Os 3 Mosquiteiros [Fic de humor] escrita por KenFantasma


Capítulo 1
Raphael I - Pare de sorrir, a vida é um porre.




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O dia era perfeitamente quente, o céu de um azul tão bonito que 3 artistas se mataram naquela manhã por não conseguirem reproduzir as tonalidades exatas. O sol radiava entusiasmo enquanto os pombos miravam onde nenhum humano passasse para poder defecar. Excepcionalmente aquele maravilhoso dia, ninguém conseguiu acordar mal-humorado. O que fez muitas diretoras de escola serem despedidas por não seguirem seu contrato diário de mau-humor - .Um dia tão absurdamente belo que sequer os bebês choravam, e consequentemente acabavam morrendo de fome - Um dia adorável, de fato. Aliás, tão ridiculamente adorável que as pessoas começavam a se perguntar de sua legitimidade.
Uma vez entrado em pânico, as pessoas corriam pelo mundo inteiro em desespero tentando despertar do que achavam ser um sonho surreal. Especulavam estar sob o domínio das máquinas em uma realidade virtual.
As especulações cessaram quando encontraram, sob posse de uma menina de 5 anos, um livro de 2 páginas que lhes dizia que todo aquele universo não passava de alguns parágrafos de uma história medíocre escrita por um homem medíocre. Os seres dali ficaram aliviados. Alguns segundos depois se deram conta de que o parágrafo terminava aqui.

O homem trajado com seu usual terno de coloração entre o branco chato e o cinza mais chato ainda, terminava os dígitos em seu teclado com um suspirar cansado.
Já passava das 3 horas da manhã e ele não conseguira produzir uma história no mínimo legível. Tudo que saíra de sua mente nessas 2 horas sentado fora uma historiazinha de pessoas que notaram serem parte de uma fiction produzida por ele. "Uma história onde as pessoas notam que estão em uma história, que ridículo" Pensou o pacato cidadão.
Desistiu e foi se deitar. Retirou o terno de trabalho e vestiu seu pijama. - que por acaso era outro terno - desligou as luzes e desabou na cama também cinza e, adivinhem só... chata!

O relógio o despertou no horário padrão. O homem se vestiu de forma lenta e preguiçosa, arrumou seu cabelo da forma mais depressiva possível, escovou os dentes nem brancos nem amarelos e desceu para o café, terminou de ler o jornal que mostrava como a vida lá fora estava a mesma chatisse do dia anterior para então partir para seu trabalho no escritório.
Andava desmotivado pela calçada perfeitamente alinhada, o céu era cinzento e os pássaros que tentavam cantar acabavam engasgados com a poluição dos carros nas ruas.
O homem de pasta na mão avistou um outro senhor de aproximadamente uns sessenta anos de idade sentado num banco alimentando os pombos que voavam sem orgulho de viver. Decidiu, excepcionalmente aquele dia, ir em direção ao senhor sentado. Enquanto andava, dava passos cada vês mais rápidos até o banco, quem o visse o acharia perturbado por alguma coisa, pois o antes calmo e pacato homem, agora olhava para cima e lados como se algo o perseguisse. Coçou os olhos ao alcançar o idoso. Tentou relaxar por alguns segundos e então sentou-se ao seu lado.

O sênior de cabelo grisalho sequer mostrou interesse no homem que se sentara ao seu lado, quando este se inclinou levemente para perto do idoso.
–Tem alguém nos narrando... – Dizia o homem de terno, inclinado tentando falar sem mover muito os maxilares e lábios. Parecia tentar disfarçar por algum motivo. - Por que será, né?
–Desculpe senhor, disse algo? – O velho se mostrou atento.
–Como eu disse, dê só uma olhada tem frases à nossa volta!
– Ah! Sim, sim, claro. E o que devemos fazer? – O tom era quase sem interesse na resposta.
–E eu sei lá? Eu nasci não tem nem 30 linhas.
–Hm... – O velho se levantou para ir embora – Maluco. – E de fato foi.
–O-oquê? – Ele se levantou constrangido olhando preocupado para todos os lados – Que bost@ eu faço agora? Qual é? Vai censurar um simples “que bost@”? Qual é a faixa etária dessa história? – O homem se esbravejou aos céus. – Bost@, Merd@, Caralh#, Porr@... Lúcifer! – Parou quieto por uns dois segundos. Hm... sem preconceito religioso, é um avanço.
Incerto sobre seu próximo rumo, o rapaz decidiu prosseguir o que seria seu dia normal antes da cena no banco.

Chegou às portas da sua empresa, a SenSau Industries, quando notou a atendente no balcão.
–Ahm, olá. Mocinha.
–Pois não, senhor. – Voz de nariz congestionado.
–Éhh... É que eu perdi meu crachá, sabe. Poderia me arranjar um provisório?
–Nome, por favor. – A mulher parecia existir em câmera lenta, tamanha forma depressiva com que trabalhava.
–Ahm.. nome? Erh.. pensando bem eu realmente não sei. – Dizia Fabrício enrolado nas próprias palavras. – Ah! Aí está. É Fabrício.
–Fabrício de quê, meu senhor? – Suspirou sonolenta.
–Ai você ferra, né minha querida?
–Que seja, toma esse adesivo de visitante. Ninguém se importa.
–Ta. Valeu.

O homem sem sequer saber onde iria exatamente, apenas se dirigiu à porta do elevador térreo. Sequer sabia qual era sua função, quanto mais o andar onde trabalhava. Fechou os olhos e apertou aleatoriamente qualquer tecla na parede. “Décimo segundo andar”. A porta se abriu e uma senhora de muleta saiu após outras duas pessoas em ternos tão chatos quanto o de Fabrício. O homem confuso entrou na caixa metálica quando notou a idosa tropeçando em um tapete e, frustradamente, tentando se equilibrar em uma cadeira perto. Acabou caindo de barriga no chão sem muito impacto e por lá ela ficou, uma vez que todos passavam sem ajudar. A própria velha teria tentando se erguer se não tivesse tão de saco cheio de viver.
As portas do elevador se fecharam e este começou sua ascensão com ninguém além do rapaz de fita de visitante.
–Só para constar, eu não ajudei aquela senhora por que ainda to meio confuso com a situação. – Dizia ele para si mesmo. – Como assim, cara? Eu to dizendo pra voc... ah, esqueça.
A luz do andar piscou. Fabrício olhou para fora, estudando o ambiente antes de se lembrar que a porta tinha tempo para fechar. Teria voltado ao térreo não fosse um pulo de ultima hora.
–Erh, pelo menos você não faz críticas. – Dizia ele estupidamente. – Pau no c#.
–Fabrício. – Um homem de rosto raivoso aparecera de repente. – Onde esteve? Está dez segundos atrasado!
–Ah sei. Isso é uma piada? – De fato Fabrício não percebera ironia no tom de voz do homem.
–O que? O que esta palavra significa? Que seja, me de 30 folhas de relatório até o final da tarde.
–Ahm... Relatórios sobre o que, mesmo?
–Não sei, apenas os faça! – O homem corpulento se virou e desapareceu entre os corredores.

Fabrício andava perdido em meio a tantas cabines escritoriais. Apesar de tanta gente falando aos telefones, digitando em seus computadores, andando pela enorme sala só para não morrer por falta de circulação de sangue nas pernas, tudo era muito preto, branco e cinza ali. Tudo que se via de cor eram as tonalidades de pele dos empregados. Foi quando ele ouviu rodinhas tremulando atrás de si, pareciam vindo em sua direção e em alta velocidade. Fora quase derrubado por uma jovem que deslizava em uma das cadeiras do escritório.
Por um instante, Fabrício sentiu seu coração saltar ao avistar a linda moça. De cabelos esvoaçantes ela sorria puramente ao tempo que se tornava o distúrbio do lugar.
–Cara, ela é linda mesmo. – Dizia solitário, como de costume.
A menina desapareceu após remar uma curva em um corredor. Alguns guardas apareceram por trás e seguiram sua rota, desapareceram pelo mesmo corredor. Fabrício notou algo contrastando com a cena, era um giz de cera, um giz vermelho sangue. “Ela deve ter deixado cair” pensou. Guardou o artefato consigo.

Uma vez achado finalmente sua cabine, Fabrício se sentou ainda sem conseguir tirar a menina da mente.
–Bom, ela parece ter uns 20, se eu to tão gamado assim. Devo ter por essa ‘idade’ aí também, presumo. Ou então eu sou só um coroa depravado. Por favor não me faça ser um coroa depravado!
Fabrício pegou algumas folhas em branco no intuito de tentar produzir alguns relatórios sobre qualquer tema, mas pensou melhor ao lembrar do artefato vermelho em seu bolso. Ele pegou o giz e então começou a desenhar nas folhas em branco. Aquilo parecia combater de certa forma o clima cinzento da cena.
Enquanto se entusiasmava com os desenhos nas folhas de ofício, Fabrício não reparara na câmera que passou a mirá-lo sem parar no superior da parede.
–Ein? Câmera? Onde?
Um segurança extremamente alto e encorpado adentrou o recinto e se dirigiu direto ao entusiasta. Fabrício virou as folhas para baixo.
–Senhor, o que tem em mãos?
–Ahm.. nada... dedos?- Ele mostrara as palmas vazias.
–Desvire suas folhas, senhor, deixe-me checar seus relatórios.
–Ah, okay. Eu não fiz os malditos relatórios, na verdade eu tava só desenh... – Enquanto falava, Fabrício desvirava as folhas, mas fora interrompido por uma expressão de espanto por parte do segurança.
O homem de corpo alto e pele negra então urgentemente pegou seu rádio.
–Temos um 111, Atenção todas as unidades, temos um 111!!!
–“1111”? – Respondia uma voz pelo rádio – É o sinal para gatos fofos se virando contra os humanos?
– Não, eu quis dizer "111".
–Ah sim, o código para pessoas descalibradas. -O som era facilmente audível até para a distância de Fabrício.
–Éh.. Sim. – Retrucava o segurança
–Ah, sim. Bom então você sabe como agir: Não o deixe escapar!
–Bom, não sei bem como lhe explicar isso... Ele acabou de escapar.

Fabrício corria a toda velocidade, tropeçando em cadeiras, dobrando corredores, quando notou do teto de todas as salas surgir uma sirene. O barulho ensurdecedor irritava o fugitivo mas pouco abalava os fiéis trabalhadores.
Pegou-se o elevador. “oitavo andar”. Foi onde parou. Visivelmente desativado propositalmente, o elevador pareceu ter parado exatamente entre um andar e outro. O chão do nono andar se encontrava ao nível do exato meio do elevador. Ouviu-se o som de seguranças tentando abrir a porta de ferro à força. Na parte de cima da divisão do elevador, 4 homens fortes em ternos de segurança arrombaram aos braços a porta, aproveitando a deixa, Fabrício deslizou pela parte de baixo, caindo no andar inferior. O elevador foi reativado para tentar conter o fugitivo, mas acabou levando os seguranças invasores para os andares acima.

Fabrício, sabia que não podia mais usar os elevadores e as escadas lhe pareciam uma visita à própria emboscada. Então, pensou em outro jeito.
–Só me diga que eu sou o principal e não posso morrer.... por favor. – Dizia enquanto quebrava o vidro do sistema de contenção à incêndio, nele viu duas mangueiras em caracol. Prendeu a base de uma das mangueiras a um ferro fixo, depois pegou a outra extremidade e amarrou com a ponta da outra mangueira, ambas juntas podiam medir até 40 metros de comprimento, era o que ele precisava.
–Graças a Ogum!
O fugitivo ouvia barulhos de perseguição vindos de uma escadaria por perto, se atentou ao ver um segurança caindo desacordado dos degraus. A jovem anarquista pulou o corpo desmaiado de cima dos degraus e ao avistar o homem suado desdobrando as mangueiras, correu para ele.
–O que está fazendo, moço? Eles vão tentar te consertar se ficar fazendo essas coisas não-cinzentas! – A voz era doce e preocupada. E o jeito parecia até um tanto infantil a julgar pela aparência madura.
–Venha comigo, vamos sair daqui! – Fabricio retirou seu paletó e blusa às pressas, fez deste uma espécie de luva improvisada e agarrou o cabo da única ponta solta das mangueiras. Os alarmes não paravam de se esgoelar, Fabrício pode ouvir o barulho do elevador que chegava em seu atual andar, eram eles. – Pegue aquele banco.. eu quero que o taque na direção daquele vidro, está bem? – Ele apontava para uma janela que ligava o chão ao teto.
–Sim senhor! – Fez uma posição irônica de sentido antes de pegar uma cadeira de rodinhas e correr com ela na direção do vidro, largou-a fazendo deslizar direto na janela, estilhaçando-a quase completamente, a cadeira caíra do andar. – por sorte um homem decidiu parar para pegar uma moeda antes de prosseguir exatamente onde a cadeira despencou, percebendo-se, assim, que por pouco não morrera terrivelmente. Demorou cerca de 3 segundos para entender o fato antes de continuar caminhando para sua casa chata.
Fabrício segurou a mão da jovem.
–O que diria se eu dissesse que somos personagens de um livro de ficção e tudo isso não passa de um conto de 4 páginas?
–Que você é biruta!
–Ta, que se dane. Segure-se em mim! – Os guardas o avistaram e correram em sua direção. Uma jovem viril se agarrou ás costas de um homem amedrontado. Fabrício jogou a extremidade solta para fora da janela e com a luva improvisada desceu pelo cabo. Teve de ir se deslizando, tamanho o peso que tivera que suportar para que não caíssem mais de 30 metros de altura. Os seguranças se debruçaram para fora da janela quando um deles gritou.
–Atirem, homens!!! – Então todos os seguranças na borda da janela quebrada retiraram aviões de papel de seus bolsos nos ternos e começaram a tacar contra o casal em fuga.
–Mas o que!? – Os aviões, no entanto não pareciam atrapalhar tanto a escapatória. – Nem me pergunto o... porquê.
Chegados, com muito esforço, aos 9 metros de altura, um dos seguranças sacou um machado do sistema de segurança e o ergueu contra o cabo suspenso da mangueira.
–Tu só pode ta de brincadeira! – Resmungava Fabrício.
O homem sem blusa percebeu um caminhão cuja caçamba se abarrotava em sacos de lixo, se aproximando da rua abaixo de ambos.
–Quando eu disser, você me solta, okay? – Ele gritou, contou o momento exato do caminhão e então deu o sinal. – VAI!
A menina se soltou, caindo de costas na caçamba recheada do caminhão que passava sem muita pressa. Lá em cima um machado desceu pela segunda vez, cortando o que faltava do cabo. Fabrício fora jogada para a mesma caçamba. O aventureiro pegou um dos aviões de papel preso em seu cabelo e o usou para ameaçar o motorista se este não andasse bem mais de pressa.

–Ei, cara.. Qual é o seu nome – Disse a jovem enquanto descansavam no lixo fedorento.
–Hm.. sabe de uma coisa, meu nome é horrível! Mas acho que eu posso mudar, vejamos.. Ahm.. meu nome é Bruce. – Dizia Fabrício. – Drog@!
A jovem riu.
–Eu não tenho nome, me chame do que quiser. Então, senhor Bruce-Droga. O que pretende agora?
–Eu sei de um jeito para sair desta dimensão literata. Existe um jeito.. é praticamente impossível, insano eu diria até muito, muito difícil de se retratar em alguns capítulos posteriores. Mas eu o farei!

Os dois conversavam sem perceber que o caminhão rumava a um lixão fora da cidade o qual existia um terrível, e muito complexo de se explicar, mistério!


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Notas finais do capítulo

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