Aguenta Coração! escrita por Gyane


Capítulo 40
Capítulo 40




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Quando a segunda-feira chegou eu estava remoendo ainda tudo que havia acontecido. Eu não tive coragem de falar nada com a Bell nem com a Dora.

—E ai como foi o seu final de semana?—A Bell perguntou desfazendo as malas.

—Solitário.

—Porque quis. —Ela me repreendeu.

—Eu não estou reclamando. —eu disse sem humor saindo para fora do quarto.

Quando eu desci a escada, ele já estava lá. Ele se virou na minha direção no mesmo instante em que eu desci o ultimo degrau da escada, então ele soltou o seu sorriso carinho para mim, eu me senti uma miserável por não poder encarar seu rosto, eu corri em sua direção vencendo a distancia entre nós e me joguei nos seus braços enterrando minha cabeça no seu ombro. Implorando silenciosamente por misericórdia. Ele me ergue do chão e me girou no ar.

—Uau isso tudo é saudade. —ele disse me colocando de volta no chão e sorrindo.

Eu levantei a minha cabeça lentamente pra encontrar o olhar alegre dele. Eu não achei que fosse capaz de me sentir tão miserável quanto agora. Eu não queria magoar o Theo e não achei que tinha direito quando a isso.

—Eu não mereço você. — Todas as células no meu corpo doíam em admitir isso.

—Ou espera ai, acho que eu perdi parte da conversa. —Ele disse deslizando carinhosamente seus dedos por minha face.

Eu não podia contar a verdade ao Theo sem magoá-lo. Ele provavelmente não merecia sofrer, e eu era um monstro frio, por pensar apenas em mim.

—O que esta acontecendo aqui?—Ele perguntou erguendo delicadamente meu rosto e me olhando nos olhos.

Eu balancei a cabeça em negativa.

—É que você é tão bom que às vezes eu acho que eu não te mereço. —Outra mentira, eu era o mar de mentira, mas ele não merecia.

Isso era o melhor que eu podia fazer.

—Uau eu acho que esse final de semana deixou você muito carente mesmo. —Ele disse colando seus lábios nos meus.

Eu forcei um sorriso sem coragem de encarar a verdade. Eu era extremamente covarde demais para isso.

—Eu tenho que levar minhas malas para o quarto e então...

—Shiiii.—Eu o silenciei com o meu dedo indicador sobre os seus lábios.—A gente se encontra depois.

—Um minuto. —Ele disse juntando a mala do chão e saindo do salão comunal.

Agora era a hora que eu deveria chorar, envergonhada por tudo que eu havia feito, eu estava arrastando pessoas demais para o buraco profundo de dor que eu própria havia cavado. Eu era egoísta demais para pensar nos outros, e olha só o que eu estava fazendo, eu estava arrastando do Theo para lama.

Justamente ele que sempre me ajudou, justamente ele que estendeu a mão quando ninguém mais podia me tirar da escuridão. Isso não era justo, eu era um monstro cruel. O que eu iria fazer agora?

Eu levantei minha cabeça perdida em pensamento, encontrando um par de olhos verdes cravados em mim. Seus olhos continham olheiras enormes e seu rosto estava pálido.

—Sarah. —O Thiago chamou meu nome, sua voz estava cansada.

—Amanda?—Eu perguntei debilmente.

—Tudo bem. —Ele disse passando as mãos pelos cabelos.

—E o bebê?
Ele olhou para mim com os olhos perdidos, eu não sabia por que mais de repente eu senti uma necessidade urgente de abraçá-lo, de poder envolvê-lo nos meus braços.

—Só foi um susto. —Ele suspirou pesadamente.

Acorde para vida Sarah. Encare a realidade, você não pode ter dois sentimentos tão contrastantes ao mesmo tempo.

—A gente tem que conversar.

—Não. —Eu neguei balançando a cabeça. —O que aconteceu naquela noite foi um erro, e isso não muda o desprezo que eu sinto por você. —Eu tentei ser fria. E eu tinha certeza de estar fazendo a coisa certa.

—Quem você esta tentando enganar por aqui?—Ele perguntou incrédulo.

—Eu não estou enganando ninguém é você que não quer admitir a verdade, nem todas as garotas morrem de amor por você.

—É ruivinha você tem razão. —Ele disse cruzando os braços sobre o peito musculoso. —Mas você com certeza esta na lista que me querem. —Ele disse sorrindo pretensiosamente.

Eu bufei de raiva. Esse não era o MEU Thiago.

—O que esta acontecendo por aqui?—O Theo perguntou me segurando pela cintura e encarando o Thiago.

—Nada.—Eu disse apressadamente com medo do Thiago abrir a boca antes.

—Eu acho melhor você ficar mais de olho na sua namorada. — O Thiago disse provocando o Theo e saindo em seguida.

—Do que ele esta falando?— O Theo perguntou se virando para mim.

—Eu sei lá. —Eu disse dando de ombros.

Eu não podia dizer que estava tranqüila com aquela atitude fria do Thiago.

Algumas vezes as conseqüências de suas besteiras vêm como tiro no escuro e acaba arrancando seu ultimo suspiro. Isso não a parecer fazer nenhum sentindo.

Mas naquela manhã de terça-feira quando eu entrei no refeitório para tomar meu café da manhã, eu iria ter que enfrentar as conseqüências do meu fracasso diante do Thiago. Sim fracasso. Porque eu era muito fraca perto dele, e todos os meus neurônios não pareciam funcionar quando ele estava por perto.

O Theo me esperava sentado na mesa como de costume a Dora e o Pedro também estavam lá, o Thiago apenas levantou os olhos para mim, na mesa ao lado e o que eu tentei ignorar perfeitamente, mas aqueles olhos verdes tinham incrível peso sobre mim.

—Bom dia linda. —O Theo me saudou dando um leve selinho nos meus lábios.

—Bom dia.—eu disse sentando do seu lado e a Bell sentou de frente para a mesa do Thiago e o Beto.

Tudo estava correndo perfeitamente normal, ao não ser o meu remorso me matando por dentro e olhar acusador do Thiago para mim, mais do mais era para ser uma manhã de segunda-feira normal.

Eu mal havia tocado no meu café da manhã, mas já estava preparada para abandonar a mesa e ir para sala de aula quando duas garotas pararam diante da nossa mesa e olhou diretamente para o Theo. O refeitório continuava barulhento como em todas as manhãs, mas eu não conseguia ouvir uma única palavra ao meu redor, eu estava paralisada pelo medo, porque imediatamente eu havia reconhecido as duas garotas. Eram as mesmas que haviam convidado o Thiago para jantar com elas.

—Então Sarah como foi o seu jantar com o Thiago no final de semana?—A Mais alta disse maldosamente vagando seu olho de mim para o Thiago na outra mesa.

—O que?—O Theo perguntou olhando para mim.

—Oh ela não te contou que passou o final de semana ao lado do Thiago. — Ela disse com fingida inocência.

—Do que elas estão falando?—O Theo perguntou ignorando-as.

—Theo não houve nada demais. —Como eu ia explicar algo que não tinha explicação.

Ele levantou a cabeça e olhou para o Thiago que ergue as duas mãos.
Então ele jogou o guardanapo em cima da mesa, e saiu sem olhar a para mim, a Bell me fitava de boca aberta.

—Porque você não me contou nada. —Ela protestou indignada.

Eu olhei para o Thiago que brincava com o pedaço de pão como se não tivesse acontecido absolutamente nada.

Eu me levantei da mesa e corri atrás do Theo, só que eu não o encontrei em lugar algum. Eu não conseguia me concentrar na aula e antes mesmo que o sinal para o termino da aula tocasse eu já estava de pé pronta para sair. Eu corri para a sala de aula do Theo mais ele não estava lá, eu percorri cada corredor da escola a procura dele, mas simplesmente o Theo parecia ter desaparecido.

Então eu decidi procurar no jardim da escola.Mas ele também não estava lá. Tudo que tinha que acontecer de errado tinha acontecido comigo. E precisava ver o Theo eu queria muito saber como ele estava... Droga porque isso só acontecia comigo.

Quando eu entrei dentro da biblioteca eu suspirei aliviada. O Theo estava sentado em uma das mesas folheando um livro sem prestar muita atenção.

Eu puxei uma cadeira e me sentei do seu lado, ele levantou a cabeça para me fitar.

—Theo eu sei que parece.—eu comecei a falar sem saber exatamente o que dizer.

—Eu confio em você.—Ele disse me interrompendo e aquelas palavras me deixaram sem ar.Não porque eu não estava feliz com sua confissão mais por mim saber que não era merecedora de sua confiança.

—Eu sei que na hora eu agi como um estúpido mais eu confio em você.

O que ele estava fazendo? Puxando toda culpa para cima de si mesmo. Isentando-me de algo que eu era culpada. Extremamente e odiosamente culpada.

—Theo a gente tem que conversar.—Eu pedi não suportando mais sustentar a mentira.

—Claro.—ele concordou olhando seriamente para mim, como se tivesse uma luta interna.

—Pessoal. Sinto muito mais a biblioteca vai fechar.—A Senhora Cooper disse nos interrompendo.

—Uau.Já são seis da tarde.—O Theo disse surpreso tanto quando eu olhando para o relógio.

Saímos da biblioteca e caminhamos até o salão comunal em silêncio. Eu não tinha coragem de começar a falar a verdade e o Theo não parecia disposto a falar sobre aquele assunto.  A Bell e a Dora estavam sentadas em um dos sofás e se levantaram assim que me viram entrar.

—Precisamos conversar. —A Dora disse apressadamente enquanto a Bell me puxava pelo braço.

Eu olhei para o Theo que sorriu compreensivo.

—Te vejo depois. —Ele disse subindo as escadas para o dormitório masculino.

—O que foi? O prédio esta pegando fogo. —Eu perguntei ironicamente enquanto elas me arrastavam para um lugar mais afastado do salão.

—Quase. —A Dora disse se encostando à parede.

—Fala logo. —Eu pedi aflita.

—O Thiago pediu para aquelas garotas falarem a verdade para o Theo. —A Bell disparou para o meu horror.

—Como assim?—Eu perguntei debilmente.

—O Pedro deixou escapar qualquer coisa assim para mim hoje, depois que vocês saíram do refeitório.—A Dora explicou, mas as palavras dela giram ao meu redor sem entender realmente seu significado, eu senti meu rosto queimar de raiva, o que o Thiago estava pensando.

—Eu vou matar ele.—Eu disse marchando furiosa para o dormitório masculino.—Eu juro que acabo com a raça dele.

—Calma Sarah o que você vai fazer?—A Bell perguntava alarmada enquanto me seguia.

—Eu vou estrangular o Thiago, Ele não tinha o direito de fazer isso comigo… — Eu gritei abrindo violentamente a porta do quarto dele.

O Beto pulou da cama com o susto.

—Cadê ele?—eu perguntei mal contendo minha fúria.

—Ele?—O Beto disse olhando de um lado para o outro.

—Cadê o Thiago?—Eu perguntei sem tempo para brincadeira.

—Eu acho que no jardim, não sei, por quê?—O Beto perguntou curioso, provavelmente assustado com a minha raiva.

—Porque hoje vai ver o velório dele. —Eu disse saindo do quarto.

—Calma ai Sarah. —A Bell continuava me seguindo. —Você esta exagerando?

Isso podia ser uma verdade, enquanto eu descia a escada, minha raiva ia passando mais eu ainda assim não conseguia entender porque motivo o Thiago tinha feito aquilo. Ele não podia sair por ai magoando as pessoas e achar que tudo ia ficar tudo bem. Ele não tinha o direito de fazer isso, ele não podia fazer isso.

Eu caminhei determinada até o jardim da escola que há essa hora estava escuro, assim que eu cheguei perto da fonte eu ouvi o som de um violão tocando e eu tive certeza que era o Thiago. Sem hesitar eu caminhei até ele.

O Thiago estava sentado em um dos bancos tocando o violão sozinho.

—Porque você fez isso?—Eu perguntei parando na frente dele.A Bell se virou e sumiu na escuridão arrastando a Dora e o Beto com ela.

Ele parou de tocar levantando a cabeça para me fitar.

—Fez o que?—ele perguntou confuso.

—Não faça de idiota. —eu gritei vermelha de raiva.—Você não tem o direito de se intrometer na minha vida?

—Eu não fiz nada. —Ele disse colocando o violão de lado.—E também aquilo não foi nenhuma mentira.

Eu senti vontade de socá-lo com aquelas palavras.

—OK você pode até ter razão mais isso não era da sua conta.—eu disse respirando profundamente. Aquilo iria ser mais difícil do que eu imaginava.

—Sarah porque você tenta negar o obvio.—Ele perguntou sorrindo. O que estava acontecendo por ali.

—Obvio?!—Eu repeti aquelas palavras confusa.

—Você gosta de mim tanto quando eu gosto de você. —Ele disse com aquele maldito sorriso maroto dele.

—Olha Thiago eu não gosto de você, aquilo foi...

—Foi... —Ele esperou por uma resposta.

—Foi um erro. —Eu disse sem encontrar as palavras certas. —Eu tenho um namorado e você tem a Amanda.

—Você não parece gostar dele. —Ele disse serio.

—Você esta enganado. —Eu protestei.

—Será que eu estou enganado? Ele disse se levantando e me segurando pela cintura, eu prendi minha respiração. — Porque se você realmente gostasse dele, seu corpo não tremeria quando eu te pego nos meus braços. —ele sussurrou no meu ouvido mordendo o lóbulo da minha orelha e fazendo todo o meu corpo estremecer.—E você não pode negar que gosta disso tanto quando eu.—Ele disse capturando minha boca no instante seguinte em um beijo arrebatador.—Então vai ter coragem de negar que não gosta disso...—Ele disse nos separando por apenas alguns centímetros.

 

—Não.—Eu admiti envergonhada demais, mais eu não conseguia mais fingir, eu não tinha mais forças para negar ao resto do mundo  o que eu senti pelo Thiago.

—Então Sarah fica comigo?—Ele perguntou analisando meu rosto.

Antes que eu pudesse responder, o silêncio de fora quebrado por passos que se afastavam eu me virei para ver o Theo se afastando na escuridão da noite. Ele havia ouvido todas as palavras que havíamos dito.

Eu não ouvi sua fuga silenciosa, mas eu podia senti-la - eu podia sentir a ausência que eu havia imaginado erradamente que existisse antes, o espaço vazio que ele deixou pra trás.

—Theo estava escutando. —eu sussurrei. Não foi uma pergunta.

—Sim.

—Você sabia?

—Sim.—Ele disse honestamente.

Eu encarei o nada, vendo nada.

—Ele precisava saber a verdade. —ele disse baixinho. —E ele merecia saber.

Minha cabeça caiu em minhas mãos.

—Você está com raiva de mim? Ele perguntou.

—Porque você fez isso? eu sussurrei.

—Eu não planejei nada. —Ele se defendeu. —Apenas aconteceu.

—Você acha que isso importa?Você acha que isso vai fazer ele sofre menos. — Eu estava piscando contra as lágrimas, e era fácil ouvir isso em minha voz. — Eu estou machucando ele. Toda vez que eu me viro, eu estou machucando ele de novo—. A minha voz estava ficando mais alta, mais histérica. —Eu sou uma pessoa odiosa.

Ele passou seus braços com força ao meu redor. —Não, você não é.

—Eu sou! O que há de errado comigo?—, eu lutei contra os braços dele, e ele os deixou cair. —Eu tenho que ir encontrá-lo

—É melhor não Sarah.

—O que você esta tentando dizer.—Eu não sabia se gritava com ele ou chorava.

— Eu estou tentando dizer que a nossa historia começa aqui?

—Não você esta errado.—Eu disse achando que não seria capaz de suportar. —A Nossa historia terminou há muito tempo Thiago.

Ele ficou parado congelado, como se digerisse lentamente cada palavra que havia dito.

—Terminou?—Ele indagou com as sobrancelhas erguidas enquanto nossos olhos se encontraram.


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