Illéa e Nova Ásia: Dois reinos, uma seleção. escrita por Zia Jackson


Capítulo 9
Aimeé Sophie Broussard + Bônus


Notas iniciais do capítulo

Então, a maioria dos caps agora terão bônus, para que seja possível vermos a seleção por outros olhos e o que acontece lá fora.
É isso :).
Próximos caps:
— Serena
— Elizabeth
— Alice
—Natasha'
— Andy
— Eva. '
— Kaolin
— Carter Mason
—Alice Lynn
— Valerie Vitiello Stark
— Claire Cutter
— Lillian Katherine Stoll
— Marcelinne Yanes
— May Grace
— Emilly Lea Mattis
— Woori Lee
—Stephanie Hwang
— Kattrina Amy Midston Lovehgood
— Amberly Clare Montegomery
— Genna Anne Sheeran
— Alary Wudlee



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“Sonhos não acontecem sem que você corra atrás”

Wild Child – Julieta Simms.

Após o café da manhã, todas as selecionadas estavam no salão de mulheres.

Aimeé Sophie Broussard contornava com os dedos a delicada tatuagem de coroa de seu pulso esquerdo. A tatuagem quase escondia as marcas de antigos cortes causados por sua depressão de quando sua mãe partira desse mundo. Hoje, estava curada, mas isso ainda era recente em sua memória. Tudo o que ela queria era sair daquele lugar e fotografar o palácio, já que em apenas um dia já vira lugares belíssimos que mereciam uma fotografia.

Lembrou-se de como a sua vida havia dado voltas, nascera em Paris e se mudara para Illéa aos quatorze anos de idade, e agora ali estava, competindo na seleção. Queria que sua mãe estivesse viva para vê-la ali, será que teria orgulho da filha? Gostaria das tatuagens delicadas da garota? Que tipo de conselhos poderia dar?

Foi interrompida por uma menina com um vestido preto colado ao corpo.

– Olá, menina. – Disse ela. Era muito bonita,com cabelos loiros na altura do queixo e impactantes olhos violeta. – Meu nome é Margarette Buford e você está sentada no meu lugar.

Aimeé encarou a loira, sem entender o que acontecendo.

– Não, esse não é o seu lugar. – Rebateu. – Estou sentada aqui desde que o café da manhã acabou.

– Não interessa, esse puff está próximo da janela e das revistas. É meu.

– O que vai fazer se eu não sair? – Provocou Aimeé. – Vai me derrubar? Ora, tenha dó.

– Esse lugar é meu, saia. – Margarette disse, batendo os pés.

– Ao invés de roubar o lugar dos outros, porque não trata de arrumar mais pano para seu vestido? Parece mais uma camisola.

Aimeé era assim, sincera, direta e reta.

Margarette arqueou as sobrancelhas, depois disse:

– Deveria pensar antes de criar inimizades, cabelo de salsicha.

– Eu penso muito em que tipo de pessoas quero ou não como amigas e você não é uma delas. Dê meia volta e arrume outro lugar.

Margarette virou-se, com raiva nos movimentos. O vestido era tão curto e agarrado que sequer se balançou com eles. Aimeé ficou pensando em quem aquela menina achava que era para agir daquele jeito. Se quisesse um lugar decente, que viesse mais rápido para o salão.

Após o que se pareceram séculos, Constance apareceu no salão. Dessa vez, trajava um vestido social na altura dos joelhos.

– Olá, senhoritas, hoje trabalharemos a postura de você. Por favor, procurem um dos guardas que estão carregando livros nas mãos e fiquem formem uma fila atrás de mim, por favor.

As trinta e seis meninas vasculharam o salão, procurando por guardas com livros nas mãos. Aimeé reparou que as cores dos uniformes dos guardas eram diferentes, alguns eram azuis com detalhes vermelhos e outros eram vermelhos com detalhes azuis.

– Senhorita. – Um guarda chamou. Ela virou-se e se deparou com um livro esticado em sua direção. Ele parecia ser novo, provavelmente alguém recém-saído da adolescência.

Aimeé pegou o livro, agradecendo o rapaz com um com um leve sorriso. Passou a mão pelo livro para retirar a camada de poeira que havia se formado. Fitou o título em letras grandes e douradas e lamentou-se por não poder ler o livro ali mesmo ao invés de coloca-lo sobre a cabeça.

– Por favor, senhoritas, formem uma fila. – Pediu Constance, com a voz elevada.

Quando todas estavam em fila, deu-se início ao treinamento. Aimeé soltou seu penteado, deixando as madeixas ruivas caírem sobre os ombros. Colocou o livro sobre a cabeça e deu alguns passos antes de derrubar o livro no chão. Odiava isso, livros não foram fabricados para medirem postura sob a cabeça, foram feitos para leitura.

Antes que pudesse pegar o livro, a garota que estava atrás dela agachou-se e o entregou para ela.

– Aqui. – Disse, estendendo-o. Seus longos cabelos negros emolduravam o rosto, destacando os olhos verdes- azulados - Sou Andy Bittersek.

– Obrigada. – Agradeceu Aimeé rapidamente.

Recolocou o livro na cabeça e, dessa vez, tentou caminhar lentamente para não derrubá-lo novamente.

– Perfeito, senhorita Alary Wudlee. – Ouviu Constance falar. – Ponha o livro mais para o centro da cabeça, senhorita Woori Lee.

Continuou a falar alguns nomes e as observações, mas não citou o de Aimeé. A garota nãos sabia se isso era um sinal bom ou ruim.

– Holly Stewart, Genna Anne Sheeran e Valerie Vitiello. – Chamou Constance. – Tentem acelerar o ritmo.

– Constance. – Chamou uma selecionada. – Como estou indo?

– Muito bem, senhorita Jessamine. Mas tem que parar de equilibrar o livro na testa.

A menina deu uma risadinha e continuou o percurso. Aimeé diversas vezes sentiu o livro quase cair de sua cabeça, mas sempre conseguia fazer com que não caísse no chão (mesmo que isso significasse absorver o impacto com as mãos). Após um longo tempo, elas saíram da fila e começaram a se movimentar dentro da sala. Algumas ousavam dançar, outras ainda tentavam dar dois passos sem derrubar o livro. Uma mistura de cabelos e vestidos rodopiantes dominou o salão, deixando a ruiva um pouco tonta.

Uma garota trombou em Aimeé, com um pedido rápido de desculpas retomou sua caminhada. Era Kaolin Machele Ja- Lisa.

O dia seguiu nesse ritmo até a hora do almoço.

* * *

– Garotas. – Chamou o príncipe Jonathan. – Devo informar-lhes que o rei de Illéa e as rainhas de Nova Ásia e Illéa não mais se encontram no castelo. Partiram após o café da manhã, atarefados com os afazeres dos países. As rainhas pediram perdão pelo transtorno e o rei disse que continuam seguras, já que existem aqui ministros e dois futuros reis, além de guardas e criados. O único membro da realeza presente, além de mim e do príncipe Liang, é a princesa Ming.

Aimeé não pode deixar de pensar no quanto o príncipe de Illéa era bonito, na verdade, os dois príncipes eram, mas havia algo em Jonathan que despertava sua atenção. Apesar de ter feito um discurso há pouco, ele parecia irritado.

– Já meu pai, Katsuo, disse que assim que tiver melhora em seu quadro de saúde irá vir nos visitar. – Liang disse, passando o dedo indicador sob a boca de sua taça preenchida com vinho. – Agora, se nos dão licença, eu e o príncipe Jonathan teremos que nos retirar, temos assuntos da seleção para discutir.

Jonathan engoliu o resto de água de sua taça e saiu sem se despedir, o que Aimeé achou uma grosseria. Liang despediu-se individualmente de cada menina, dando a mão para cada uma delas.

Assim que passou pela porta, os guardas fecharam-na, dando início ao almoço.

* * *

Bônus – Guarda Uriah Fox.

Uriah estava indignado. Deixara para trás toda a sua família para ser um guarda, mandando dinheiro toda vez que recebia seu salário. Agora era também obrigado a acatar ordens de um ex-colega de quarto?

Achava muito injusto essa coisa de “Guardas Chefes”, os caras de uniforme vermelho se tornavam mandões e obsessivos.

Jogou sua roupa embolada sobre a cama com muita raiva.

– Calma, Uriah. – Seu novo colega de quarto falou. – Assim vai rachar a cama no meio, e sabes que o reino não vai permitir que recebas outra.

– Dane-se o reino. – Explodiu ele. – São um bando de almofadinhas metidos à deuses que não sabem se defender e ficam recrutando jovens.

– Raiva não irá te ajudar em nada, deves continuar trabalhando tranquilamente. – O rapaz de cabelos loiros platinados disse, guardando os óculos de grau embaixo da cama. Jason, o novo colega de quarto de Uriah, sofria de uma séria miopia, mas sempre usava lentes de contato quando estava em serviço.

Uriah abotoou seu uniforme rapidamente, encarou-se no pequeno espelho acima da cama e constatou que estava razoavelmente bem arrumado. Pegou a roupa embolada de cima da cama e jogou-a no armário que compartilhava com seu colega de quarto. O governo podia, no mínimo, ceder quartos decentes e bem mobiliados. Esse ninho de ratos onde dormiam era horrível: Cinza, abafado, com duas camas, um banheiro e um guarda roupa. Até mesmo o espelho os guardas tinham que comprar.

Enquanto isso, as meninas da seleção recebiam as coisas mais luxuosas e eram cortejadas por dois príncipes babacas.

– Não acha injusto? – Queixou-se Uriah.

– O que é injusto?

– Estarmos trabalhando embaixo de um sol quente, dando duro para proteger esse palácio e tudo o mais, e enquanto isso aqueles almofadinhas dos príncipes estarem rodeados de belas moças e de boas comidas? Fala sério,eles sequer almejavam a seleção.

– Como sabes que eles não queriam a seleção?

– Escutei a rainha Babette o Jonathan discutindo ontem. Ele disse que queria mandar todas as meninas embora e dar um doce para cada uma.

– Ele não quer casar, assim como que não queria ter nascido pobre. – Jason disse. – Tem que parar de se preocupar tanto, Uriah. A vida da realeza não é de nossa conta, mas a segurança sim.

– E aquele Liang? – Continuou o rapaz, ignorando o amigo. – Se faz de bom moço, mas ontem surrupiou uma garrafa de vinho da cozinha. Eu mesmo vi.

– Deixe-o beber, a vida é dele. Foque em seu trabalho, amigo.

Uriah calou-se, mas ainda não conseguia tirar de sua cabeça os fatos. Por que os príncipes podiam ter uma seleção sem nem mesmo desejar? Para que tantas garotas? Por que os guardas nunca recebiam o devido crédito?

Ele e Jason retiraram-se do pequeno quarto, mas ele sequer prestou atenção no caminho.

Por que guardas não podiam ter seleções? Os príncipes sequer tinham o dom da conquista?

Aos poucos, os pensamentos se aquietaram. Mas ele ainda não achava justo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Críticas? Sugestões? Elogios?
Podem falar, eu escuto :).
Bjus da Zia