Já estou com 37 semanas, Tobias esta fazendo a mudança dos móveis da Sophia para a nossa casa, eu já estou morando aqui com ele desde que meu pai veio nos visitar. Ele pintou o quarto, e agora esta arrumando tudo, mas não me deixa ajudar em nada.

–Tris! Eu arrumo isso – Disse Tobias me repreendendo pela terceira ou quarta vez.

–Eu não estou morrendo Tobias, eu posso ajudar.

–Não, você pode ficar sentadinha ali e eu termino – Ele disse apontando uma cadeira.

–Ok, então eu vou descer, tô com fome – Eu disse e ele suspirou.

–Ta bom, mas tome cuidado na escada – Ele acha que eu vou quebrar, só pode!

Eu estava na sala, depois de preparar o jantar, Tobias terminou de organizar os móveis e desceu para jantarmos. Conversamos sobre as próximas semanas, ele quer que eu pare de ir à faculdade, estamos na última semana de aula e faltam 2 semanas para a Sophia nascer.

–Eu vou continuar indo Tobias, tenho um trabalho para entregar e quero me despedir dos meus amigos no último dia.

–Seus amigos podem vir te visitar quando quiserem, aliás, eles já fazem isso. Ou você se refere a outros amigos?

–A minha turma Tobias, passamos o ano juntos, é normal querer finalizar o ano com eles – Tobias ficou em silêncio e eu podia apostar no que ele estava pensando. O Peter.

Desde que voltamos o Peter se afastou um pouco, mas continuou falando comigo quando o Tobias não estava por perto. Clarice sumiu da minha vista, ficou 1 mês fora, sem ir as aulas, acho que era pra se afastar de mim. Tobias e ela tiveram uma séria discussão sobre o meu “acidente”, ele não quis retirar a denúncia e mandou ela ficar bem longe de mim.

Mesmo contra a vontade do Tobias eu fui a aula. Eu sentia um pouco de dores nas costas, mas tentava não me esforçar muito e com todos cuidando de mim eu tinha certeza que iria ficar tudo bem. No final da minha aula eu não vi o Tobias, fiquei meia hora esperando na saída e nada dele sair.

–Tris – Gritou Christina – Vamos ao shopping? Preciso da sua ajuda, hoje eu vou sair com o Will e quero comprar uma lingerie especial.

–Chris eu gostaria de ir, mas eu não vi o Tobias ainda, ele não saiu.

–A gente avisa ele no caminho, vamos!

–Ok – Concordei e segui Christina até um táxi.

Eu estava um pouco cansada, mas fomos em algumas lojas e eu até comprei uma lingerie branca que eu pretendia usar no meu casamento. Tentei ligar várias vezes no celular do Tobias, mas só caia na caixa postal, eu estava começando a ficar preocupada já.

Quando eu cheguei em casa ele estava na sala, com uma cara de morte.

–A onde você estava Beatrice? – Beatrice?

–Eu fui ao shopping com a Chris, e por que seu celular estava desligado? Te liguei várias vezes.

–Caramba você tem noção de como eu fiquei preocupado com você? Achando que tinha acontecido alguma coisa.

–Você ouviu eu falando que te liguei e seu celular estava na caixa postal?

–Ele descarregou! Mas você devia ter me esperado, eu me atrasei na aula.

–Você também podia ter me avisado disso.

–Você é uma egoísta mesmo, não percebe nem quando ta errada, eu estava ficando doido de preocupação enquanto você estava no shopping.

–Ahh Tobias vá se ferrar!

Subi as escadas e fui para o quarto, aquela era nossa primeira briga desde que começamos a morar juntos. Eu sei que convivência é difícil, mas ele exagera às vezes.

Tomei um banho e fui deitar, não estava com fome, ele ficou um tempo na sala e depois veio para o quarto, tomou um banho e deitou ao meu lado, sem falar comigo, mas me deu um beijo no rosto enquanto eu fingia estar dormindo. Não gosto de brigar com ele, mas ele é muito ignorante quando quer.

No dia seguinte eu acordei mais cedo, tomei um banho e fui sozinha pra faculdade, eu consigo dirigir muito bem, dirigir sempre foi uma das minhas paixões, não tenho dificuldade nem mesmo agora.

Cheguei na faculdade e as meninas começaram a falar nas minhas orelhas por eu ter ido dirigindo, mas nem me importei.

Na hora do intervalo senti uma mão me puxando assim que eu saí da sala, era Tobias, irritado de novo, claro! Ele me puxou até uma salinha pequena do corredor.

–Você ta querendo me irritar ou me deixar doido garota? – Ele perguntou irritado e eu fiz a minha melhor cara de desentendida.

–Ãhhh? – Eu disse e ele bufou.

–Você é... Afff eu não suporto essa sua mania de sumir.

–E eu não suporto você tentando me controlar Tobias – Respondi saindo e ele puxou meu braço de novo.

–Eu só fico preocupado com você! – Ele disse suspirando.

–Eu sei me cuidar Tobias! Se antes eu já era cuidadosa, agora que tenho minha filha sou mais ainda – Eu disse e saí, dessa vez ele não me impediu.

Depois da minha última aula eu segui até o estacionamento, sentia dores nas costas ainda, mas amanhã eu vou ao médico, acho que é normal essas dores, minha barriga esta bem maior, deve ser devido ao peso. Quando estava chegando perto do meu carro senti uma dor intensa, quase caí, mas consegui me apoiar no carro e respirar fundo. A dor voltou e eu senti vontade de gritar, fechei os olhos e senti alguém se aproximar, era o Peter.

–Tris você esta bem? – Ele perguntou, uma pergunta bem idiota considerando que eu estava contorcida.

–Estou sentindo uma dor estranha, mas vai passar Peter, obrigada.

–Não, você não me parece bem, vamos vou te levar para casa.

–Peter não precisa – Eu disse, ao mesmo tempo que a dor voltava e dessa vez eu gritei e senti um líquido escorrer pelas minhas pernas – Que droga!

–Tris, vamos logo – Ele me pegou no colo e me carregou até o carro dele.

Nem sei quanto tempo se passou, chegamos ao hospital e a dor só aumentava, me levaram para uma sala da emergência, mas antes de entrar eu gritei para Peter chamar o Tobias.

Sentia cada vez mais dores, parecia que eu estava sendo rasgada de dentro pra fora com as cólicas horríveis, o médico chegou e me examinou.

–Ela esta com 6 de dilatação – Ele falou para a enfermeira e depois se virou para mim – Aguente mais um pouco Beatrice, logo você vai precisar empurrar.

Tobias

Saí da aula atrasado de novo e não encontrei a Tris, fui até o estacionamento pegar meu carro para ir embora e o carro dela ainda estava lá, voltei pra dentro e comecei a procura-la pelos corredores, mas não a encontrei, liguei no seu celular e só chamou. A Tris é mesmo muito teimosa, isso já esta me deixando maluco. Voltei ao estacionamento e meu celular começou a tocar, era o Peter, não atendi, e ele continuou insistindo. Fiquei perto do carro dela esperando ela voltar e nada dela aparecer, já havia passado 1 hora, Peter voltou a ligar e dessa vez eu atendi.

–O que você quer Peter?

–Tobias, estou no hospital com a Tris, ela se sentiu mal.

–O que? Eu vou te matar se você fez algo com ela.

–Eu não fiz nada, agora venha por que ela vai ter o bebê.

Desliguei o celular e corri para o hospital, eu disse para ela não ficar sozinha, mas ela é teimosa, tinha que estar com o Peter? Fazendo que com aquele idiota?

–A onde ela esta? - Perguntei assim que cheguei ao hospital e vi Peter na sala de espera.

–Ela entrou para a emergência, não saiu ninguém para dar notícias ainda – Ele respondeu.

Fui até a recepção e perguntei dela, me disseram que eu tinha que esperar o médico voltar. Passaram-se 40 minutos e ninguém me dava notícias. Liguei para Caleb e depois para os nossos amigos e continuei esperando, Peter também continuava ali.

–O que você ainda esta fazendo aqui? – Perguntei irritado com a presença dele.

–Estou aqui por que quero saber se ela esta bem!

–E o que você estava fazendo com ela?

–Eu encontrei ela no estacionamento, ela já estava com dores, quase caindo, eu só trouxe ela para cá – Ele deu de ombros.

Embora aquilo me incomodasse muito, eu não podia deixar de agradece-lo mentalmente por ter ajudado ela.

–Tem algum familiar de Beatrice Prior aqui? – Perguntou o médico.

–Eu, eu sou marido dela!

–Venha comigo – O médico disse e eu o acompanhei.

Seguimos por um corredor até que chegamos a uma sala e quando entramos Tris estava em uma cama toda suada e com uma expressão de dor.

–Tobias! – Ela disse – Por que demorou tanto?

–Talvez se você tivesse me avisado ou não tivesse saído sozinha eu estivesse aqui antes – Ela soltou um grito que me assustou e agarrou a barra lateral da cama com força.

–Vai embora daqui Tobias, você é um idiota, não devia ter te chamado.

–Eu não vou a lugar nenhum – Peguei a mão dela e logo me arrependi, ela apertou com tanta força que senti meus dedos estalarem ao mesmo tempo que os batimentos cardíacos dela aumentavam no monitor – Tris calma, eu estou aqui.

–Calma nada! Você não tem ideia de como isso dói – Eu não pude deixar de rir da cara de raiva dela.

O médico voltou junto com uma enfermeira, ela examinou Tris, depois se virou para o médico.

–Ela esta com 9! – O médico veio até a cama e se sentou em frente para Tris.

–Ok Beatrice, agora eu vou te pedir uma coisa, quando vier a dor, você empurra, faz toda a força que você conseguir.

Tris gritava cada vez mais alto e apertava minha mão mais ainda, ela fez força umas 4 vezes, seu rosto já estava vermelho, até que ouvimos um barulho e o médico estendeu os braços para a enfermeira. Tris encostou a cabeça na cama e suspirou.

Olhei para o médico e vi Sophia, ela estava enrolada em um cobertor e o médico a entregou para a enfermeira, olhei de novo para Tris e ela estava sorrindo esperando para ver nossa filha.

A enfermeira trouxe ela para os braços da Tris, ela é linda, uma bonequinha de tão pequena, rostinho rosado e cabelinhos escuros, bastante cabelo. Linda, minha filha tão linda, olhei para Tris e ela parecia pensar o mesmo que eu, ela já estava chorando de emoção.

Nesse momento o médico me pediu para sair e eu dei um beijo na Tris e depois voltei para a sala de espera.

–E então, como ela esta? – Peter perguntou.

Todos já haviam chegado e estavam me olhando ansiosos.

–Ela esta ótima – Eu disse – Minha filha nasceu!