–O-o que? – Gaguejou Soluço. – V-você acaba de ver que... que vai morrer e é nisso em que você se preocupa?! – Gritou ele.

Todos os outros permaneceram quietos.

–Olha Soluço, eu só estou tentando aliviar o clima. – Explicou Stoico.

–Aliviar o clima? Você vai morrer! – Exclamou Soluço.

–Todo mundo morre um dia filho. – Comentou Stoico.

–Mas isso é diferente! – Reclamou Soluço com os olhos aguados.

–Olha filho... – Começou Stoico.

–Pra mim chega. – Disse Soluço se levantando e saindo do Salão. Stoico suspirou e se virou para Bocão.

–Vá buscar ele Bocão. – Ordenou ele.

–Não. – Disse Beatriz.

–Dá onde surgiram vocês?! – Exclamou Melequento assustado.

–Você não Bocão. – Continuou Bea ignorando Melequento. Me virei para Astrid.

–Vá falar com ele. – Disse a ela que assentiu meio corada e saiu do Grande Salão.

Lá fora, Soluço estava sentado na escada do Grande Salão com a cabeça nas mãos, ainda inconformado com a reação de seu pai. De repente escutou a porta do Salão ser aberta e gemeu.

–Não quero falar agora com você pai. – Escutou passos até ele.

–Mas eu não sou seu pai. – Respondeu Astrid se sentando ao seu lado. Soluço levantou a cabeça e deu um sorriso fraco.

–Como convenceu meu pai em deixar você vir aqui? – Astrid corou e riu.

–Bea e Helo. – Soluço riu de leve.

–Tinha que ser... – Ele suspirou e voltou a olhar o chão. – Não acredito que ele só podia pensar nisso... – Resmungou sobre seu pai.

–Ele só está fazendo seu papel. – Disse Astrid.

–Papel de que? Comediante? – Perguntou sarcástico. Astrid revirou os olhos.

–Não, Soluço. Papel de pai. – Explicou ela. – Ele só estava tentando desviar você dessa onda de tristeza.

Banguela apareceu e colocou sua cabeça no colo de Soluço que o acariciou.

–Mas ele podia fazer o que qualquer pai faria. – Reclamou Soluço.

–Ele é o Stoico, isso é normal da parte dele. – Soluço riu um pouco.

–Você está certa. – Ele olhou para ela sorrindo e pegou sua mão. – Obrigado.

–De nada. – Astrid sorriu de volta. – Posso ajudar a qualquer momento.

–Irei lembrar disso. – Soluço deu um aperto em sua mão.

–Awwww! – Eles se viraram e viram Beatriz e eu.

–Cadê a privacidade? – Perguntou Soluço corado.

–Desculpe! – Disse empurrando Bea para dentro do Salão. – Mais vocês são muito fofos!

Os dois reviraram os olhos e também entraram.

Astrid sentou em seu lugar como Soluço foi até seu pai e o abraçou. Stoico ficou surpreso mas abraçou seu filho de volta. Todos olharam confusos para a cena.

–Desculpe. – Disse Soluço. – Agora sei o que você quis dizer.

E ele voltou ao seu lugar deixando a aldeia e principalmente Stoico confusos.

–Essa garota tem um poder sobre o Soluço. – Comentou Bocão ao lado de Stoico que sorriu.

–Pois é.

Estava tudo preparado para o velório de Stoico. Todos os barcos a postos.

–Que as Valquírias lhe deem as boas vindas - Começou Bocão - e o levem para o grande campo de batalha de Odin. -Ele pega uma flecha e caminha na direção de Soluço - Que cantem seu nome com amor e fúria para que nós o ouvirmos sua subida das profundezas de Valhala e saber que tomou seu lugar de direito na mesa dos reis - Ele a entrega e volta a falar - Pois um grande homem caiu. Um guerreiro. Um líder. Um pai. Um amigo.

Todos permaneceram em silencio emocionados pela cena. Ou quase todos.

–Isso é muito triste. – Fungou Bea ao meu lado.

Soluço pega a flecha que Bocão lhe deu e bota fogo na ponta. Ele prepara o arco e lança, os outros presentes o seguem e juntos queimam o barco que estava com o corpo de Stoico, e Soluço começa a falar, prestando sua homenagem:

–Eu sinto muito pai - Astrid olha compreensiva para ele e suspira, os outros cavaleiros ficam com expressões tristes no rosto e até Melequento limpa uma lágrima.

–O Melequento tá chorando? – Pergunta incrédulo Cabeça-Dura.

–Ei! Vocês também! – Protesta ele.

–Calem a boca! – Reclama um viking.

–Eu não sou o líder que você queria que eu fosse. E eu não sou o passificador que eu pensei que eu fosse. Eu... Eu... Eu não sei.

Stoico olha para seu filho com compaixão.

Ele suspira e Valka vai até ele. Ela tenta tocar em seu ombro mas resolve tocar no cabelo.

–Você chegou cedo a este mundo - Fala ela - Você era tão pequeno. Tão delicado. Tão frágil. Eu temi que não sobrevivesse, mas o seu pai, ele nunca duvidou. Ele sempre dizia que você seria o mais forte de todos. E ele estava certo. Você tem um coração de um líder e a alma de um dragão. Só você é capaz de mudar os nossos mundos. Esse é quem você é, filho.

Soluço fungou sorrindo pelo apoio de sua mãe. Finalmente ele descobriu o que ele realmente era.

–Eu tive tanto medo de me transformar no meu pai, em grande parte porque achava que não ia conseguir. Como você se torna alguém tão grande? Tão bravo? Tão altruísta? Acho que você só pode tentar - Continua Soluço com a voz falhando.

Stoico se surpreende com a descrição de Soluço sobre ele.

–Obrigado filho. – Soluço sorri.

–Eu que deveria agradecer.

Então sua expressão fica séria. - Um líder protege os seus. Nós vamos voltar.

Astrid sorri apoiando.

–Hã... Com o quê? -Pergunta Cabeça Dura.

–Ele não levou todos os dragões? - Pergunta também Cabeça Quente se referindo ao Drago.

–Nem todos.

–Sinto cheiro de plano. – Comentou Perna-de-Peixe empolgado.

***

Vários dragões bebes voam entre gelo e os cavaleiros estão montados neles.

–Não dá pra voar nessas coisas - Reclama Cabeça-Dura.

–Nem percebi. – Resmungou Cabeça-Quente.

–Ah, não me diga - Responde Perna de Peixe e depois bate em um pouco de neve.

Astrid e Soluço pareciam os melhores montando em dragões bebes.

–Por que eles sempre são melhores? – Reclamou Melequento recebendo olhares de todos os vikings. – Tá legal! Já entendi!

–Mas aquela BestaImplacável não vai controlar esses caras aqui também? - Astrid pergunta.

–Eles são bebes. Eles não obedecem a ninguém - Informa ele.

–É, que nem a gente - Brinca Cabeça Dura.

–Isso! Concorda Cabeça-Dura.

Bocão estava tendo uns problemas com o seu dragão.

–Isso é muito perigoso - Falou entre batidas no gelo e na neve - É certo dizer que essa ideia foi bem horrível.

–Você nunca gosta das minhas ideias Bocão. – Reclamou Soluço.

–Que bom que eu nunca obedeço - Fala Soluço.

–Sarcasmo... – Comentou Astrid.

–Então, qual é o plano? - Pergunta.

–Recuperar o Banguela e acabar com o Drago.

–Atenção! - Alerta quando vê que estavam indo em direção a um pedaço de gelo.

–Cuidado aí - Fala Soluço.

–Tá atrasado. – Disse Bocão. – Eu já bati...

***

Os Terrores Terríveis que estavam em cima de Gothi dormindo, acordaram e voaram até fora.

–Por que a velha tem tantos dragões? – Perguntou Melequento recebendo uma bengalada de Gothi. – Ai!

Ela foi ver o que estava acontecendo e percebe uma coisa que a deixa espantada.

Na ilha, havia um viking coçando a barriga de seu Gronkle, mas ele também começa voar e sai de casa.

Todos olham apreensivos para a tela.

Todos, percebendo a agitação, vão para fora de suas casas e veem todos os dragões indo em direção ao mesmo lugar. Em cima do alfa.

–Seu líder está morto - Anuncia Drago.

Stoico olha para a tela preocupado com seu povo.

Vários múrmuros como "Stoico?", "Não é possível".

–Ninguém pode protegê-los agora!

–Meus deuses...

***

–Não.

Vários dragões voando em cima do alfa e vários espinhos de gelo pela ilha toda.

Houve suspiros coletivos no Salão.

–Ele pegou todos os dragões - Fala Perna de Peixe.

–Ah, sério? – Perguntou Cabeça-Dura.

– Distraiam o alfa, temos que fazer com que ele esqueça o Banguela - Manda Soluço.

–Como? -Pergunta Cabeça Dura.

–Esqueceram de mim? -Eret aparece- Não há dragão vivo que eu não possa domar.

–Ele realmente é perfeito. – Disse Cabe-Quente sonhadora.

Seu dragão mergulha pra baixo -Exceto esse aqui!

–Amador. – Diz Melequento.

– Amador - Brinca Melequento.

–Olhem lá! É o Soluço - Anuncia um viking que estava se escondendo e os outros comemoram.

A aldeia também comemora fora da tela.

–O que?! -Pergunta Drago.

–Surpresa! – Exclama Bocão.

A Besta olha para onde o dragão de Soluço está indo mas sua visão é interrompida por uma ovelha na sua frente sendo lançada por uma catapulta.

–Ovelha negra para você - Melequento brinca.

O alfa ia jogar gelo neles mas é interrompido pela corneta (Bea: corneta?) (Helo: corneta?) que anuncia a última volta.

Soluço sorriu com a ideia de seus amigos.

Ele olha para vá mas não vê ninguém e lançam a ovelha negra em sua direção e ela cai na pele de espinhos e fica presa em um perto da boca que sopra e tira a ovelha dali.

–Dez pontos! – Exclamou Melequento.

Ele ia cuspir gelo novamente, mas é mais uma vez interrompido pela corneta, onde Perna de Peixe se escondia atrás rindo.

–Está funcionando!