Azul escrita por sunshine, Lanny, Olhos de Ressaca


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

" POR MIM?
Teus negros olhos uma vez fitando
Senti que luz mais branda os acendia,
Pálida de langor, eu vi, te olhando,
Mulher do meu amor, meu serafim,
Esse amor que em teus olhos refletia...
Talvez! - era por mim?
Pendeste, suspirando, a face pura,
Morreu nos lábios teus um ai perdido...
Tão ébrio de paixão e de ventura!
Mulher de meu amor, meu serafim,
Por quem era o suspiro amortecido?
Suspiravas por mim?...
Mas... eu sei!... ai de mim? Eu vi na dança
Um olhar que em teus olhos se fitava...
Ouvi outro suspiro... d'esperança!
Mulher do meu amor, meu serafim,
Teu olhar, teu suspiro que matava...
Oh! não eram por mim."

— Álvares de Azevedo



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Losterwood, 1728.

Avistou ao longe um vulto largo, lentamente tomando forma, então pode ver com toda clareza sua noiva, seu vestido era da cor creme e possuía uma faixa azul na cintura, como era a tradição de usar a cor azul para afastar a inveja e simbolizar a vida feliz que o casal viria ter, o véu foi lhe dado pela mãe da noiva, que havia usado em seu casamento, cobria-lhe o rosto, mas podia ver o balançar da trança que se estendia sobre as costas cobertas, conseguiu admirar o brilho do colar que sua mãe havia dado a futura esposa para desejar que o seu casamento fosse próspero e harmonioso assim como o seu fora.
Inconscientemente deixou um sorriso fraco lhe tomar os lábios, os olhos focaram a forma graciosa com que Lilian andava em sua direção, sua postura impecável lhe dava a elegância necessária, todos os olhares estavam focados na noiva que acabara de se encontrar em frente ao noivo, os dois trocaram leves olhares e se viraram em direção ao padre, que estava com uma bíblia em latim nas mãos, pronto para abençoar o casal.
– Eu vos declaro Lilian Elizabeth Buckingham e Nicholas Buckingham. – Disse por fim o padre, enquanto fazia o símbolo da cruz ao mais novo casal.
A cerimônia demorou algumas longas horas, por mais que possuísse uma noiva esplendidamente agradável e ao mesmo tempo com uma beleza incontestável ouvir os choros o incomodava de certo modo e o fato de somente lhe interessar a mulher a sua frente não o ajudava a se sentir a vontade, ao termino da cerimônia todos se levantaram e fizeram uma breve oração ao casal.
Ouviram-se leves palmas durante o caminhar dos noivos para fora da capela em direção ao estupendo salão onde aconteceria o almoço e comemoração aos noivos. Logo chegaram ao local, e se depararam com uma decoração elegante e bem organizada, havia um bolo grande e branco em cima de uma mesa de madeira antiga, a decoração estava quase toda em enfeites de ouro e algumas flores, maioria laranja, estavam à mesa os talheres e as louças que seriam utilizadas ao banquete.
Nicholas caminhava lentamente com Lilian ao seu lado esquerdo, em seu braço estava depositada a mão de sua esposa, seu toque era leve e suave, as luvas em suas mãos eram de seda, o que dava ao toque algo mais sutil de sentir, seus passos tinham de ser menores para que Lilian o acompanhasse com devida postura. Sentaram-se em uma mesa no centro do salão, a mesa era de madeira antiga e possuía grandes apoios banhados a ouro, as cadeiras possuíam somente pequenos detalhes com o dourado.
Ao sentarem-se o mais novo marido fez a honra de puxar a cadeira a Lilian, que se sentou sem trocar um único olhar com o marido; Nicholas sentou-se a ponta da mesa, como mostra de que estava se tornando o líder de uma família e seria devidamente um homem.
– Desejas algo de especial?- Perguntou se dirigindo a Lilian.
A expressão da mulher quase não se alterou e seu olhar foi de encontro ao remetente da pergunta.
– Creio que não, obrigada. - Disse suavemente, e suas bochechas coram levemente, fazendo com que Nicholas veja-a como algo ainda mais desejável.
A festa continuou animada, a música estava alta e o ritmo era tranquilizador, o casal dançava junto aos outros convidados, quando trocavam seu par as primeiras palavras eram agradáveis e lhe desejavam felicidades, mas Nicholas estava mais centrado em Lilian, que se movia lentamente e sorria sempre que lhe dirigiam a palavra. Sua feição estava melhor ao estar longe do seu marido.
Ao cortarem o bolo, foi uma menina de aproximadamente treze anos que pegou a noz inteira, a superstição era de que quando encontrasse a noz o seu casamento seria o próximo, o coração de Nicholas se contraiu em um aperto, lembrava exatamente do menino desesperado implorando a Lilian o seu amor, não que ele mudasse algo se pudesse, Nicholas nunca negaria e nem poderia negar a atração que sente por Lilian, nesse momento seus olhares se cruzam, mas logo seus olhos se abaixam.
– Que a felicidade os acompanhe. – Disse a rainha Susan Alexandra Domaschesky.
– Agradeço-lhe pela presença vossa majestade. – Disse Lilian em um cumprimento suave e elegante, enquanto Nicholas se curvava mostrando extremo respeito.
– Conde e Condessa de Buckingham serão felizes juntos. - Disse o rei Edward.
– Vossa majestade. - O cumprimento se repete. – Obrigada por sua gentileza. – Finalizou Nicholas.
As conversas entre Lilian e Nicholas durante o casamento foram mínimas, os olhares aconteciam mais frequentes, como se as palavras naquele momento não era algo necessário e mortal, a simplicidade dos olhares faziam com que o conde desse leves sorrisos. A noite logo caiu junto à neve, quando já era tarde da noite todos os nobres resolveram se retirar para seus devidos aposentos, o vento gélido provocava uma sensação de desconforto e o castelo tomava um ar menos acolhedor.
Quando Nicholas e Lilian chegaram aos seus aposentos o clima se tornou em uma densa onda de massa gélida, mesmo com a porta fechada e com as luzes acesas as coisas não haviam melhorado, ele a desejava e ela teria que fazer o que seu marido quisesse e a pedisse.
Sentou-se junto a cama e passou as mãos por seus cabelos, percebeu a mesma fechando os olhos e não transmitiu emoção alguma, então juntou seus lábios os delas, em um ato terno e acolhedor, o mesmo se levantou e apagou as velas, deixando somente uma acesa ao lado da cama. Levantou Lilian da cama pegando em sua mão, ajudou-a a retirar o vestido pesado e cheio de tecido, evitou de tocar em sua pele, porém enquanto desamarrava o espartilho apertado foi inevitável, o toque aconteceu e o corpo dos dois estremeceu, ao soltar por completo a peça, mesmo com pouca iluminação, pode ver as marcas vermelhas que o mesmo havia feito na pele alva de Lilian, traçou os contornos com os dedos e obteve um suspiro de sua amada, a virou para si e observou somente seu rosto, a despiu por completo somente olhando em seus olhos para passar-lhe confiança, deitou-a na cama e apagou a última vela acesa.

~~*~~

– Vossa majestade. - O cumprimento se repete. – Obrigada por sua gentileza. – Finalizou Nicholas.
As conversas entre Lilian e Nicholas durante o casamento foram mínimas, os olhares aconteciam mais frequentes, como se as palavras naquele momento não era algo necessário e mortal, a simplicidade dos olhares faziam com que o conde desse leves sorrisos. A noite logo caiu junto à neve, quando já era tarde da noite todos os nobres resolveram se retirar para seus devidos aposentos, o vento gélido provocava uma sensação de desconforto e o castelo tomava um ar menos acolhedor.
Quando Nicholas e Lilian chegaram aos seus aposentos o clima se tornou em uma densa onda de massa gélida, mesmo com a porta fechada e com as luzes acesas as coisas não haviam melhorado, ele a desejava e ela teria que fazer o que seu marido quisesse e a pedisse.
Sentou-se junto à cama e passou as mãos por seus cabelos, percebeu a mesma fechando os olhos e não transmitiu emoção alguma, então juntou seus lábios os delas, em um ato terno e acolhedor, o mesmo se levantou e apagou as velas, deixando somente uma acesa ao lado da cama. Levantou Lilian da cama pegando em sua mão, ajudou-a a retirar o vestido pesado e cheio de tecido, evitou tocar em sua pele, porém enquanto desamarrava o espartilho apertado foi inevitável, o toque aconteceu e o corpo dos dois estremeceu, ao soltar por completo a peça, mesmo com pouca iluminação, pode ver as marcas vermelhas que o mesmo havia feito na pele alva de Lilian, traçou os contornos com os dedos e obteve um suspiro de sua amada, a virou para si e observou somente seu rosto, a despiu por completo somente olhando em seus olhos para passar-lhe confiança, deitou-a na cama e apagou a última vela acesa.

~~*~~

– Vossa majestade, temos um julgamento nesta manhã. – Disse o conselheiro real Conde Nicholas Buckingham.
– Comparecerei a ela. – Disse o rei ao se levantar. – Agora tratarei de assuntos com meu herdeiro. – E se retirou da sala do trono sem sequer pronunciar outra palavra.

O conselheiro somente o observou sair do local e se dirigiu ao lado de fora da sala novamente, o clima estava quente e os tecidos de sua roupa começavam a lhe incomodar, decidiu ir encontrar sua esposa, que sempre se encontrava debaixo da mesma árvore lendo ou escrevendo cartas. Quando a avistou sorriu brevemente, se lembra exatamente o porque se apaixonou por ela. Ela logo percebeu sua presença e levantou a cabeça com um sorriso singelo nos lábios.
– Como estas hoje? – Perguntou ele a ela.
– Estou muito bem, e você como estas? – Disse ela fechando seu livro.
– Estou bem, mas logo terá mais um julgamento, estes julgamentos nunca são algo fácil de assistir ou opinar. - Nicholas por fim se sentou no banco ao seu lado.
– Não deixe que lhe manipulem. – Disse ela o olhando nos olhos. – Já lhe disse isso antes, você é um bom homem.
– Eu só faço justiça perante Deus, e aqueles infames devem ser punidos. – Disse exaltando a voz. – E já conversamos sobre isso, você não deve se envolver neste meio, e já lhe garanti que não me manipulam.
– Não tocarei mais no assunto. – Diz ela se tornando indiferente novamente. No fundo o Nicholas gostava de quando Lilian falava sobre vários assuntos com o mesmo e sorria para ela, a dor vinha à tona quando ela se tornava indiferente perante alguma ordem sua, mas os costumes eram muito claros em sua mente, e ele respeitava mais a Deus e aos costumes do que amava aquela mulher a sua frente.
Levantou após o fim da conversa e decidiu voltar à sala do trono para encontrar o rei, ou saber alguma notícia sobre o mesmo. Chegou rapidamente, a pressa o consumia e dava-lhe a sensação de suor descendo por seu rosto.
– Vossa majestade? – Disse vendo um grande homem beber algo em um único gole.
– Sim? – Disse enquanto colocava o copo de volta as taças anteriores.
– É a hora do julgamento, e vossa majestade terá que interrogar a suspeita. – Disse abrindo passagem para o rei, que era maior que o mesmo, seus olhos eram azuis claros e os cabelos escuros já possuíam fios grisalhos.
– Farei isso rapidamente, preciso resolver alguns assuntos com a minha esposa. – Disse soltando um longo suspiro, e os dois homens continuaram caminhando em direção à masmorra, onde seria o interrogatório. – Espero conde Buckingham que quando o senhor tiver um filho, o eduque mais severo do que fui capaz de criar o meu. - Disse por fim entrando junto a seus guardas reais e ao seu conselheiro.
– A acusação contra esta mulher é a de bruxaria e não acreditar em nosso Deus. – Disse Nicholas ao rei.
– Coloquem-na no pendulo. – Disse o rei rapidamente, sua paciência naquele momento já havia ido embora, dando lugar a raiva.
– Sim vossa majestade. – Disse o carrasco concluindo o desejo do rei.
– Agora me responda claramente, você confirma as suas acusações?- Disse firmemente o rei.
– Não, vossa majestade eu juro que sou crente a Deus, e não cometi algum ato de bruxaria, fui acusada injustamente. – Disse a mulher de cabelos cortados para deixa-la humilhada e as vestes sujas.
– Está dizendo que eu como o seu Rei, julgaria ou acusaria de tal crime injustamente?- Questionou o rei Edward, enquanto o mesmo fazia um gesto para que as cordas amarrada em torno das mãos da mulher a sua frente, se erguessem mais. Ouviu-se um grito agonizante de dor e ao olharem para a mulher puderam perceber que seus ombros estavam sendo deslocados. A visão já havia se tornado cotidiana para todos ali presentes, então não era algo para se lamentar ou ficar com a imagem em suas mentes.
– Pare com isso, por favor. – Gritou a mulher. – Eu juro que sou fiel ao vosso deus.
– Mas a acusaram de bruxaria, se não confessar as coisas piorarão. – Nicholas tomou a frente.
– Eu só estava tentando salvar a minha irmã. – Disse em meio ao choro. – Era somente uma bebida.
– Você passara pelo conselho daqui à uma hora. – O rei se pronunciou. – E continuem a levantá-la, quero que sinta a dor da traição a Deus. – Disse por fim saindo das masmorras indo em direção ao ar livre.
– Vossa majestade como seu conselheiro, sugiro que a mate com a purificação. – Nicholas disse suavemente enquanto seguia o rei.
– Estava pensando em tornar esta morte pública, como um aviso aos libertinos que ousarem confrontar-nos durante o meu reinado. – Disse o rei com um sorriso nos lábios, mas seus olhos brilhavam com excitação.
– Neste caso, sugiro a fogueira, e vossa majestade mostraria o poder que impõe junto à igreja.
– Boa escolha conde ver-te-ei daqui à uma hora, neste exato momento irei ao meu escritório, terei de rever o pagamento dos impostos.
– Sim vossa majestade. - Disse Nicholas, enquanto fazia uma reverencia.
Resolveu adentrar o castelo, por mais que o calor estaria escaldante.
Ouviu longos passos atrás de si, e olhou em direção ao som, avistou a princesa Salete Zara, a mesma sorriu gentilmente e olhou em seus olhos, não estava com a intenção de olhá-la de outra maneira, mas sua beleza era estonteante, porém se lembrou de Lilian, e a beleza da dama a sua frente se transformou em nada.
Com um aceno de cabeça saiu da companhia da princesa, entrando na sala do trono, avistou os quadros de todos os reis que haviam passado por ali, todos eram parecidos, uns mais robustos, porém não interferia na semelhança evidente, sentou-se em sua cadeira ao lado da do rei, onde era seu devido lugar e decidiu esperar para que todos os membros do conselho chegassem para a já decidida decisão ser anunciada.
A sala onde ocorriam os julgamentos era chamada de sala do trono, porém isso era dito em meio a população, para eles seu nome era conselho, chamam-na de sala do trono pelo fato de ter o maior trono de todo o castelo.
O conselho se formava a partir do rei, conselheiro, clero e o príncipe.
– Que comecem o julgamento. – Disse o rei se levantando.
– Vossa majestade, eu lhe almejo, sou inocente. – Disse a mulher considerada bruxa; Estava em uma cadeira no centro da sala, suas roupas foram trocadas pro um manto marrom, que lhe cobria desde o pescoço aos pés, e conseguiam ver os ombros tortos e as mãos amarradas atrás das costas.
– Cale-se bruxa, seus feitos foram confirmados perante a sua confissão. – O rei aumentou o tom de voz. – Será acusada por bruxaria e blasfemar perante Deus. – Edward continuou. – Esta mulher durante o interrogatório que praticou a bruxaria e ainda usou-a em sua irmã, e blasfemou ao dizer o contrário perante o conselho.
– O rei dará a vocês meia hora para que possam discutir a sentença da réu. – Disse Nicholas ao se levantar.
Os membros do conselho, não contestaram a decisão do rei de mata-la, mas a discussão aconteceu por qual meio fariam isso, porém como a decisão do rei já estava tomada, todos foram obrigados a se calar e concordar.
– Está decidido. – O rei se levantou para anunciar a sentença.
– Tenha piedade vossa majestade. – A mulher implorou uma ultima vez.
– Sua sentença é ser morta queimada na fogueira. – Disse por fim.
– Não, vossa majestade! – A mulher se desesperou e soltou um grito agudo.
– Tirem esta mulher da minha visão, e providenciem a fogueira para amanhã às seis da manhã.
Por fim dois guardas pegaram a mulher pelos braços e a arrastaram para fora da sala do conselho, levaram-na para as masmorras novamente, onde aguardaria até o amanhecer.
– Retirem-se agora. – O rei gritou, e todos imediatamente começaram a se retirar.
– Estou incluso vossa majestade?- Perguntou Nicholas.
– Sim está. Ao anoitecer irei visitar uma cortesã, gostaria de ir? Conheço uma alcoviteira que poderia lhe ajudar a achar uma ótima concubina. – Disse o rei com um sorriso nos lábios.
– Agradeço-lhe o convite, mas não irei junto a vossa majestade. – Fez uma reverencia e se retirou da sala.
– Este jovem deve amar a esposa. – Pôde ouvir o rei dizer, e soltou um sorriso.

Faz exatamente cinco anos que está casado com Lilian, e ele aprendera a amá-la sinceramente, mal via a hora de ir lhe ver todas as noites, tomar seu doce corpo nos braços, beijar-lhe os lábios e seu maior desejo era constituir uma família com a esposa.

~~*~~

– Eu estou esperando um filho. – Lilian disse calmamente, enquanto olhou para a própria barriga.
– Como sabes? – Nicholas a questionou, seus olhos brilhavam feito estrelas, talvez o que precisassem fosse um filho.
– Estou com todos os sintomas de uma gravidez. – Fala com um leve sorriso.
– Eu estou maravilhado com a notícia. – Deu um leve beijo nos lábios da esposa. – Obrigado.
Ele a abraçou ternamente e ela o retribuiu, ele estivera esperando por um filho havia anos, teria seu herdeiro legítimo, sua família estava se formando e a felicidade não cabia em seu coração.
– Espero que seja um menino, poderei ensinar-lhe meus ofícios. – Nicholas sentou na beirada da cama, que estava com um lençol feito de seda cor creme e de madeira maciça.
– Só espero que nasça bem. – Concluiu Lilian.
Nicholas a observava maravilhado, seus cabelos ébanos estavam soltos e caiam por seus ombros, o vestido que a mesma vestia era feito de cetim verde claro e era livre de espartilho, pode observar a barriga da esposa com uma leve elevação, seu coração deu mais um salto.
– Já comunicou a vossa mãe? – Perguntou-lhe.
– Não, preferi comunicar-te primeiro. – Disse sem olhar em seus olhos.
– Fez bem, contarei a minha mãe e a sua, nesta noite. – Se levantou ao dizer, iria preparar tudo o que estava ao seu alcance para dizer que seria pai.
– Poderei ir contigo? – Lilian agora levantou a cabeça e o encarou.
– Claro que poderá, anunciaremos no banquete desta noite. – Deu um beijo na testa de Lilian e retirou-se de seu aposento.
Caminhou tranquilamente até o local onde sabia que encontraria o rei, em sua sala privada, ao chegar olhou para os lados e constatou que não havia alguém; Entrou no cômodo e ele estava vazio, provavelmente estaria, fechou a porta atrás de si e puxou o segundo livro que estava na estante do lado de uma cama feita somente por toras de madeira, a cama se moveu e revelou uma escada longa e grossa. Desceu os degraus de forma silenciosa, deveria ter certeza de que o rei não estava ocupado com alguma cortesã.
Ao se aproximar da porta de madeira, não ouviu sons, então pode constatar de que o rei estaria sozinho, mesmo com o consentimento de que o rei estaria sozinho manteve o costume elegante e bateu na porta três vezes, logo o rei apareceu vestido levianamente, nada muito formal, ao olhá-lo naqueles trajes qualquer súdito o confundiria com um plebeu.
– Vossa majestade. – Reverenciou-o.
– Conde Buckingham. – o Rei acenou levemente com a cabeça. – O que és de tanta importância para se dirigir até mim aqui? – Edward foi claro e objetivo, aquele era seu melhor aposento, somente alguns empregados sabiam da sua existência e mantinham-na em segredo, sempre antes do anoitecer o rei se dirige para lá, às vezes acompanhado, constantemente paga cortesãs para lhe satisfazer, ele já havia engravidado algumas delas, os filhos seriam bastardos, e somente o seu filho Elliot foi assumido, ele é tratado como bastardo e escória, seus irmãos o tratavam mal, mas mesmo assim o mesmo vivia sob o teto do rei.
– Soube a pouco que serei pai, e gostaria de pedir-lhe que me permita preparar um banquete em comemoração. – Nicholas disse sem ao menos olhar para o rei, além de ser desrespeitoso teria medo de ouvir um não sendo olhado nos olhos.
– Sim, eu permito que faças um banquete, ainda esta noite. – Disse.
– Agradeço a gentileza vossa majestade. – Levantou o rosto e viu um leve sorriso nos lábios de Edward.
– Agora se retire que minha companhia já chegou. – Quando olhou para trás de si viu a cortesã, com longos cabelos pretos, olhos pretos e pele alva, o vestido vermelho era mais justo que o de costume e o espartilho espremiam sua cintura de tal modo que mantinha sua postura ereta.
Nicholas fez uma ultima reverência ao rei e um leve aceno de cabeça a cortesã, a mulher sorriu abertamente ao mesmo. Retirou-se rapidamente do local e as escadas acabaram na mesma velocidade, colocou a cama onde sempre esteve e abriu uma fresta da porta, quando teve a absoluta certeza de que ninguém estaria ali, o mesmo saiu, fechando a porta atrás de si.
Se dirigiu a cozinha, que ficava no centro do castelo, então acha-la era algo razoavelmente fácil, chegou em alguns minutos.
– Hoje haverá um banquete em comemoração, quero avisar-lhes que se algo sair fora do planejado e algo estiver contrário ao nosso gosto haverá punições severas. – Nicholas disse com um ar imponente e as cozinheiras somente acenaram com a cabeça, sem nem ao menos levantar os olhos.
Após decidir tudo o que seria servido no banquete saiu da ala da cozinha e se dirigiu ao seu aposento, este trajeto consumiu um pouco mais do seu tempo do que realmente gostaria.
Ao chegar ao seu quarto viu a sua esposa já vestida adequadamente, seus cabelos estavam volumosos e os cachos mais largos, o vestido era azul claro e o espartilho estava mais folgado que o normal, mas isto não impediu que os olhos de Nicholas a observasse com o mesmo encanto.
– Irei me limpar e logo estarei com os trajes devidos para o banquete. – Disse indo em direção ao banheiro, o banheiro era imenso, havia um grande espelho no mesmo, onde Nicholas se observou e viu o sorriso nos lábios, que pareciam não quer o largar, viu a postura ereta e a roupa elegante e notou que ele nunca estivera tão feliz.
A criada veio preparar o ‘banho’ e lhe ajudar a tirar as roupas, se se sentou na cadeira e permaneceu imóvel um tempo, a criada passou um pano úmido pelo corpo, para somente limpar o suor que a temperatura trazia. Logo terminou a limpeza e a criada ajudou-o a colocar o novo traje, agora mais elegante e menos confortável, sua roupa era toda preta e a gravata era de um tom de cinza, por fim despejou uma quantidade razoável de perfume, para mascarar um pouco o cheiro que todos naquele castelo possuíam.
Se retirou do banheiro somente quando estava devidamente pronto e perfumado, Lilian sorriu docemente ao vê-lo todo arrumado e com um sorriso que havia em seus lábios desde o momento em que contara sobre a gravidez.
– Vamos? – Perguntou para Lilian, já estendendo seu braço para a mesma, Lilian aceitou o gesto e colocou a sua mãe no braço do marido, assim saíram do cômodo, e se dirigiram ao grande salão, onde haveria um grande banquete para todos que habitavam o castelo ou que tivesse algum parentesco com Nicholas e Lilian.
Ao chegarem viram as pessoas elegantes e com sorrisos nos lábios.
– Conde e Condessa Buckingham. – Foram anunciados antes mesmo de chegar ao perto da porta.
Houve uma salva de palmas e todos foram parabenizar o casal pelo primeiro filho, alguns falando o benefício de ter filho jovem e alguns falando os malefícios de ter filhos, e como atrapalhava o casamento, mas para Nicholas nada daquilo fazia muito sentido, ele não se importava com mais nada, somente com o seu mais novo filho.

~~*~~

– Filha não corra, mexa nesta terra. – Nicholas correu em direção a filha para tirá-la daquele jardim.
Quando a pequena Arabela Buckingham nasceu, todos ficaram encantados com a sua beleza, seus cabelos eram cor ébano iguais aos de sua mãe, mas os olhos eram azuis iguais os do pai, a menina possuía a pele alva e os cabelos eram enrolados naturalmente, para Nicholas foi uma enorme alegria, mesmo querendo um filho, a vinda de Arabela fez com que seu coração ficasse reconfortado de amor, nunca imaginou amar tanto um ser tão pequeno e frágil;

Após o seu nascimento o mesmo vive por ela, mas tem pavor de algo acontecer à menina, por isso sempre a tira de lugar onde a mesma pode se contaminar com algo, ou até mesmo se sujar, porém Lilian não se importa muito com o fato da filhar viver em meio a natureza, pelo contrário, ela adora levar a filhar ao jardim e deixar a menina andar por lá mexendo no que quiser e vivendo as descobertas, ama ver a sua pequena menina explorando da liberdade e felicidade que um dia fora privada.
– Papai. – A menina disse ao ser pega no colo, o pai a abraçou levemente e adentrou ao castelo com a mesma, a menina só tinha quatro anos, mas já fora prometida ao neto do rei, fora um grande acordo e este grande acordo fez com que o casamento de Nicholas e Lilian praticamente acabasse ela era contra os princípios de acordos em casamentos e Nicholas gostaria da filha ter uma vida já garantida e que fosse muito bem casada futuramente.
– Porque a tirou do jardim, sabes que ela gosta. – Lilian apareceu, a mesma estava atrás do pilar observando a filha brincar, até que Nicholas resolveu tirá-la de lá.
– Ela estava querendo tocar na terra, isso faria mal a ela. – Ele disse já pretendendo continuar andando com a filha no colo, porém parou ao toque em seu braço, Lilian o olhava nos olhos.
– Já que ela se casará do jeito que tu queres pelo menos me deixe colocá-la no jardim. – Ela disse enquanto tomava a filha de seus braços.
– Cuide para que Arabela não fique doente ou pegue alguma coisa. – Disse Nicholas e logo depois saiu, ele não suportava a visão de sua filha doente, talvez tivesse se tornado um pai protetor, mas isso era algo melhor do que se fosse um libertino e vivesse em alto mar sem sua razão de viver.
No dia seguinte levantou cedo e não encontrou a mulher em seu leito, porém quando se levantou avistou uma criada com Arabela nos braços levantou imediatamente, e pegou a filha dos braços daquela mulher, não gostava que criados pegassem em Arabela, pelo fato da menina ser muito limpa e que criados poderiam ter doenças.
Colocou a menina em cima da cama, se retirou por um instante para colocar uma roupa mais formal, quando acabou que entrou no quarto não avistou a filha, entrou em desespero e bateu a porta de seu quarto com força ao sair, foi então que se tranquilizou, Arabela estava nos braços da rainha Susan, e o rei estava ao seu lado, ambos brincavam com a menina.
– Vossa majestade. – Fez uma reverência.
– Conde. – Disse o rei e acenou com a cabeça, enquanto a sua mulher o cumprimentava suavemente.
– Sua filha é a menina mais linda que já vi, é encantadora. – Susan dizia sem tirar os olhos da menina.
– Onde está a Condessa agora? Preciso de sua presença em um julgamento agora. – O rei disse o olhando um pouco mais severo que o normal.
– Eu não sei vossa majestade, eu acordei e ela não estava no leito, acredito que tenha ido colher flores, como ela faz as vezes, poderia me afastar do cargo hoje para cuidar da Arabela e amanhã conversarei com minha esposa. – Disse tudo de uma única vez, estava esperançoso com um sim, já que o rei admirava como o mesmo era capaz de cuidar da filha.
– Tudo bem abrirei esta exceção somente pela menina, mas amanhã você ficara no conselho até eu dizer basta. – Disse. – Vamos Susan. – chamou a esposa, que entregou Arabela para Nicholas e beijou-lhe a testa.
Nicholas pegou a filha nos braços e partiu em direção aos seus aposentos, abriu as longas cortinas, que eram feitas de algodão e cobriam toda a parede, onde havia duas janelas que iam do teto ao chão, deixou a claridade entrar e banhar os dois pegou algumas flores que estavam dispostas do lado da cama e brincou com sua filha.
Levou-a para almoçar e entregou para as criada a alimentar, não sabia como servir comida a filha, mas a todo instante ficava olhando-as para se certificar de que a filha estava bem, quando acabaram de comer, ele resolveu levar a menina para passear na feira da cidade, queria que a filha fosse vista e idolatrada pelo povo.
Quando Nicholas chegou à feira todos se viraram para ele, a menina, como ele queria se tornou o centro de todas as atenções, as pessoas passavam e queriam dar frutas para a doce menina, porém como um bom pai Nicholas rejeitava tudo de que não sabia de onde vinha talvez a influência de que tudo pode matar tenha lhe tomado à cabeça.
Enquanto caminhava viu um menino correndo em sua direção, já estava pronto para empunhar a espada que trazia ao lado da cintura quando reconheceu, aquele menino que deveria ter uns treze anos era o informante do rei, e consequentemente do conselheiro também, estranhou a aproximação em meio às pessoas, já que aquilo não era de costume, o menino fingiu encantamento com a menina para disfarçar a sua verdadeira intenção.
– Conde há boatos de que sua mulher foi vista entrar em um navio pirata, junto a um libertino. – O menino disse e logo se retirou o chão de Nicholas se abriu em um precipício, como a sua adorada e fiel esposa estava em um boato deste? A última paciência que lhe restava com a esposa fora coberta por raiva e rancor.
Resolveu voltar ao castelo.
– Papai, eu quero ficar. – Disse a menina em seus braços de forma manhosa, até enquanto não notara como a menina estava pesando em seus braços.
– Se formos embora agora amanhã poderemos ir ao jardim, o que achas?- Disse sorridente já se virando para ir embora.
– Podemos comer frutas das árvores também papai? – A menina dizia sorrindo e não escondia o riso.
– Só algumas. Tudo bem? – Perguntou beijando a testa da filha.
– Tudo sim. – A menina disse por fim e encostou sua cabeça no ombro do pai.
Jantaram ao chegar e logo Nicholas quis ir para seus aposentos, perguntou ao rei se sua filha não poderia dormir junto a Salete, já que a mesmo tinha um filho, noivo de Arabela, e ela sempre amou a menina, e explicou porque gostaria de manter a filha longe esta noite, o rei concordou prontamente e deu razão ao conde.
– Onde esteve o dia inteiro? – Disse Nicholas sem ao menos pensar duas vezes, o mesmo estava em seus aposentos, sentado em uma poltrona de couro que ficava ao lado da janela.
– Eu... – Lilian deixou a frase morrer.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3
— Dreamy

Link da aparência da Rainha Susan Alexandra: http://www.fordhallforum.org/wp-content/uploads/2011/02/THUMB2-Judd-Ashley-Judd-04-08-11.jpg



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