"Ao Expandirmos o campo de conhecimento apenas aumentamos o horizonte da ignorância"

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O café da manhã foi barulhento, vozes femininas por todos os lugares.

– Onde está o príncipe Jonathan? – Indagou a garota ao lado de Mikaze- Aria., de um modo totalmente tímido.

Olhando para o crachá, Mikaze viu que ela se chamava Lillian.

– Não sei, o rei Valentim saiu nervoso agora mesmo.

Lillian ajeitou os cabelos loiros.

– Ainda bem que não vim aqui por ele. – Murmurou. – Liang parece ser muito mais responsável.

– É. – Foi tudo o que Mikaze disse.Baixou os olhos novamente para o prato, pensando que, ao invés de estar em uma mesa cheia de meninas, poderia estar lendo tranquilamente.

– Garotas. – A rainha da Nova Ásia disse. – Esse é o primeiro café da manhã no castelo, o dia será cheio de novidades. Isso pode ser um pouco apavorante, sabem? A mudança brusca na rotina. Mas conseguirão continuar tranquilamente.

A rainha da Nova Ásia,Liz , era baixinha, com cabelos negros sempre arrumados e brilhosos. Tinha olhos cor de mel e a pele bem clara, todos supunham que fosse pela pouca luz solar que passava pelo castelo onde residia Apesar de ser mãe de dois filhos, ainda parecia jovem. Uma das coisas que todos mais admiravam nela era a elegância. Aquela mulher era capaz de enfrentar o apocalipse sem descer do salto ou desarrumar seu vestido estilo japonês.

– Onde está o príncipe Jonathan? – Uma menina indagou.

– Jonathan já está vindo, senhorita. – Liang disse. Tinha uma voz contida, calma.

– Liang! – Uma voz fina chamou, adentrando na sala de refeições. Era uma menina pequena, muito parecida com o príncipe. – Ops...

– Ming! – Repreendeu a rainha. – Uma dama não deve chegar aos lugares gritando.

A menina de olhos puxados não respondeu, estava boquiaberta, encarando as selecionadas.

– Quanta gente! – Exclamou.

Mikare reconheceu-a como a pequena princesa da Nova Ásia. Embora parecesse muito mais criança vista pessoalmente.

– Desculpem. – Ela disse. – Mamãe, posso sentar-me à mesa?

– Sente-se, Ming. - Liz disse.

A garotinha sentou-se em uma cadeira vaga, quase sumindo atrás dos pratos de comida.

As portas se abriram novamente, exibindo a rainha de Illéa, Babette.

– Bom dia, senhoritas. – Disse, a voz soando cansada.

– Bom dia. – Um coro respondeu.

– Perdoem essa má organização de hoje, ainda não nos acostumamos com a seleção. Os dois reinos estão um pouco confusos. – Disse, sorrindo. – Se puderem ter um pouco mais de paciência...

Deu a volta na mesa, o vestido vermelho esvoaçando com o vento que vinha da janela. Sentou-se em uma cadeira ao lado da do rei Valentim.

A tensão na era evidente. Duas rainhas de reinos que até então eram rivais, uma em cada ponta da mesa, uma sem o marido presente e a outra com um filho que não aparecera para o café.

– Gosta de mangás? – Indagou Mikaze para a garota ao lado, Lillian.

– Não costumo ler. – Disse.

A selecionada não pode deixar de ficar decepcionada, era raro achar alguém que gostasse.

Finalmente, as portas se abriram, com Jonathan e Valentim atrás dela. Os dois trajavam ternos bem feitos, elegantes. O rapaz parecia levemente irritado, mas seguiu o rei até o seu assento.

– Perdoem-me, senhoritas. – Disse,de forma falsa. – Eu estava entretido escolhendo minha gravata e acabei me atrasando.

Elas não responderam, apenas começaram a comer da maravilhosa comida do castelo.

* * *

– Começaremos com etiqueta à mesa e no modo de falar. – Disse Constance, a mulher que as auxiliaria na seleção. – É de suma importância que se dediquem, senhoritas, pois além de ser uma qualidade de rainha, a etiqueta é indispensável para qualquer dama.

– E se a dama não se der bem na etiqueta? – Indagou uma jovem de cabelos brancos, Safira Bender.

– Praticará até que se torne uma mestra. – Constance disse, ajeitando o blazer. – Se arrumem em pares, quero ver como melhorar a postura e a forma de falar de cada uma de vocês. Como eu citei, quero ser uma mãe para as senhoritas do palácio.

“Mãe coisa nenhuma” Pensou Mikaze. “Ninguém substitui uma mãe”.

Com aperto no coração, lembrou-se de seus pais já falecidos. Poderiam eles estar ali no castelo, observando a filha?

Antes que terminasse seu raciocínio, uma menina tocou-a no ombro.

– Oi. – Disse. – Meu nome é Serena, poderia ser minha parceira?

* * *

Como a rainha havia dito, o dia foi cheio. Etiqueta, papos no salão de beleza, interação com as outras meninas e a história de Illéa e da Nova Ásia martelavam na cabeça de Mikaze. Tudo o que ela queria era escutar suas músicas, ou sair para tomar um fresco, conversar coma lua e com as estrelas.

Mas não, lá estava ela colocando outro vestido, pronta para o jantar. Segundo as informações das criadas, esse jantar seria apenas com as selecionadas e com os príncipes, sem reis ou rainhas para atrapalharem.

Estava ansiosa, queria saber mais sobre os rapazes. Seu vestido era roxo azulado, tomara que caia. Modelava bem o corpo, mas sem deixá-la vulgar.

Foi uma das primeiras a chegar.

– Olá, senhorita. – Disse o príncipe Liang. Estava muito bonito, usando um terno azul escuro que destacava o negro de seus cabelos. – Como se chama?

– Mikaze- Aria, Alteza. – Respondeu, fazendo uma reverência.

– Não precisa fazer reverência, Mikaze. Por que não se senta conosco e aprecia esse vinho?

As meninas que já estavam na mesa a encararam.

– Claro. – Respondeu, nervosa.

Sentou-se em um lugar vago, ao lado de uma menina que parecia ser coreana. O crachá indicava que se chamava Woori Lee.

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Bônus: Príncipe Jonathan

– Seu comportamento foi inaceitável, Jonathan. – Babette disse. - Deixou-nos esperando, sabe o quanto as garotas estranharam? Um príncipe tem responsabilidades e deve cumpri-las.

– Pois estou pouco me lixando para essa seleção. – Rebateu o rapaz. – Por mim, poderíamos dar um doce para cada uma das garotas e mandá-las para casa.

– Seu pai não ficou feliz com aquilo. Sabes que não pode fazê-lo ficar nervoso, ele é um rei cheio de problemas para resolver. Illéa precisa dele.

– Illéa também precisa de um príncipe que saiba administrar um país, e não de uma seleção para esse mesmo moço. Sinceramente, rainha. – Disse Jonathan, colocando o paletó. – E se o rei é tão ocupado, como conseguiu tempo para vir me atormentar no meu quarto na hora do café? Como conseguiu me dar um tapa e depois ter a indecência de me dizer para passar maquiagem para aparentar estar perfeitamente normal?

– Seu pai é como fogo, e você dá a gasolina que ele precisa para fazer um incêndio.

– Bom, eu não virarei água. Sugiro que ele aprenda a controlar a intensidade do tal incêndio.
A mulher respirou fundo, renovando sua paciência.

– Desça e comporte-se no jantar. Pareça amigável.

– Vou descer pela comida, nada mais. – Disse ele.

– Pela comida ou não, apenas desça, filho.