Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 17
Traidor?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, voltei!!! O capítulo tá menor por eu ainda estar sem tempo, mas promessas são promessas e vim aqui deixar mais um pouco da OP pra vocês, boa leitura e me perdoem por alguns possíveis errinhos.



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– Killian, nós precisamos ir até a casa de Belle! - disse rapidamente assim que desliguei o telefone.
– Oi?
– Ela disse que nós dois precisamos ver o passaporte de Gold.

Eu admirava Belle. Ela era uma mulher forte e com pensamentos próprios, não deixava que ninguém sequer tentasse influenciá-la. Mesmo com Killian, David e quase todos da cidade sendo contra seu casamento com Gold, ela casou-se da mesma maneira; e, se agora, ela está nos chamando para ver o passaporte do marido ela, com toda certeza, possui bons motivos para isso – o que era um pouco assustador. Killian e eu fomos correndo encontrá-la e em poucos minutos já estávamos batendo em sua porta.

– Entrem logo, não sei quando ele volta! - ela disse com pressa, abrindo a porta e dando-nos passagem.
– O que tem de tão importante nesse passaporte assim? - Killian perguntou enquanto andávamos até o quarto do casal.
– Viagens que ele nunca me disse ter feito e que não batem com o que ele me contava. Você lembra quando eu passei uma semana na sua casa porque não queria ficar sozinha?
– Sim, você disse que o crocod... - ele parou a fala percebendo a mancada, mas logo prosseguiu tentando desviar o foco - ... que seu marido tinha ido à Toronto, ou Vancouver, resolver alguns problemas com um fornecedor.
– Naquela mesma semana tem passagens dele para Nova York e Carolina do Norte, nada de Canadá. Ele mentiu para mim! - ela disse nervosa. Eu jamais tinha visto Belle daquela forma, seus olhos brilhavam pelas lágrimas que se formavam e sua pele estava rosada. Era perceptível o misto de decepção e raiva que minha amiga sentia e, naquele momento, me senti péssima por querer ajudá-la e, além de não poder fazer nada, eu também não tinha tempo.
– Belle, eu... - tentei dizer algo para confortá-la, mas ela logo me interrompeu levantando a mão em sinal negativo.
– Não precisa dizer nada, Emma. E, por favor, tirem fotos para vocês analisarem mais tarde, ele só foi buscar o celular na loja e logo volta.

Apenas com um olhar, sinalizei para Killian que eu tomaria conta das fotos e ele, entendendo meu sinal, rapidamente abraçou a irmã. Era tão bom vê-los juntos, um amor tão puro e contagiante. Ele mesmo não sendo irmão de sangue dela, sentia-se na obrigação de cuidar dela e encaixava-se dentro de todas as listas de direitos e deveres dos irmãos mais velhos.
Eu tirava foto de cada carimbo o mais rápido que podia, tomando cuidado, claro, para que as fotos não saíssem desfocadas. Assim que terminei, entreguei o passaporte para Belle que logo guardou nas gavetas do marido, mas não disse nada e apenas voltou ao abraço do irmão.

– Eu não queria expulsar vocês, mas Bob logo volta... não saberia explicar a presença de vocês aqui. Ainda mais depois de hoje... - ela disse num tom de voz triste e olhar cabisbaixo.
– Ei... você tem sido uma guerreira até agora. - disse, alisando seu ombro e sorrindo em apoio.
– Eu sei, obrigada por tudo.
– Nós é quem temos que agradecer, irmãzinha. Agora presta atenção: se esse idiota te machucar mais uma vez, não vai ser você, David, Emma ou papa que irão me impedir de fazer algo tudo bem? E nós vamos investigar o que esse passaporte nos esconde e você será a primeira pessoa a saber do resultado. - Killian dizia olhando-a nos olhos. Ele sabia como confortar a irmã e sabia que ela precisava, além do apoio, de respostas.
– Tudo certo. - ela sorriu - E eu não direi nada até lá, vai ser melhor.

Tanto a saída da casa dela quanto o trajeto de volta foram silenciosos. Eu tentava processar tudo aquilo que havia visto e Killian, provavelmente, preocupava-se com a irmã. Eu queria confortá-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas eu estaria mentindo se dissesse isso. Por qual motivo Gold iria para Nova York e depois para Carolina do Norte? Pelas fotos que tirei, percebi que ele fez isso não uma ou duas vezes, mas várias. Ele alterava, apenas, a ordem de suas viagens. No instante em que chegamos à casa de Jones, sai correndo procurando seu computador, um bloco de anotações e caneta, eu precisava ver aquelas fotos em uma tela maior para tentar ligar os pontos.
Passei longos minutos anotando toda sequência de passagens por data e horário num papel e sequer percebi quando Killian entrou no quarto. Ele, entretanto, estava deitado na cama, olhando para o teto e com as mãos sobre a cabeça. Seu olhar estava fixo em um ponto nulo qualquer e a testa franzida denunciava sua preocupação. Seria egoísmo meu prosseguir com as tentativas falhas de decifrar as viagens de Robert sem sequer para por instantes e conversar com meu namorado.

– Ei... - disse baixo, aproximando-me e sentando ao seu lado na cama.
– Oi... - ele respondeu, desviando seu olhar do teto para minhas mãos, as quais passou a acariciar levemente.
– Quer conversar sobre o que está te preocupando?
– Eu não tenho muito o que falar, Emma. É só Belle... você viu como ela estava. - ele respirou fundo, como se tentasse aliviar a tensão expelindo ar de seu corpo.
– Sim, mas ela é forte. Por mais que nós dois, e especialmente você, queremos ajudá-la nós não podemos. Entenda que Belle faz aquilo que quer, você sabe disso. Ela, por acaso, deixou de casar com Gold levando em consideração seu ódio por ele?
– Não.
– Ela se separou dela depois de todas as suas tentativas?
– Não.
– Então. Você não pode fazer nada agora e o que podia você já fez. Eu estava lá, vi o quão forte você abraçou ela e o quanto ela estava bem com você. E aquelas suas palavras antes de sairmos a ajudou também. O que tiver que acontecer entre ela e Gold vão acontecer e você, infelizmente, não pode fazer nada.
– Só ajudar no que vier depois... - ele disse, como se estivesse me completando, demonstrando toda sua frustração.
– Sim. E nós dois vamos ajudá-la nisso, se Gold realmente esconde algo nós vamos descobrir. Ela merece saber.
– Certo... e você descobriu alguma coisa?
– Que tal não falarmos disso hoje? A gente podia sair um pouco, andar, espairecer... vamos? - disse sorrindo enquanto fazia minha proposta. Sei que seria muito difícil não pensar mais naquelas viagens todas e, provavelmente, a curiosidade me corroeria por dentro, mas eu e Killian iniciamos um relacionamento a pouco tempo. Eu queria fazer a coisa certa, eu queria aprender a ser um "nós" ao invés de um simples "eu", e essa era uma boa oportunidade para tentar.
– Tudo bem, tudo bem, você me venceu Emma Swan! - ele disse sorrindo e levantando as mãos rendendo-se.
– Vamos logo! - o apressei, puxando-o pelas mãos e rindo.

Não queríamos ir ao Granny's ou a qualquer outro lugar, uma simples caminhada juntos sob o luar era suficiente para um pouco de paz. Andamos em silêncio até as docas, mas não era um silêncio incômodo como os outros. Lembro-me de ler uma vez ouvir meu professor dizer que existiam vários tipos de silêncio e que em nossa profissão era essencial aprender a diferenciá-los. Killian, obviamente, não era um paciente ou cliente, mas a questão dos silêncios era totalmente aplicável em todos os relacionamentos estabelecidos por nossas vidas. Às vezes, um minuto de silêncio pode ser apenas uma pausa para que sejamos capazes de restabelecer nossos estados mentais... talvez eu e Killian estivéssemos precisando disso, talvez o que nos faltava era esse pequeno tempo para processar todas as informações dos últimos dias. Aconteceram tantas coisas... Mas o mais importante, pelo menos para mim, era saber que eu e ele estávamos tendo esse momento juntos. Embora precisássemos do silêncio e da companhia de nossa consciência num debate mental extremamente privado, estávamos fazendo isso juntos fisicamente. Pela primeira vez eu me senti dentro de um "nós" e, sinceramente, eu estava gostando daquela sensação. Afinal, quem não gostaria de saber que tem um outro alguém a quem confiar seus momentos, segredos e silêncios?
Estávamos próximo ao píer quando Killian puxou-me rapidamente pela cintura escondendo-nos atrás de uns caixotes enquanto tampava minha boca com uma de suas mãos, evitando que eu gritasse de susto.

– Shhh, não grita. - ele sussurrou e tirou a mão de minha boca após certo tempo. Seu cenho franzido não dava-me boas expectativas do que estava por vir.
– O que foi? - sussurrei tentando manter a calma.
– Gold... - ele apontou para frente, fazendo-me olhar pela fresta de um dos caixotes.
– Ele está com um homem, quem é ele? Não dá pra ver, ele está de costas. Eles parecem estar discutindo...
– Vamos chegar mais perto, mas cuidado! - ele pegou minha mão e guiou-me para trás de outra pilha.
– Eu disse para ter cuidado, seu idiota! - o homem esbravejou.
– E o que você queria que eu fizesse? Queria que eu matasse a garota na frente da minha esposa? - Gold retrucou. Era óbvio que eles estavam falando de mim e isso causou-me arrepios por todo corpo. Devo ter estremecido um pouco, pois Killian passou seu braço por cima de meu ombro, apertando levemente.
– Você é otário? Ela é uma secretária. SECRETÁRIA! - ele repetiu gritando e prosseguiu - ELA SERVE CAFÉ!
– Eu não sirvo café! - disse entre dentes, porém baixo, olhando para Killian que segurou o riso. Não tinha graça! Quem disse que toda secretária serve café?
– E o que você quer que eu faça, Dylan? - meu corpo gelou. Aquele nome? Não poderia ser ele, não mesmo.
– O que você faz de melhor: apague os registros. - o homem então virou-se e caminhou em direção oposta revelando sua face.

Eu não poderia acreditar, era ele mesmo: Dylan Humbert. Então Gold trabalhava esse tempo todo para Dylan? E, meu Deus, eu não consigo imaginar tanta maldade em uma pessoa só. Como pode um homem que sempre me tratou bem simplesmente pedir para "apagar os registros"? O que ele quis dizer com isso? Eu era o registro que deveria ser "apagado"? Não, não podia ser verdade. Eu ouvi tudo errado, alguém precisava me dizer que eu havia distorcido todas as informações! Meus olhos estavam arregalados e minhas mãos cobriam minha boca, lágrimas rolavam por meu rosto e meu corpo respondia ao pânico com tremores.

– Emma... Swan... EMMA! - ele sussurrou um pouco mais forte, fazendo-me olhar para ele. Embora Dylan já tivesse ido embora, Robert ainda estava nas docas e deveríamos ser cautelosos.
– O que houve? Quem é aquele homem? Por qual motivo ele quer te apagar? O que está acontecendo? - ele perguntava nervoso.
– O pai do Graham. - disse com a voz falha e ignorando todas as outras perguntas. Jones não disse nada, seu corpo enrijeceu e a boca semiaberta expressava o quão incrédulo ele também estava com toda aquela situação. - Eu quero ir embora. Me leva pra casa? Por favor... - dessa vez minha voz quase não saiu, minha visão estava embaralhada e um nó se formava em minha garganta. Eu só precisava gritar, chorar e ter Killian ao meu lado para me ajudar.

Minutos atrás eu estava caminhando com meu namorado sob o luar, na expectativa de que o silêncio e a calmaria de Storybrooke colocassem nossas cabeças em seu devido lugar, juntando todos os pedaços soltos das últimas semanas. Eu me sentia bem, até feliz... Mas lá estávamos nós mais uma vez, enfrentando mais um demônio. Como pode uma pessoa ser tão fria? Nada mais fazia sentido. E Graham, onde entra nessa história? E pior... de qual lado ele estava?


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que gostem! E os próximos capítulos prometem hahahaha obrigada por acompanharem