Olhe-se escrita por Shayera


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bom, como eu estava sem fazer nada e o capítulo já estava pronto, resolvi postar.

Boa Leitura.



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"A perfeição é um vício da nação"

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Escrita por Shayera

– A postura, Sakura, a postura. Isso. Fique ereta. Não! – Mebuki suspirou – O que está acontecendo com você?

Sakura hesitou por um momento, estava tonta e com fome, mas respirou fundo e criou coragem para encarar a mãe.

– Mamãe, a Karin-chan me chamou para ir brincar no laguinho, junto com o Naruto-kun e o Sasuke-kun. Posso ir?

– Não. – A voz forte da Haruno ecoou pela sala. – Amanhã cedo nós vamos para Califórnia e você precisa estar descansada.

– Mas..

– Eu disse não, Sakura.

A pequena rosada baixou o rosto, encarando os sapatos vermelhos de saltos que tanto lhes apertavam os pés.

Sakura havia pensado que depois do concurso em Tóquio, nunca mais teria que usar aquele tipo de sapatos, roupas e maquiagens. Puro engado. Mebuki já a tinha inscrevido em outro concurso, só que dessa vez, no outro lado do mundo. Fazia exatamente duas semanas que não brincava com seus amigos. Duas semanas que não via seu Sasuke-kun. E sabia que ele estava bravo.

– Querida. – A mulher tocou na face da rosada e a observou – Você não precisa deles. Olhe para você. Tão linda e com um belo futuro pela frente. Você será conhecida, desejada, famosa. Essa amizade infantil entre vocês não irá te trazer benéfico algum. São educados e bonitinhos, mas nenhum deles possui o mesmo brilho que você.

– Mas, e se eu não quiser essas coisas, mamãe?

– Você vai querer.

Não vou, pensou. Mas não importava, nunca importava. Ela fazia o que a mãe mandava por ser uma boa menina e querer o bem da mulher, mesmo tendo que abrir mão de seu próprio bem.

A porta da sala foi aberta e uma senhora, de baixa estatura e cabelos grisalhos, adentrou no cômodo com um pequeno sorriso nos lábios.

– Querida, Sasuke está na sala principal.

Sakura olhou para Mebuki, pedindo permissão, com os olhinhos brilhantes.

– Ok. Não demore. – respondeu Mebuki, jogando-se no sofá.

A pequena passou por Chiyo como um vulto, sem ao menos olhar para trás. Precisava vê-lo, abraça-lo e pedir desculpa.

A senhora ficou observando às costas da criança. Fazia anos que conhecia os Harunos. Viu Mebuki sair da casa dos pais e desistir do sonho de ser modelo para ir morar com Kakashi, um escritor de contos eróticos. A pedido de Suri Haruno, Chiyo foi trabalhar na casa dos dois pombinhos, para ajudar nos afazeres da casa. Presenciou momentos bons entre Mebuki e Kakashi, como o nascimento da pequena rosada. Mas também esteve presente nos momentos ruins, como quando Kakashi descobriu que Sakura não era sua filha e, depois de sete anos, fora embora com outra mulher deixando Mebuki arrasada.

Não concordava com as recentes atitudes da Haruno, ela estava tirando a infância e a pureza da filha. Mas, como em todos os acontecimentos Chyo-baa não se manifestava. Não era nada além de uma simples empregada.

*****

Sasuke estava em pé, de frente para a grande estante de madeira branca, observando as várias coroas brilhantes. Odiava aquilo. Odiava ver Sakura rodeada de pessoas e sendo obrigada a fingir ser o que não era. Aquilo o irritava. Mas nada o deixava mais irritado do que ver a rosada cedendo aos caprichos da mãe, sem lutar, sem se opor aquela palhaçada toda.

Fechou os dedos em punho, e os escondeu nos bolsos da calça. Tinha apenas nove anos, mas era muito maduro para a idade.

– Sasuke-kun. – A voz doce da rosada chegou a seus ouvidos. Como adorava aquela voz. Mas a expressão dura de seu rosto não sumiu. – Sasuke-kun..

– Você disse que aquele era o último. Que não iria mais participar daquelas coisas de gente besta. – A voz era baixa, porém dura. – E então o Naruto me diz que você não vai ao laguinho hoje porque precisa viajar amanhã pra Califórnia.

– Eu não queria – Sakura tentou se defender, tropeçando nas palavras. – Mas minha mamãe..

– Você sabe o significado da palavra “não”, Sakura?

– Sasuke-kun.. – Por um momento Sakura invejou a personalidade forte do Uchiha. Ele nunca se deixava ser intimidado por ninguém, sempre fora um menino de atitude. E, se algo não o agradava, era capaz de derrubar o maior dos adultos com apenas um olhar.

Ela também queria ser forte, queria bater de frente com a mãe e dar um basta em tudo o que vinha acontecendo. Mas não possuía coragem para tal ato. Era fraca.

Os olhos verdes foram inundados por lágrimas. Ela não queria chorar, não chorava desde que o pai havia partido, e aquelas lágrimas de tristeza, de toda a tristeza guardada, estavam caindo de seus olhos como cachoeira.

Era nova demais para carregar um fardo tão grande. Fraca demais. Seu corpo pequeno não estava suportando. Tinha que fazer aquilo pela mãe, pela felicidade da mãe. Mas estava se tornando uma tarefa difícil, sorrir e fingir amar todas aquelas coisas. Ter que vestir roupas que a apertavam e passar horas sem poder comer. Havia pensado que seria uma coisa fácil, e até divertida, mas não era, e não estava conseguir aguentar.

De repente o pequeno corpo pareceu ganhar 30 quilos a mais, ficando pesado, e a visão embaçada. Sentiu os braços de Sasuke ao seu redor e ouviu um grito chamando por sua mãe, e tudo ficou escuro e silencioso.

Quando voltou a acordar já estava em seu quarto, sem Sasuke. Tentou se sentar, mas o corpo reclamou e a visão escureceu novamente.

Sakura ergueu a mão e a repulsou na testa, um ato inútil para tentar amenizar a dor.

– Que bom que acordou, minha querida. – O lado da cama afundou e Sakura reconheceu a voz de Chyo. – Você precisa comer. Qual foi sua última refeição?

A rosada abriu a boca para responder à senhora, mas nada saiu. Sua boca estava seca e a garganta ardia.

– Bom, é melhor você comer alguma coisa antes que sua mãe venha te buscar. Ela resolveu que iram viajar ainda essa tarde. E.. - Chyio suspirou e deixou seus ombros caírem. - Provavelmente vocês não iram mais voltar. Tudo depende de quem irá ganhar a coroa do concurso.

As íris verdes se arregalaram e Sakura deu um pulo da cama, sentindo a tontura voltar. Não podia ir embora daquele jeito, sem ao menos tentar se resolver com o melhor amigo, sem se despedir. Precisava vê-los.

A porta cor de rosa foi aberta e Mebuki entrou segurando uma grande bolsa. Atravessou o quarto indo em direção a varanda, e trancou as portas.

– Vamos, Sakura. O taxi já está lá fora nos esperando. – disse, pegando a rosada pelo braço.

– Mas mamãe, eu não me despedi dos meus amigos..

– Eu já te disse que você não precisa deles. Coloca isso na sua cabeça. – Olhando fixamente a rosada mais nova, Mebuki a puxou para perto e a encarou de modo sério. – Nós vamos para Califórnia. Você vai ganhar aquela coroa como em todos os outros concursos, vamos viajar para França e construir um futuro lindo para você. Não iremos mais voltar, querida, nunca mais.. Tudo será como sempre sonhamos. E eu não quero ouvir você mencionando o nome de nenhum desses três, principalmente o nome do Sasuke. – Os dedos longos limparam as finas lagrimas que escoriam pelo rosto delicado da pequena Haruno, e lábios ressecados tocaram a testa da criança. – Ele não é menino para você, minha princesa. Agora vamos, não podemos nos atrasar.

E olhando a foto na estante, em que estavam às quatro crianças sorridentes, Sakura seguiu a mãe, com o choro preso na garganta e o coração partido.

Não iria mais brincar de boneca na varanda, com sua amiga ruiva. Não iria mais poder apertar as bochechas gorduchas do Naruto e ouvir sua gargalhada contagiante, e nunca mais se deitaria no jardim florido da família Uchiha, com Sasuke ao seu lado.

Estava partindo para nunca mais voltar.


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Notas finais do capítulo

Comentem, gente. Quero saber se continuo ou não.

Beijos. Boa noite