All Of The Ways escrita por Rosenrot


Capítulo 14
Rio e besteiras


Notas iniciais do capítulo

Wah! Eu não estou morta! Eu sei que eu sou uma idiota que prometeu que não passaria de um mês para a postagem, mas passou! T-T
Peço desculpas a quem está lendo isso aqui...
De qualquer jeito... Espero que gostem
Boa leitura!



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Eu não podia acreditar. O mesmo rio que meu pai me levara duas vezes estava bem a minha frente. Na verdade, não era apenas um rio. Uma cascata pequena e silenciosa também despencava ali. A luz do luar e um vento gelado faziam com que meus braços descobertos ficassem arrepiados, e apesar do frio, eu não podia deixar de amar a sensação. O mesmo vento gelado fazia com que meu cabelo, minhas ondas cor de caramelo voassem em direção a minha face com certa delicadeza. Olhei provavelmente com os olhos brilhando, e com um sorriso enorme em direção ao m.d.c.

— Tenho a leve impressão de que você gostou — ele riu.

Pequenas flores rosas cresciam rente as pedras que entornavam o lago. Caminhei até ele sorrindo e parei ao seu lado, observando atentamente o lugar.

— Não imaginava que você gostasse de um lugar desses. Eu estava esperando que você me levasse para jogar pôquer em um bar agitado e tomar cerveja.

Sua risada soou novamente no silêncio da noite.

— Eu não disse que isso não estava nos meus planos, Ashy.

Sorri e me distrai novamente, dessa vez encarando a água que pairava a nossa frente. Gelada, muito gelada. Era assim que eu me lembrava dela. Como seria entrar nela de novo e congelar de frio até o corpo se acostumar com a fria temperatura?

Eu sabia que o m.d.c. não ia gostar da ideia mas eu precisava saber, eu precisava lembrar.

— Ashy, você está bem? Está quieta.

Soltei um sorriso travesso para ele, e rapidamente subi as pedras que faziam uma espécie de escada em direção ao início da cascata. Lá de cima eu não pularia, mas cheguei a metade do topo. Eu tinha ouvido várias vezes o m.d.c. me falando para descer e ele até tentou vir atrás de mim. Mas eu já tinha escalado essas pedras várias vezes. Deixei ele pensar que me alcançaria e então pulei.

A água gelada colidindo contra minha pele fez tremer e soltei uma risada assim que emergi de volta a superfície e vi a cara brava do m.d.c.

— Ashton, você vai ficar doente.

— Faz parte menino do cangote. — sorri para ele e mergulhei de novo, as águas eram bem claras de dia e o completo oposto a noite. Eu não conseguia ver quase nada e sua cor parecia até mesmo negra. Era estonteante.

Ouvi um barulho ao meu lado e quando emergi o m.d.c., agora ao meu lado, me olhava com uma expressão furiosa que fez eu me encolher.

— Se você não vai sair, eu vou te tirar daí.

Olhei para ele sobre a luz do luar, muito bonito. Nadei para longe dele, ele ia ficar furioso... Quando ele se aproximava, eu nadava para a direção oposta. Eu sei que é bobo mas eu estava me divertindo muito, mas o m.d.c., pela cara dele, não. Teve uma hora que fui burra e acabei ficando encurralada. O menino do cangote de pele clara e olhar desafiador se aproximou de mim. Se aproximou muito. Colocou um braço de cada lado do meu corpo, apoiando-os nas pedras em volta do rio e ficou me encarando.

Soltei um mini sorriso sem graça para ele. Esse meu mesmo sorriso sumiu quando percebi que nos encarávamos a não sei quanto tempo. Seus cabelos estavam molhados, eles eram de um castanho que ficava extremamente escuro com a água, seus olhos tão penetrantes faziam os meus quererem se esconder. Eu estava prestes a engolir em seco quando ele desapoiou o braço esquerdo ao meu lado e nadou para a direita, logo saindo do lago.

Respirei fundo, o clima de brincadeirinha tinha acabado, e eu não sei o que tinha acabado de acontecer. Antes eu queria insultá-lo, chamá-lo de sem graça. Agora tudo no que eu podia pensar era em como minhas pernas, dentro da água, estavam bambas.

***

Depois de ficar na beira do rio e conversar um pouco, timidamente, voltamos para o apartamento do m.d.c. Eu decidi que na manhã seguinte eu iria embora, afinal, eu não morava ali. E ele já parecia bem melhor. Ele tinha Beau também.

Discutimos um pouco por eu ter entrado na água, é que estava frio e ele supostamente tinha medo de que eu ficasse doente. Era fofinho e ao mesmo tempo irritante, mas no fim ele deixou quieto.

Entrei no banheiro rapidamente, ansiosa para sentir a água quente sobre a minha pele. Me olhei no espelho, eu parecia um cachorro molhado abandonado. Dei uma risada fraca e soltei um suspiro de alívio já debaixo do chuveiro.

Eu estava de pijama, descalça, indo para meu quarto. O banheiro que eu tinha de usar ficava no quarto do m.d.c., então eu estava saindo de lá, e espirrei. De novo. E de novo. O menino do cangote, que ainda estava molhado já que eu tinha corrido para o banheiro primeiro, impedindo ele de tomar banho, me olhou de testa franzida. Logo sua expressão ficou um pouco tensa.

—Eu avisei, Ashton.

Espirrei de novo e ele pegou uma manta, caminhou até mim e colocou-o sobre meus ombros.

— Merda, seu cabelo está molhado demais e eu não tenho secador.

— Não faz mal, eu seco com a toalha — tentei sorrir de uma maneira tranquilizadora.

Ele não me respondeu e saiu do quarto.

Que gentil.

Eu estava deitada, com os cabelos para cima sobre uma toalha, que estava no meu travesseiro. A música que antes me acalmava agora me dava dor de cabeça.

— Merda — murmurei e arranquei os fones de ouvido.

Me levantei, incentivada pela dor relativamente forte e em passos irritados caminhei até a cozinha. Remédio meu amiguinho onde está você? Comecei a fuçar na cozinha e nada. Fui na ponta dos pés até o quarto do m.d.c, esperando não acordá-lo já que a luz estava apagada e eu supunha que ele estava dormindo. Nem olhei para a cama e comecei a mexer o mais silenciosamente possível nas gavetas da cômoda. Abri uma e ali estavam vários remédios e...camisinhas. Fechei a gaveta com um pouco de força e xinguei logo em seguida. Peguei o comprimido e o engoli a seco, tanto que era o desespero para que a dor passasse, me arrependi logo depois. Eu já estava me virando para sair dali quando a luz se acendeu do nada e me assustei soltando um grito e colocando a mão sobre o peito.

O m.d.c. me olhou franzindo a testa e com uma sacola nas mãos. Ele ainda estava molhado... Ok, isso era estranho.

— Comprei um secador pra você.

Olhei para ele, surpresa. Eu fiquei que nem uma idiota tateando no escuro para não acordá-lo e ele nem estava ali.

— Eu achei que você estivesse dormindo. Você ainda nem tomou banho! Assim você que vai ficar doe- — espirrei.

Ele ergueu uma das sobrancelhas para mim.

— Saúde.

Abri um sorriso e caminhei até ele, pegando a sacola de suas mãos.

— Vai tomar banho.

A expressão antes meio rabugenta dele melhorou um pouco e ele soltou uma leve risada.

— De nada, Ashy.

Eu já estava saindo do quarto, me virei para ele, e repeti, dessa vez com uma cara séria.

— Estou falando sério! Vai tomar banho!

***

Acordei, meus cabelos incrivelmente sem frizz nenhum ou algo assim, sorri para a imagem no espelho. Tudo graças ao secador...ou ao m.d.c. Toda vez que eu dormia de cabelo molhado no dia seguinte parecia que eu tinha ganhado mais 2kg de cabelo ou que usava uma peruca.

Ele tinha acabado de comprar um secador só para eu não dormir de cabelo molhado e eu ia embora? Tudo bem, era um secador de cabelo! Mas, ele se importava comigo. Ficar um dia a mais faria mal...? Acho que não.

Andei até o quarto dele e a porta estava aberta, Beau dormia no chão, próximo a cama. O menino do cangote com sua pele extremamente clara e seus cabelos escuros respirava calmamente, abraçando um travesseiro branco com a cabeça no mesmo. Oh, e agora eu acordava ele ou deixava dormindo? Espere... Que dia era? Domingo! Dei uma risada e os olhos do Beau se abriram e ele abanou o rabo, feliz. Tão feliz que até soltou uma latida. Arregalei os olhos e coloquei um dedo sobre meus lábios, fazendo “shhh”.

— Nem adianta Ashy, agora vocês já estragaram meu sonho — o m.d.c. se revirou na cama e depois virou de novo, agora olhando para mim com uma cara meio emburrada.

— Desculpe? — dei um sorrisinho de lado meio sem graça.

Ele sorriu e se espreguiçou.

— Você sempre acorda cedo assim, garota?

Dei de ombros.

— Não sei, só sei que logo hoje que eu estou relativamente com uma aparência boa nós não temos aula.

Ele sorriu de novo.

— Ainda bem, senão eu ia ficar com ciúmes.

***

O m.d.c. insistiu em me levar em um restaurante reclamando que eu não conhecia quase nada da cidade. Logo após de mais uma de suas reclamações a respeito, ele franziu a testa.

— Na verdade, isso é bom.

Dei um gole no meu suco de laranja.

— Como isso pode ser bom? Por que assim tem bastante coisa para conhecer?

— Na mosca.

O garçom chegou perto, e piscou para mim. Sorri em resposta, mesmo achando meio...estranho.

O m.d.c. pediu mais um suco de laranja. Franzi a testa.

— Ei, eu não quero outro...

Ele franziu a testa e jogou uma batata frita em mim.

— Quem disse que é para você?

O garçom riu e o m.d.c. comeu outra batatinha, olhando para o garçom com expectativa.

— O que foi, Jordani?

— Só queria dizer que é bem bonita sua nova amiga — Jordani olhou para mim brevemente e então se retirou.

Eu nem tive tempo de agradecer. O menino do cangote bufou.

— Não deveria ter saído com você hoje — murmurou e dei uma risadinha.

Espirrei, e ai foi a vez dele de rir levemente.

— Já sei, já sei, ok? Você me avisou. Desculpe Sr. Sábio! — murmurei e a gargalhada do ser a minha frente preencheu o lugar.

***

Eu estava no sofá conversando com Mandy quando meu telefone começou a tocar, era Tessa e ela disse que tinha uma surpresa para mim esperando lá em casa. Avisei ao m.d.c. e ele logo pegou sua moto.

Chegamos e desci da moto, o m.d.c. vinha logo atrás de mim. Entramos sem bater mesmo e minha mãe logo apareceu.

— Uh, mamãe você está com uma cara melhor do que a minha quando descobri a corrida! O que foi? — perguntei ansiosa. Ela deu risada e eu podia basicamente sentir o m.d.c. sorrindo atrás de mim.

Ela me ignorou. Ignorou! Para cumprimentar o menino do cangote! Abri a boca indignada para reclamar mas então ela resolveu responder minha pergunta.

— Certa encomenda que você espera faz um tempinho acabou de chegar.

— Poxa, eu espero muitas encomendas.

Era verdade, eu amava comprar coisas on-line. Desde roupas a chaveiros fofinhos. Eu sei, eu sei, muito madura eu. Inclusive, meu chaveiro preferido era um pintinho (o filhote de galinha!) com um laçinho rosa em sua cabeça.

Minha mãe me empurrou até a sala e quando percebi o formato familiar da caixa.

— Não! Não pode ser! — exclamei correndo até a caixa.

O m.d.c. apenas observava curioso e com um pequeno sorriso no rosto.

Abri e lá estava um tênis que me costura três meses de mesada. Eu não sou uma fútil louca, ok? O ponto é que era um tênis de corrida excepcionalmente bom. Eu mal podia esperar para correr com ele. Comecei a tagarelar sobre as vantagens dele para um m.d.c. e uma Tessa nada interessados. Eu e o m.d.c. nos despedimos de Tessa e assim que cruzamos a porta comecei a falar sobre como queria correr com esse tênis, meio que dando uma indireta para ele. Eu meio que queria que ele fosse comigo. O que era um pouco estranho, eu amava correr sozinha.

Eu não sei porque mas incluir o m.d.c. nos meus planos começava a ser uma coisa que eu estava fazendo muito.


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Notas finais do capítulo

:)
O conteúdo compensou a demora? Espero que sim!
Não deixe ̶d̶e̶ ̶m̶e̶ ̶x̶i̶n̶g̶a̶r̶ de comentar! Comentários fazem pessoas felizes...
Até o capítulo 15 que será mais rapidinho, ok?



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