um guerreiro muito eficiente.

_ Se ele não fosse, eu deixaria você dar uma de babá guarda-costas! Uma vez, você me disse que seu prowler possui uma câmera! Que tal se nós déssemos uma espiadinha naqueles dois?!

_ Mary, isto é invasão de privacidade!

_ Se você não contar, eu não conto também!...

Aeryn sorriu, deu de ombros e eu a segui até o monitor mais próximo para rastrear o sinal de sua nave. Nós assistimos os nossos filhos conversando sobre futilidades, contando vantagens sobre suas viagens e descobertas, falando de seus sonhos... Aí eu percebi que meu bebê havia crescido e se tornado uma mulher admirável! Acho que Aeryn também estava muito orgulhosa de seu filho... Eu juro que vi a ex-pacificadora veterana lacrimejar quando ouviu D’Argo falar dela como uma heroína invencível...

_ Para eles, ainda somos invencíveis, Mary! Mas logo eles perceberão o quanto estavam enganados...

_ E para mim, eles sempre serão nossos bebês mesmo sabendo que logo eles estarão explorando as estrelas sem nós!

_ Não é seguro lá fora, Mary! Não sei se um dia vou estar pronta para deixá-lo ir...

_ Eu sei como você se sente, Aeryn! Minha mãe sempre me dizia que nenhuma ave fica no ninho até a velhice. Logo que o filhote aprende a voar e a caçar, ele deve partir, sem olhar para trás. Nós também deixamos nossos mundos e enfrentamos o perigo do espaço mesmo sabendo dos perigos!

_ Eles sempre terão para onde voltar!

_ Sim... Eles terão!


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Notas finais do capítulo

Talvez este tenha sido o capítulo mais chatinho de todos...
Estou guardando o melhor para o final!



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