Nicotine escrita por Lolis


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Bom, nunca fiz um one-shot antes, e me dá um faniquito não construir todo o cenário antes da cena em si, mas isso ultrapassaria o limite de palavras ):Enfim, me interessei pelo desafio pelo fato de ser um one-sot sobre um assunto que eu sempre quis escrever, e já tinha uma ideia semi pronta, só precisei finalizá-la. Espero que gostem! (: e vai solangelo ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/611520/chapter/1

Toc.

Nico já estava deitado e uma preguiça imensa se espalhou por todas as células do seu corpo, porém, junto com elas, a excitação de saber quem estava jogando pedras na sua janela àquela hora.

Toc.

— Já estou indo, já vai! — Ele disse, saindo da cama preguiçosamente e indo em direção a janela do dormitório, tomando cuidado para não chutar ou pisar em nada e não acordar ninguém.

Toc. Dessa vez a pedrada foi mais forte.

— Porra Will, espera, eu já estou indo! — Nico sussurrou alto, e antes de abrir a janela colou a cara no vidro para ver se era realmente quem esperava ser.

Will tinha chegado mais perto da janela e ajudara Nico a abri-la, não dando muito tempo para ele apreciar a visão dos belos olhos azuis, ou dos perfeitos cachos angelicais e dourados, pois logo tascou-lhe um beijo.

— Por mais que adore a visão de você apenas de cueca, vista algo logo e venha comigo, quero te mostrar uma coisa. E traga uma toalha também. — Nico corou e agradeceu que estava escuro o suficiente para Will não ver suas bochechas rosadas, assim não tiraria sarro dele. Ele pegou uma troca de roupa qualquer e maldita toalha, tomando cuidado para não bater a porta ao sair.

— Onde vamos? — Nico disse, já tirando um cigarro do bolso e fazendo uma concha com a mão para poder acendê-lo sem que o vento apagasse o fogo do isqueiro.

— Surpresa — Ele disse, olhando brevemente para trás, com aquele sorriso encantador no rosto. Sorriso que sumiu assim que viu que Nico tinha um cigarro na boca. — Você tem mesmo que fumar toda vez que não tem um teto sobre você?

— Na verdade, eu não preciso necessariamente, mas se eu posso, por que não? — Nico sorriu e pegou a mão de Will, que não soltou. Eles andaram em silêncio de mãos dadas, lado a lado, apenas aproveitando a companhia um do outro.

Will finalmente interrompeu a caminhada e virou-se para Nico, e falou:

— Porque te faz mal.

— Que? — Nico tinha a confusão estampada na cara, o que fez Will rir.

— Você perguntou por que não fumar quando você pode, e eu falei que você não deveria porque te faz mal.

— Foi uma pergunta retórica. — Nico revirou os olhos.

— Eu sei — Will disse, o som da sua voz abafada porque tirava a regata que usava.

— Ahn… — Nico perguntou, confuso — Por que exatamente está tirando a blusa? — Enquanto perguntava, Will tirava a bermuda também — E o shorts também? E basicamente tudo que está vestindo?

— Olhe para o lado — Will disse, virando-se de costas para pendurar suas roupas em uma árvore próximo a eles, assim exibindo suas nádegas extremamente redondas, que prenderam a atenção de Nico por um tempo. — Nico, é pra você olhar para o lago, não para a minha bunda. E, se você for olhar para a minha bunda, pelo menos me permita ver a sua também, okay? — Ele disse, rindo.

Nico ainda estava semi paralisado e sem reação. Will virou-se de frente para ele, e caminhou em sua direção. Frente a ele, ele alcançou a barra da camiseta que Nico vestia e se aproximou de seu ouvido para falar: “E ai, você vem nadar comigo?”

Nesse momento, um calafrio percorreu Nico inteiro, e quando se deu por si novamente, Will já estava na água. E o cigarro que estava na sua mão, apagado no chão. Nico não se importou com o cigarro, mesmo que ele ainda estivesse na metade, e se apressou em tirar a roupa e pular também, tentando não pensar no quão gelada a água poderia estar, antes de pular, e no quão gelada ela estava, quando entrou de corpo inteiro de uma vez.

Nico tremia de frio, enquanto Will nadava tranquilamente em volta dele.

— Você está bem? — Will perguntou, parando de frente para Nico, seus cachos agora encharcados e pingando.

— E-Eu esto-ou co-om fri-i-i-o — Nico tentou dizer com seus dentes batendo.

— Vem cá, deixa eu esquentar você — Will se aproximou dele, abraçando-o. A princípio, o cabelo de Will estava gelado e fazia a pele de Nico estremecer. Ou será que era outra coisa que estava lhe dando calafrios?

Quando Nico ousou levantar o olhar, encontrou os olhos de Will, que já o encaravam. E o que se seguiu depois disso não importava, apenas importava que eles estavam se beijando. Um beijo lento, carinhoso e levemente molhado, no sentido literal da palavra. Eles foram para perto da borda, e Nico sentia a terra em suas costas, quando Will o prensou contra a parede, mas não importava. Nada além do beijo lhe importava naquele momento. Nada além da mão de Will pousando em suas costas, ou a sensação da nuca de Will na sua própria mão, ou os resquícios do gosto do chiclete de morango em sua boca que ele provavelmente mastigara depois da janta.

— Você é sensacional, senhor Di Angelo — Will sussurrou no ouvido de Nico.

— E você me surpreende a cada dia, Solace — Nico sorria como besta, agora agarrado ao pescoço de Will. Sua cabeça repousava tranquilamente na curva do pescoço do menino, e aquilo, para Nico, era a definição de paz.

Quando Will soltou de Nico, ele se sentiu levemente vazio. Mas quando Will o pegou pela mão e o puxou consigo para o meio do lago, Nico sentiu aquele calor que Will exalava, mesmo dentro desse lago congelante.

— Olha como as estrelas são lindas aqui, sem nenhuma luz da cidade para ofuscá-las, elas brilham como nunca.

— É realmente bonito — Nico teve que concordar, mesmo que esse negócio de beleza da natureza nunca tenha sido a praia dele. Há um mês atrás, quando o pai o forçou a vir para esse acampamento com a irmã, Nico quase botou fogo na casa. Hoje, pela primeira vez na vida, quis abraçar o pai e agradecê-lo.

— Você já ouviu falar que quando olhamos para o céu, vemos o passado? — Will perguntou para Nico, mesmo sem olhar para ele. Ainda encarava o céu, com aquele brilho encantado no olhar.

— Não, isso é uma teoria da conspiração ou…?

— Não — Will riu, e olhou para Nico — A velocidade da luz, mesmo sendo a velocidade mais rápida conhecida, ainda tem seus limites, e algumas das estrelas que vemos estão a milhões ou bilhões de anos-luz daqui. Assim, a imagem da estrela reluzindo demora muito, mas muito mesmo, para chegar aqui. Então a estrela que brilha nesse exato momento no céu, é o brilho da estrela de verdade de milhões de anos atrás. Ela já pode muito bem estar morta. E, no espaço vazio que hoje vemos, pode existir uma estrela nova cujo brilho não nos alcançou ainda.

— Uau — Nico falou, mas não olhando para o céu, mas sim para os olhos de Will. O que o realmente fascinava era a paixão com que o menino falava disso, e não do passado que o céu transmitia. Por mais fascinante que isso fosse, Nico achava Will ainda mais fascinante.

— O Sol, por exemplo, é estimado que a luz do sol demore cerca de oito minutos para chegar na Terra. Assim, se o Sol se apagar, só ficaremos sabendo oito minutos depois.

— De onde você tira toda essa informação inútil, Solace? — Nico perguntou, com um sorriso de canto.

— Procuro saber tudo sobre o Sol, sabe? Acho que tem a ver com meu sobrenome, não sei. Só o acho fascinante. E com essas informações sobre o Sol vem junto as inúteis sobre todo o resto da galáxia — Will sorriu e pegou a mão de Nico — Você nunca se interessou em saber de onde vem seu sobrenome?

— Bem, eu sei que é italiano, e tem algo a ver com os anjos… Mas nada além disso. Acho até estranho você saber tanto do Sol só porque esse é seu sobrenome.

— Ah, estranho é você, Di Angelo. — Will disse, jogando água no menino. Nico jogou água de volta, e logo estavam provocando semi avalanches um em cima do outro.

— Will, para! Vamos acordar o acampamento inteiro! — Nico disse, apesar de estar rindo da brincadeira.

— Você tem razão — Will parou de jogar água pra cima e se aproximou de Nico — Se for pra acordar o acampamento inteiro com barulho, que sejam outros barulhos — Ele disse no ouvido de Nico, que estremeceu e corou ao mesmo tempo.

— Você não presta, Solace. — Nico disse, se afastando, mas não tanto.

— E você gosta. — Will deu uma piscada forçada, quebrando todo o clima. Os dois riram e foram nadando até a borda do lago.

— Obrigado. — Nico disse, saindo da água.

— Por que exatamente? — Will se sentou ao seu lado, na borda do lago, com os pés ainda dentro d’água, ainda balançando-os.

— Por tudo, por ter feito meu acampamento o melhor possível — Nico tinha um sorriso sincero no rosto, que poucas pessoas já tinham visto. — Por hoje, por todos os dias. Eu não quero ir embora.

— Eu também não. Mas sempre daremos um jeito de nos ver, certo? — Will deu um selinho em Nico, antes de se levantar para se secar e vestir.

— Sim, espero que sim — Nico também se levantou, alcançando sua toalha.

Mal tinha se enrolado nela quando Will o prendeu contra a árvore e o beijou novamente. Dessa vez o beijo era mais intenso, com mais desespero por ter tudo um do outro. E, no fundo, um quê de adeus. Nico não queria largar nunca de Will, e sentia que Will queria exatamente a mesma coisa. Então o beijo continuou, com mordidas, sorrisos entre as pausas para respirar e umas mãos bobas, que vinham seguidas de sorrisos maliciosos e mais mordidas. Will era tudo que Nico queria, e quando ele se afastou, mesmo que ligeiramente, Nico sentiu o calor dele indo embora com ele.

— Eu vou sentir sua falta, Di Angelo — Will disse, com a boca a centímetros de distância da de Nico.

— Eu também, mais do que você imagina, Solace.

Enquanto se vestiam, eles não desfizeram o contato visual, fazendo um ao outro promessas silenciosas no olhar, seladas com um sorriso ou uma piscadela. Ao voltarem de mãos dadas para o quarto do Nico, trocaram carícias na mão um do outro e beijos na base da clavícula, ao passo mais lento que conseguiram caminhar.

— Ei, você não acendeu um cigarro dessa vez — Will observou, sorrindo para Nico.

— Eu só acendi um na vinda para te irritar mesmo. Não preciso de droga nenhuma quando estou com você. É um vício maior que qualquer outro. — Nico tentou sorrir, mesmo querendo chorar, uma vez que a porta de seu próprio dormitório estava tão próxima. — E sabe o que me deixa confuso? — Nico tentava de qualquer jeito ocupar a mente, para não sucumbir ali mesmo em lágrimas de saudade precipitada.

— O que? — Will tinha um tom preocupado, mas ao mesmo tempo aquela curtinha no canto da boca que indicava que ele queria rir ao mesmo tempo.

— Que mesmo depois que você for embora, só vou perceber oito minutos depois que você se foi, e eu não sei se isso é bom, porque você não vai me ver chorar, ou se é ruim, por que provavelmente já vou ter adormecido até lá.

Will não conseguiu não rir, e agarrou Nico novamente. Mesmo durante o primeiro, o segundo e o terceiro beijo de adeus, e durante o último aceno, já de dentro do dormitório, vendo Will se afastar, virando-se uma última vez e acenando adeus para Nico, ele ainda pensava a mesma coisa. Essa não era a última vez que eles se encontrariam. E isso foi o que impediu Nico de chorar mesmo depois de oito minutos, e o que fizera dormir com um leve sorriso no rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Quem puder, deixa um comentáriozinho aqui embaixo.Queria ter deixado o lance de que o Will era mais viciante que nicotina para o Nico, mas não sei se consegui deixar muito claro, me desculpe por isso ): enfim, muito obrigada, você que leu e chegou até aqui! beijos de luz no core, loli já vai (;