Aguenta Coração! escrita por Gyane


Capítulo 31
Capítulo 31




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Os dias foram passando lentamente, mas eu não me importava com isso, o Thiago estava se recuperando rapidamente, para mim era o que bastava.

—Vamos.—O Beto agarrou meu pulso.

—Aonde?—Eu perguntei desesperada.

—Hoje você vai visitar o Thiago nem que eu tenha que te arrastar para lá.—Ele disse determinado.

—Eu acho melhor não.

—E posso saber por quê?— O Beto parou para me olhar.

—Beto olha as coisas não são tão simples assim. —Eu comecei a explicar.—Eu e o Thiago já não éramos mas namorados.

—Vocês iam voltar. —Ele me lembrou.

—Não. E depois agora o Thiago vai ser pai.

—Você e essa maldita historia de novo. —Ele disse impaciente.

—Não é historia é a realidade. —Eu estava tentando manter minha voz firme. —E de uma vez por toda eu não vou me envolver novamente com o Thiago.

—Mas você o ama?—O Beto pareceu confuso.

—Amo. —Eu confirmei. —Mas isso vai contra todos os meus princípios, eu não vou simplesmente fingir que a Amanda e o seu filho não existem, questão de caráter, eu vou fazer o que acho certo, eu vou esquecê-lo, e ele vai ser feliz ao lado do filho dele, eu não vou estar entre eles.

—Tá.—O Beto concordou ainda contra vontade.—Você pode estar certa. Mas você ainda tem que agradecê-lo por ter salvo a sua vida.

Eu suspirei cansada, enquanto o Beto me arrastava até o hospital.

Eu estremeci, assim que entrei na sala de espera.

—O que ela esta fazendo aqui?—A Amanda perguntou quando me viu, a mãe do Thiago levantou os olhos para me olhar.

—Isso não é da sua conta. —O Beto disse grosseiramente para Amanda.

—Tia quero que conheça Sarah.—o Beto disse me puxando para perto da mulher loira de olhos verdes que sorria abertamente para mim.

Eu senti meu estomago dar cambalhotas eu não esperava conhecer a mãe do Thiago assim.  

—Muito prazer.—Ela estendeu as mãos para mim, apesar do sorriso no rosto eu podia perceber as enormes olheiras no rosto cansado dela.

—Prazer e meu.—Eu aceitei a mão esticada.

—Então você é a famosa Sarah.—Ela disse depois de um tempo em silencio, eu olhei confusa para ela.—O Thiago não parava de falar  em você quando ia para casa. E ele tinha razão, você é a ruiva mas linda que eu conheci.

Eu senti meu rosto queimar, enquanto meu coração se acelerava, o Thiago falava de mim para o seus pais.

—Acho que o Thiago não vai gostar dessas confidencias.—O Beto disse interrompendo.—Tia a Sarah veio aqui ver o Thiago será...

—Claro, claro. —A mulher se apressou em dizer.—Mas o Thiago estava dormindo.

—Então eu voltou outra hora.—Eu disse recuando.

—Não.—O Beto segurou meu braços.—Vamos esperar.

Porque o Beto estava fazendo aquilo, será que ele não percebia que estava tornando as coisa muito pior do que realmente eram.

Eu entrei lentamente para dentro do quarto, o Thiago já não estava mas conectado a nenhum aparelho, sua respiração era tranqüila, e eu senti as lagrimas inundarem meus olhos, aquilo parecia tanto um pesadelo.

Por mais que eu quisesse evitar uma aproximação, parecia impossível, tento ele tão próximo de tão desprotegido, inevitavelmente meus dedos correm delicadamente para a sua face que agora estava mais branca do que o normal, um enorme curativo tampava metade de sua testa.  Eu sufoquei um soluço.

Eu fechei os olhos para evitar que mais uma onda de lágrimas molhassem novamente meu rosto.

—Esta tudo bem?

Meu corpo recebeu uma descarga de adrenalina quando aquela voz chegou até os meus ouvidos,meu coração começou a bater em um ritmo acelerado, eu abri rapidamente meus olhos para encontrar, um par de olhos verdes cravados em mim. Novamente eu senti um espasmo de felicidade crescer dentro de mim. Como era bom saber o que ele estava bem.

—Acho que eu que deveria fazer essa pergunta. —Eu disse enquanto tentava secar discretamente as lágrimas que escorriam por minha face.

—Sarah Cristina se preocupando comigo, isso sim realmente é surpreendente. —Ele disse com um largo sorriso.

Nós olhamos um para o outro por um longo tempo.

—Então veio acabar o serviço.—Ele disse ainda sorrindo.

Eu olhei para ele confusa do que ele estava realmente falando.

—Veio terminar de me matar.—Ele falou novamente ao perceber que eu não tinha entendio.—Afinal você vivia repetindo que ia me matar.

Eu sorri sem vontade.

—Eu nunca faria isso você sabe?

—È eu sei.—Ele disse baixando os olhos.

—Então como tudo aconteceu?—Ele perguntou despreocupado.

—Você não se lembra. —Não era uma pergunta e se sim uma dolorosa constatação.

— Não. —Ele admitiu procurando os meus olhos. — Eu perdi todos os arquivos dos últimos três meses de vida.—ele disse tanto um leve tapa na cabeça

Eu senti novamente uma pontada de dor, mas dessa vez bem mais dolorida e cruel. Eu nunca havia existido para ele... Era isso que estava gritando dentro de mim mente.  Meu corpo inteiro ficou entorpecido. Eu não conseguia sentir nada abaixo do pescoço. Eu apenas podia sentir como se meu coração estivesse estourando. Eu imagino o que ele viu no meu rosto, porque se mexeu desconfortavelmente na cama seu rosto preocupado.

—Você esta bem?— Eu podia ouvir o sangue pulsando mais rápido que o normal atrás das minhas orelhas. A voz dele soou muito distante.

—Eu vou chamar a enfermeira. —ele disse quando não obteve resposta.

Eu balancei minha cabeça em negativa, tentando não me afogar naquela descoberta.

— O que você tem?—ele perguntou preocupado.

—Nada. Eu só não gosto de hospital. —Eu menti e ele não pareceu acreditar.

—Sarah, por favor...

—Tudo bem. —Eu o interrompi. —Eu acho que já vou. —eu dei um passo se afastando para trás.

—Não vai. —Ele pediu.

Eu estava tonta era difícil me concentrar. Ficamos em silencio novamente.

— Eu te devo um obrigado. — Eu disse. Parecia que havia algo enfiado na minha garganta, como se eu estivesse sufocando.

—Eu podia apostar que o Beto não iria conseguir te trazer para cá. —Ele disse ignorando meu comentário.

—O Beto?  Você...

—É eu pedi para o Beto de arrastar para cá. —Ele disse desviando os olhos para a parede branca e vazia.

—Por quê? —As palavras escaparam da minha boca antes mesmo que eu pudesse ordenar meus pensamentos.

—Não sei. —Ele disse dando de ombros. —Acho que queria verificar se tinha feito o servido bem. —Novamente seus lábios se curvaram em um sorriso.

—Você foi o herói da vez.

—Sarah será que agora podemos ser amigos?—Ele perguntou de repente.

Nossos olhos se encontraram, e eu senti como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus pés, eu nunca poderia ser amigo dele, aquilo seria tortura demais para mim.

— Não Thiago. —eu disse aquelas palavras lentamente, tentando não machucar meu coração. — A amizade não foi feita pra nós...

—Você tem razão... —Ele concordou em um murmuro. Então eu não pude me conter mais, lagrimas grossa e quentes invadiram minha face tanto vazão a minha dor, seu rosto se contorceu confuso, e eu não pude suportar ver aquela cena, eu me virei e tentei caminhar lentamente pelos corredores, mas eu senti como se meus pés não tocassem o chão.

Braços fortes me envolveram e eu desabei neles.

—O que aconteceu?—O Beto perguntou preocupado.

 

 

—Ele... Não se lembra de mim. — Eu forcei minha voz sair.

—Calma Sarah. —Ele disse me apertando mais fortemente. —Ele esta se recuperando ao poucos...

—Mas é como se eu nunca tivesse existido para ele, é como se tudo que nos vivemos não tivesse passado de um sonho...

—Eu sei. Parece um pesadelo.

É o Beto falou uma verdade. Caminhamos de volta para escola em silêncio.

—Beto. —Eu o chamei assim que chegamos ao portão.

—Fala ruiva. —Ele parecia preocupado.

—Eu tomei uma decisão.

—Qual?—ele ergueu a sobrancelha. —Olha lá ruiva.

—Se por acaso... —Eu senti um bolo se formar na minha garganta enquanto aquelas palavras saiam. —Se o Thiago não recuperar a memória, se ele não se lembrar por si só o que aconteceu como conosco. A gente vai agir como se nada aconteceu.

—O Que?—o Beto perguntou espantado.

—É isso mesmo. Vamos deixar as coisas como ele acredita que são.

—Você tá pedindo para eu mentir...

—Não. —Eu disse quase chorando. —Eu só estou pedindo para você evitar sofrimento. O Thiago vai sofrer por achar que perdeu parte importante, ele vai acabar se vendo obrigado de alguma forma se importar comigo.

—Você não o conhece.

—Eu o conheço, por isso que estou dizendo, o sentimento que o Thiago tinha por mim também foi apagado, eu não quero que ele sinta obrigação de ficar comigo, ou de dizer que se importa comigo...

—Não vou concordar com isso. —Ele protestou.

—Eu estou tentando fazer as coisas ficar mais simples será que você não pode me ajudar.

—Como assim mais simples? Você esta tornando tudo mais difícil.

—Eu amo o Thiago demais, isso eu não vou negar. —Eu disse escondendo meu rosto com as mãos. —Mas eu não vou voltar com ele nunca.

—Por quê?—Ele me olhou abismado tentando me compreender.

—Amanda estará sempre entre nós, então eu vou evitar sofrimento. —minha voz saiu mais calma do que eu realmente estava. —Então entenda, não importa o que aconteceu, eu e o Thiago estaremos separados para sempre, você só vai decidir se vai querer ver seu amigo sofrer ou não.

—Não...

—Não parece justo fazê-lo lembrar de algo que não acontecera mais, é melhor fingimos que nada aconteceu.

O Beto abriu a boca para protestar mais a Bell chegou naquele momento.

—Vão ficar a tarde inteira aqui?


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