Illéa e Nova Ásia: Dois reinos, uma seleção. escrita por Zia Jackson


Capítulo 3
Príncipe Jonathan


Notas iniciais do capítulo

Hey,obrigada pelas fichas.
Esse cap será pelo ponto de vista do Jonathan, para o conhecermos melhor.
O próximo já sera de selecionada Safira, depois o da selecionada Felicity, depois o da Gisele, depois Holly, Aria, Aimeé, Serena e por aí vai...
Enfim, boa leitura.
P.S: Fiquei mega emocionada com os reviews, simplesmente não pude decidir o melhor.



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As relações familiares,amorosas e profissionais são sempre difíceis... Lidar com outro ser humano é complicado

– Daniel Domingues

Jonathan estava se controlando para não gritar, mas sentia que falharia em breve. Há quase duas horas recebera a notícia da seleção e ainda não se acostumara com a ideia.

– Alteza. - Ouviu sua mais fiel e velha criada lhe chamar. - Trago-lhe as cartas que serão enviadas para as selecionadas, a rainha achou que seria bom se visse como será, caso queira acrescentar algo.

– Pois diga a ela que eu quero queimar essas cartas. - Disse Jonathan, encarando uma prateleira de livros. A biblioteca sempre fora seu lugar favorito, lá tudo parecia ficar do lado de fora, os problemas não conseguiam atravessar as grossas paredes, prateleiras e páginas ali contidas. Além disso, ele gostava da companhia dos livros, gostava de perder-se em histórias.

– Alteza, a rainha foi bastante clara.

– Marilyn, diga a ela que não quero saber dessa coisa.

Marilyn, a criada, era insistente. Quando o príncipe nascera muitas vezes o amamentou no lugar da rainha, já que tinha tido um filho nessa mesma época. Infelizmente, o garoto morrera dez anos após o nascimento, levando junto qualquer chance que Jonathan tivesse de ter amigos comuns. Na verdade, a chance de ter qualquer amigo.

Ouviu os passos lentos da mulher, que já passara dos sessenta anos de idade. Por mais que a rainha Babette insistisse, ela não se aposentava, sempre dizia que trabalharia para a família real até o dia em que morresse. Jonathan agradecia mentalmente e secretamente por isso, sempre teve um carinho enorme por Marilyn, era como uma mãe para ele. Se parasse para pensar, era uma das únicas pessoas por quem tinha carinho.

– Nem adianta tentar me achar, estou muito bem escondido. - Falou.

– Eu sempre o acho, Alteza. Por mais que demore, sempre acho.

Passou pelo longo corredor de tapete vinho, olhando para os lados direito e esquerdo. Fez isso todas as vezes em que havia divisão de lados, até achar onde o príncipe estava.

– Sempre me achas, isso é tão injusto. - O rapaz zombou.

A criadas nada disse, apenas andou até onde o rapaz estava sentado e entregou em suas mãos um exemplar de carta.

– Precisa de alguma coisa, Alteza? - Indagou

– Não, Marilyn, pode ir.

Com uma reverência rápida, ela saiu andando pela biblioteca. Jonathan abriu a carta somente quando ouviu as enormes portas de madeira sendo trancadas.

O papel era amarelado e duro, com um carimbo vermelho estampando o brasão dos Schreave e lacrando o conteúdo. Abriu-a sem dificuldades. Leu todo o conteúdo (que não era pouca coisa, cinco páginas com perguntas e espaço para respostas). Tudo aquilo era doentio, pensou ele, selecionar garotas como gados para serem rainhas. Não sabia muito sobre o amor, mas não deveria ser assim.

Jogou a carta o mais longe que conseguiu e retomou sua leitura, entretanto sua mente vagava para longe sempre que lia alguma palavra.

* * *

– Alteza? - Ouviu a voz de uma criada.

Acordou sobressaltado, indagando-se que horas eram.

– Ah, estava dormindo, perdão. – Ela disse. O príncipe não a conhecia direito, devia ser uma das novas criadas. – Ainda estou me acostumando com a vida de criada, Alteza.

Ele não respondeu apenas se levantou. Seu corpo todo doía, como se tivesse sido passado em uma máquina de moer carne. Era sempre assim quando dormia no chão da biblioteca.

– Sabes me informar as horas? – Indagou ele.

A mulher, que deveria ter a idade dele, consultou rapidamente seu relógio de pulso.

– Meia noite e quinze minutos, Alteza.

Ele se assustou, havia passado o dia todo na biblioteca. Pegou o livro do chão e o devolveu à prateleira. Agradeceu à criada e saiu do cômodo, caminhando lentamente até seu quarto. Porém não adormeceu, continuou pensando na seleção. Será que as garotas sairiam na primeira oportunidade? Ele era explosivo, sempre acabava descontando sua raiva na pessoa errada, era um tanto quanto egoísta e sarcástico. Não tinha certeza se aguentariam.

Parou de pensar, não queria uma seleção, portanto não iria se esforçar. Pegou seu bloco de desenhos e começou a desenhar, adorava desenhar.

A noite passou rapidamente dessa maneira.

* * *

– Onde estava? – Ouviu a voz do rei Valentim, seu pai, falar.

– No banho, ora. Não posso mais me banhar? Quer que eu vire um sapo? Um mendigo?

O homem revirou os olhos, tirando os óculos que usava para ler algo que estava perto. O pai era muito parecido com ele, o mesmo tom de cabelo, os mesmo olhos. Graças à Deus, não a mesma personalidade.

– Babette, olhe esse garoto, ele está muito mal educado. – Gritou o rei.

– O café da manhã mal começou e já estão brigando? Credo. – Ela reclamou.

– Não é minha culpa se esse homem é um maluco tradicionalista. – Rebateu o príncipe.

O rei se levantou da ponta da enorme mesa de madeira e foi até onde o príncipe se sentava. Agarrou sua orelha, que doeu e ficou vermelha com a força do beliscão.

– Ponha-se em seu lugar, garoto. Não será um bom rei se continuar assim.

– Quem disse que quero ser rei?- Disse Jonathan.

Valentim, perdendo a paciência, deu um tapa de mão aberta no rosto do rapaz. Doeu, Jonathan teve vontade de gritar, mas continuou sorrindo.

– Isso é tudo que pode fazer? – Zombou. – Deve pensar que sou um maricas de calças.

– Jonathan, chega. – A rainha disse. – Não irrite seu pai.

Era sempre assim, Jonathan falava algo, o pai se irritava e lhe dava um tapa, ele rebatia e a mãe mandava que ele se calasse.

– Perdi o apetite. – Disse o garoto, levantando-se da cadeira. – Pode dar os restos da comida para um cachorro, ou simplesmente para o rei.

A mãe abriu a boca para protestar, porém Jonathan já estava subindo as escadas e não a ouviu.

Uma bela recepção ao dia”. Pensou ele. Andou até a enfermaria, precisava de um gelo ou alguma coisa que tirasse a vermelhidão de seu rosto (não queria manchar sua imagem, era o príncipe e precisava ter boa aparência).

Topou com vários guardas no caminho, sempre recebendo reverências. Com o tempo, isso se tornava chato, não se podia nem andar um corredor sem ser chamado de Alteza ou receber uma reverência.

Entrou na pequena sala da enfermaria e garrou um fraco de antisséptico.

– Alteza, está machucado novamente? – Ouviu a voz de Sam, um dos criados.

– Todas as manhãs são iguais, você deveria saber.

O homem entrou na salinha, procurou por gelo na pequena geladeira usava justamente para isso e, pedindo para que Jonathan se sentasse, colocou no local atingido.

– Alteza, se me permitisse um conselho eu diria que não deveria irritar o rei. Só faz mal para você.

–O que faço ou deixo de fazer é coisa minha, as consequências dos atos são meus. Enquanto eu brigar de manhã, terá seu emprego garantido. – Rebateu o príncipe.

– Eu sei Alteza, mas...

– Sem mas, apenas limpe essa droga do meu rosto. – Explodiu o príncipe, embora não quisesse ter feito tal coisa com Sam. O criado era gente boa e sempre dava bons conselhos, por mais que nunca os seguisse.

– Está bem, Alteza.

Assim que terminou de cuidar do rosto do príncipe, ele foi para os jardins, ver como andava o treinamento dos novos guardas. Sentia-se um fracasso, não teve coragem o suficiente para explodir com seu pai e acabou descontando em um criado que não tinha nada a ver com o que tinha acontecido. Nessas horas queria que existisse uma máquina para voltar no tempo.

Sentou-se em um banco e viu enquanto os guardas recebiam o treinamento de como atirar com uma arma, tomando notas mentais e inúteis de quem estava se dando bem e de quem estava indo mal.

Enquanto o pai não confiasse nele, não poderia cuidar dos assuntos de Illéa. Ele só temia que isso nunca acontecesse.


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Notas finais do capítulo

Não sei se fui clara nesse cap, então vou escrever um pouco sobre o Jonathan aqui.
Ele é um rapaz livre, explosivo, um pouco distante de tudo e de todos. Egoísta, amargo quando quer e sarcástico (não deu para ver isso no cap, mas prometo que em um próximo eu mostro). Mas apesar dos defeitos, ele pode ser gentil se quiser, pode usar o sarcasmo como form de bom humor. Só precisa de alguém que cuide dele, alguém que o guie.
Bjus da Zia

Caso a imagem não dê certo, o link é https://www.google.com.br/search?q=brenton+thwaites&espv=2&biw=1517&bih=741&site=webhp&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=Xe07VZvaN4iwggSh24HgCA&ved=0CAYQ_AUoAQ&dpr=0.9#imgrc=ezN5X7QcYT_WTM%253A%3B6FqqlkE_N481fM%3Bhttp%253A%252F%252Fia.media-imdb.com%252Fimages%252FM%252FMV5BMTcwMTY3MjE5NF5BMl5BanBnXkFtZTcwNzM3NjU2Ng%2540%2540._V1_SX214_CR0%252C0%252C214%252C317_AL_.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.imdb.com%252Fname%252Fnm4154798%252F%3B214%3B317